sexta-feira, fevereiro 29, 2008

glam slam

algures por volta de 1988, ali pelo final de verão início de outono, esta era a minha música favorita.

em tempos em que não havia espaço financeiro para comprar discos (acabei por comprá-lo em segunda mão, ali para os lados de notting hill), as audições que fizeram desencadear esta paixãozeca, eram efectuadas junto da telefonia dum tijolo que me emprestou uma vizinha, e que, juntamente com três pares de pilhas médias, viajou comigo durante as minhas férias.

eu até já sabia a hora a que aquilo tocava e tudo: catorze horas. a érre éfe éme tinha-a em playlist e era certinho cumó destino que às 14h07 eu estava a dançar esta guitarrada na garagem da minha casa.

por essa altura, a discoteca que frequentávamos era o trópico de poiares. uma coisa maravilhosa, um hino aos anos oitenta ainda com reserva de mesas e sofás bórdô. tótil. uma noite, no meio de pisan gambons ou cergais, passei metade do tempo a chagar o dê jota, que o glam slam era o que estava a dar. ele, cagou para mim, mas fez um ar surpreso "eh pá, não me digas" e prometeu-me pôr aquilo a bombar, dali a duas ou três músicas.

passaram duas, passaram cinco, passaram os slows, passou o touch by the hand of god, passou o close to me, passou o geno, o comanchero, passou o caralho a sete e eu ali, sempre de fronha levantada para o biombo de vidro à espera dum sinal do maduro, à espera dum levantar de polegares que me anunciasse: é agora.

quatro da matina, as luzes a acender e a pista fechar. vejo finalmente um levantar de polegares. começo-me a mexer e a guitarra de prince desata a rasgar pelas colunas fora.

dancei sozinho mas dancei. essa é que é essa.

terá havida mais alguém em portugal que tenha dançado numa discoteca o glam slam? não, não é?

eu dancei*



muita, muita atenção à xila i na bateria e à quéte glâuver nos bailados.

* dancei também uma versão do sign of times ao vivo na ésse á da foz do arelho mas não consegui encontrar o vídeo.

bumbum de bebê

gosto de "qua lé o pentchi qui tchi penteia?"

gosto de "o avesso do avesso do avesso do avesso"

gosto de "o máximo do paradoxo"

gosto de "a gente almoça e só se coça e se roça e só se vicía!"

gosto de "trem de candango , formando um bando, mas que era um bando de orangotango p'ra te pegar"

gosto de "joana de tal por causa de um tal joão"

e gosto de "bum-bum de bebê"


actualize-se!

(só para justificar certas bocas que vou recebendo:)
(- ai estas coisas das celebridades, meu deus!.... cof, cof....)

um blog (este, pelo menos), não se actualiza. quanto muito vão-se acrescentando coisas.

neste momento não sinto vontade de escrever nada, e mesmo que a tivesse, não reúno forças para o fazer. o trabalho é uma merda e é muito, a filha continua parva, feminina, birrenta e a reunir créditos para se habilitar ao recambio para um asilo.

a política não me convence, a justiça faz-me rir, os humoristas fazem-me pena e há quase um ano que não vou ao 2001.

as chuvadas foderam-me a cave, foderam-me a alma, foderam-me a paciência. a paciência actual e a que tinha guardada, para os próximos 3 ou 4 meses, a ser gasta com a minha filha (e outros parentes) e que será exclusivamente roubada pelos maçons que me repararam a casa.

continuo a beliscar-me com as pessoas que têm empregos e que deviam estar no olho da rua e transtorna-me quem se desunha por receber algum no fim do mês e não tem hipótese nenhuma de o fazer.

(nota mental: não me assustar muito quando ler nos jornais que certa empresa despediu 500 funcionários. pela minha média, desses, houve 457 que mereciam ir para onde foram)

o clube continua a vencer (mas ninguém sabe ou dá por isso. desistiram de o dizer porque as pessoas desistiram de querer saber) e o acesso à liga dos campeões ficou reduzido a uma entrada. há uma segunda mas essa, pelos vistos, será sempre entregue ao mesmo clube. ao que parece, agora o objectivo das equipas passou a ser a taça de portugal. força nisso, então.

aguardemos melhores tempos. quem sabe o outro mete o tabu nu cu e dá também à soleta para um parlamento europeu qualquer.

com muita sorte, ainda ressuscitam o ramiro valadão para pôr ordem nas tropas!

havia de ser uma coisa bonita, havia.....

terça-feira, fevereiro 26, 2008

espera!....

... já sei, foi na certa pessoal da tvi que fez isto.

uma p'ró santos

terá sido a carolina que mandou dar um enxerto ao rui santos?

(é que só pode. o pessoal dos outros clubes da liga não fariam uma coisas dessas, pois não? claro que não!)

(são os chamados adeptos diferentes)

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

pampas

cinco argentinos e um uruguaio é muita fruta num só plantel português. não que me aborreça muito esta profusão de sabor latino-americano.

(caguei!)

por mim, ainda viria o crespo, o messi e até, talvez, o solari, não para jogar mas por precaução porque tem a mania de nos marcar golos.

o que me chateia profundamente é que porque são bons, são invariavelmente chamados ao flache interviú e depois, aquilo não se percebe rigorosamente nada.

mas nada mesmo. só me faz lembrar o tony silva. desculpem mas é o que me vem mesmo à memória, não há nada a fazer.

(ten qiú, ten qiú, beri mâtx lédi en entlémén)

p.s.: o quaresma e o bruno alves também não precisam de ir lá. o boswinga também não se percebe um boi. pronto, das duas uma, ou contratam um tradutor - quem sabe possa fazer melhores perguntas que aquele bando de incompetentes da sport tv) ou então.... pronto, vai lá o helton ou o pedro emanuel.

farias melhor?

quem me lê atentamente sabe que não gosto de 90% dos golos do ronaldo (há 10% que mais nenhum jogador do mundo os conseguirá marcar e não digo mais nada) precisamente porque são golos que saem da inspiração, da força e mais o caralho a sete, da endiabrura deste grande malandro.

os golos que eu gosto são golos que passam por muita gente. o sacrista do jogo de futebol calha ser um jogo de equipa e por isso eu entusiasmo-me mesmo é com golos que passam por muita malta. houve um assim, argentino, contra uma equipa africana que já não me lembro o nome no último mundial que foi um show.

infelizmente vêm logo uns quantos maduros referir que isso só acontece contra equipas pequenas. eu prefiro dizer que isso acontece é às equipas grandes.

no sábado sucedeu um desses. este foi o melhor golo nunca marcado, que o clube fez esta época. reparem que a bola passa por sete jogadores e em quatro deles a coisa sucede ao primeiro toque.

magia!


sábado, fevereiro 23, 2008

erros de deus

alguém me explique, por favor, para que foi deus colocar unhas nos nossos dedos dos pés?

(aquilo serve para quê?)

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

quem és tu....

... (não é bem o zé gato mas para lá caminha)

ora bem, sabem aquela situação ocorrida quando nos deixam um comment, clicamos depois sobre o nome da respectiva comentadeira (ou comentarista) e descobrimos que, ou não tem perfil disponível para visualização ou então tem blog encerrado ao público geral?

estão a ver, não estão?

ora, será que estas pessoas nunca repararam que para nós, blogueiros, vale mais a pena que "assinem" o comment como anónimo ou zé bento ali na racha do que assinarem com a identidade blogger?

eu não estou a dizer para deixarem de comentar. repito, eu gosto de comentários. gosto mesmo. mas gaita, se não querem ser anónimos, digam então quem são?

combinado?

por falar....

... nisso, há já uns tempos que está à venda este chatô.

é uma pena, até porque seis milhões de contos é coisa que eu tenho ali à mão de semear (estou a brincar, catano. tenho, quanto muito, cinco milhões e meio). mas não estou mesmo a pensar mudar de bairro.

e até calhava bem pois tem um quartito para fumar e tudo (não que eu precise, mas tinha outro cachet para as alturas em que o pessoal vai lá ver a bola, ora!)




antoni gaudí

de manhã cedo, enquanto coçava ainda as partes baixas, toca-me o telefone. era uma sms:

- môor, nem imaginas, estou dentro da casa batló!!

respondi, sem pensar duas vezes e sem deixar cair a bola no chão:

- puta!!!!!!!

(se o reynaldo me visse na rua e me desse um bacalhau ou me pagasse um par de traçadinhos, também não lhe contava nada, não era? haja respeito e descrição que merda é esta?)

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

grande fogareiro amarelo

gosto desta música. gosto das duas versões.

sintam-se à vontade para ouvirem a que vos convier melhor.




terça-feira, fevereiro 19, 2008

minete verde

pois, o título engana, mas é mais ou menos assim que eu o vejo. falo do minuto verde, aquela rubrica da quercos lá naqueles telejornais das manhãs da rtp.

confesso que no início via aquilo com a ânsia (não, não era de comer melância) de ser um geek que respeita o ambiente mas, com o tempo, acabei por me deixar ficar ali a ver o carequinha afanado e a.... bom, prefiro estar calado, a debitar conselhos ecológicos.

sinto que às tantas já lhes falta assunto. e isto é como os jornalistas: quando não têm assunto, qualquer pata parece presunto.

hoje o minuto verde recomendava, para efeitos de poupança de energia (e redução das emissões de cê ó dois e mais não sei o quê) que os casamentos fossem realizados durante o dia e não ao final de tarde e resto da noite.

aqui há atrasado lembravam-se de sugerir que o casamento seja num local onde as pessoas cheguem lá de transportes públicos..... bom, não preciso de dizer mais nada. o resto do minuto é todo ele uma pérola querquiana.

vá, não gosto nem quero dizer mal destas coisas ecológicas, mas recordo que a última vez que me lembro de alguém ir de transportes públicos para um casamento, não foi algo muito muito feliz.

ainda assim, estou a imaginar uma conversa entre o padrinho da gaja e o noivo:
- isto de teres organizado o enforcamento no mesmo local do copo de água foi uma ideia bestial. nem passámos fome nem nada...
- nahhh, nada disso. eu caguei para a vossa fome. protocolo de quioto, meu amigo, ecologia, man!

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

FODA-SE!!!!!

eu nunca uso maiúsculas. acho-as feias, desengonçadas, parecem girafas a dançar o tango. mas desta vez, como dizia um antigo - e chato - cliente: aplica-se!

eu estive um porradão de anos à espera de ter um duche, eu ansiei por ver os meus livros, assim, todos alinhadinhos, por secções, por dioceses, por comarcas. eu suportei atrasos em obras, eu suportei poeiras durante tempos e tempos. eu ainda tenho pó no pâncreas, na certa.

e quando eu supunha estar finalmente com o arranjo paisagístico da cave resolvido, lá de cima, do alto, decidiram transformar os meus aposentos no penico dos céus.

vão mijar para outro lado, ok?

(se o meu péssimo feitio se acentuar nos próximos, sei lá, seis meses, não liguem! (nem refilem))
(olha, olha, apanham-me num dia bom, apanham....)

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

pomada




e eu que até ando muito mais dado para as coisas do douro, volta e meia levo com umas estaladas destas: tinto da ânfora. arraiolos.

(dedos lambidos)

tau! pomada do caneco!

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

infelizmente...

... para as que tiveram a infelicidade de me aturar ao longo dos anos, nunca fui dado a estas datas, pela simples razão que não gosto de prendas nem tenho ideias para elas. quando surgem, catano, nunca vêm numa daquelas datas em que se "tem" de dar presentes.

o dia dos namorados é mais descalabroso (nem sei se a palavra existe. quero lá saber). há ali, aquela "obrigação" de dar e tal. eu, para me defender - e defendê-las também - fui logo avisando que não sou de presentes nestas ocasiões. quanto muito sou de outras. mas sou péssimo: não embrulho, aviso com antecedência, sou um merdas....

ainda assim, dia dos namorados, é dia de entrada na minha memória para uma das cenas mais engraçadas que conheço desta ocasião: o facto do adrian mole receber cartões dos namorados remetidos pela própria mãe.

um mimo.

i'm profoundly in love with pandora......

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

outras palavras

recebo um mail amigo (curiosamente duma pessoa que não conheço de nenhum lado) que me alerta para o facto de me terem solicitado doze e não onze palavras que eu goste.

arrola-me como estúpido (nem discuto, nem discuto) por não saber contar até à dúzia e, também, pelo meu duvidoso gosto lexical.

adiante.

decidi quebrar um bocado as regras e escolhi, não uma palavra, mas várias palavras.

primeiro falo de nomes de desportistas, principalmente de jogadores de futebol. gosto de os dizer assim, como se fosse um único nome. gosto de andy'gray, gosto de johny'bosman, gosto de aldrige, gosto grobellar, gosto de alan'hansen, gosto de ray'clemence...

depois gosto de nomes de estádios de futebol. principalmente dos ingleses, mas não só. gosto de mestalla, de white hart lane, de anfield, de st. james park, de ennio tardinni, de villa park, ...

e gosto muito, mas muito mesmo de pessoas que sejam tratadas pelos seus dois últimos apelidos e cujas palavras comecem pela mesma letra: gosto de magalhães mota, de ferreira fernandes, de costa calado, de mascarenhas mole,....

mas se tivesse que eleger uma única palavra, escolheria nikiforov. não leiam apenas com os olhos, abram bem essas bocas e digam-na em voz alta: ni-ki-fo-rov. olhem lá que coisa mais boa de se dizer. é, não é?

o yuri nikiforov foi um russo que jogou dois anos no sporting de rirrón (dizem que em espanha se escreve gijón. para mim são apenas boatos.)

se eu fosse relator de rádio e estivesse a trabalhar um jogo com este gajo estava sempre à ansioso que a bola lhe fosse ter aos pés para cantar o seu nome:

- recebe nikiforov, amortece com o peito nikiforov..... vai nikiforov, vai!





terça-feira, fevereiro 12, 2008

eminem

estes mtv music video awards de 1997 tiveram também a prestação dos marylin manson com o poderoso beautiful people.

o chris rock apresentou-o como sendo "that guy you shouldn't bring home to mom" e, no fim da música, abeirou-se dos microfone e gritou para o povão "go to church, get your ass to church or you're going to HELL!!!!!"

pedal do caneco!


farolim

mil nove e noventa e sete foi um ano do caneco para mim. algumas coisas más mas muita, muita coisa boa. uma das músicas que mais me faz recordar esse ano é o one headlight dos wallflowers.

além de ter uma voz infinitamente melhor que o seu pai - e de ser bem mais giro e boa pinta, jacob dylan lembrou-se de fazer um teledisco que ganhou um prémio da vi eidje uane e tudo.

a música, no entanto, para mim, é 1997, escarrado e cuspido. não sei, cheira mesmo a 1997. estas imagens são desse ano. são dos mtv music video awards e têm a particularidade de meter na mesma cena, os wallflowers e o springsteen (amante e seguidor fiel da música do velho dylan, aqui a secundar o filho).

o meu velho springsteen não faz nada de jeito com as coisas velhas dele e muito menos com as coisas novas. o radio nowhere passaria perfeitamente despercebido num qualquer lado b dum dos outros discos dele. aqui, foi talvez, a última vez que o vi a rockandrollar como deve ser.

já fez mais de dez anos.

respeito!


passadeiras

não sei se me hei-de irritar mais com os condutores que não param nas passadeiras se com os peões que confundem passadeiras com passeadeiras.

e se há coisa que me tira mesmo do sério, são aqueles peões que vêm embalados para atravessar, mas, ao primeiro passo no alcatrão, vêem que há carros parados a aguardar que eles atravessem, travam, e fazem o resto do trajecto até ao lancil do outro lado, a olhar para nós com aquele ar de gozo na boca.

ali, assim, como quem diz: "aqui, mando eu. vou no speed que me der na veneta."

ficam a dar baile e tal, comentam com o colega que vem mais atrás, param e ainda dão um berro para um outro que ainda vem na casa do caralho, muito longe da beira do passeio: "embora, vá, os gajos esperam!....".

juro, um dia passo-me dos carretos, espeto uma primeira bem chiadinha, parto-lhes duas rótulas e uma tíbia e despeço-me com a pergunta:
- ri-te agora, cabrão. vá, então, não te ris?

parede

já alguém, alguma vez, fez a rua josé relvas na parede (a do limo verde), sem ter carros estacionados no meio da rua, entre a bomba de gasolina e os correios?

houve? sério? mas quê, às 4h56 da madrugada, não? naaaahhhh, assim não vale. digamos, pois, assim, entre as 7h30 e as 22h00.

não houve, pois não?

palavras são palavras....

eu já andava a estranhar que não houvesse um blogueiro qualquer (ou blogueira) que não me viesse bater à porta com mais estas correntes.

já andava, sim senhor.

vamos lá então meter mãos à obra. doze palavras que eu gosto, não é? bom, aviso já que não dou para o peditório poetico-abarco-culturalmente-esclarecido de escolher palavras que façam parte do dicionário mistico-escatológico, assim ao estilo paulo coelhiano. coisas como saber, sabedoria, espírito, senso, amor,.... pois coisas dessas em mim, batem e caem para o lado. fraternidade, liberdade, solidariedade e mona a rolar da guilhotina, também não é comigo. se ainda assim, puder dizer doze palavras que eu gosto, aqui vão:

- pipáterra
porque sim, porque me remete de imediato para outros tempos, outras alturas (verticais), outras viagens, outros caminhos (sem alcatrão), outras pessoas. encontrar, com o meu pai, coisas boas p'i'pá'terra, era sinal que ir para a terra, levar coisas para a terra, ver carrinhas boas para nos levar à terra, tudo isto era o nosso carnaval brasileiro: terminava o mês de agosto e começávamos logo a pensar nos dias que faltavam para lá regressarmos.

- carai/caraguicho
são duas que me levam logo para trás-os-montes. duas tipicamente lá da terra. é uma forma subtil de interjeitarmos sem recorrermos ao caralho. carai ainda uso muito. caraguicho (lê-se cará-gui-txo) era muito dito pela minha avó trindade. aliás, foi seguramente o que ela disse quando chegou ao céu e viu que aquilo estava cheio de boas alheiras.

- anticonstitucionalissimamente
tem vinte e nove letras. foi-me ensinada pelo meu pai. quando me transmitiu este saber, era conhecida como a maior palavra portuguesa. eu, de baixo dos meus 5 anos, tinha já dificuldade em escrever alfaiataria (que tem cinco ás, repare-se!) quanto mais uma coisa assim tão grande. pesquisas recentes mostraram que afinal há palavras portuguesas bem maiores. a diferença é que as três com maior número de letras não me foram ensinadas pelo meu pai.

- laustíbia
lostra existe em certos dicionários de calão para denominar estalo ou bofetada. laustíbia ouvi-a ser usada pelo meu cunhado quando quis explicar o que tinha feito o seu pai quando lhe aplicou um valente correctivo. laustíbia. é linda. vou escrever outra vez, laustíbia. até o som, porra! gosto também duma coisa que também já ouvi - aliás, fiquei na dúvida sobre qual das duas deveria utilizar - que é laustríbia. que não é mais que um mix entre lostra e laustíbia. no fundo gosto da maior parte dos significados de bofetada: sopapos (que é uma capicua. será assim que se designam estas palavras?), bilhete, galheta (muito boa, esta), solha, chapada (um clássico. uma palavra que deveria ser sempre escrita com times new roman), lamparina, etc...

- eia!
adoro interjeições. "ui" é das minha favoritas. nem sempre as pessoas sabem dizer ui!. o vítor de sousa, por exemplo, di-la como poucos. o ehhhh! assim, meio arrastado, quando se vê uma gaja boa também não é mau. mas uma coisa só com vogais tem outro nível. eia, é o supra sumo das interjeições. gente que diga eia, meus amigos tem a minha admiração.

- concesteza
esta palavra não existe. também não existe concerteza. quanto muito usemos com certeza. mas....., e agora é que são elas, gente que é gente não diz "a roma de paulo roberto falcão" mas sim "o roma...", não diz "a união de leiria" mas sim "o união de leiria", não diz "a naval primeiro de maio" mas sim "o naval primeiro de maio" e, gajo que sabe o que quer, diz concesteza! ora tentem lá dizer. vá, digam. sabe ou não sabe melhor? concesteza, pá!

- entravincalhar
diz-me também o senhor houaiss que não existe esta palavra. ora, não sei se devo levar muito a sério alguém com nomes de origem libanesa. não devemos, não é? pois, entravincalhar não é bem entalar. também não é o mesmo que enxertar. é mais profundo e enraizado que isso. entravincalhado é por exemplo a situação em que fica uma pelezinha castanha de milho, ali, entre os dentes, quando estamos a comer pipocas. quando digo isto, estou-me a lembrar também dum pêlo, daqueles short and curly que se entravincalham ali perto das gengivas numas situações que eu cá sei. e que por mais que cuspamos ou passemos com os dedos lá por dentro da bochecha, não há maneira de saírem. lá está, ficam entravincalhados.

- zaragatoa
palavras começadas com a letra zê têm outro nível. gosto, confesso. gosto de zuca, de zé, de zacarias, de zécaralho, de zimbro, de zubizarreta. zaragatoa era um instrumento muito utilizado lá em casa para tratamentos à garganta. a palavra é sublime. e então utilizada em frase cai sempre bem:
- deixa lá, filho. chegados a casa, a mãe faz-te logo uma zaragatoa com tintura de iodo.

- retanchada
sinónimos de coito davam um belo post. sim, porque é bem diferente uma foda, duma cambalhota. é diferente uma queca, dum fornicanço. é diferente uma fodeca dum "fizemos amor". a retanchada é mais belicosa. é mais vigorosa, mais bruta, com mais barulhos. é uma retanchada, pronto. acho que esta palavra foi-me apresentada pela revista kapa. já não tenho certeza.

- godigana
é uma localidade perto de sintra. ali para os lados da terrugem e do alcolombal. ainda me lembro da primeira vez que li esta palavra. a minha mulher estava grávida e eu passei-me logo com o raio da tabuleta: go-di-gana. que show! passei logo a aludir a minha futura filha como a minha godiganita!

não pegou, felizmente. ainda gosto!

- jincas
já falei dela no post imediatamente anterior. não é incas. não é as incas. é: jincas. repito:
- elas eram, assim.... bem, com'que'seá'dizer, eram, ora bem, eram assim meio esquisitas eram jincas!!!!!

duas coisinhas mais:
- eu não acredito que amanhã arrole as mesmas palvras. hoje, foi assim, pronto.
- acho que tinha de passar isto a um molho de blogueiros. sabem que eu não passo martírios a ninguém. faço, assim, como o vírus informático alentejano: peguem vocês no tema e desatem a escolher vocês as palavras.

incas


algures na década de noventa, fui passar algumas passagens de ano - reviralho, como se diz nalguns sítios do norte - numa colónia de férias que havia na terra da minha mãe. o edifício albergava as canalhada durante o verão e, durante o resto do ano, magotes de malta jove, ia para lá curtir uns eventos à grande.

numa dessas passagens de ano, calhou-me ter de entregar algum material num fornecedor que tínhamos na lousã.

depois de ter dormido dois pares de horas, sábado, bem cedinho, pela fresca, deixei o pessoal a dormir e lá me pus eu à estrada, bem devagarinho que a coisa até foi feita com a antecedência devida.

ali por volta de serpins, reparo que a minha velha renô écspress, andava a dar de lado nalgumas curvas. e eu, maaaaauuu, tu queres ver....

o piso estava mesmo escorregadia, provavelmente devido ao facto daquela chuvinha miudinha que nesse momento caía, avivar o raça do gasóil que estava entravincalhado no alcatrão.

além disso, estava já queimado, por um toque de merda que tinha acontecido uns dias antes, onde parti um cabrão dum farolim, porque, ao travar de repente, o pé escapou-se por entre os pedais da embraiagem e do travão.

esta mistura de azelhice com pneus modelo yul breiner, estavam a ser uma mistura perfeita para esta quadra natalícia.

chegados ali por volta do prilhão, deu-se o (in)esperado, a carrinha começa mesmo a dar de cu - eu ia mesmo devagar!! - desata a derrapar na curva, eu olho para o lado direito e, pelo vidro assuto-me porque estava ali a circular ao meu lado a traseira da carrinha.

tunga! foi certinho. bati de cornos na barreira.

cum caneco!, fico ali parado, a pensar que raio de mal tinha feito eu a deus para me estar a acontecer aquilo ali, num sábado de manhã, com o fornecedor à espera dumas controladoras e duma placas gráficas vesa bus, para montar uns computadores que iria entregar ainda antes do almoço.

e depois sem telemóveis nem nada (há invenções que realmente chegam tarde demais)....

bom, saí do carro, vejo que a frente está toda marada, as rodas presas na valeta, o carro a ocupar toda a estrada e trato de ir até à curva mais próxima, aí a uns 10 metros, colocar o triângulo.

é nesse instante que vejo chegar um carro e começo-lhe a fazer sinal para parar. o gajo começa a dar guinadas enquanto travava, vai perdendo finalmente velocidade, eu desvio-me porque vejo que o gajo me vai atingir, quase que fica na estrada, mas já não consegue evitar a coisa: desata a rebolar ribanceira a baixo, quedando-se uns quatro metros ali abaixo. eu fico ali pasmado, mas cago para o triângulo, e começo então a descer até ao carro capotado. lá de dentro saem, a custo, duas bifas, hippies, já no grau 19 da escala de sarro e nojo(que vai até ao valor 20). pela janela, entre terra, cordas, sacos de plástico, papéis velhos, botas velhas, meias e talheres, consigo tirar cá para fora, um bebé com cerca de meio ano, que berrava desalmadamente, competindo com a mãe que soltava para quem quisesse ouvir por toda a comarca de arganil:
- my baby, my baby. fuckin hell, what's happened to my baby?

pega o puto ao colo, leva-o para a beira da estrada, onde entretanto chegou, sabe-se lá de onde, um carro.

o puto estava com um arranhãozeco na mona, mas as bifas queriam levá-lo para o hospital. o gajo do carro olhou para o aspecto delas e não queria levá-las. depois dum berro nas orelhas:

- ó chavalo, tu leva-me o caralho das bifas ao hospital, ok?

lá anuiu e seguiram até à vila.

muita coisa aconteceu entretanto: consegui tirar o carro da estrada com a ajuda dum jeep que ali parou, fui de boleia para a colónia de onde chamei um reboque, voltei para o local do acidente já com pessoal amigo, esperei pelo reboque até depois da hora do almoço até que um ax para ali e nos pergunta:

- estão à espera de reboque?
- sim, estamos.
- ele mandou avisar que está ali atrás, a 400 metros. não demora nada. são só mais cinco minutos. é que o piso está todo enquinado e ele saiu da estrada. está com o guincho a safar a situação.

nunca mais vi as gajas (mas sei que se safaram na boa), a carrinha lá seguiu para a oficina e o material informático foi entregue ao fornecedor que entretanto tinha sido avisado por um amigo, dum amigo, dum amigo.... no entanto, desta história toda, guardo com carinho, as palavras dum velho lá do prilhão que, ao contar o acidente das bifas, confundiu a palavra hippie e disse à mulher, enquanto se apoiava num cajado:

- ora bem: aquilo, as gajas, eram axim,.... como que se há de dizer? eram, eram, axim, estranhas, axim, com umas roupitas, sabes... axim eram... olha eram assim... com uns brincos nojolhos e axim, no narix e ... eram, eram, eram umas incas*!



* deve-se ler jincas!

blue thunder




morreu o trovão azul.

caraças que eles andam todos a lerpar, pá!


sábado, fevereiro 09, 2008

igâls

em 1992 eu tive uma namorada que vivia a 200 quilómetros de distância.

com vinte e três anos, ninguém no seu perfeito juízo, namora seja lá com quem for que resida a duzentos quilómetros de distância.

eu ia lá aos fins-de-semana e, no regresso, pontualmente às 23h09 ele estava estacionado com o seu toyota corolla vermelho de 1972, em frente ao museu militar.

ele sabia que eu vinha em broa, com a cabeça ainda no colo dela, sem vontade para nada, muito menos para festejos de domingo à noite.

eu entrava, sentava-me, ele tocava-me no joelho esquerdo assim como quem diz "vá, faltam só cinco dias para a voltares a ver"

isto soou um bocado a brockback mas acreditem que não era bem assim. (e se fosse, qual era o mal?)

e rodava o botão preto da telefonia de onde, religiosamente, uma cassete jorrava o lying eyes.

city girls just seem to find out early
how to open doors with just a smile...



eu sorria, ele sorria

assim uns sorrisos parecidos com os do tom berenger e do william hurt na cena em que a karen toca o you can't alwasys get... lá no órgão da igreja aquando do funeral do alex

e lá começávamos a subir a rua do vale de santo antónio em direcção à picheleira.

era a nossa música favorita da altura. os eagles tinham surgido na minha vida uns quatro anos antes.

nessa altura comprei no centro comercial de alvalade o eagles live (1980)

peguei-lhe o bichinho uns tempos depois. entretanto eu ia arranjando um disco ou outro e ele, através dum outro amigo, lá foi arranjando o desperado, o long run, o on the border, o one of these nights,.... todos!

mandou-me há um par de horas um mail que dizia "esta merda está-me já a bater mal", lá dentro um link mandava-me para um sáite de venda de bilhetes.

dá ideia que eles vêm dar um salto à europa.

ao que parece
ai que eu não quero agoirar
vou finalmente concretizar um sonho do camandro. a ver vamos. não queimemos etapas, como diz o outro.

aguardemos.

p.s.: será que o walsh vai tocar o pretty maids all in a row assim só para mim?


sexta-feira, fevereiro 08, 2008

saudades?

- vamos telefonar à mãe, filha?
- não.
- não queres falar com ela, não tens saudades?
- não posso, tenho de ir mudar a fralda aos bebés todos. pffffff, que cheirete. seus porcos. olha pai, que nojo!

miminha boa

- o que é que estás a fazer aí com a mão no peito, filha. dói-te?
- foi o bebé que me arranhou a miminha com a sua boca.
- ???????
- estive a dar-lhe de mamar, pai!

faive deiz

cinco dias só com ela deu para ver, sem ponta de dúvida, duas ou três coisas mesmo importantes:

- é estúpido manter a ideia, quando vamos uns dias, abardinar por esse mundo fora,
na verdade, as nossas férias, por vezes, não passam duns passeios ali pelo circuito: cova da piedade, feijó, corroios, coina, seixal, alcochete e regresso pela eispó. mas fica bem este "mundo fora" aqui metido
que ela coitadinha, fica em casa da avó, tristita, a penar com a nossa ausência. é francamente uma imagem deturpada. ela quer é sopas e descanso.
eu disse sopas e descanso? desculpem, onde está escrito sopas, deve-se ler "filmes duma merda chamada
quer béres". e onde escrevi descanso, o que eu quis dizer foi embirranço.

- a mãe, alertou-me para eu não dar muito a entender, mesmo já depois de ela ter saído porta fora, que o regresso iria ser demorado. não consegui mentir muito bem e na segunda frase da conversa com a pequena - aí após o "então, de birra logo de manhã? - descaí-me e disparei: nahh, a mãe só volta daqui a muuuuitos dias. não ligou, fez meia volta e foi dar banho a uns bebés ranhosos e com olhos à medeiros ferreira que ela guarda lá no seu quarto.

- ao quarto dia lá começou a sentir alguma dor pela falta da mãe.
"ai que agora é que a miúda vai começar a fornicar-me o juízo com aquelas coisas das berrarias e mais o caneco"
perguntou se era hoje que ia buscá-la ao aeroporto (porto, segundo o seu léxico). respondi, com alguma calma
sim, é mentira, caguei para a calma
que a mãe ainda não era naquele dia que vinha. replicou, zangada, com uma dúvida tecnico-logistica: mas a mãe tem camas lá no trabalho dela? tem onde dormir?

- sem um dos pais presentes come melhor, adormece melhor, faz menos birras,
a média baixou de 17 birras das 7h50 até às 9h12, para um simpático número de apenas 16 birras
ajuda a pôr a mesa, dá comida ao peixe sem lhe dizermos nada, vai mijar sozinha
durante a noite
isto de ter um pai que não ouve a ponta dum corno das gritarias nocturnas dela, é realmente um vê se te avias a treinar desenrascansos pueris
e claro, como não temos tempo para tudo e não chegamos para as coisas todas, ela acaba por se adaptar à coisa. mais ela que eu, é verdade.

- apesar de tudo, digam o que disserem, uma mãe é uma mãe
não se ponham a afinar a caneta para os comments de veludo que não lhe faltou nada, porra. nem asseio na cozinha ou nos deibliu cês
e há carinhos que um pai não sabe dar.

- sabe dar outros, obviamente. e bem bons (gaaaaaaaaaaaaaaaaaaaba-te!)

pâzeles

o que mais me impressiona na sua capacidade de brincar (e completar, e completar!) puzzles, não é propriamente o acto em si.

não dou para esse peditório do "ahh, a minha pequenina lá de casa até já consegue fazer ctrl+alt+del, vejam lá bem!"

é mesmo o facto de me aborrecer estar a presenciar mais uma evidência de que ela é igual, sem tirar, à mãe. ficam ali as duas (ou a pequena, sozinha, como presenciei na terça-feira) de volta das peçasinhas, a construir, a mais piquena, umas coisas das princesas da disney, a mais grandalhona, uma daquelas pontes japonesas do cláudio maneta.

e eu, que não tenho mesmo paciência, ciência ou sapiência para estas coisas, recordo com humilde vergonha, o meu primeiro puzzle, feito com aqueles cubos de madeira, aí com uns 5 de lado: assim que me apanhei com aquilo a jeito e quando verifiquei que não ia a lado nenhum com aquelas seis peças, fiz pontaria e acertei em cheio na mona da minha irmã.

steitemante

no meio duma daquelas guerras parvas, cruas, ocas, inconsequentes (quem quiser acrescentar mais adjectivos, sirva-se ali da caixa de comentários, por favor) entre marido e mulher, sentencia ela:

- olha, meu menino, podes estar zangado ou lá o que é isso, mas a cama tem um cobertor a menos, por isso, esta noite, não vais ficar muito afastado não. esta noite vou dormir agarradinha a ti. além disso esqueci-me do saco de água quente.....