quinta-feira, dezembro 27, 2007

vida em marte?

há cantores ou grupos que eu sabia (e sei) de antemão que ainda iria gostar deles.

a elis não foi amor à primeira vista, o gonzaguinha também não, a minha mulher foi logo no primeiro olhar, os fleetwood mac quando consegui ouvir o tusk sem tirar, e rendi-me aos eagles quando ouvi o wasted time pela primeira vez.

um velho amigo diz-me, em tom de gozação, que eu ainda chegarei aos king crimson e quem sabe até aos devaneios do rick wakeman. cá estarei para assistir a isso.

o seu jorge chegou aqui há dias. fiquei com a tal sensação que descrevi ali em cima, quando o vi lá na cidade de deus: este gajo tem ali alguma coisa, nah, ainda não chegou a altura dele.

e rendi-me quando o ouvi cantar:
então vem cá, me dá a sua língua
então vem que eu quero abraçar você....

porque alguém que escreve assim, só pode ter nascido no brasil. um português falaria pudicamente em boca ou, quanto muito, em beijo. ai a falta que um jorge amado faz à literatura portuguesa... adiante! gostei, saquei, estou a consumir.

estas versões mais softes das coisinhas do báuí, além de virem com a voz quentinha do seu jorge, estão francamente adocicadas por estas letras francamente lindas.

por falar em versões, ouçam isto com atenção. estão a ouvir, estão? percebem porque é que os nouvelle vague me dão sono (e diarreia)? uma coisa são aquelas cenas dos stones e do marley em ritmo bossa nova. ah e tal, sabe bem ouvir aquilo no verão, com o céu alentejano como tecto, enquanto que a mão transporta um copo de licor de noz estupidamente gelado, do braço da cadeira até à nossa boca. maravilha! outra coisa são os nouvelle vague. que lástima. os nouvelle vague, além de estragarem músicas tão boas como o the killing moon, estão para o panorama musical como o júlio machado vaz está para a televisão e a rádio: ele fala, eu adoeço.


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