aproveito que a mulher gosta do pessoal lá de new jersey, apanho boleia e vou até à belavista
nome pomposo outrora, no meu bairro, designado por «aquelas hortas e caniçais lá pró pé do valssasina e do cambodja, estás a ver?»
curtir a paisagem e o som.
não, aquilo não é a minha praia, mas caramba, já tomei tantas banhocas na praia da torre ou do inatel e nunca nenhuma me fez mal à pele.
convenhamos, se não houver muita fila nas bjecas e eu conseguir ouvir, pelo menos, estas duas músicas, por mim, ganho a noite:
notas: 1) dispensam-se comentários à cor e tecido das calças do rapaz cabeludo que aparece a cantar num destes vídeos. estávamos em 1984, caramba! 2) não liguem para a imagem que têm da rapariga, foquem-se apenas neste vídeo aqui em cima. aquele lábio inferior da canadiana dá umas vontades de... dá, não dá? isto já para não falar nas rugas que a melher apresenta de cada um dos lados da boca. mas isso já são outros trezentos.
quando a minha prima favorita decidiu casar, algures no final do mês de maio, o meu pai - seu tio, não é? -, com a prudência dos velhos, ao saber que a cerimónia estava marcada para este mês, solicitou-lhe que fosse adiada para o mês seguinte. assim aconteceu.
é claro que isto é meio lenda meio verdade, mas quando a lenda tem mais piada que a verdade, conta-se a lenda.
quem conhece o meu pai, sabe que o mês de maio é um arrepio do caneco. ali entre o dia do trabalhador e o trinta e um final, não lhe cabe um feijão no rabo com medo que nesse ano aconteça mais uma desgraça qualquer. mas é giro verificar que é um mês que ataca, duma forma arrepiadora, não só a ele mas a mais pessoas. ainda há dias, num casamento, ele ficou sentado junto a uma pessoa com o mesmo sentimento: xô diniz, esqueça o maio!
o mais curioso é que até aconteceram neste mês coisas porreiras. o problema é que para ele, as coisas soturnas obliteram as mais felizes. se não, vejamos:
- a minha avó (mãe dele) trindade nasceu a 2 e faleceu a 20. - o meu avô (pai dele) antónio joaquim nasceu a 24 e faleceu a 13. - no dia 21, faleceu o meu tio (e padrinho) acácio (seu irmão). curiosamente, este meu tio, embarcou também para a guerra no dia 4. - no dia 22, faleceu um dos seus irmãos. chamava-se diniz e há uma curiosidade em relação a este acontecimento: uma vez que o meu pai tinha nascido no dia 10 (mais outra efeméride de maio) - doze dias antes - acabou por ficar com o nome do irmão. ai que bonita era a vida em trás-os-montes na década de trinta! andou o homem doze dias sem nome, realmente! «olha, morreu-nos agora um filho não foi? pronto, mete-se o nome dele neste que acabou de nascer. o que me dizes, trindade?»
são coisas atrás de coisas. bem eu namorei uns tempos com uma miúda de apelido maio, mas penso que ele não viu ali nenhum entrave (ó parva, estou a brincar, pá!)
em maio, no dia 28 (ontem) os meus pais celebram a data do seu casório (e já lá vão 47 anos!), mas eu presumo que isso não seja uma má recordação ou agoiro para a coisa.
no entanto para agravar o estado de medo com que o meu pai vive este mês, já este ano, no dia 25, faleceu uma das suas primas direita, uma anciã com para lá de noventa anos. lá na terra dele é assim, os gajos são rijos e duram uma eternidade. ainda tem lá uma outra prima carnal que já leva mais de cem anos em cima. siga!
para terminar, um registo curioso mas que reflecte bem o grau de pobreza e de dependência dos animais que naquele tempo se vivia. quando me arrolava as datas nefastas deste mês, o meu pai quis frisar bem o dia 27. tinha sido o dia em que lhes morreu a cabra!
há coisa de dez anos, em conversa com um cliente (coisas relacionadas com o marketing, design, publicidades, coisas dessas.) referimos o mau gosto de um outdoor, anunciando um empreendimento imobiliário ou turístico em albufeira, e que consistia numa montagem fotográfica de um gaja de pernas abertas, com um pé assente na marina e outro na vila ou coisa parecida. bom, não me recordo já muito bem. mas depois aquilo era acompanhado duma frase, assim, meio malandreca, na linha dum quim barreiros digamos, que falava em «pernas bem abertas» ou «um pé na marina e outro em terra». bom, não me recordo, mas era uma gaita muito brejeira.
a verdade é que esse meu cliente, do ramo das carnes, matadouros, bifes do açém e merdas assim, disse que não lhe chocaria muito fazer uns calendários para distribuir nos talhos, com uma foto duma gaja bem boa a ameaçar dar uma trinca - a modes como quem vai afiambrar a piça do mutombo - num cachorro quente, tendo a particularidade da salsicha estar um bom pedaço fora do pão, podendo-se então ver um trecho de mostarda ou quéte châpe a escorrer por ali abaixo.
era um cliente com uma argúcia do catano. ou seja, a dona de casa ia lá ao talho, e, enquanto verificava se o nesse ano 13 de junho dava para ir com a família acampar lá para o parque de campismo de alcafache, olha para cima, vê a bela donzela e medita «eh pá, que bela ideia. esta noite, quando ele vier da oficina de montagem de esquentadores, vou fazer um belo bico ao meu armando norberto. já agora, deixa cá ver a marca das salsichas... humm.... pois é, pois é... tenho de comprar coisas desta marca.»
mas gosto, confesso. gosto da brejeirice e das coisas malandrecas na publicidade. porque convenhamos é preciso uma certa coragem - e pronto, tudo bem, uma dose maciça de idiotice - para pôr para a rua, para o público-alvo (palavra tão bonita) material desta índole.
noutro dia a caminho do aieropôrto (é assim que se escreve, não é? não? vós tendes a certeza? não me desiludam, caramba. então não fica mais giro assim?) vi esta decoração vinílica numa van toda poderosa. é duma casa de tintas e apresenta a seguinte frase posicional «o seu pincel merece o melhor!»
uma amiga que eu cá sei (como é que andas? a bebé, tudo bem?), confidenciou-me ter estado dois anos sem comer carne. a curiosidade da coisa está relacionada com facto dela ter descoberto, quando voltou a consumi-la, que a carne já é algo com sabor a modos que salgado e que é um exagero o que nós adicionamos de sal quando temperamos a bifalhada.
numa estúpida e repuxada alegoria (ou será metáfora?) pensei nisto durante as minhas férias. setes dias num outro continente, num outro hemisfério, numa outra língua
por favor, não chamem português àquilo que se fala nos arredores de são salvador da bahia de todos os santos
faz-nos meditar no quanto somos mesquinhos, piquinhas, cheios de paneleirices, cocós e parvos, com o que pensamos, dizemos e até escrevemos. só mesmo na «ausência» vemos isso.
no primeiro dia pedi ao gajo da recepção «oi, vê para mim aí na net dábliu, dábliu, dábliu o jogo ponto pê tê»
eu não disse que por lá não se falava português?
percebi então que a final da taça afinal não era no sábado mas sim no domingo.
dahhhhh!
no dia seguinte voltei à carga. estava 0-0 aos 102 minutos. e pensei: gaita, que ridículo, quando aos 102 minutos a coisa ainda não está decidida é porque ou o clube está a jogar muito mal, ou afinal a cena de não libertarem o bosingwa para este jogo foi algo muito muito estúpido, ou os lagartos estão a exceder-se. caguei para o assunto, para o resultado final - fosse ele qual fosse - caguei para o cigarro do sócrates e do pinho, caguei para as ideias para futuros posts, caguei para o abrupto
já caguei há muitos anos, mas fica sempre bem uma alusão ao jpp
e fui esvaziar umas brahmas.
... põe meia dúzia de brahma prá gelar, muda roupa de cama...
horas mais tarde a minha mulher - vá se lá a saber como soube? - informou-me «o meu clube ganhou dois a zero». respondi-lhe «está bem.»
e foi o facto de lhe ter respondido assim e me estar a sentir, também, "assim", que me fez ver que somos mesmo ridículos. pronto, perdeu, sigamos em frente, porra!
nem quis saber se houve coisas com arbitragem, nem quis saber se houve bocas dos treinadores, nem quis saber quem marcou os golos, não quis saber mais nada! pedi outra cerveja
e olhem que estamos a falar em garrafas grandotas. coisas para seicentos e tal mililitros, ok?
e continuei a comer.
golos a sério vi na tv brasileira. tv que é uma merda, cheia de casos de polícia, de ratinhos, de testes de adn, do júlias pinheiro a falar brasileiro. apesar de tudo, deste lado de cá, estamos bem melhor. menos no futebol. aí as nossas tv's estão ao nível dos testes de paternidade nas tv's brasileiras.
lá vêem-se os golos (gols lá na língua deles), há repetições, vêem-se os festejos e escutam-se os comentários. não há casos de arbitragem (haver há, mas não têm tanto eco quanto cá, foda-se!), não há paineleiros a falar sobre arbitragem, não há apitos finais
um dia gostava que me explicassem, como é que o meu clube foi tão, mas tão, mas tão, mas tão, tão, tão, tão estúpido, ao ponto de ter subornado um árbitro que não o beneficiou (antes pelo contrário) no jogo por ele dirigido
não há merdas dessas. há golos, jogadas e repetições.
há férias que vêm por bem: vou passar a ler mais livros e muitos menos jornais; vou passar a ver mais filmes e muita menos tv. apesar de tudo, vale mais uma margarida rebelo pinto (estou a brincar, claro) ou um tino navarro que as notícias dos apitos e os comentários dos paineleiros.
e pronto, mais um que já não foi jantar a casa. lerpou o sidney pollack e por isso vem aí uma mão cheia de posts sobre o raio do homem.
eu, para não fugir à regra vou no meio da carneirada. (esperavam o quê?)
mas não, não vou dizer nada de especial sobre o gajo. basta alguém ter feito o out of africa para estar tudo dito. e felizmente ele foi daqueles casos em que se foram dizendo coisas em vida.
esse filme foi o meu segundo dvd que entrou para a colecção lá de casa.
logicamente o primeiro foi o big chill.
comprei-o ainda em espanha, numa altura em que aquilo, era tão barato comparado com os preços cá do burgo, que, em cada quatro, um saía praticamente à borliú.
e eu adorava colocar o filme em castelhano, só para ouvir a senhora que dobrou a meryl dizer «yo tenia una granja em africa a los pies de las colinas del ngong».
acho giro, pronto!
p.s.(francamente inventado agora à pressa): um estudo dinamarquês (escolhi dinamarca para dar uma certa credibilidade à coisa) diz que dentre o número de mulheres que, após terem visto este filme, pretendiam ir até ao quénia para fazer um safari (ou coisa que o valha) havia 87% (se escrevesse aqui 90% a credibilidade não era tão boa. escolhermos, ao calhas, um número primo, estamos a dar ênfase ao âmbito do estudo e ao trabalho de campo dos inquiridores) que confessavam ter medo de baratas ou outros bichos menores como gafanhotos, cigarras e tal...
há grupos de uma música só. há grupos que conseguiram fazer duas músicas conhecidas. alguns chegaram, vá lá, às cinco, seis. mais do que isso já dá para fazer um greatest hits (ou nalgumas cantoras um greatest tits).
dos grupos que fizeram três músicas, tenho pena de gostar da número três. ou seja, as rádios passam a número um com frequência, passam a número dois num acesso de loucura e nunca, mas nunca passam a número três. ainda por cima, como eu disse, a minha favorita.
o mais grave sucede quando a número um é porreira, mas a número dois é, francamente, fracota. mais grave ainda é quando a número dois, até acaba por passar mais que a número um. passa então a ser irritante.
resumindo e concluindo: o who can it be now é porreiro. o down under é blhec. o overkill é mesmo, mesmo, mesmo, a melhor das três.
será que não há alguém na m80, que ponha mão nisto, duma vez por todas?
tem um nome assim meio pomposo e tal, «mont blanc meisterstück mozart» mas é pequena, maneirinha e tem um balanço do catano. custa uma pipa de massa. não que eu não a possa comprar (deves!.... cof, cof...) mas é mais o medo de a perder.
caramba, um gajo perder uma caneta de várias dezenas de contos, concordemos, é lixado, não é?
com o medo, nem eu escreveria direito. no mínimo, prendia-a com um baraço e uma ripa grande, assim como fazem os senhores dos restaurantes com as chaves das casas-de-banho.
mas pronto, se um dia os senhores lá da mont blanc decidirem por a menina à venda, aí por uns, sei lá, seis contos, avisem-me que eu compro.
vá, numa de maluco vou até aos dez contos (ehhhhh doido!)
dos amigos de alex há quem prefira o you can't always get..., há quem se recorde de imediato do ain't too proud to beg, outros haverá que viajarão logo para o heard it through the grapevine.
eu? bom, eu vou logo para o the weight lá dos the band. é a música que surge quando eles estão a tomar o pequeno almoço e a experimentar os ténis.
pronto, para mim, é!
e para os que gostam, esta é a versão do filmão lá do scorcese.
nunca se conseguem explicar estas coisas, mas a verdade é que eu sentia que já sabia que iria gostar do sideways. normalmente quando sucede isso, das duas uma, ou ficamos rendidos quando o filme é porreiro (,pá!), ou ficamos com um grande melão quando nos desilude. não, não me tinha sido recomendado por ninguém. lá está, talvez tenha sido simplesmente o marketing do filme que tenha funcionado comigo.
o filme passa despercebido pela maioria das pessoas. não haverá ninguém no mundo que venha um dia a dizer que o filme da sua vida é o sideways, contudo o filme cumpre: diverte, distrai, faz rir, dá ponta (imagem televisiva onde entre cintura, as pernas ou o rabo da sandra oh, tem de dar ponta).
e tem clima. um filme com clima é sempre meio caminho andado: os filmes do michael mann têm clima, as coisas que nunca te disse tinha clima, o she's the one tinha clima, o beautiful girls tinha as estações climáticas todas juntas...
e vinhos, fala de vinhos.
giro, pronto!
(se forem ao site do filme, desliguem o som. é um conselho dos bons.) (e fiquem a saber que este link vos leva ao percurso efectuado pelas personagens do filme)
um dia, vou conseguir ter sapiência, inspiração e tempo para fazer o post que eu quero sobre a carly simon.
ando há dois anos para o fazer e parece que ainda não é desta.
pronto, vou deixando o trailer da coisa. a música é do primeiro disco, tem trinta e sete anos, chama-se that's the way i've always heard it should be e é de caralho para cima!
seguramente a minha favorita desta leide.
o video que arranjei - sim, adivinhem - é uma daquelas piroseiras, assim ao nível das decorações dos restaurantes chineses. mas também entre este e este, prefiro o primeiro. sempre é melhor para fomentar as características dum gajo, gaita: - ... não sabes? aquele do pipáterra. - pipáterra? um que mete vídeos com imagens estáticas? - não, o que tem aqueles videos que parecem os photoshops com cãezinhos a dormir com bebés, que recebemos por mail. - ahhhh. já sei. é bem piroso esse gajo, é sim senhora.
Daqui a quinze/vinte anos, quando o cigano rebelde do Dragão pendurar as botas e recordarmos o jogador que foi, ninguém vai dizer «Eu, naquele dia, assobiei o Quaresma!”. Pelo contrário, vão todos dizer, orgulhosos: “Eu, naquele dia, vi jogar o Quaresma!”
Quando recebe a bola em campo, cada jogador tem uma intenção do que fazer com ela a seguir. Coisas simples, um passe curto e já está, ou coisas diabólicas, fintas, remate impossível e o jogo virado do avesso. Quaresma pertence à segunda casta. Ainda bem. Na equipa, coexistem outros jogadores do primeiro tipo. Ainda bem, também. Uns equilibram os outros. São o garante do ecossistema de uma equipa de futebol. É nos segundos, porém, que mora um dos princípios da genialidade. Fazer algo de grande e de diferente ao mesmo tempo. Aos primeiros, o escudo protector desta ousadia. Gosto muito de falar do lado táctico do jogo, depositada no cofre-forte tacticista da primeira espécie, mas não custa crer que são os segundos que nos fazem levantar extasiados dos nossos lugares. Quaresma já o fez muitas vezes. E em todas essas vezes podia ter resolvido os lances de forma mais simples. Mas não. Ousou fazer algo grande, mágico, e pintou obras de arte, golos ou centros assombrosos. E foi aplaudido e loucura. Noutras, não engatou o primeiro drible, e perdeu a bola quando tinha um companheiro ao lado bem colocado para receber o passe. E foi assobiado logo a seguir. É comum no futebol ouvir-se falar no gesto técnico perfeito. É um mito. Porque cada um tem a sua forma de viver ou jogar. Na vida, escrever com a caneta mais ou menos deitada, comer com garfo à direita e a faca à esquerda. No jogo, Correr com os pés para fora, centrar com a parte de fora da direita quando devia ser com a de dentro com a esquerda. Em qualquer destes momentos, há a materialização de uma intenção. Há, no futebol, a técnica ao serviço da táctica. A intenção, primeiro. A acção, depois. O que interessa, depois, é que a segunda corresponda à primeira. A eficácia. É isso que faz a qualidade do passe ou do remate. Não a forma como ele é feito. Quaresma é um bom exemplo desta questão. A biomecânica da técnica expressa na trivela. É comum defini-la como contra-natura ou quase insolente. Centrar com a parte de fora da direita quando devia ser com a de dentro com a esquerda. Complicar o fácil. Na bancada, os adeptos quando vêem os jogadores a tentar a trivela, ficam, primeiro, espantados, e, depois, se sai bem, é genial, se sai mal, assobiam e gritam: “não inventes!”. Já vi também muitos técnicos de formação dizerem o mesmo a miúdos que a tentam fazer. Não faz sentido. Porque cada um constrói a sua biomecânica. Por isso, Quaresma não inventa quando cruza ou remata dessa forma. Ela é, apenas, a forma técnica de tornar mais eficaz a sua intenção táctica. É a sua particular biomecânica. Contrariá-la ou assobia-la é atentar contra a riqueza e a beleza e o do jogo.
Poderão dizer que exagera nesta forma de jogar e quando perde a bola, pode desequilibrar tacticamente a equipa. É aqui que entra a tal noção do ecossistema futebolístico, do equilíbrio ecológico que deve ser uma da equipa. Se Quaresma decide jogos nesses seus rasgos, o treeinador tem de o aprobeitar. Ao mesmo tempo, tem de adaptar a equipa a isso, para o caso de quando ele falhar, perder a bola, ter médios ou laterais atentos para, nas suas costas, activar a transição defensiva. É a tal táctica, com «T» grande. A colectiva. Quaresma irritou-se com os assobios. Em campo, pelo tom desafiador com que festejou o golo logo a seguir. Fora dele, ao dizer que vai continuar igual. Quanto mais me assobiarem, mais eu vou pegar na bola e resolver jogos. Bela frase. Independentemente de ser um génio ou de um jogador normal, mesmo daqueles que falham os simples passes, não consigo entender o acto de assobiar um jogador durante um jogo de futebol. Dirão que é uma reacção emocional e que há direito a protestar, etc. Sem dúvida. Afinal, também Miguel Ângelo só pintou uma capela sistina. Devia ter pintado uma todos os dias. Não faz sentido. Daqui a quinze/vinte anos, quando o cigano rebelde do Dragão pendurar as botas e recordarmos o jogador que foi, ninguém vai dizer «eu naquele dia assobiei o Quaresma!”. Pelo contrário, vão todos dizer, orgulhosos: “Eu, naquele dia, vi jogar o Quaresma!”
Para se ser um bom árbitro existe uma condição fundamental: Mais do que as regras, conhecer o jogo. Para ser analista de arbitragem ou interpretar lances, também. Muito se discutiu o lance de Polga. Foi corte ou passe? Ou as duas coisas. É difícil, claro, adivinhar as verdadeiras intenções do jogador (e é neste ponto que mora o acerto ou não da decisão) mas, para melhor o fazer, mais do transcrever a lei, é necessário ter capacidade de entrar no jogo, na sua lógica de movimentos e saber interpretar as acções dos jogadores.
Quando Polga aborda o lance, com o controlo do espaço que lhe permite interceptar a bola, ele tem, de imediato, a percepção que pode fazer o corte sem ser de forma meramente destrutiva e, ao mesmo tempo, passar a bola para um companheiro, mesmo que estes estivessem no enfiamento da baliza. Sem eles, teria enviado a bola para a baliza e feito auto-golo.
Podem, portanto, ler as regras todas, que se não conhecerem o jogo em si, nunca conseguirão interpretar qualquer lance. Sejam passes, cortes, lances de penalty ou faltas a meio-campo.
cada vez que há um aumento dos preços dos combustíveis, uma greve, uma medida das duras ou outra coisa qualquer que não agrada ao povo há um pinto de sousa que é apanhado a fazer qualquer coisa de aborrecido.
agora foi o zé apanhado a fumar às escondidas. pronto, lá caiu o carmo, a trindade, a controlinveste e quem sabe a cofina.
os jornalistas não têm mais nada que fazer ou indagar sobre este governo, não? e com a oposição, também não? olhem são uma mão cheia de candidatos. nem assim têm assunto? é pá, isto então é grave, não é?
ai não? então pronto, temos um povo moralista. que bonito.
este trecho de um dos livros que eu mais gosto, o liçoes do abismo do daniel sampaio, mostra o quão impotentes podem ser todos aqueles esforços que os pais fazem para serem bons pais (este itálico é de propósito).
se calhar, pelo facto de só apresentar aqui um trecho, podem as vossas opiniões ser moldadas de uma forma errada. aqui, uma simples gripe, foi suficiente para que a mãe não pudesse, nesse dia, ir à janela despedir-se do seu filho. não pôde ficar ali, à espera dele virar a esquina para aquele adeus final. um adeus que lhe dava aquele ânimo extra para o resto do dia. esse gesto viria a deixar uma cicatriz maior do que ele supunha.
são pequenos pormenores que os pais de agora, modernaços - e que transformam os pediatras em manuais de instruções quando eles são, atenção, médicos - não podem controlar.
mães, pais, já tinham reparado que os pediatras são médicos?
já falei aqui no assunto, na maior parte do ano nem me lembro disto, mas volta e meia há uma reunião de pais que me recorda que esta minha geração anda doida com a paternidade, há um ou outro artigo, conversa, até post, que demonstram a paranóia que norteia a mania de se serem uns pais perfeitos.
nunca ninguém admite isso. repito, nunca! abonam que pretendem ser apenas os melhores pais para os seus filhos. balelas, é o que é! metam na cabeça que isso não existe. podemos ler os livros que quisermos, podemos dar toda a atenção do mundo ao pediatras, podemos fazer toda a vida workshops de puericultura, podemos tentar, meramente, usar o bom senso no tratamento deles... meus amigos, isso, obviamente, são coisas a mais. são coisas a mais e ao mesmo tempo nunca chega para nada.
porque, neste caso, foi uma inevitável gripe a causadora da cicatriz que ficou marcada lá na cabeça daquela criança. com os nossos filhos, pode ser outra coisa qualquer. não está nas nossas mãos. e, se calhar, também não está nas mãos deles.
ser bons pais (ou ter bons filhos), às vezes, se não na maior parte dos casos, é mais uma questão de sorte que outra coisa. aqui, os resultados nunca se prevêem à priori. é uma questão de décadas: «ora deixa cá ver como é que eu fui, aqui, até aos 10 anos deles? bem? safei-me? siga, então!»
e não, não é o inglês na pré-primária que faz de nós melhores pais; não é a natação ali, mesmo antes dos seis meses quando a glote não está na sua posição correcta, ou depois dos não sei quantos anos «porque sabem, as piscinas são uma selva de doenças» (coitadinhos, se calhar até cancro lá apanham...) que faz de nós melhores pais; não é a proibição de tulicreme lá na escola que faz de nós melhores pais, não é nada disso. mas também não é isso, ou a ausência destas coisas, que os torna melhores ou piores filhos.
este post não é um manifesto a favor do "deixa andar". longe disso. este post é meramente uma chamada de atenção pessoal (longe, muito longe de ser um sermão para quem quer que seja.) (bom, quem vir por aqui carapuças, sinta-se à vontade para as ir enfiando.) para que eu me vá recordando que a canalhada e a sorte têm mais influência nesta gaita das pedagogias do que nós realmente julgamos.
vi o primeiro e achei um flop. vim aqui dizer mal e, confesso, tentei não abusar na crítica. caramba, estão ali alguns dos personagens que mais me divertem e que por isso mais respeito. no fundo acreditei que a coisa só poderia melhorar.
o segundo, vi, dando atenção à televisão ao mesmo tempo que arrumava umas tralhas depois dum fim-de-semana fora de casa. um dia inteiro de telefone na orelha, aguardando resoluções dum cól centâr, permitiu-me ir vendo na net, os clips lá dos sketches da coisa.
bom, ao segundo episódio a coisa vai piorando. não vejo por ali motivo de orgulho. aliás, ri-me tanto como, sei lá, com o jel ou com o camacho costa. cito estes dois porque são dois produtos de humor diametralmente opostos.
e o que eu vi? bom, vi um conjunto de graçolas que se calhar têm piada ao vivo, num espectáculo de sténde âpe. piadas que terão a sua graça quando lidas mas que considero estranhas quando representadas. e vi o bruno nogueira com tiques de gervais. ora não há mal nenhum em ter tiques de gervais, tem mal é gastar-se dinheiro em cópias quando o original é bem mais barato.
depois, consultamos um ou outro blog e, alegremente, vemos os autores a auto-elogiarem-se (nada contra) ou a criticarem quem os critica - mal ou bem.
caramba, custa-lhes muito calarem-se (ordem retórica, obviamente) e esforçarem-se por aperfeiçoar as coisas fracas ou pronto, meterem a viola no saco e assumirem que não conseguem melhor?
depois admirem-se que o programa vá para a uma da manhã. ou então não, tiram-no do fim-de-semana e põe-no a combater os malucos do riso.
ok, fui mauzinho. mas isto é os nervos. gosto demais daqueles malandros e custa-me assitir àquilo. graças a deus isto é mais uma opinião inócua e completamente desprezível.
contrariando tudo o que durante quatro anos andei a dizer sobre a minha filha, o meu próximo post deveria ter como pano de fundo, um rol de transformações no seu feitio, que tem deixado os pais com um sorriso de orelha a orelha, tendo de me aguentar para não desatar a trincá-la de tanto que aquilo é bom..
uma delícia, uma delícia...
mas tenho medo.
tenho medo que de repente faça uma inversão de marcha e volte tudo à estaca zero (ou -3, por exemplo).
pelo sim, pelo não, aguardo que ela chegue àquela altura em que, mais crescidota, começa a desemparar-me a tasca, desatando a fazer férias com a família do namorado - um salvador, tomás ou martim qualquer que habite aqui as redondezas - e nos deixe finalmente ir sozinhos para fernando noronha.
eu só não quero é que decida casar. isso não. depois ainda vinha lá com aquela treta de se pagar metade da boda ou os charutos do sogro ou lá o que é...
li, com uns dias de atraso relativamente aos comentários mais céleres, a tal entrevista que o pinto da costa deu à visão.
e pronto, lá estavam, bem descritinhas: as justificações e as defesas da sua honra, os mea culpa lá com a carolina, os elogios ao baía, os elogios (justificadíssimos) ao moutinho e um ou outro pormenor sobre a sua posição lá na sad portista.
as reações não demoraram muito, não houve jornal ou noticiário televisivo que não fizesse uma referência à entrevista. uns criticam a ausência de temas mesmo quentinhos, outros criticam a falta de tomates dos jornalistas em encostarem o homem à parede por não lhe terem feito perguntas sobre alguns casos do passado e um apreciável número de pessoas elogiou as bordoadas elevadas que ele deu no presidente do benfica.
as coisas do apito dourado, da carolina, do bexiga e da sad passam-me completamente ao lado. o homem sabe que "vende" jornais, a comunicação social sabe que ele "vende" também e por isso aquilo são perguntas para vender e não para se saberem verdades. depois lá vem a, mais que batida, referência ao cântigo negro do régio e àquelas coisas lá das pinturas e das quintas da família.
sinceramente, acho que essas coisas que as pessoas tanto lhe elogiam só revelam uma coisa que eu não suporto no pinto da costa (e noutros que também o fazem). estou a falar na insistência com que ele refere a sua superioridade intelectual e cultural perante o luis filipe vieira. mencionar que não pode nunca falar em certos autores na presença do presidente benfiquista com receio que ele os confunda com donos da goodyear ou da michelin é, não só uma reles provocação como também um daqueles sintomas snobs que já não há pachorra.
presumo que com o quaresma ou o bruno alves lá no balneário ou até, noutros tempos, com a carolina, naquelas alturas em que ele lhe dava umas bombadas por trás, aquilo era tudo feito, entre ais e uis e outras passagens dos diários do miguel torga. eram na certa umas belas tertúlias literárias.
mas infelizmente é coisa que se vê muito por aí. em blogs então é mato. ou seja, «eu sou muita bom porque sei o que é um verso jâmbico e até sei de cor e salteado lá umas coisas do brel. tu não vales nada porque dizes hades, trabalhas por turnos lá na fábrica de lanifícios e julgas-te um connaisseur música clássica porque tens lá em casa os três discos dos hooked.»
pintinho, a tua mãe e os teus avós não haveriam de gostar desses teus caganços. queres um conselho relativamente ao benfica? não ligues.
o antónio-pedro vasconcelos (eu juro, sem um pintelho de ironia, que gosto de o ouvir falar. e ler!) meteu ontem no «fundo» a entrevista que o jn lima pc deu à revista visão. porque os jornalistas não lhe perguntaram sobre o guarda abel, sobre o calheiros, sobre o guímaro, etc...
o antónio-pedro vasconcelos pôs, aqui há meses, o livro do veiga no «topo» porque ele dizia lá coisas interessantes e tinha sido, até, um acto com alguma coragem.
eu tenho para mim, que interessante, interessante, teria sido se lá no livro do veiga também houvesse mais detalhes sobre o tal jogo de loulé, sobre offshores, sobre irs, sobre.... digo eu, pronto! isto, claro, entre outros detalhes.
Last night you said I was cold, untouchable A lonely piece of action from another town I just want to be free, I'm happy to be lonely Can't you stay away? Just leave me alone with my thoughts Just a runaway, just a runaway I'm saving myself.
estou a trabalhar e em vez de coisas soltas, embaralham-me o pensamento algumas frases musicais avulsas, coisas disparatadas: «last night i said i was cold, untouchable...» e mais uma vez viajo.
afinal a coisa não é assim tão disparatada.
preciso de escrever mais alguma coisa para a minha mulher não vir com aquela conversa do «aquilo tinha a ver comigo?...»
este disco, misplaced childhood, é mais ou menos como os padrinhos, nós colocamos o primeiro dvd só para ver aquela parte do casamento da connie e quando se dá por ela passaram-se nove horas e estamos a assistir ao berro do alfredo pacino quando a filha mary leva um tiro, no final do padrinho iii.
este disco é para se ouvir sem intervalos, sem singles
aliás, eu tenho para mim que quem gosta mesmo deste disco, e dos marillion em geral, não tem muita paciência para o keyleigh ou o lavender. gosta, tudo bem, mas não os concebe como canções isolados.
sem paragens, com headphones,
isto com um dvd audio 5.1 deve ser uma coisa gira, deve.
de olhos fechados ou de olhos bem abertos, com a capa do disco na mão, a seguir as letras do escocês derek dick meu deus, já fez 50 anos no dia neste último 25 de abril, credo!
ou a observar com muita atenção, todos aqueles pormenores daqueles desenhos das capas: as referências aos anteriores discos, o the wall, etc...
tenho saudades, imagine-se, de anúncios de rádio a discos. sim, a discos. antigamente havia publicidade a discos. e este éle pê dava-se a jeito para publicidade. eu já não me recordo muito bem da coisa e também não há nenhum iu tube de coisas da rádio para procurar spots de rádio da emi portuguesa, mas aquilo começava precisamente com os primeiros acordes do pseudo silk kimono e depois surgia, sobreposta, a voz do jaime fernandes - ou quem sabe do morrison. olha, quem conhecer algum deles que lhes pergunte e depois me diga, sim? - assim, muito formal, a publicitar a coisa.
eu nem sei se foi o disco que mais vezes ouvi, também não consigo avaliar se é o que eu mais gostei, sei é que para mim, assim duma forma consistente, fundamentada e outros adjectivos que ficariam aqui sempre bem mas que agora não me ocorrem, este é o melhor disco dos anos oitenta. pronto, tá dito!
eu não gosto de lhes chamar uma coisa conceptual, nem sei bem o que é isso, eu sei é que distingo bem uma ou outra canção do script ou do fugazzi (o clutching, já não apanhei a tempo. mas tenho esperança de um dia apanhar), sei lá, o chelsea monday, o assassing (que tem uma versãozorra do camandro no real to reel) ou o emerald lies. estes sim, são singles puros. no misplaced, não. aqui, repito, não há singles. por isso, sempre me referi a partes do disco: «ah e aquela do bridges are burning burning e tal, gosto muito...», « agora, agora, o que ando mais a curtir é o the sky was bible black in lyon» e por aí fora.
eu acho que não me estou a fazer entender muito bem, mas estou a tentar dizer que não consigo pronunciar textos deste disco sem associar aos sons, principalmente guitarrais, que aparecem um tiquinho antes ou depois.
e eu aposto que o nápoles está a ler isto com os músculos da cara contraídos, provocando-lhe aquele sorriso malandreco. vai na volta está até com a mão direita no seu mouse macintosh, enquanto que a esquerda suporta a sua cabeça ali no queixo, num gesto que é um dos seus logótipos com mais de vinte anos.
estavas?
vejam comigo, conseguem dizer sem problemas a frase «it's been 7 hours and 15 days since you took your love away», não conseguem. e depois lá pensam um pedaço e até vêem que é lá do prince e tal, certo? pois comigo, lá com as coisas do misplaced é diferente, é como se as palavras estivessem embebidas, besuntadas, intimamente ligadas aos sons que as envolvem.
eu leio «and it was morning, and i found myself mourning (rima do caralho) for a childhood that i thought had disappeared» e na minha cabeça está um teclado do mark kelly ali a pairar, enquanto a guitarra do badochas do steve rothery esgalha um ti-tiquiti-titi-tiquiti, entendem?
não pois não? tudo bem. podem começar a chamar-me de parvo que eu não desisto.
a estrofe com que iniciei este post, por exemplo, para mim aquilo está enleado, mais uma vez, por aquele som dos teclados ali a pairar, a bateria a dar cadência à coisa, o ritmo a demarcar-se e depois entra o fish com aquela voz de highlander como que a juntar uma última peça dum puzzle.
cliquem no play deste video aqui em baixo. as imagens, curiosamente, são do hannibal do ridley scott. abstraiam-se das imagens, cliquem aqui, vão até sensivelmente a meio da página, à parte que tem como título blind curve e deixem-se ficar por ali abaixo a seguir aqueles textos.
pronto, vou-me embora. desisto, não consigo explicar porque é que "também" este é o melhor disco dos anos oitenta.
para a cláudia, que eu sei que gosta desta foto (gostas, não gostas?),
I pictured a rainbow You held in your hands I had flashes But you saw then plan I wondered out in the world for years While you just stayed in your room I saw the crescent You saw the whole of the moon! The whole of the moon!
You were there at the turnstiles With the wind at your heels You stretched for the stars And you know how it feels To reach too high Too far Too soon You saw the whole of the moon!
I was grounded While you filled the skies I was dumbfounded by truths You cut through lies I saw the rain-dirty valley You saw brigadoon I saw the crescent You saw the whole of the moon!
I spoke about wings You just flew I wondered, I guessed, and I tried You just knew I sighed But you swooned I saw the crescent You saw the whole of the moon! The whole of the moon!
With a torch in your pocket And the wind at your heels You climbed on the ladder And you know how it feels To reach too high Too far Too soon You saw the whole of the moon! The whole of the moon!
Unicorns and cannonballs, Palaces and piers, Trumpets, towers, and tenemets, Wide oceans full of tears, Flag, rags, ferry boats, Scimitars and scarves, Every precious dream and vision Underneath the stars
You climbed on the ladder With the wind in your sails You came like a comet Blazing your trail Too high Too far Too soon You saw the whole of the moon!
porque tenho a possibilidade de passar umas noites valentes no norte alentejano, lembrei-me, um dia, de comprar um livro de astronomia. uma coisa simples, sem grandes mariquices, que me permitisse estar de papo para o ar, lá no meio do mato a olhar para o céu e a identificar toda aquele porradão de estrelas que se vê naquela escuridão.
o céu no alentejo - pelo menos naquela parte, em castelo de vide - faz-me lembrar muito o céu das minhas férias transmontanas. aliás, não é só o céu, é aquele calor dantesco que parece vir de dentro da terra, são aquelas fragas, é aquele silêncio..., quem nunca teve a sorte de ter «céus», escurinhos, sem poluições urbanas, quer luminosas quer atmosféricas, com aquelas coisas todas da estrada de santiago, não sabe o que é um céu!.
aquilo é lindo, é meio místico.
chega até a meter medo. paramos, erguemos assim de olhos para cima e os olhos começam a habituar-se à escuridão... a nuca começa a doer e o espectáculo parece que inicia. é um show, aquilo, pá. quando damos por ela, vemos ali aquele molho de estrelas, depois mais aquele outro. é lindo, lindo.
mas lá fui à fnac comprar o tal livro.
quando lá depois do jantar - uma coisa daqueles sempre pesadonas e tal, com muito pão, muito vinho e muitos doces - peguei em meio copo de jameson e fui lá para a rua de lanterna e livrinho em punho, deparei-me com um cabrão dum luar que não tinha memória.
é claro que estrelas, praticamente, nem vê-las.
pronto, fui sacar da máchine e toca de bater umas chapas à madame luminosa. apesar de não ter tripé, foi o que se arranjou.
o josé mota do paços quando disse «haver muita gente de consciência pesada devido à situação do paços», acrescentando ainda que houve anomalias da arbitragem, estava a referir-se ao jogo de ontem ou aquele outro da mãozinha do ronny em alvalade?
quem viu o nacional e quem o vê agora sente, com certeza, muita pena. longe vãos os tempos em que se ia ao dragão e espetava-se quatro lá no bucho e regressavam, todos contentes, lá para o meio do atlântico.
olha-se agora para eles e já só conseguem dar três, com o último já bem perto do fim, quando os campeões tentavam reduzir a desvantagem. nem a presença dum lampião emprestado - e esforçado - conseguiu disfarçar o desconforto dos insulares.
por este andar, para o ano, se conseguirem ganhar por um, já é bem bom.
p.s.: que diferença, para as contas do porto, faria se tivesse dado cinco ao nacional e levado três no afonso henriques? nenhuma, não é?
mas tínhamos que levar com os dez milhões em cima, não era?
e se tivéssemos perdido em guimarães e o benfica tivesse empatado na reboleira? ah, empatou? olha, então aquilo afinal era só nervos, era?
na minha opinião, os contemporâneos são a prova provadinha que as produções fictícias - vá, tirando os gatos de vez em quando. mais «muita vez» que «só de vez em quando» - não acertam uma em relação ao humor. com a hora h foi o que foi e estes contemporâneos, ou a coisa se altera, ou quando derem por ela, estão a ser transmitidos depois do último jornal.
tenho pena, há por lá gente que eu gosto muito mas que já se viu que mandar uns bitates (dos bons) nuns blogs é uma coisa, fazer uma série para horário nobre é outra coisa.
pode ser que seja apenas a opinião lá da casa. aguardemos, gosto daquela malta e por isso espero sempre melhor.