segunda-feira, outubro 31, 2005

My name is Mode, Depeche Mode



Demaneirasqueéassim, quanto mais eu ouço o Playing the Angel, mais eu sinto a falta do Alan Wilder nos Depeche Mode.

Mas tudo bem, eu sinto que o problema não é deste disco, o problema é mesmo meu.

Se for ver bem as coisas, quando o Vince Clark saiu em 1983, já eu apanhei uma decepção do caneco. Logo na altura que tinha aprendido a tocar, no órgão lá da igreja, o
tan-tantaram,
tan-tan-tan-tan tantaram,
tan-tan-tan-tan tantaram,
tan-tan-tan-tan-tan-tan-tan-tan
dos primeiros acordes do I just can’t get enough, o gajo dá de frosques?

Nah, cheirou-me logo a esturro. A coisa não podia ficar lá muito bem. Mas a verdade é que ficou, e até melhorou. Uns anos depois, fizeram o Some Great Reward que eu até considero um dos meus discos favoritos dos Depeche Mode. Porquê? Bom, todos nós sabemos que os DM são um grupo de sons, de barulhos. Barulho da respiração, do coração a bater, de pratos a rodar até cair no chão, de pessoas a fungar, de martelos a malhar no ferro, etc. E eu acho que esse disco é o que apresenta o melhor equilíbrio entre os tais barulhos e um bom conjunto de canções. Já o Playing the Angel tem barulhos do mais irritante possível.

Depois, qualquer bom disco que se preze dos DM, tem de ter pelo menos, duas musicas que possam passar na rádio (assim numa comercialona, tipo RFM) e numa discoteca para um gajo dançar, como o People are People ou o Master and Servent e pelo menos uma em que se acendam isqueiros durante o concerto, como o Somebody. Ora o Some Great Reward tem isso tudo. E tem muito mais. Pessoalmente, já o referi, é o disco dos DM que eu mais gramo.

E perguntam vocês, então e o Music for the Masses e o Violator? Pois, é que esses são tão bons que não precisam de defesa. Um disco que em 8 ou 9 músicas, tem aí umas 6 que deram (ou dariam) Top 10’s, não precisa de defesa. Aliás, o facto de eu ainda estar à espera que surja um Violator II, como quem espera pelo D. Sebastião, é um dos meus problemas para não conseguir gramar decentemente qualquer disco que tenha surgido depois de 1989. Enquanto o Dave Gahan teve aqueles RayBan à la Jack Nicholson, a coisa ainda se foi aguentando, mas depois, deixou crescer a guedelha, meteu-se a injectar droga naquelas partes do corpo onde anda o sangue e quase que lhe deu o badagaio.

O Songs of Faith and Devotion, ainda foi um bom disco (aquele Walking in my shoes, o Judas ou o Condemnation, jogavam em qualquer disco da Liga dos Campeões). Mas o Ultra, o Exciter e este agora, são francamente fraquinhos. Quero acreditar – e acredito – que é pela ausência do Alan Wilder. Mas isto sou eu que o digo. Para mim, era o elemento nivelador do grupo. E a sua saída foi a segunda forte decepção que estes gajos me deram. Ele era o Makelele da banda. Se o David Gahan é o gajo que está lá à frente a marcar os golaços e o Martin Gore é o Zidane que cria aquelas jogadas fabulosas, o Alan era o Makelele. Era o responsável por segurar as coisas lá atrás e fazer a transposição da bola lá para a frente. Mas isto sou eu a falar. Eu que sou parvo e gosto destes gajos à minha maneira.

A terceira e última decepção aconteceu em 1993, após o concerto, no bar 24 – actual Mão e ex-Gringo’s – onde vi o Martin Gore a mamar os canecos. Cheguei-me à sua beira, ele sorriu para mim e foi então que vi que tinha uma cremalheira tão suja (assim, tipo Miguel Portas) que dava a ideia que tinha acabado de se refastelar com uma pratada de chocos com tinta. Tive de fingir que fui cagar e saí dali a sete pés.

E demaneirasqueéassim, à pois é, eu estou-me para aqui a queixar, mas a verdade é que há já 2 meses que tenho o bilhete para o concerto, não é? E é certinho que vou estar mesmo lá à frente a abanar o capacete, a acender isqueiros no Freelove (agora acho que a moda é ligar os telemóveis), a abanar os braços no Never let me down e a amparar o rabinho das gajas que vão desfalecendo (com carinho, ok?) à medida que o David for abanando a peida, vestido com aquelas Levi’s 501 brancas, que usou no 101.

1 comentário:

Karla disse...

Ai homem, Deus te ouça! Se o Dave leva as 501 brancas eu pago-vos um jantar aos três!