sexta-feira, junho 27, 2008
conchinhas e relógios
há dias fui cumbiber com uns amigos que tinham acabado de matar o pecado original do seu filho mais novo
confirma-se pá, os meus pais mataram o meu pecado original, com a ajuda do padre lá da igreja de são félix
para a quinta das conchas. confesso, nem sabia que aquilo tinha tido obras e que agora é um parque todo joli.
a memória recuou e apercebi-me qua já não entrava ali desde, mais coisa menos coisa, 1986. nessa altura, fiz parte duma equipa de futebol que para lá foi jogar contra uns maduros do lumiar. apesar de não termos sido assaltados pela boa gente da musgueira (uns queridos, diga-se de passagem), levámos uma abada das valentes.
uma das razões prende-se com o facto de termos tido dificuldades de adaptação ao terreno - raramente jogávamos em relva, caramba! - e porque a outra equipa tinha entre os seus elementos, um preto garboso que era irmão dum gajo do sporting (não me recordo o nome. mas não tarda nada já me lembro) que até nos contou que o seu irmão pôs o nome de boniek ao filho. não sei se é verdade, mas lá que fica uma situação catita, isso não dúvidas que fica.
no regresso, muito estafados, viemos a butes (não havia módulos da carris para todos) da avenida de roma em diante. ali por volta do cruzamento da estados unidos com a avenida de roma deparámos com uma família - pai, mãe duas filhas e um filho - em que todos usavam óculos com lentes fundo de garrafa. este marmanjo, que não é capaz de coçar um tomate sem mandar uma piadola, desata a exclamar em voz alta:
- oh foda-se, olha-me bem para esta família. é que todos têm óculos fundo de garrafa, porra! coitados... vou-me meter com eles.
e chega-se à beira do pai lá da família, já apontando previamente com o indicador para o seu pulso nu e pergunta:
- olhe, desculpe, tem óculos que me diga?
- é uma menos um quarto!
- 'brigades!
e lá seguimos. e eu dei esta volta toda para retoricamente perguntar o seguinte: será que as pessoas que colocam relógios nos blogs nunca repararam que quem os consulta, tem já no canto inferior direito (no meu caso) do ecran do windows, um relogiozeco embutido?
(pronto, quem tem este fabulástico gadget no seu blog não se chateie comigo. era só mais uma piadola das minhas. vão para dentro, passem pelo frigo e bebam uma mine! sagres, de preferência)
confirma-se pá, os meus pais mataram o meu pecado original, com a ajuda do padre lá da igreja de são félix
para a quinta das conchas. confesso, nem sabia que aquilo tinha tido obras e que agora é um parque todo joli.
a memória recuou e apercebi-me qua já não entrava ali desde, mais coisa menos coisa, 1986. nessa altura, fiz parte duma equipa de futebol que para lá foi jogar contra uns maduros do lumiar. apesar de não termos sido assaltados pela boa gente da musgueira (uns queridos, diga-se de passagem), levámos uma abada das valentes.
uma das razões prende-se com o facto de termos tido dificuldades de adaptação ao terreno - raramente jogávamos em relva, caramba! - e porque a outra equipa tinha entre os seus elementos, um preto garboso que era irmão dum gajo do sporting (não me recordo o nome. mas não tarda nada já me lembro) que até nos contou que o seu irmão pôs o nome de boniek ao filho. não sei se é verdade, mas lá que fica uma situação catita, isso não dúvidas que fica.
no regresso, muito estafados, viemos a butes (não havia módulos da carris para todos) da avenida de roma em diante. ali por volta do cruzamento da estados unidos com a avenida de roma deparámos com uma família - pai, mãe duas filhas e um filho - em que todos usavam óculos com lentes fundo de garrafa. este marmanjo, que não é capaz de coçar um tomate sem mandar uma piadola, desata a exclamar em voz alta:
- oh foda-se, olha-me bem para esta família. é que todos têm óculos fundo de garrafa, porra! coitados... vou-me meter com eles.
e chega-se à beira do pai lá da família, já apontando previamente com o indicador para o seu pulso nu e pergunta:
- olhe, desculpe, tem óculos que me diga?
- é uma menos um quarto!
- 'brigades!
e lá seguimos. e eu dei esta volta toda para retoricamente perguntar o seguinte: será que as pessoas que colocam relógios nos blogs nunca repararam que quem os consulta, tem já no canto inferior direito (no meu caso) do ecran do windows, um relogiozeco embutido?
(pronto, quem tem este fabulástico gadget no seu blog não se chateie comigo. era só mais uma piadola das minhas. vão para dentro, passem pelo frigo e bebam uma mine! sagres, de preferência)
quarta-feira, junho 25, 2008
tumulto das ondas
quando era mais jove, assim, mais imberbe, tinha uns hábitos de leitura que me deixaram muitas saudades. não sei se era a altura certa para ler este ou aquele livro, mas sei que aqueles livros, naquela altura faziam muito sentido.
ler, aos 16, 17 ou 18 anos o papalagui, as coisas do richard bach ou até o princepezinho (graças a deus o alberoni entrou-me por um olho e saiu pelo outro. e as miúdas ainda não tinham trocado os autocolantes do snupi pelo paulo coelho) dá-nos um clique diferente à vida. pelo menos comigo, sinto que os li na altura em que os deveria ter lido.
havia entretanto um departamento, uma diocese livreira que me deixava ainda mais anirvanado, falo das coisas do mishima. eu gostava muito do mishima porque além de considerar as histórias muito, muito calminhas, cheias de qualquer coisa assim, meio misteriosas (não estou a conseguir transmitir o que é que aquelas histórias me faziam sentir, mas para mim eram muito belas, pronto!), eram passadas num ambiente rural japonês que naquela altura me faziam sentido.
além destas coisas, o que eu amava no mishima eram as descrições dos crepúsculos. ahhh, eu adora os crepúsculos do mishima, aqueles romperes de aurora, aquelas pores do sol, era todo muito bom. peguei noutro dia num desses livros lá em casa e reparei que tenho todos os crepúsculos que surgem descritos, sublinhados a lápis. seguramente com uma lapiseira caran d'ache preta que me acompanhava para todo o lado.
esta foto foi tirada num dia, numa altura do dia digamos, mishimal. não fui eu que a tirei e só soube que tinha sido tirada quando a vi. está lá tudo: a areia, o vento, o mar, as ondas, o barco dos pescadores e claro, o crepúsculo. para mim, esta foto ilustra, sem tirar nem pôr, o ambiente de o tumulto das ondas.
saudade.
ler, aos 16, 17 ou 18 anos o papalagui, as coisas do richard bach ou até o princepezinho (graças a deus o alberoni entrou-me por um olho e saiu pelo outro. e as miúdas ainda não tinham trocado os autocolantes do snupi pelo paulo coelho) dá-nos um clique diferente à vida. pelo menos comigo, sinto que os li na altura em que os deveria ter lido.
havia entretanto um departamento, uma diocese livreira que me deixava ainda mais anirvanado, falo das coisas do mishima. eu gostava muito do mishima porque além de considerar as histórias muito, muito calminhas, cheias de qualquer coisa assim, meio misteriosas (não estou a conseguir transmitir o que é que aquelas histórias me faziam sentir, mas para mim eram muito belas, pronto!), eram passadas num ambiente rural japonês que naquela altura me faziam sentido.
além destas coisas, o que eu amava no mishima eram as descrições dos crepúsculos. ahhh, eu adora os crepúsculos do mishima, aqueles romperes de aurora, aquelas pores do sol, era todo muito bom. peguei noutro dia num desses livros lá em casa e reparei que tenho todos os crepúsculos que surgem descritos, sublinhados a lápis. seguramente com uma lapiseira caran d'ache preta que me acompanhava para todo o lado.
esta foto foi tirada num dia, numa altura do dia digamos, mishimal. não fui eu que a tirei e só soube que tinha sido tirada quando a vi. está lá tudo: a areia, o vento, o mar, as ondas, o barco dos pescadores e claro, o crepúsculo. para mim, esta foto ilustra, sem tirar nem pôr, o ambiente de o tumulto das ondas.
saudade.
terça-feira, junho 24, 2008
domingo, junho 22, 2008
sábado, junho 21, 2008
blog de merda, post de merda
é um tema de merda mas alguém tinha de o fazer.
tenho uma sincera e arreliante relação com as sanitas. é uma relação de amor ódio com o raio dos objectos. sou interessado, tenho conhecimentos académicos e sobre o tema e tudo.
ora, sanitas: discuto a beleza daquelas que se penduram na parede (não encontro nenhuma, aviso já), mas reconheço a funcionalidade da limpeza, pelo facto de não se entranharem restos de pentelhos nas traseiras da sua base; odeio as que têm aquela parte da água muito pequenina e lá ao fundo, mas também, chateiam-me as que têm um autêntico lago de nível aquático muito alto e, por isso, um salpicador para o rabo em potência.
apesar de primos afastados, não gosto das cagadeiras. um dia na tropa, ainda na arca d'água, apanhei um rato a sair lá do buraco de uma delas, que me deu arrepios e pesadelos para o resto da vida.
não entendo porque não há grandes evoluções tecnológicas no ramo das sanitas. até prova em contrário, só mesmo a paneleirice das, já referidas, que se embutem nas paredes, é que diferem das que usava há trinta anos. tudo o resto me parece muito da idade da revolução industrial.
as tampas das sanitas também são objectos com os quais eu sou muito sensível. ou porque fazem muito barulho quando as colocamos para baixo (têm peso a mais), ou porque têm corações e outro tipo de decorações, ou porque, por terem sido mal instaladas, degolam-nos a piça quando, por falta de equilíbrio, caem para a frente e se fecham, fazendo também um autêntico espalhafato de mijo pelo chão, pelas calças e pelas mãos.
os autoclismos também têm o que se lhe diga. não há nada pior que um autoclismo daqueles que fazem um escarcéu dos diabos, numa noite de caganeira, quando há mais pessoas a tentarem dormir lá em casa.
é por isso que eu acho que as mulheres ainda não entraram a sério nesta área. na parte da pesquisa, digamos. quando houver mulheres cientistas que se dignem estudar melhores formas de deitar água num depósito de autoclismo, sem aquele vasqueiro todo, aí sim, acreditarei que o mundo vai ser melhor.
para mim um set prefeito, tem de ser constituído por uma tampa de sanita do mais reles possível (não precisa de ser boa), levezinha, redonda mas que não seja demasiadamente larga para não ficarmos com aqueles vincos todos nas pernas nem a sensação que nos vão rasgar o pacote em dois. haja conforto, caneco! se a ideia fosse nós cagarmos em pé, não era bem pela parte de trás que terminaria o intestino grosso.
o autoclismo tem de ser, principalmente silencioso mas que encha rapidamente. todos nós sabemos que, por vezes, aquilo tem de ser feito com duas ou até três descargas.
finalmente a sanita tem de estar construída de tal forma que até evite o uso do piaçaba, o qual é seguramente o objecto caseiro que eu mais detesto.
nestas férias, além de ter apanhado uns banhos de mar do belo, tive oportunidade de "mandar uns faxes ao reagan" naquela que eu considero ter sido a melhor sanita de sempre: além da descarga ser forte e reencher com uma rapidez apreciável, o melhor de tudo era a forma como a água invadia o interior das paredes de louça. além de fazerem aquele efeito com jorros em espiral vindos do cimo da sanita, lá em baixo, junto ao sifão, havia uma saída de água central, que empurrava os detritos lá para os esgotos.
juro, não precisei de tocar uma única vez que fosse no piaçaba. e sabem porquê? sim, por isso mesmo, porque não havia lá nenhum, nem era necessário haver. tinha, por segurança um são josé lá no autoclismo, mas mesmo esse nunca cheguei a utilizar.
era um show.
aliás, se um dia me convidarem para ir passar férias, por respeito aos momentos de defecação, direi de caras, só vou se for novamente lá para a tal pousada. a praia boa, a água morna, as caipirinhas, as cervejas, os camarões, o queijinho coalho, as revistas, essas coisas todas são secundárias quando se caga assim.
tenho uma sincera e arreliante relação com as sanitas. é uma relação de amor ódio com o raio dos objectos. sou interessado, tenho conhecimentos académicos e sobre o tema e tudo.
ora, sanitas: discuto a beleza daquelas que se penduram na parede (não encontro nenhuma, aviso já), mas reconheço a funcionalidade da limpeza, pelo facto de não se entranharem restos de pentelhos nas traseiras da sua base; odeio as que têm aquela parte da água muito pequenina e lá ao fundo, mas também, chateiam-me as que têm um autêntico lago de nível aquático muito alto e, por isso, um salpicador para o rabo em potência.
apesar de primos afastados, não gosto das cagadeiras. um dia na tropa, ainda na arca d'água, apanhei um rato a sair lá do buraco de uma delas, que me deu arrepios e pesadelos para o resto da vida.
não entendo porque não há grandes evoluções tecnológicas no ramo das sanitas. até prova em contrário, só mesmo a paneleirice das, já referidas, que se embutem nas paredes, é que diferem das que usava há trinta anos. tudo o resto me parece muito da idade da revolução industrial.
as tampas das sanitas também são objectos com os quais eu sou muito sensível. ou porque fazem muito barulho quando as colocamos para baixo (têm peso a mais), ou porque têm corações e outro tipo de decorações, ou porque, por terem sido mal instaladas, degolam-nos a piça quando, por falta de equilíbrio, caem para a frente e se fecham, fazendo também um autêntico espalhafato de mijo pelo chão, pelas calças e pelas mãos.
os autoclismos também têm o que se lhe diga. não há nada pior que um autoclismo daqueles que fazem um escarcéu dos diabos, numa noite de caganeira, quando há mais pessoas a tentarem dormir lá em casa.
é por isso que eu acho que as mulheres ainda não entraram a sério nesta área. na parte da pesquisa, digamos. quando houver mulheres cientistas que se dignem estudar melhores formas de deitar água num depósito de autoclismo, sem aquele vasqueiro todo, aí sim, acreditarei que o mundo vai ser melhor.
para mim um set prefeito, tem de ser constituído por uma tampa de sanita do mais reles possível (não precisa de ser boa), levezinha, redonda mas que não seja demasiadamente larga para não ficarmos com aqueles vincos todos nas pernas nem a sensação que nos vão rasgar o pacote em dois. haja conforto, caneco! se a ideia fosse nós cagarmos em pé, não era bem pela parte de trás que terminaria o intestino grosso.
o autoclismo tem de ser, principalmente silencioso mas que encha rapidamente. todos nós sabemos que, por vezes, aquilo tem de ser feito com duas ou até três descargas.
finalmente a sanita tem de estar construída de tal forma que até evite o uso do piaçaba, o qual é seguramente o objecto caseiro que eu mais detesto.
nestas férias, além de ter apanhado uns banhos de mar do belo, tive oportunidade de "mandar uns faxes ao reagan" naquela que eu considero ter sido a melhor sanita de sempre: além da descarga ser forte e reencher com uma rapidez apreciável, o melhor de tudo era a forma como a água invadia o interior das paredes de louça. além de fazerem aquele efeito com jorros em espiral vindos do cimo da sanita, lá em baixo, junto ao sifão, havia uma saída de água central, que empurrava os detritos lá para os esgotos.
juro, não precisei de tocar uma única vez que fosse no piaçaba. e sabem porquê? sim, por isso mesmo, porque não havia lá nenhum, nem era necessário haver. tinha, por segurança um são josé lá no autoclismo, mas mesmo esse nunca cheguei a utilizar.
era um show.
aliás, se um dia me convidarem para ir passar férias, por respeito aos momentos de defecação, direi de caras, só vou se for novamente lá para a tal pousada. a praia boa, a água morna, as caipirinhas, as cervejas, os camarões, o queijinho coalho, as revistas, essas coisas todas são secundárias quando se caga assim.
leibovitz
por razões que agora não vêm ao caso, aqui em casa há e sempre houve muitos livros de fotografias. antes de haver família nesta casa, já ela, em solteira, tinha um espólio apreciável. eu, aí entre 1988 e 1992 fui comprador assíduo e nem sempre pontual da photo (da francesa, claro). sempre que possível e a carteira o permitia, lá se adquiria também uma ou outra life das comemorativas. recordo-me duma muito boa sobre os cinquenta anos do rock & roll e uma outra, com a capa do a broken frame, sobre as melhores fotos da década de oitenta. foram muitas e sempre que possível, dava preferência para as coisas de música. livros, esses, já era mais difícil de comprar. ainda assim, uma alma caridosa trouxe-me de párrí de france um livro com fotos de jazz chamado les incontournables que é um mimo, é um mimo.
hoje, sem minimamente prever a coisa, dou com um muito bom documentário da leibovitz na dois. e claro, adorei. adorei porque nos fala, não só da sua vida, da dependência das drogas, das fressureirices com a sontag, dos excessos, da rolling stone ou da vf, mas apresenta-nos muitas curiosidades e outras histórias sobre como aconteceram esta e aquela foto mais marcantes.
retratos, principalmente os retratos. coisas fortes, loucas, aparentemente básicas e simples mas que depois, perante o resultado, estavam lá!
gostei. deveria ter gravado.
(nem sei porque escrevi isto. nem gravador tenho! sou muito totó)
sexta-feira, junho 20, 2008
legado
fico com a impressão que a principal causa que sustentou o sucesso do trabalho independente do scolari na selecção, o guarda-redes ricardo, foi também a uma das causas - se não a principal - do insucesso da equipa.
fico também com a impressão que o scolari, tacticamente, não vale um caralho. se ele é bom a motivar os jogadores nos jogos e o povo para pôr bandeirinhas nas janelas, isso é inegável. contudo, não vislumbro um único jogo em que se diga «caneco, o gajo foi rato, pôs o jogador a ou b na retranca e trocou, completamente, os olhos aos outros gajos.»
por isso digo, para próximo seleccionador, gostava de alguém que percebesse de bola. maketeers temos cá com fartura. e mais baratos.
exagerarei?
fico também com a impressão que o scolari, tacticamente, não vale um caralho. se ele é bom a motivar os jogadores nos jogos e o povo para pôr bandeirinhas nas janelas, isso é inegável. contudo, não vislumbro um único jogo em que se diga «caneco, o gajo foi rato, pôs o jogador a ou b na retranca e trocou, completamente, os olhos aos outros gajos.»
por isso digo, para próximo seleccionador, gostava de alguém que percebesse de bola. maketeers temos cá com fartura. e mais baratos.
exagerarei?
quinta-feira, junho 19, 2008
human
mostrem-me, quem saiba, quem conheça, uma letra melhor que esta, de 1999 para cá.
se ainda assim, souberem, digam-me só daqui a dois dias. quero ficar com a ideia na cabeça só mais um bocadinho, tá bem?
ena tantos!
há tempos pedi ajuda a uma pessoa dos blogs, uma amiga, sobre uma coisa que confesso já nem me recordo o que era. lá me ajudou e no fim eu até disse na brincadeira «se conseguir resolver isso, até faço um post sobre o assunto.».
sem perceber que estava a brincar, ela acrescentou «já agora, se chegares a fazer o post e se não te importares, gostava que fizesses um link para o meu blog, para... pronto, para que eu tenha mais visitas».
achei piada ao pedido, e, confesso, já nem me recordo se acabei por fazer o tal link ou não.
foi a primeira vez que percebi - sim, ingenuamente - que estas coisas das visitas era uma coisa importante e que pelos vistos, assim como os meninos e meninas dos morangos com açúcar, quanto mais pessoas nos vissem, mais giros, certamente, seríamos.
a coisa passou e eu nem liguei muito. até porque eu, ingenuamente (já é a segunda vez que utilizo a palavra ingenuamente neste post. daqui em diante direi antes totó) continuava e continuo a escrever para aqueles 12 ou 15 amigos que eu sei que me lêem, que me conhecem pessoalmente, que sabem como falo, que sabem como eu penso e que sabem que quando eu digo que mijei na estrada da beira não estou a dizer que mijei na beira da estrada.
mas, lá está, totó como eu sou, vou-me esquecendo que isto afinal sempre aparece mais pessoal do que nós julgamos. e claro, nem é preciso fazer posts com palavras estratégicas como «mamas da floribela», «elsa raposo nua» ou «murro do scolari» para que o livro das visitas vá aumentando.
o pior é que aparece sempre malta com outros estudos, pessoal com instrução e tal e que consegue ler para além do que eu escrevo. ora, não estou habituado a esta presença de gente com poderes para-normais.
escrevo um post a dizer que as mulheres ficam com uma imagem prejudicada quando usam mules e sabrinas e recebo links onde alguém lê nas minhas palavras que eu afinal acho que as mulheres têm de sofrer em saltos altos (?) para nos agradar.
escrevo uns quantos linguados sobre a noção de sacrifício e vêm-me dizer que eu gostava que a minha filha fizesse sacrifícios só porque sim.
tenho a mania que tenho piada e escrevo umas coisas sobre uma birra dela e vêm-me apresentar toda uma panóplia de soluções para, imaginem, educá-la melhor.
que coisa mais bonita, eu que me julgava um puto (pronto, ok, um cota puto) rodeado por leitores bêbados, janados, ou meninas daqueles blogs com relatos das primeiras cólicas e afinal não. longe disso, até. as minhas leitoras e os meus leitores é gente doutro nível:
- pessoal que trata os filhos a bagaço e pancada (nada mais correcto que eu bem sei e na pele sofri os efeitos desse capítulo educacional. só sou contra porque naquele tempo ainda se molhava a chucha em medronho algarvio e agora, os reles pais modernaços, só têm bagaceira são domingos que é do mais reles que por aí há);
- gente que tem, inclusivamente mais que um par de filhos mas que pronto, lá está, pais doutro nível, gente que tem um estádio pedagógico francamente apurado, certamente com toneladas de dóctór fil ou de workshops com o doutor mário cordeiro. pessoal que sabe que ao segundo filho deixa de haver birras, deixa de haver egoísmos, tudo acalma e faz sentido;
- tenho ainda outro tipo de leitores que reconhecem em mim dotes shelley ou até cronenberguianos na excelsa produção de monstros - caramba, é de níbel, não?;
- há ainda quem prevê dificuldades na minha vida futura uma vez que reconhecem danos - evidentes, claro - no ministério da minha paternidade - nem discuto, atenção! - que se irão reflectir, reparem, quando a minha filha namorar (bom, já não dizem que vai ser fressureira o que, convenhamos, não é nada maul) e o tó jó quebra-bilhas desejar deflorá-la lá no sofá da sala quando ela tiver 20 anos (lá está, eu sou totó. ainda acredito que as filhas das minhas leitoras, quando chegarem aos 20 anos nunca lhe terá passado um cabrão dum pentelho masculino pela boca);
- e até a grande viera do mar (devo tratá-la como? your honour, talvez, não?) (meu deus, o quanto eu sonhei ser linkado por uma destas socas da vida. e agora? agora é sempre a descer, não? quem sabe, ainda vem um mexia ou um jpp linkar-me e dar-me a salvação eterna) teve a deferência, a sanidade e o olhar perscrutor (como é apanágio da classe blogueira que me lê ou que eu religiosamente leio, como é o caso da grande vieira) de acertar na mouche e reconhecer que os comentários que me apoiam (mas apoiam em quê, vieira?) são estapafúrdios e, num acto de suprema justiça, aponta a diabba como exemplo de lucidez.
clap, clap, clap, clap!
parabéns, caraguicho! apetece-me parabenizar-vos a vóis todos (como diria o marinho peres) agora sim, estou rodeados de óptimos pais. gente sagaz e inteligente. que maravilha! quer um gajo escrever umas coisas com piada e recebe um molho valente de conselhos pedagógicos. francamente, não posso pedir mais. peritos na educação de "filhos dos outros". bestial, camandro!
haja lucidez!
por outro lado isto deixa-me intrigado. é que eu não tenho nada contra os que julgam pelas aparências, eu tenho é pena dos que não sabem julgar pelas aparências.
vão aparecendo. eu gosto dos vossos comentários. nunca tinha chegado aos vinte comments. ando feliz, sério!
sem perceber que estava a brincar, ela acrescentou «já agora, se chegares a fazer o post e se não te importares, gostava que fizesses um link para o meu blog, para... pronto, para que eu tenha mais visitas».
achei piada ao pedido, e, confesso, já nem me recordo se acabei por fazer o tal link ou não.
foi a primeira vez que percebi - sim, ingenuamente - que estas coisas das visitas era uma coisa importante e que pelos vistos, assim como os meninos e meninas dos morangos com açúcar, quanto mais pessoas nos vissem, mais giros, certamente, seríamos.
a coisa passou e eu nem liguei muito. até porque eu, ingenuamente (já é a segunda vez que utilizo a palavra ingenuamente neste post. daqui em diante direi antes totó) continuava e continuo a escrever para aqueles 12 ou 15 amigos que eu sei que me lêem, que me conhecem pessoalmente, que sabem como falo, que sabem como eu penso e que sabem que quando eu digo que mijei na estrada da beira não estou a dizer que mijei na beira da estrada.
mas, lá está, totó como eu sou, vou-me esquecendo que isto afinal sempre aparece mais pessoal do que nós julgamos. e claro, nem é preciso fazer posts com palavras estratégicas como «mamas da floribela», «elsa raposo nua» ou «murro do scolari» para que o livro das visitas vá aumentando.
o pior é que aparece sempre malta com outros estudos, pessoal com instrução e tal e que consegue ler para além do que eu escrevo. ora, não estou habituado a esta presença de gente com poderes para-normais.
escrevo um post a dizer que as mulheres ficam com uma imagem prejudicada quando usam mules e sabrinas e recebo links onde alguém lê nas minhas palavras que eu afinal acho que as mulheres têm de sofrer em saltos altos (?) para nos agradar.
escrevo uns quantos linguados sobre a noção de sacrifício e vêm-me dizer que eu gostava que a minha filha fizesse sacrifícios só porque sim.
tenho a mania que tenho piada e escrevo umas coisas sobre uma birra dela e vêm-me apresentar toda uma panóplia de soluções para, imaginem, educá-la melhor.
que coisa mais bonita, eu que me julgava um puto (pronto, ok, um cota puto) rodeado por leitores bêbados, janados, ou meninas daqueles blogs com relatos das primeiras cólicas e afinal não. longe disso, até. as minhas leitoras e os meus leitores é gente doutro nível:
- pessoal que trata os filhos a bagaço e pancada (nada mais correcto que eu bem sei e na pele sofri os efeitos desse capítulo educacional. só sou contra porque naquele tempo ainda se molhava a chucha em medronho algarvio e agora, os reles pais modernaços, só têm bagaceira são domingos que é do mais reles que por aí há);
- gente que tem, inclusivamente mais que um par de filhos mas que pronto, lá está, pais doutro nível, gente que tem um estádio pedagógico francamente apurado, certamente com toneladas de dóctór fil ou de workshops com o doutor mário cordeiro. pessoal que sabe que ao segundo filho deixa de haver birras, deixa de haver egoísmos, tudo acalma e faz sentido;
- tenho ainda outro tipo de leitores que reconhecem em mim dotes shelley ou até cronenberguianos na excelsa produção de monstros - caramba, é de níbel, não?;
- há ainda quem prevê dificuldades na minha vida futura uma vez que reconhecem danos - evidentes, claro - no ministério da minha paternidade - nem discuto, atenção! - que se irão reflectir, reparem, quando a minha filha namorar (bom, já não dizem que vai ser fressureira o que, convenhamos, não é nada maul) e o tó jó quebra-bilhas desejar deflorá-la lá no sofá da sala quando ela tiver 20 anos (lá está, eu sou totó. ainda acredito que as filhas das minhas leitoras, quando chegarem aos 20 anos nunca lhe terá passado um cabrão dum pentelho masculino pela boca);
- e até a grande viera do mar (devo tratá-la como? your honour, talvez, não?) (meu deus, o quanto eu sonhei ser linkado por uma destas socas da vida. e agora? agora é sempre a descer, não? quem sabe, ainda vem um mexia ou um jpp linkar-me e dar-me a salvação eterna) teve a deferência, a sanidade e o olhar perscrutor (como é apanágio da classe blogueira que me lê ou que eu religiosamente leio, como é o caso da grande vieira) de acertar na mouche e reconhecer que os comentários que me apoiam (mas apoiam em quê, vieira?) são estapafúrdios e, num acto de suprema justiça, aponta a diabba como exemplo de lucidez.
clap, clap, clap, clap!
parabéns, caraguicho! apetece-me parabenizar-vos a vóis todos (como diria o marinho peres) agora sim, estou rodeados de óptimos pais. gente sagaz e inteligente. que maravilha! quer um gajo escrever umas coisas com piada e recebe um molho valente de conselhos pedagógicos. francamente, não posso pedir mais. peritos na educação de "filhos dos outros". bestial, camandro!
haja lucidez!
por outro lado isto deixa-me intrigado. é que eu não tenho nada contra os que julgam pelas aparências, eu tenho é pena dos que não sabem julgar pelas aparências.
vão aparecendo. eu gosto dos vossos comentários. nunca tinha chegado aos vinte comments. ando feliz, sério!
bechechas
irritou-se comigo porque lhe disse para se despachar a comer a pápa. fez-me um arggggghhh e deu-me um tapa. instintivamente, dei-lhe um calduço, desliguei-lhe a televisão, apontei-lhe um dedo e sentenciei:
- estou zangado (estive para dizer fodido, mas lá me contive) contigo! ao pai, à mãe e aos avós, nem te atrevas a voltar a bater. agora despacha-te que temos de bazar daqui!
fui para a cozinha tratar de coisas. comi fodido com ela. apareceu-me ao colo da mãe numa espécie de durão barroso ali em bicesse com o savimbi e o présidénte dús sántus. quando lhe disseram «pede desculpa ao pai, vá...» ficou com aquele ar de «todo o peso do mundo em cima» mas manteve-se em silêncio. voltei a frisar «não te esqueças que estou mesmo zangado contigo».
foi para o quarto.
momentos depois aparece-me na casa de banho. trazia um desenho. «desculpa pai. olha este desenho para ti. és tu... tem o sol... tem aqui uma flor...»
- e estas coisas azuis na cara? é a barba filha?
- não, são as tuas bechechas?
- obrigado.
- não tornas a bater em nós, combinado?
- sim, jacaré!
deu-me um abracinho. eu continuava ali a contorcer-me com vontade de continuar o meu tratado escatológico matinal!
- estou zangado (estive para dizer fodido, mas lá me contive) contigo! ao pai, à mãe e aos avós, nem te atrevas a voltar a bater. agora despacha-te que temos de bazar daqui!
fui para a cozinha tratar de coisas. comi fodido com ela. apareceu-me ao colo da mãe numa espécie de durão barroso ali em bicesse com o savimbi e o présidénte dús sántus. quando lhe disseram «pede desculpa ao pai, vá...» ficou com aquele ar de «todo o peso do mundo em cima» mas manteve-se em silêncio. voltei a frisar «não te esqueças que estou mesmo zangado contigo».
foi para o quarto.
momentos depois aparece-me na casa de banho. trazia um desenho. «desculpa pai. olha este desenho para ti. és tu... tem o sol... tem aqui uma flor...»
- e estas coisas azuis na cara? é a barba filha?
- não, são as tuas bechechas?
- obrigado.
- não tornas a bater em nós, combinado?
- sim, jacaré!
deu-me um abracinho. eu continuava ali a contorcer-me com vontade de continuar o meu tratado escatológico matinal!
quarta-feira, junho 18, 2008
1992 barcelona
(aviso já que de basket a única coisa que eu sei é que eles são crescidinhos, na maioria pretos, ricos, com mulheres boazonas e que nos separadores televisivo havia um que eu adorava com o born on bayou dos creedence)
noutra noite, assim ao acaso, fiz travão num zapping e estaquei ali pelo espn porque estava a dar basket. deixei ficar e reparei que era um jogo entre os usa e porto rico, lá do drime tim de 1992.
meu deus, que coisa mais boa. é que não chegando serem bons, tinham a noção que o eram e que por mais tempo que passassem ali na balda, numa de trocas e baldrocas a fazer bonitos mesmo com perdas de bola, às tantas olhavam lá uns para os outros e via-se que decidiam: vamos lá por tino à coisa. e de um momento para o outro começavam a ebalar e ninguém mais os apanhava.
tótil: barkley, bird, ewing, johnson, jordan, malone, mullin, pippen, robinson, stockton, só para mencionar aqueles que me lembro.
já agora, o cautxe, daly, não fez rigorosamente nenhum timeout durante aqueles jogos. pergunto, foi lá fazer o quê? ver o pedro lima na natação, não?
ó vaz, não achas que aquela foi, a melhor equipa de sempre, de todos os tempos e de todos os desportos colectivos?
terça-feira, junho 17, 2008
C3H5(NO3)3
a ideia que me vem imediatamente à memória é que a coisa é idêntica a uma daquelas cenas daqueles filmes de suspense em que há necessidade de se transportar uma instável carga de nitroglicerina dum local para o outro, no meio dum incêndio, através duma tábua estreitinha colocada sobre um abismo de, sei lá, uns bons 76 metros.
a qualquer momento, bum! e lá vai meia população da cidade para o maneta.
é esta a ideia que me assalta a alma nuns quantos momentos do quotidiano da minha filha: quando acorda, quando a vestimos, na despedida, no trajecto para a escola, da despedida na escola, por altura do banho, ao jantar e ao deitar.
as coisas são sempre feitas com a maior das delicadezas, com pinças, com medo de fazer desencadear a reação química. ao menor descuido, pronto, está o caldo entornado.
ela acorda e a coisa tem de ser com calma, o estore tem de ter sido puxado um tiquinho para cima durante a noite para que não haja brusquidão da luz a entrar no quarto. por vezes lá me esqueço e bum!, gritaria durante os processos seguintes.
depois é a passagem para o nosso quarto, para que se faça a cama dela e tal, «queres já o xixi?» em voz bem baixinha para não desaustinar o sistema. por vezes a táctica passa por colocar o volume da televisão do quarto, estrategicamente sintonizada no segundo canal para que ela se levante sozinha e decida ir ver, de que desenhos animados fazem parte aquelas vozes infantis.
a cerelac é outra etapa. ou é ela sozinha que come, ou a damos nós para despachar a coisa. nunca pode perceber que a decisão de ser a mãe ou o pai a dar-lhe a a pápa para acelerar o processo partiu de nós em vez de ela «hoje é a mããããããããeeeeeeee a dar!», «não és tuuuuuu, sou eu sozinhaaaaaaaaaa!». um «mas, ó filha, come que temos de ir embora para a escola», pode provocar um «mas eu não queeeeeeeero ir para a escolaaaaaaaaa!» e pronto, o atraso acaba por ser logo maior.
a lavagem dos dentes é uma aventura. o vestir, idem idem. a saída e a despedida da mãe é que já é outra loiça: ou porque quer levar o seu filhote jorge eimado (amado, no original), ou porque quer levar as polys, ou porque quer levar rebuçados para todos os seus amigos, ou porque decidiu ir de galochas mesmo estando calor, ou porque quer ir ao colo da mãe até ao carro....
e lá partimos.
tenho sempre o cuidado de nem lhe tocar durante a viagem, não vá o bicho espantar-se. nunca se sabe. vou caladinho e de rádio desligado. ah pois é!
à noite a mesma coisa: ou quer o banho na boa, ou quer ficar no rilécs da banheira, ou porque quer dar banho a metade da população do toys 'r' us ou porque quer, simplesmente, pintar as unhas antes de tomar banho. isto já para não falar quando não quer mesmo!
e o jantar é outro que tanto: «quero sentar-me hoje ali», «quero que o pai me ajude a cortar a carnucha», «quero uma palhinha, eu é que escolho a cor».
tudo, mas tudo mesmo é feito com cuidadinho. assim com nano-ferramentas, material do mais caro e importado de outro continente qualquer.
«quero dormir com as polys», «hoje contas-me a história do senhor fortunato», «pai, vem fazer-me carinhos e cócegas, vens?». o deitar é a mesma coisa: evitar sempre explodir a bomba. é sempre melhor evitar do que reparar danos. sempre!
hoje, já a caminho da escola e depois dum acordar, vestir, lavar, comer, etc... bem sucedido, lembrou-se que:
- quero as cartas da barbie!
puta que pariu, foda-se! e agora? lá caiu a peça do dominó que vai mandar todas as outras abaixo!
- ó filha, deixa lá, levas amanhã...
- mas eu quero hojeeeeeeeee!
- (silêncio)
- eu quero hojeeeeeeeee! (com berros mais altos)
- (silêncio)
- eu queeerrrrrr (com baba e ranho a salpicarem-me o tábliê, devidamente lavado e polido na sexta-feira passada)
e a cabeça ali a balançar entre um «deixa-te de merdas, volta atrás e vai lá buscar as cartas e ela cala-se logo» e um «sabes no que te estás a meter se lá fores buscar as cartas, não sabes?»
- cuca, cala-te duma vez por todas! não há cartas para ninguém! hoje não volto atrás. quando quiseres trazeres coisas, pegas tudo duma só vez....
- buááááááááááá, feio, bruxa, feio, eu quero a mãããããe!...
- (silêncio)
e depois na escola a choradeira habitual. e eu a colocá-la no chão e ela a fugir-se em direcção à porta. e eu a entregá-la à educadora e ela a espernear e a não largar o meu colo. e a baba a fixar-se nos meus ombros e «eu queeeeeeeeeeero as cartaaaaaaaaaaassss» seguido de muitos «eu odeio o meeeeeeeu paaaaaaai».
e eu a fugir dali sem perceber porque raio eles não nascem com um botão de ri sete ou pelo menos com um f5. pronto, um clrscr, já não peço tudo, caramba!
a qualquer momento, bum! e lá vai meia população da cidade para o maneta.
é esta a ideia que me assalta a alma nuns quantos momentos do quotidiano da minha filha: quando acorda, quando a vestimos, na despedida, no trajecto para a escola, da despedida na escola, por altura do banho, ao jantar e ao deitar.
as coisas são sempre feitas com a maior das delicadezas, com pinças, com medo de fazer desencadear a reação química. ao menor descuido, pronto, está o caldo entornado.
ela acorda e a coisa tem de ser com calma, o estore tem de ter sido puxado um tiquinho para cima durante a noite para que não haja brusquidão da luz a entrar no quarto. por vezes lá me esqueço e bum!, gritaria durante os processos seguintes.
depois é a passagem para o nosso quarto, para que se faça a cama dela e tal, «queres já o xixi?» em voz bem baixinha para não desaustinar o sistema. por vezes a táctica passa por colocar o volume da televisão do quarto, estrategicamente sintonizada no segundo canal para que ela se levante sozinha e decida ir ver, de que desenhos animados fazem parte aquelas vozes infantis.
a cerelac é outra etapa. ou é ela sozinha que come, ou a damos nós para despachar a coisa. nunca pode perceber que a decisão de ser a mãe ou o pai a dar-lhe a a pápa para acelerar o processo partiu de nós em vez de ela «hoje é a mããããããããeeeeeeee a dar!», «não és tuuuuuu, sou eu sozinhaaaaaaaaaa!». um «mas, ó filha, come que temos de ir embora para a escola», pode provocar um «mas eu não queeeeeeeero ir para a escolaaaaaaaaa!» e pronto, o atraso acaba por ser logo maior.
a lavagem dos dentes é uma aventura. o vestir, idem idem. a saída e a despedida da mãe é que já é outra loiça: ou porque quer levar o seu filhote jorge eimado (amado, no original), ou porque quer levar as polys, ou porque quer levar rebuçados para todos os seus amigos, ou porque decidiu ir de galochas mesmo estando calor, ou porque quer ir ao colo da mãe até ao carro....
e lá partimos.
tenho sempre o cuidado de nem lhe tocar durante a viagem, não vá o bicho espantar-se. nunca se sabe. vou caladinho e de rádio desligado. ah pois é!
à noite a mesma coisa: ou quer o banho na boa, ou quer ficar no rilécs da banheira, ou porque quer dar banho a metade da população do toys 'r' us ou porque quer, simplesmente, pintar as unhas antes de tomar banho. isto já para não falar quando não quer mesmo!
e o jantar é outro que tanto: «quero sentar-me hoje ali», «quero que o pai me ajude a cortar a carnucha», «quero uma palhinha, eu é que escolho a cor».
tudo, mas tudo mesmo é feito com cuidadinho. assim com nano-ferramentas, material do mais caro e importado de outro continente qualquer.
«quero dormir com as polys», «hoje contas-me a história do senhor fortunato», «pai, vem fazer-me carinhos e cócegas, vens?». o deitar é a mesma coisa: evitar sempre explodir a bomba. é sempre melhor evitar do que reparar danos. sempre!
hoje, já a caminho da escola e depois dum acordar, vestir, lavar, comer, etc... bem sucedido, lembrou-se que:
- quero as cartas da barbie!
puta que pariu, foda-se! e agora? lá caiu a peça do dominó que vai mandar todas as outras abaixo!
- ó filha, deixa lá, levas amanhã...
- mas eu quero hojeeeeeeeee!
- (silêncio)
- eu quero hojeeeeeeeee! (com berros mais altos)
- (silêncio)
- eu queeerrrrrr (com baba e ranho a salpicarem-me o tábliê, devidamente lavado e polido na sexta-feira passada)
e a cabeça ali a balançar entre um «deixa-te de merdas, volta atrás e vai lá buscar as cartas e ela cala-se logo» e um «sabes no que te estás a meter se lá fores buscar as cartas, não sabes?»
- cuca, cala-te duma vez por todas! não há cartas para ninguém! hoje não volto atrás. quando quiseres trazeres coisas, pegas tudo duma só vez....
- buááááááááááá, feio, bruxa, feio, eu quero a mãããããe!...
- (silêncio)
e depois na escola a choradeira habitual. e eu a colocá-la no chão e ela a fugir-se em direcção à porta. e eu a entregá-la à educadora e ela a espernear e a não largar o meu colo. e a baba a fixar-se nos meus ombros e «eu queeeeeeeeeeero as cartaaaaaaaaaaassss» seguido de muitos «eu odeio o meeeeeeeu paaaaaaai».
e eu a fugir dali sem perceber porque raio eles não nascem com um botão de ri sete ou pelo menos com um f5. pronto, um clrscr, já não peço tudo, caramba!
segunda-feira, junho 16, 2008
não saber viver com nem sem eles
quando lá em casa ficamos sem filha - muito raro, muito raro... - e vamos, feito adolescentes clearasilados, para os restaurantes e chópingues desta vida, temos aquela sensação habitual nos pais que é: caramba, está para aqui um sossego e um silêncio sepulcral, verdadeiramente inusitados, não está?
há dias, a sensação foi diferente: apesar de a termos deixado na avó - cada vez mais difícil, cada vez mais difícil -, sentíamos que ela ainda estava por ali de volta das montras ou do urso da natura. era realmente algo estranho.
a coisa encontra algo similar nos momentos em que arrancamos um dente mas ainda o sentimos lá na boca por causa da anestesia ou naquelas histórias dos manetas que dizem sentir comichão na mão decepada.
há dias, a sensação foi diferente: apesar de a termos deixado na avó - cada vez mais difícil, cada vez mais difícil -, sentíamos que ela ainda estava por ali de volta das montras ou do urso da natura. era realmente algo estranho.
a coisa encontra algo similar nos momentos em que arrancamos um dente mas ainda o sentimos lá na boca por causa da anestesia ou naquelas histórias dos manetas que dizem sentir comichão na mão decepada.
alanis e as ciganas
a alanis morissete sofre do mesmo mal das ciganas: chegam aos trinta e desatam a engordar até mais não. a diferença para as melheres daquela raça é que a alanis está cada vez mais gira (interessante, pinta, cool....) mas por outro lado não bate tão bem as palmas nem sabe cantar isto.
excelência do serviço
vale uma aposta que um dia destes eles criam um serviço com o triplo em vez do dobro do preço em que garante mesmo, mesmo, mesmo, sem qualquer sombra de dúvida, contra marés, tornados, greves e bloqueios, a entrega da carta no dia seguinte à data em que foi remetida?
acabo de receber uma carta em correio azul, que foi remetida no dia cinco. ou seja, 11 dias (5 dias úteis).
nada mau, não senhor.
já agora, quanto tempo demoraria se tivesse vindo em correio normal?
acabo de receber uma carta em correio azul, que foi remetida no dia cinco. ou seja, 11 dias (5 dias úteis).
nada mau, não senhor.
já agora, quanto tempo demoraria se tivesse vindo em correio normal?
riscas brancas
(há pouco esqueci-me de referir)
talvez até mais emocionante que o momento do hino
pelo menos para mim que não lhes dou a importância que a malta da bola - seleccionadores, jogadores, jornalistas, tvi, etc - dá. calma, não se sintam ofendidos, sou mais patriota do que alguns que cantam o hino como se lhes estivessem a apertar os tomates. ou seja, se fizermos um ar enquanto cantamos, de quem está com prisão de ventre, mas dissermos «nação valente e mortal» e não soubermos o que quer dizer egrégio, somos patriotas como o tutano.
para mim, quando as equipas pisaram o relvado ao som dos white stripes, convenhamos teve um pedal do caneco!
ora imaginem lá bem a cena.
talvez até mais emocionante que o momento do hino
pelo menos para mim que não lhes dou a importância que a malta da bola - seleccionadores, jogadores, jornalistas, tvi, etc - dá. calma, não se sintam ofendidos, sou mais patriota do que alguns que cantam o hino como se lhes estivessem a apertar os tomates. ou seja, se fizermos um ar enquanto cantamos, de quem está com prisão de ventre, mas dissermos «nação valente e mortal» e não soubermos o que quer dizer egrégio, somos patriotas como o tutano.
para mim, quando as equipas pisaram o relvado ao som dos white stripes, convenhamos teve um pedal do caneco!
ora imaginem lá bem a cena.
um dois três...
..., um dois três, o pápa é alemão mas o deco é português!
uma das coisas giras e que, para mim, não têm preço - valem, portanto, todo o ordenado que ele ganha - é o facto dele ter sido, seguramente o seleccionador mais sortudo que eu já vi.
por isso, é fácil falar depois duma derrota em que não jogámos um caralho:
- ou porque perdemos porque o árbitro foi caseiro (verdade!)
- ou porque perdemos mas como já tínhamos vencido os outros dois jogos... (verdade)
por isso, a gente, o pessoal e tal, depois até se ri quando ele diz que os nossos jogaram muito bem.
fazer oito mudanças para se pouparem jogadores para os quartos, não só foi bem esgalhado como foi imperioso. fico até sem perceber porque é que o paulo ferreira jogou de início se afinal a vitória nem era importante. o que me custa entender, é porque é que não se põe uma equipa "secundária" a treinar a sério, precisamente para estas eventualidades. sinceramente, não entendo. não é uma questão de fio de jogo e coisas assim. é uma questão de velocidade, porra. aquilo foi tudo muito lento, caramba! lento e mau! há coisas simples na bola que eu não vi suceder durante um único instante do jogo. sei lá, falo de cenas como por exemplo, o lateral passa a bola ao médio, esse tabela novamente com o mesmo lateral ou até com o extremo e depois este último centra para o divino postiga (ainda acham que 3,5 milhões foi dinheiro bem gasto?) mandar para golo.
é um espirituoso, este luis filipe, não é?
apesar das peripécias da viagem - porque raio há-de haver sempre um cabrão (normalmente um vip) que se atrasa e fornica sempre tudo -, apesar das tias desta vida que foram para a chuva de mini-saia e sandalinha no pé, apesar da comida, apesar de ter almoçado ali ao lado da principal causa de eu ser portista - como o tempo passa caramba! onde anda a tua franjinha, pá? - , apesar da organização ter parques de estacionamento a dois quilómetros e meio do estádio, apesar da derrota, apesar da chuva, apesar de haver pessoas que não se lembram que têm pessoas à sua espera, apesar de haver pessoas que se perdem, apesar... bom, apesar de tudo isto, ouvir um terço de estádio abafar completamente ou outros dois terços enquanto se canta a portuguesa, meus amigos, só por isso vale a pena.
uma das coisas giras e que, para mim, não têm preço - valem, portanto, todo o ordenado que ele ganha - é o facto dele ter sido, seguramente o seleccionador mais sortudo que eu já vi.
por isso, é fácil falar depois duma derrota em que não jogámos um caralho:
- ou porque perdemos porque o árbitro foi caseiro (verdade!)
- ou porque perdemos mas como já tínhamos vencido os outros dois jogos... (verdade)
por isso, a gente, o pessoal e tal, depois até se ri quando ele diz que os nossos jogaram muito bem.
fazer oito mudanças para se pouparem jogadores para os quartos, não só foi bem esgalhado como foi imperioso. fico até sem perceber porque é que o paulo ferreira jogou de início se afinal a vitória nem era importante. o que me custa entender, é porque é que não se põe uma equipa "secundária" a treinar a sério, precisamente para estas eventualidades. sinceramente, não entendo. não é uma questão de fio de jogo e coisas assim. é uma questão de velocidade, porra. aquilo foi tudo muito lento, caramba! lento e mau! há coisas simples na bola que eu não vi suceder durante um único instante do jogo. sei lá, falo de cenas como por exemplo, o lateral passa a bola ao médio, esse tabela novamente com o mesmo lateral ou até com o extremo e depois este último centra para o divino postiga (ainda acham que 3,5 milhões foi dinheiro bem gasto?) mandar para golo.
é um espirituoso, este luis filipe, não é?
apesar das peripécias da viagem - porque raio há-de haver sempre um cabrão (normalmente um vip) que se atrasa e fornica sempre tudo -, apesar das tias desta vida que foram para a chuva de mini-saia e sandalinha no pé, apesar da comida, apesar de ter almoçado ali ao lado da principal causa de eu ser portista - como o tempo passa caramba! onde anda a tua franjinha, pá? - , apesar da organização ter parques de estacionamento a dois quilómetros e meio do estádio, apesar da derrota, apesar da chuva, apesar de haver pessoas que não se lembram que têm pessoas à sua espera, apesar de haver pessoas que se perdem, apesar... bom, apesar de tudo isto, ouvir um terço de estádio abafar completamente ou outros dois terços enquanto se canta a portuguesa, meus amigos, só por isso vale a pena.
sábado, junho 14, 2008
king
ó eusébio, tem lá paciência pá. sério, juro, vai por mim, tem lá paciência. pergunta a quem tu quiseres, aquilo é muito carcanhol. não te rales com a coisa. e tem mais tino, vê se entendes que por mais conversas (e lágrimas) que o presidente da federação tivesse com o gaúcho, mete nessa cabecinha que aquilo são realmente milhões a mais.
entendido?
eu sei, não és só tu que estás triste, é toda uma legião de grandes nomes que puderam, através dele, cantar o hino com os pés em cima dum relvado: bruno vale, rogério matias, joão alves, daniel fernandes, zé antónio....
grandes nomes, grandes nomes...
e já agora, ó scolari, lembra-te que já existíamos antes de ti, ok? aquele abraço. e tem lá paciência com os jornalistas portugueses. talvez assim te lembres que afinal não éramos tão maus assim. mau, mau era o dragotinovic que queria bater no minino!
entendido?
eu sei, não és só tu que estás triste, é toda uma legião de grandes nomes que puderam, através dele, cantar o hino com os pés em cima dum relvado: bruno vale, rogério matias, joão alves, daniel fernandes, zé antónio....
grandes nomes, grandes nomes...
e já agora, ó scolari, lembra-te que já existíamos antes de ti, ok? aquele abraço. e tem lá paciência com os jornalistas portugueses. talvez assim te lembres que afinal não éramos tão maus assim. mau, mau era o dragotinovic que queria bater no minino!
bye bye!
por razões que agora não interessam nada, vou ver pela primeira vez um jogo da nossa selecção fora do nosso país.
e tive azar: numa altura em que está um sol porreiro na nossa terra, numa altura em que vou apanhar chuva e um barbeiro do camandro - 11 graus de máxima, imagine-se! - acordar cedo, deitar-me tarde e cansado, um jogo que não conta para nada, com a hipótese maravilhosa de ver atacantes do calibre dum almeida, dum postiga, outros de fino recorte como um jorge ribeiro, por exemplo. isto claro, já para não falar de todos os grandes nomes que compõem a fantástica selecção suiça.
e claro, vou também para me despedir do grande scolari.
e tive azar: numa altura em que está um sol porreiro na nossa terra, numa altura em que vou apanhar chuva e um barbeiro do camandro - 11 graus de máxima, imagine-se! - acordar cedo, deitar-me tarde e cansado, um jogo que não conta para nada, com a hipótese maravilhosa de ver atacantes do calibre dum almeida, dum postiga, outros de fino recorte como um jorge ribeiro, por exemplo. isto claro, já para não falar de todos os grandes nomes que compõem a fantástica selecção suiça.
e claro, vou também para me despedir do grande scolari.
quinta-feira, junho 12, 2008
cabine de som do 2001 (a catedral) .so long, fisher z
e há tanta coisa a dizer sobre esta música:
- aquela inconfundível linha inicial de baixo.
- a voz do john watts
- o verso "i've sent you telegrams but you haven´t answered one". há quanto tempo é que ninguém envia telegramas?
- aquele «téun, téun, téun, téun téun téun, té né néun» da guitarra, a imitar o som dos shadows.
- e aquele "why didn't you tell me? not leave me this way. you could have told me and not waited for so long" que é todo dançado de pés bem juntinhos, aos saltos alternados, com os braços agitados com muita velocidade (e a espalhar cerveja ou whisky por quem estiver à volta), nuns gestos muitos parecidos com o jagger, no video da touneé de 1982.
- puta que pariu de música mais boa!
- aquela inconfundível linha inicial de baixo.
- a voz do john watts
- o verso "i've sent you telegrams but you haven´t answered one". há quanto tempo é que ninguém envia telegramas?
- aquele «téun, téun, téun, téun téun téun, té né néun» da guitarra, a imitar o som dos shadows.
- e aquele "why didn't you tell me? not leave me this way. you could have told me and not waited for so long" que é todo dançado de pés bem juntinhos, aos saltos alternados, com os braços agitados com muita velocidade (e a espalhar cerveja ou whisky por quem estiver à volta), nuns gestos muitos parecidos com o jagger, no video da touneé de 1982.
- puta que pariu de música mais boa!
quarta-feira, junho 11, 2008
sacrifícios?
tenho por vezes a (triste) sensação que a minha geração foi a última a conhecer a palavra sacrifício.
e pronto, agora com uma declaração destas, uma coisa bombástica, é que lhe deu o badagaio.
não sei como hei-de explicar isto que sinto. é algo meio estranho, é uma sucessão de ideias soltas que me levam a pensar que realmente, dá a ideia que isto ando tudo, francamente, mais facilitado. o que nem sempre é algo muito bom.
eu olho para os lamentos das famílias endividadas e observo que nesses mesmos agregados familiares existem dois automóveis; eu vejo aquelas imagens, aquelas reportagens ao estilo do final do telejornal da tvi, dos chefes de família afirmarem que o orçamento familiar é curto e lá por detrás, ao fundo, aparece o plasma com imagens da sporttv; as mães surgem à saída dos hipermercados queixando-se do aumento dos preços e ao seu lado está o filho, um chavalito com nove anos a enviar sms's.
há qualquer coisa que eu não entendo.
eu não quero ser exemplo para ninguém - era o que mais faltava - mas crescemos (esta 2ª pessoa do plural não é gralha nenhuma) demasiadamente perto da - verdadeira - pobreza e de alguma riqueza, para termos sempre presente qual seria a bitola que mais se aproximasse duma correcta noção de bons princípios. se os seguímos ou não isso é outra coisa.
eu sei é que agora as crianças e os adolescentes só fazem sacrifícios se lhes der na veneta: é um problema reprová-los na escola, essa coisa do chumbar por faltas deixou de ser como outrora, os erros de português já nem contam para muitos itens de avaliação, podem usar telefones com músicas nas aulas, podem dar porrada uns aos outros, podem malhar nos professores...
... a quantidade de presentes que as crianças recebem é francamente pornográfica, não há nada que não se faça pelo menino ou pela menina, têm de tudo, tudo: telemóvel, boneca que mija, bicicleta, mota eléctrica, cromos da kitty, sandálias desta marca, daquela marca também, quarto com cores bonitas...
quando era miúdo estava convencido, pelos exemplos que via ao meu redor, que os ricos eram aquelas pessoas que tinham a mesma consciência social dos pobres mas que, ao contrário destes, tinham mais dinheiro.
o que vejo agora é bem diferente: vejo que os ricos, esbanjam mais dinheiro que os pobres. só isso. mas vejo também que os pobres esbanjam o que não têm.
cresci num ambiente - não só dentro de casa - que nos dizia que a luz era para apagar quando ninguém estava a usufruir dela, que a água era para poupar, que a comida não se estragava, que a roupa passava dos mais velhos para os mais novos, dos irmãos mais crescidos para os mais caninas, dos primos mais endinheirados para os mais remediados. havia remendos ou caneleiras nas calças e cotoveleiras nas camisolas. o pão era algo com uma importância muito alta. era algo pobre mas nobre. deixávamos cair um cibo de pão ao chão e dávamos-lhe um beijinho; à mesa, nunca encertávamos (desculpem, a minha mãe é da beira litoral e até prova em contrário direi sempre assim) uma carcaça sem que a outra estivesse comida; no final limpava-se o prato com um restinho de pão, não só porque era bom, mas sim porque assim é que devia ser, porque a comida era para se comer até ao fim. sobrava pão, fazia-se açorda. sobrava carne, fazia-se empadão. agora não, agora empadão faz-se com carne "nova" e para a açorda compra-se umas carcaças a mais do que a conta.
um dia, vi no cambalacho o aramis - paulo césar grande - beber um choppinho com a ana machadão - a inatingível débora bloch - e às tantas, ele deixa, sei lá, dois terços da imperial ali na mesa, e saem dali para fora. fiquei indignadíssimo: carai, mas este gajo esbanja assim mais de meio fino sem mais nem menos? será que é assim que os ricos fazem? mas não era possível, os ricos que eu conhecia tinham era mais dinheiro, à mesa comportavam-se como os outros e principalmente, apesar de poderem, não estragavam.
eu vou aqui confessar que só bem crescidinho, fiquei a saber que era falta de educação molhar o pãozinho no molho e levá-lo à boca. que se poderia fazer sim, mas com a ajuda dum talher. mesmo assim, tenho dificuldades em admitir isso. que raio, falta de educação era tirar macacos, arrotar e largar valentes serenas fora da casa de banho. comer sardinhas e frango, caneco, se não fosse à mão não se aproveitava tudo, ora!
mas agora nem isso, agora já nem se tocam nos alimentos. ou porque se fica com cheiro a alho, ou porque é feio, ou porque é sintoma de falta de asseio, a asae...
recordo-me, ali perto do final da década de setenta, que houve um verão em que escasseou a água. imagine-se, conseguimos às tantas da noite, recolher alguma no chafariz ao fundo da azinhaga do carrascal, junto dos armazéns frigoríficos. recordo-me que chegámos a casa lá para as duas da manhã, cada um carregando com seu jerrican mas sabendo que na manhã seguinte havia banho garantido.
(esta memória surgiu-me agora de repente. apensa a ela, veio também a certeza, imagina, que ou tu ou a tua irmã estavam presentes. o teu pai estava de certeza. foi há uns 30 anos.)
este post não serve para dizer que antigamente é que era bom. serve para dizer que a noção e a prática de sacrifícios vai-se degradando de geração para geração. eu só dei aqui alguns exemplos de indignações que trago comigo.
bem sei que a minha filha só tem 4 anos, mas por vezes fico a pensar se conseguirei incutir-lhe espírito de sacrifício. será que ela vai entender, mesmo, o que é não ter comida, o que é ter de caminhar ao sol ou debaixo de um guarda-chuva de casa para a escola (ou o trabalho) e de novo para casa? não gostava que ela crescesse sem saber essas noções. não sei se o vou conseguir, mas gostava que ela soubesse que há uns anos valentes, já dentro da era "moderna", já depois de haver máquinas que no fim da brincadeira diziam «game over - insert coin», havia pessoas que faziam sacrifícios, que juntavam dinheiro oferecido por padrinhos e tios nos aniversários e natais para terem ténis, comprarem cassetes, irem ao cinema, comprarem pullovers, ou simplesmente, irem à piscina da penha ou do areeiro.
e pronto, agora com uma declaração destas, uma coisa bombástica, é que lhe deu o badagaio.
não sei como hei-de explicar isto que sinto. é algo meio estranho, é uma sucessão de ideias soltas que me levam a pensar que realmente, dá a ideia que isto ando tudo, francamente, mais facilitado. o que nem sempre é algo muito bom.
eu olho para os lamentos das famílias endividadas e observo que nesses mesmos agregados familiares existem dois automóveis; eu vejo aquelas imagens, aquelas reportagens ao estilo do final do telejornal da tvi, dos chefes de família afirmarem que o orçamento familiar é curto e lá por detrás, ao fundo, aparece o plasma com imagens da sporttv; as mães surgem à saída dos hipermercados queixando-se do aumento dos preços e ao seu lado está o filho, um chavalito com nove anos a enviar sms's.
há qualquer coisa que eu não entendo.
eu não quero ser exemplo para ninguém - era o que mais faltava - mas crescemos (esta 2ª pessoa do plural não é gralha nenhuma) demasiadamente perto da - verdadeira - pobreza e de alguma riqueza, para termos sempre presente qual seria a bitola que mais se aproximasse duma correcta noção de bons princípios. se os seguímos ou não isso é outra coisa.
eu sei é que agora as crianças e os adolescentes só fazem sacrifícios se lhes der na veneta: é um problema reprová-los na escola, essa coisa do chumbar por faltas deixou de ser como outrora, os erros de português já nem contam para muitos itens de avaliação, podem usar telefones com músicas nas aulas, podem dar porrada uns aos outros, podem malhar nos professores...
... a quantidade de presentes que as crianças recebem é francamente pornográfica, não há nada que não se faça pelo menino ou pela menina, têm de tudo, tudo: telemóvel, boneca que mija, bicicleta, mota eléctrica, cromos da kitty, sandálias desta marca, daquela marca também, quarto com cores bonitas...
quando era miúdo estava convencido, pelos exemplos que via ao meu redor, que os ricos eram aquelas pessoas que tinham a mesma consciência social dos pobres mas que, ao contrário destes, tinham mais dinheiro.
o que vejo agora é bem diferente: vejo que os ricos, esbanjam mais dinheiro que os pobres. só isso. mas vejo também que os pobres esbanjam o que não têm.
cresci num ambiente - não só dentro de casa - que nos dizia que a luz era para apagar quando ninguém estava a usufruir dela, que a água era para poupar, que a comida não se estragava, que a roupa passava dos mais velhos para os mais novos, dos irmãos mais crescidos para os mais caninas, dos primos mais endinheirados para os mais remediados. havia remendos ou caneleiras nas calças e cotoveleiras nas camisolas. o pão era algo com uma importância muito alta. era algo pobre mas nobre. deixávamos cair um cibo de pão ao chão e dávamos-lhe um beijinho; à mesa, nunca encertávamos (desculpem, a minha mãe é da beira litoral e até prova em contrário direi sempre assim) uma carcaça sem que a outra estivesse comida; no final limpava-se o prato com um restinho de pão, não só porque era bom, mas sim porque assim é que devia ser, porque a comida era para se comer até ao fim. sobrava pão, fazia-se açorda. sobrava carne, fazia-se empadão. agora não, agora empadão faz-se com carne "nova" e para a açorda compra-se umas carcaças a mais do que a conta.
um dia, vi no cambalacho o aramis - paulo césar grande - beber um choppinho com a ana machadão - a inatingível débora bloch - e às tantas, ele deixa, sei lá, dois terços da imperial ali na mesa, e saem dali para fora. fiquei indignadíssimo: carai, mas este gajo esbanja assim mais de meio fino sem mais nem menos? será que é assim que os ricos fazem? mas não era possível, os ricos que eu conhecia tinham era mais dinheiro, à mesa comportavam-se como os outros e principalmente, apesar de poderem, não estragavam.
eu vou aqui confessar que só bem crescidinho, fiquei a saber que era falta de educação molhar o pãozinho no molho e levá-lo à boca. que se poderia fazer sim, mas com a ajuda dum talher. mesmo assim, tenho dificuldades em admitir isso. que raio, falta de educação era tirar macacos, arrotar e largar valentes serenas fora da casa de banho. comer sardinhas e frango, caneco, se não fosse à mão não se aproveitava tudo, ora!
mas agora nem isso, agora já nem se tocam nos alimentos. ou porque se fica com cheiro a alho, ou porque é feio, ou porque é sintoma de falta de asseio, a asae...
recordo-me, ali perto do final da década de setenta, que houve um verão em que escasseou a água. imagine-se, conseguimos às tantas da noite, recolher alguma no chafariz ao fundo da azinhaga do carrascal, junto dos armazéns frigoríficos. recordo-me que chegámos a casa lá para as duas da manhã, cada um carregando com seu jerrican mas sabendo que na manhã seguinte havia banho garantido.
(esta memória surgiu-me agora de repente. apensa a ela, veio também a certeza, imagina, que ou tu ou a tua irmã estavam presentes. o teu pai estava de certeza. foi há uns 30 anos.)
este post não serve para dizer que antigamente é que era bom. serve para dizer que a noção e a prática de sacrifícios vai-se degradando de geração para geração. eu só dei aqui alguns exemplos de indignações que trago comigo.
bem sei que a minha filha só tem 4 anos, mas por vezes fico a pensar se conseguirei incutir-lhe espírito de sacrifício. será que ela vai entender, mesmo, o que é não ter comida, o que é ter de caminhar ao sol ou debaixo de um guarda-chuva de casa para a escola (ou o trabalho) e de novo para casa? não gostava que ela crescesse sem saber essas noções. não sei se o vou conseguir, mas gostava que ela soubesse que há uns anos valentes, já dentro da era "moderna", já depois de haver máquinas que no fim da brincadeira diziam «game over - insert coin», havia pessoas que faziam sacrifícios, que juntavam dinheiro oferecido por padrinhos e tios nos aniversários e natais para terem ténis, comprarem cassetes, irem ao cinema, comprarem pullovers, ou simplesmente, irem à piscina da penha ou do areeiro.
sou...
camionista, sou o maior. tenho a minha auto-pista onde sou rei e sou cantor.
estou ao telefone com um cól centâr enquanto vou espreitando pelo canto do olho, o nosso jogo através da álja zira. um mimo, imagem mais pixelada que sei lá o quê. sempre com a vantagem do petit me parecer tão giro quanto o miguel veloso lá no banco. entretanto, enquanto espero - passo a vida óne olde - vêm-me à memória as imagens dos camionistas, que vou assistindo nos telejornais.
ou é da minha vista (e dos meus ouvidos) ou dá-me ideia que há por ali uma passividade policial assim, ao nível da sucedida lá na cena dos trangénicos. ou seja, ou fazes greve ou levas nos cornos:
- senhor camionista e se o motorista não quiser parar? - pergunta da jornalista
- tem de parar. tem de parar, caraças! e se não parar tenho uma conversinha com ele.
- e se mesmo assim ele não pretender fazer greve?
- bom, nesse caso temos de tomar outras medidas para que ele faça greve.
- que medidas, senhor camionista?
- bom, isso depois logo se vê. mas pára, tem de parar!
não sei quem é que tem razão nesta coisa dos camionistas, mas enquanto houver pessoas que não possam trabalhar porque há uns quantos camionistas que os apedrejam e tal, na minha terra, para esses casos, chama-se a bófia, não?
quer-se dzer: andou a geração dos meus pais a lutar para que houvesse direito à greve e vêm-me estes caralhos foder-nos o direito à não greve?
puta que os pariu, é mandar a bófia para cima deles?
quero ver se o governo tem colhões para se aguentar à bronca. vale uma aposta que se as coisas continuarem assim, têm meio povo contra eles?
repito, nem sei quem tem razão nestas coisas, mas obrigar trabalhadores a fazer greve... para mim está tudo dito.
estou ao telefone com um cól centâr enquanto vou espreitando pelo canto do olho, o nosso jogo através da álja zira. um mimo, imagem mais pixelada que sei lá o quê. sempre com a vantagem do petit me parecer tão giro quanto o miguel veloso lá no banco. entretanto, enquanto espero - passo a vida óne olde - vêm-me à memória as imagens dos camionistas, que vou assistindo nos telejornais.
ou é da minha vista (e dos meus ouvidos) ou dá-me ideia que há por ali uma passividade policial assim, ao nível da sucedida lá na cena dos trangénicos. ou seja, ou fazes greve ou levas nos cornos:
- senhor camionista e se o motorista não quiser parar? - pergunta da jornalista
- tem de parar. tem de parar, caraças! e se não parar tenho uma conversinha com ele.
- e se mesmo assim ele não pretender fazer greve?
- bom, nesse caso temos de tomar outras medidas para que ele faça greve.
- que medidas, senhor camionista?
- bom, isso depois logo se vê. mas pára, tem de parar!
não sei quem é que tem razão nesta coisa dos camionistas, mas enquanto houver pessoas que não possam trabalhar porque há uns quantos camionistas que os apedrejam e tal, na minha terra, para esses casos, chama-se a bófia, não?
quer-se dzer: andou a geração dos meus pais a lutar para que houvesse direito à greve e vêm-me estes caralhos foder-nos o direito à não greve?
puta que os pariu, é mandar a bófia para cima deles?
quero ver se o governo tem colhões para se aguentar à bronca. vale uma aposta que se as coisas continuarem assim, têm meio povo contra eles?
repito, nem sei quem tem razão nestas coisas, mas obrigar trabalhadores a fazer greve... para mim está tudo dito.
segunda-feira, junho 09, 2008
descubra as 7 diferenças, recorte, envie para o jornal a capital e habilite-se a dezenas de prémios
à excepção dos refrães, o starlight dos muse é a mesma coisa do is it any wonder dos keane, não é?
edredões e teletexto
ouço, vejo e leio notícias da chegada a marte da sonda fínics e fico a pensar no avanço tecnológico que este mundo já atingiu.
e depois, olho para o lado e não consigo entender por que raio o teletexto e as capas de edredões pararam no século passado.
que raio, carregamos lá no botãozinho do comando da televisão, aquele que tem uns tracinhos, sabem? e primeiro que cheguemos àquele sítio onde aparecem os marcadores dos golos do mundial é uma pasmaceira dos diabos.
chegamos a casa e pensamos
«ter de ligar o pc para ir ver os resultados do euro... hum que frete. aquilo demora sempre um porradão de tempo. e se a netcabo estiver com os azeites? são pelo menos uns dez minutos para fazer restarts ao modem, depois ao router... espera lá e se eu visse no teletexto? boa ideia. ora deixa cá ver...
...
...
...
pág 400 desporto
...
...
...
(se calhar a net até está rápida hoje e tudo...)
...
...
298
...
... está quase
...
400!
ora futebol internacional, 451...
...
...
...
(espera, vou num instante ligar o pc...)
(espera, está mesmo a chegar ao 451)
...
...
451!
ora euro 2008, 474
...
...
...
...
fase de grupos? grupo a, b, c e d. estou lixado, que grupo é a itália?
...
bom, comecemos
grupo a
não!
grupo b
não
grupo c
ora aí está!
...
três a zero? dasse!
...
e os golos, quem marcou?
bem, vou ligar o pc!...»
adiante!
andei que tempos a pensar que quando viesse o novo colchão, edredão e respectiva capa (do mesmo tamanho) que não precisaria de andar a dançar com o edredão dum lado para o outro, de cima para baixo e de baixo para cima, já para não falar quando ele ficava sempre caído para o lado dela!
ai quando vier a nova capa e tal. assim do tamanho do edredão. ele fica ali certinho....
puro engano. uma ova!
por mais que lhe compremos uma "casa" à justa, o cabrão do edredão não deixa de viajar dentro da capa.
foda-se, estou ludibriado! metemos sondas em marte e não conseguimos resolver os problemas do teletexto e das capas dos edredões?
o mundo está perdido.
eu também!
rock in rio, sei lá, 2010 pronto
no rescaldo de dois dias de rock in rio, um mais para graúdos (e graúdas), outro mais para miúdos (com poucas miúdas), apetece-me dizer que quando estava lá no meio deste último dia
sim, fui para lá sabendo que conheceria, sei lá, talvez umas 12 canções das 60 ou 70 que iria ouvir. ainda assim, arrisquei. sou um burro velho que tem dificuldades em encher os ouvidos, com gosto, por sonoridades mais modernaças. ainda assim, repito, fui. e percebi algumas coisas:
- os kaiser chiefs, pois...
- os muse, ok, têm umas coisas giras, mas santa paciência, alguém consegue aturar aquelas coisas hendrixianas e completamente demodés? uns chatos!
- offspring, a surpresa da noite. muita boa onda, sempre a rasgar, three chords and the truth!
- linkin park. mais barulho do que eu supunha. mas bons, muito bons.
resumindo e concluindo: offspring os bons, muse as merdas!
a minha geração não foi educada com barulho. emociona-me o povo todo (e eu também) a bombar com o starlight ou o the kids aren't allright, mas isto são realmente excepções. se não fosse ao vivo, confesso, passava-me completamente ao lado.
a culpa não é minha. se calhar, se em vez do joe dolce, o jorge pêgo e a manuela moura guedes têm passado, sei lá, os new york dolls, talvez eu não tivesse o ouvido tão perro. e com o som das bolinhas (tzunc, tzunc, tzunc) é a mesma coisa. houve um momento erótico-labrego quando decidi, com o meu companheiro de route, invadir a tenda electrónica de imperial numa mão e sandes de leitão na outra. senti-me verdadeiramente integrado!
ainda assim, no meio daquela enchente lembrei-me duma banda (nem perguntem porquê) que me daria ganas de ver por ali:
sim, fui para lá sabendo que conheceria, sei lá, talvez umas 12 canções das 60 ou 70 que iria ouvir. ainda assim, arrisquei. sou um burro velho que tem dificuldades em encher os ouvidos, com gosto, por sonoridades mais modernaças. ainda assim, repito, fui. e percebi algumas coisas:
- os kaiser chiefs, pois...
- os muse, ok, têm umas coisas giras, mas santa paciência, alguém consegue aturar aquelas coisas hendrixianas e completamente demodés? uns chatos!
- offspring, a surpresa da noite. muita boa onda, sempre a rasgar, three chords and the truth!
- linkin park. mais barulho do que eu supunha. mas bons, muito bons.
resumindo e concluindo: offspring os bons, muse as merdas!
a minha geração não foi educada com barulho. emociona-me o povo todo (e eu também) a bombar com o starlight ou o the kids aren't allright, mas isto são realmente excepções. se não fosse ao vivo, confesso, passava-me completamente ao lado.
a culpa não é minha. se calhar, se em vez do joe dolce, o jorge pêgo e a manuela moura guedes têm passado, sei lá, os new york dolls, talvez eu não tivesse o ouvido tão perro. e com o som das bolinhas (tzunc, tzunc, tzunc) é a mesma coisa. houve um momento erótico-labrego quando decidi, com o meu companheiro de route, invadir a tenda electrónica de imperial numa mão e sandes de leitão na outra. senti-me verdadeiramente integrado!
ainda assim, no meio daquela enchente lembrei-me duma banda (nem perguntem porquê) que me daria ganas de ver por ali:
sexta-feira, junho 06, 2008
goodnight lovers
a minha ideia, confesso, era pespegar aqui um video com as imagens do goodnight lovers dvd da touring the angel, mas os resultados das pesquisas no iutubi só me deram coisas feitas com telefones e merdices dessas. não eu queria era mesmo as imagens do dvd, com as gravações finais feitas com a câmara em ângulo picado em que se vê o david a dar um xi-coração e um beijinho ao martinho.
paciência. usemos então as imagens oficiais da república depeche mode.
é que hoje de manhã dei comigo num sítio, digamos, lúgubre e esta música aparece-me na telefonia do carro, quase sem ter dado por isso.
isto é tão bonito, porra!
paciência. usemos então as imagens oficiais da república depeche mode.
é que hoje de manhã dei comigo num sítio, digamos, lúgubre e esta música aparece-me na telefonia do carro, quase sem ter dado por isso.
isto é tão bonito, porra!
you can take your time
i'll be waiting in line
you don't even have to give me
the time of day
when you're born a lover
you're born to suffer
like all soul sisters
and soul brothers
quarta-feira, junho 04, 2008
quem não tem cão...
quê, não nos deixam ir à liga dos campeões? não seja por isso, vinguemo-nos dos gajos da uefa e inscrevamo-nos na libertadores!
siga!
siga!
feira
no meu quarto ano de faculdade (o que é que pensam, eu tenho - alguns - estudos, porra!) o grande caldeira cabral - que passava o tempo de ponteiro na mão a debitar sabedoria enquanto estalava a boca como faz quem bebe goles de cabeça de burro - ensinou-nos o que eram os corredores de vento que existiam nos vales da cidade de lisboa.
um desses corredores, existe ali desde aquele caralho que o joão soares encomendou ao cutileiro
para disfarçar o pedestal que devia acolher a estátua do santo condestável do leopoldo de almeida e que a maçonaria não deixou, para não ofuscar o nosso sebastião. para mais informações vão até à batalha e vejam se aquela estátua que lá está se adequa ao tamanho ridículo da praça ou se adequava mais a um local como o parque eduardo vii?
lá no alto do parque eduardo vii e vem por ali abaixo até ao tejo. é graças a esse corredor que a poluição na avenida da liberdade é varrida até lá baixo.
penso sempre neste fenómeno atmosférico cada vez que vou à feira do livro. mas onde tinham a cabeça os senhores que decidiram fazê-la naquele local? caramba, aquilo é um barbeiro do camandro. isto já para não falar de quando chove. meus amigos, todos nós sabemos que chuva tocada a vento...
eu não sou muito velho, mas recordo-me bem da feira na avenida. aquilo era outra coisa, bolas.
sim, bem sei que depois não havia espaço para mais não sei o quê e tal...
e além do vento que, naquele local sopra sobre as copas das árvores, havia o sabor extra dos gelados da veneza que, no fim, eu e a minha irmã cravávamos aos meus pais. saudade boa.
bom, adiante.
não há um único ano em que saia de casa e não pense «este ano é que é, compro só este e aquele e pronto, passo o resto do tempo a folhear novidades (e antiguidades).». e todos os anos acabo sempre por comprar mais do que o previsto. ou porque não resisto aos livros da tinta da china, ou porque olho para uma coisinha pequenina sobre um prédio que gosto muito e que só custa três euros, ou porque, ao contrário dos brinquedos, não me dói o estômago quando me perco em livros para a minha filha ou, simplesmente porque estava mesmo visto que o catcher in the rye
nos livros do brasil chama-se "uma agulha no centeio" e na difel chama-se "à espera no centeio". coisa gira, hein? é à vontade do freguês.
que havia cá em casa foi mesmo para o maneta, ou porque... ora, porque sim!
ainda assim, estas feiras já não têm nada a ver com as feiras doutros tempos. isso sim, eram feiras. ah, já agora, os pavilhões da leya não valem um caralho. aquilo para mim, é uma pista de skate, rampinha para aqui, rampinha para ali... much ado about nothing.
um desses corredores, existe ali desde aquele caralho que o joão soares encomendou ao cutileiro
para disfarçar o pedestal que devia acolher a estátua do santo condestável do leopoldo de almeida e que a maçonaria não deixou, para não ofuscar o nosso sebastião. para mais informações vão até à batalha e vejam se aquela estátua que lá está se adequa ao tamanho ridículo da praça ou se adequava mais a um local como o parque eduardo vii?
lá no alto do parque eduardo vii e vem por ali abaixo até ao tejo. é graças a esse corredor que a poluição na avenida da liberdade é varrida até lá baixo.
penso sempre neste fenómeno atmosférico cada vez que vou à feira do livro. mas onde tinham a cabeça os senhores que decidiram fazê-la naquele local? caramba, aquilo é um barbeiro do camandro. isto já para não falar de quando chove. meus amigos, todos nós sabemos que chuva tocada a vento...
eu não sou muito velho, mas recordo-me bem da feira na avenida. aquilo era outra coisa, bolas.
sim, bem sei que depois não havia espaço para mais não sei o quê e tal...
e além do vento que, naquele local sopra sobre as copas das árvores, havia o sabor extra dos gelados da veneza que, no fim, eu e a minha irmã cravávamos aos meus pais. saudade boa.
bom, adiante.
não há um único ano em que saia de casa e não pense «este ano é que é, compro só este e aquele e pronto, passo o resto do tempo a folhear novidades (e antiguidades).». e todos os anos acabo sempre por comprar mais do que o previsto. ou porque não resisto aos livros da tinta da china, ou porque olho para uma coisinha pequenina sobre um prédio que gosto muito e que só custa três euros, ou porque, ao contrário dos brinquedos, não me dói o estômago quando me perco em livros para a minha filha ou, simplesmente porque estava mesmo visto que o catcher in the rye
nos livros do brasil chama-se "uma agulha no centeio" e na difel chama-se "à espera no centeio". coisa gira, hein? é à vontade do freguês.
que havia cá em casa foi mesmo para o maneta, ou porque... ora, porque sim!
ainda assim, estas feiras já não têm nada a ver com as feiras doutros tempos. isso sim, eram feiras. ah, já agora, os pavilhões da leya não valem um caralho. aquilo para mim, é uma pista de skate, rampinha para aqui, rampinha para ali... much ado about nothing.
terça-feira, junho 03, 2008
amy
pronto, ok, cedi, vou fazer um post sobre a amy winehouse no rock in rio.
aqui vai ele.
o público do dia seguinte apresentava as seguintes palavrinhas do vítor belanciano
"O concerto começou atrasado, cerca de meia hora, mas Amy Winehouse não desiludiu quem ontem esteve no parque da Bela Vista, no primeiro dia do Rock in Rio 2008."
eu concordo. é óbvio que não desiludiu. estavam à espera de quê? esperavam que ela se portasse bem, que não estivesse bêbada, pedrada, coisas dessas? que não coçasse a parreca ou cuspisse umas coisas que pareciam caroços de nêsperas para fora do palco?
para mim e para o vítor belanciano ela não desiludiu.
eu também, quando lá no ginásio pego no público porque o cabrão do velhote que por lá anda já se açambarcou ao record e à bola, já sei ao que vou. vou folhear uma merda de jornal com uns críticos de música armados ao pingarelho (a culpa não é deles. ninguém os obriga a escrever diferente), sempre com aquele caralhinho do "se é comercial é mau. se passa na radar ou nas quintas da antena 3, é bom". por isso, nunca me desiludo.
desiludo-me sim, é quando se enganam e escrevem coisas que me despertam o interesse. mas a minha opinião é uma merda. eu até gostei dos bon jovi, imaginem só!
aqui vai ele.
o público do dia seguinte apresentava as seguintes palavrinhas do vítor belanciano
"O concerto começou atrasado, cerca de meia hora, mas Amy Winehouse não desiludiu quem ontem esteve no parque da Bela Vista, no primeiro dia do Rock in Rio 2008."
eu concordo. é óbvio que não desiludiu. estavam à espera de quê? esperavam que ela se portasse bem, que não estivesse bêbada, pedrada, coisas dessas? que não coçasse a parreca ou cuspisse umas coisas que pareciam caroços de nêsperas para fora do palco?
para mim e para o vítor belanciano ela não desiludiu.
eu também, quando lá no ginásio pego no público porque o cabrão do velhote que por lá anda já se açambarcou ao record e à bola, já sei ao que vou. vou folhear uma merda de jornal com uns críticos de música armados ao pingarelho (a culpa não é deles. ninguém os obriga a escrever diferente), sempre com aquele caralhinho do "se é comercial é mau. se passa na radar ou nas quintas da antena 3, é bom". por isso, nunca me desiludo.
desiludo-me sim, é quando se enganam e escrevem coisas que me despertam o interesse. mas a minha opinião é uma merda. eu até gostei dos bon jovi, imaginem só!
segredo? sim, segredo. chiu!
conto? nah, não conto nada.
bom, não sei, acho mal, é um segredo só nosso, não me vou por a contar, não é?
agora já posso contar? não sei se posso. além disso depois sabiam e tal e ainda gozavam connosco.
ó pá, não conto nada.
é mesmo, conto?
tadinhos, depois vão ficar tristes e tal. acho que até já pagaram e tudo...
nahh, não conto. é feio gozar.
não é gozar? achas que não? pronto.
ai que eu conto. ai conto mesmo.
conto? sério? pronto cá vai: o postigo não vale um caralho, toma, toma, nham-nham-nha-nha.
500 mil contos? sério? oh meu deus!
bom, não sei, acho mal, é um segredo só nosso, não me vou por a contar, não é?
agora já posso contar? não sei se posso. além disso depois sabiam e tal e ainda gozavam connosco.
ó pá, não conto nada.
é mesmo, conto?
tadinhos, depois vão ficar tristes e tal. acho que até já pagaram e tudo...
nahh, não conto. é feio gozar.
não é gozar? achas que não? pronto.
ai que eu conto. ai conto mesmo.
conto? sério? pronto cá vai: o postigo não vale um caralho, toma, toma, nham-nham-nha-nha.
500 mil contos? sério? oh meu deus!
crisis, what crisis?
ora bem, então andam a marcar buzinões na ponte contra a crise ao mesmo tempo que em três dias de rock in rio venderam-se 270 mil bilhetes?
e já agora, a madonna vendeu 40.000 só no primeiro dia, estão a topar a coisa?
e acham que o sócrates liga aos buzinões com um povo assim?
hummmm, nahh, nem me cheira. se a selecção chega às meias finais, se não houver grandes fogos neste verão, meus amigos contem com nova maioria. vale uma aposta?
e já agora, a madonna vendeu 40.000 só no primeiro dia, estão a topar a coisa?
e acham que o sócrates liga aos buzinões com um povo assim?
hummmm, nahh, nem me cheira. se a selecção chega às meias finais, se não houver grandes fogos neste verão, meus amigos contem com nova maioria. vale uma aposta?
eram 90.000, é isso?
quando o coverdale fez o disco com o jimmy page, naquelas entrevistas de lançamento do álbum, foi-lhes perguntado se havia algum cantor ou grupo contemporâneo - isto foi em 1993 - que eles admirassem. disseram que sim, falaram de imediato nos guns n roses e, principalmente no slash. quando depois lhes perguntaram que diferenças encontrava nesta nova geração relativamente aos tempos em que eles dominavam o hard-rock, responderam, sem grande meditação, que no seu tempo eles eram mais profissionais. que era para eles, e para a sua geração, inconcebível apresentarem-se em palco com vários minutos de atraso, bêbados e em franco sinal de demência. em resumo: o puto esfolava-se por comprar um bilhete para um concerto, o cantor tinha de se esforçar por garantir que ele o público não se desiludia.
foi precisamente isso que eu pensei quando estava lá no rir a ver os bon jovi. que coisinha mais bem feita, mais bem tocado, com mais profissionalismo. eu fui incapaz de comprar um disco sequer dos bon jovi. nunca saquei, para uso próprio, à borla ou a pagar, nenhum disco deles. não sei músicas de cor, nada, nicles. mas quando dá uma coisa deles, gosto, salto ouço e não mudo de estação.
quando lá em casa mostraram intenção de ir eu fui atrás. sem qualquer grau de contrariedade. na boa portanto.
aquecido pelas cervejas e pelo set list fixola que a alanis apresentou - que surpresa, pá! - os bon jovi chegaram e arrasaram completamente.
têm a sabedoria dos velhos, são vinte e cinco anos ali a virar frangos. já não apresentaram tiques de vedeta os sinais de deslumbramento com vocalistas presos em arames ou cabeleiras granjolas (agora estão na fase «pareço uma lésbica/travesti, não pareço?). aquilo é sempre a rasgar, sem paragens, sem deixar o pessoal parar. entremeiam bracinhos no ar com músicas de «deixa-me ligar à vanda catarina, para ela ouvir este slou e ver se ela ainda se lembra do dia em que curtiu com o cajó na escada da dona ermelinda». mas sempre, sempre a rasgar.
um mimo. e o som? que maravilha. já sem alguns solos que me adormeciam a molécula. aliás reconheci ali, alguns tiques - bons tiques, atenção - da fase springsteen, ali de 78/80, coisa que não é de estranhar já que os moços são da mesma terra. ou talvez não, pronto.
mas pronto, há quem critique mas eu não sou um desses: prefiro vê-lo de camisola da selecção vestida a tocar uma baladona, do que ver o jagger em palco a olhar para o teleponto e a tentar dizer «vosséis sáu um público fantásticó» num português que não lembra ao diabo. que merda o gajo até tem um filho brasileiro, porra. bom adiante.
gostei, pronto. gostei mesmo. e se houver mais, repito.
foi precisamente isso que eu pensei quando estava lá no rir a ver os bon jovi. que coisinha mais bem feita, mais bem tocado, com mais profissionalismo. eu fui incapaz de comprar um disco sequer dos bon jovi. nunca saquei, para uso próprio, à borla ou a pagar, nenhum disco deles. não sei músicas de cor, nada, nicles. mas quando dá uma coisa deles, gosto, salto ouço e não mudo de estação.
quando lá em casa mostraram intenção de ir eu fui atrás. sem qualquer grau de contrariedade. na boa portanto.
aquecido pelas cervejas e pelo set list fixola que a alanis apresentou - que surpresa, pá! - os bon jovi chegaram e arrasaram completamente.
têm a sabedoria dos velhos, são vinte e cinco anos ali a virar frangos. já não apresentaram tiques de vedeta os sinais de deslumbramento com vocalistas presos em arames ou cabeleiras granjolas (agora estão na fase «pareço uma lésbica/travesti, não pareço?). aquilo é sempre a rasgar, sem paragens, sem deixar o pessoal parar. entremeiam bracinhos no ar com músicas de «deixa-me ligar à vanda catarina, para ela ouvir este slou e ver se ela ainda se lembra do dia em que curtiu com o cajó na escada da dona ermelinda». mas sempre, sempre a rasgar.
um mimo. e o som? que maravilha. já sem alguns solos que me adormeciam a molécula. aliás reconheci ali, alguns tiques - bons tiques, atenção - da fase springsteen, ali de 78/80, coisa que não é de estranhar já que os moços são da mesma terra. ou talvez não, pronto.
mas pronto, há quem critique mas eu não sou um desses: prefiro vê-lo de camisola da selecção vestida a tocar uma baladona, do que ver o jagger em palco a olhar para o teleponto e a tentar dizer «vosséis sáu um público fantásticó» num português que não lembra ao diabo. que merda o gajo até tem um filho brasileiro, porra. bom adiante.
gostei, pronto. gostei mesmo. e se houver mais, repito.
segunda-feira, junho 02, 2008
el chato - medley
El Chato - El Chato Medley
o blog pipáterra, este mesmo que aqui se apresenta, tem o orgulho, a pompa e a determinação de, num acto de coragem - e profunda e solene humildade - apresentar ao povo e explicar às crianças, o ensaio discográfico:
notas introdutórias: este magnífico momento musical, foi, durante a noite negra da ditadura cigana na picheleira (décadas de 70, 80, 90 do século xx e, provavelmente, o primeiro lustro do século xxi), o hino daquele pequeno enclave lisboeta.
não digo no hastear da bandeira, mas desde o romper da bela aurora, até aos momentos, já madrugada dentro, em que o crepitar da lenha se deixava de sentir nas pequenas fogueiras que eram acendidas pelos povos de tez morena dominantes, eram estes sons musicais, presença assídua (mas não pontual) no bate palmas diários.
o povo dominado - os senhores, como designavam os ciganos ditatoriais -, acabaram, aos poucos por assimilar aquelas pequenas canções que funcionaram como bíblia para o povo apátrida, levando-as para os bailes de carnaval das agremiações locais.
siga então o baile (é neste momento então que pressionam o botãozinho do toca - play no original. é aquele triângulo piquerrucho)!
- 00:05 o primeiro convite à dança. o cantante pergunta se há ali na roda, pessoal com disposição para dançar com ele. o povo diz que sim e manifesta-o com variados sins.
- 00:12 a proposta: então eu conto até quatro e vocês seguem, combinado?
- 00:17 cornetas, olés e mais cornetas e inicia a mensagem de beleza. o cantante alude nas suas palavras a uma catraia, possuidora duma beleza manifestamente aprazível.
a música decorre. várias estrofes se vão desenrolando sempre aceleradas por diversos olés e palminhas por anónimos inflamadores.
- 01:39 assobios vários, daqueles efectuados com a língua do executante a ser pressionada pelo lábio inferior.
- 02:00 primeiro momento transitório: o cantador abandona as descrições de beleza da pequena e parte para um relatório patológico dos efeitos da presença da referida beleza da personagem feminina na sua alma. diz que se encontra num estado de loucura por querê-la e por vê-la ali nos arredores do seu campo visual.
- 02:33 novamente as cornetas, novamente o enleio melódico que nos embala naquele carrossel de emoções
- 03:10 secção de palminhas rápidas dando início ao apelativo tema do canto. diz que só cantará a sua vida, canto esse que será efectuado ao longo do seu caminho, da sua estrada, da sua luta.
- 04:00 o cantante faz um chamamento ao povo para que grite ohohohs responsoriais após cada lema.
- 04:14 inicia-se aqui a segunda subida extasial até ao primeiro pico, com o povo a dividir-se, encontrando-se uma parte a incitar a outra a responder «cantarei» às palavras «somente, somente...»
- 04:20 a corneta faz disparar os corações. o povo está ao rubro.
- 04:36 as mãos estão no ar, os olhos projectam-se para o céu estrelado e as vozes reclamam «oyehh, ó vale, vale. o yehh ó vale vale». e aqui as versões dividem-se: uns que afirmam que é um cântico dedicado ao seu messias vermelho j. vale az., um conhecido cigano doutro enclave lisboeta, outros que reclamam não ser mais que uma má interpretação da frase «ó-i-é ó baré, baré o-i-é» ou seja, todos ao bar pedir uma mini e um coirato bem passado. algo copiado da liturgia católica, uma espécie de ritual das oblatas.
- 05:22 alguém, desesperado, diz: «senhora, senhora». será alguma ligação a fátima?
- 05:38 musicól de piano e cornetas raivosas.
- 06:10 quebra o acompanhamento. há mudança de instrumentistas. continua o batuque. sente-se o suór no ar. as camisas de seda estão encharcadas.
- 06:22 alguém diz que o vai rachar. alguém responde «está rachado». como quem diz «missão cumprida. roger and out. o batuque não pára. há mistério no ar. o que virá a seguir?
- 06:40 desvanesse-se o mistério, a guitarra faz-se ouvir. e fala-se em palma. quererão que o povo bata palmas? não vejo que algo diferente possa ser.
- 07:10 nova flexão: o cantador distribui garotas (chicas) - será um proxeneta? - para auxiliar os presentes a continuarem eufóricos: chica chica para bailar, chica, chica para gozar. sem comentários, as palavras estão lá. entretanto, para somar ao que refiro aqui, há mais cornetas e ouvem-se distintivamente assobios piropiais: fuiii-fuiu!
- 07:38 porompompero - sem palavras. é o domínio.
- 08:35 uá-uás feitos em órgão, provavelmente de igreja - influências do método vitorino matono. dando início ao cântico final de adoração ao sol que vai nascer. palminhas até ao silêncio.
o blog pipáterra, este mesmo que aqui se apresenta, tem o orgulho, a pompa e a determinação de, num acto de coragem - e profunda e solene humildade - apresentar ao povo e explicar às crianças, o ensaio discográfico:
"subsídios para a compreensão do medley do cantante el chato"
notas introdutórias: este magnífico momento musical, foi, durante a noite negra da ditadura cigana na picheleira (décadas de 70, 80, 90 do século xx e, provavelmente, o primeiro lustro do século xxi), o hino daquele pequeno enclave lisboeta.
não digo no hastear da bandeira, mas desde o romper da bela aurora, até aos momentos, já madrugada dentro, em que o crepitar da lenha se deixava de sentir nas pequenas fogueiras que eram acendidas pelos povos de tez morena dominantes, eram estes sons musicais, presença assídua (mas não pontual) no bate palmas diários.
o povo dominado - os senhores, como designavam os ciganos ditatoriais -, acabaram, aos poucos por assimilar aquelas pequenas canções que funcionaram como bíblia para o povo apátrida, levando-as para os bailes de carnaval das agremiações locais.
siga então o baile (é neste momento então que pressionam o botãozinho do toca - play no original. é aquele triângulo piquerrucho)!
- 00:05 o primeiro convite à dança. o cantante pergunta se há ali na roda, pessoal com disposição para dançar com ele. o povo diz que sim e manifesta-o com variados sins.
- 00:12 a proposta: então eu conto até quatro e vocês seguem, combinado?
- 00:17 cornetas, olés e mais cornetas e inicia a mensagem de beleza. o cantante alude nas suas palavras a uma catraia, possuidora duma beleza manifestamente aprazível.
a música decorre. várias estrofes se vão desenrolando sempre aceleradas por diversos olés e palminhas por anónimos inflamadores.
- 01:39 assobios vários, daqueles efectuados com a língua do executante a ser pressionada pelo lábio inferior.
- 02:00 primeiro momento transitório: o cantador abandona as descrições de beleza da pequena e parte para um relatório patológico dos efeitos da presença da referida beleza da personagem feminina na sua alma. diz que se encontra num estado de loucura por querê-la e por vê-la ali nos arredores do seu campo visual.
- 02:33 novamente as cornetas, novamente o enleio melódico que nos embala naquele carrossel de emoções
- 03:10 secção de palminhas rápidas dando início ao apelativo tema do canto. diz que só cantará a sua vida, canto esse que será efectuado ao longo do seu caminho, da sua estrada, da sua luta.
- 04:00 o cantante faz um chamamento ao povo para que grite ohohohs responsoriais após cada lema.
- 04:14 inicia-se aqui a segunda subida extasial até ao primeiro pico, com o povo a dividir-se, encontrando-se uma parte a incitar a outra a responder «cantarei» às palavras «somente, somente...»
- 04:20 a corneta faz disparar os corações. o povo está ao rubro.
- 04:36 as mãos estão no ar, os olhos projectam-se para o céu estrelado e as vozes reclamam «oyehh, ó vale, vale. o yehh ó vale vale». e aqui as versões dividem-se: uns que afirmam que é um cântico dedicado ao seu messias vermelho j. vale az., um conhecido cigano doutro enclave lisboeta, outros que reclamam não ser mais que uma má interpretação da frase «ó-i-é ó baré, baré o-i-é» ou seja, todos ao bar pedir uma mini e um coirato bem passado. algo copiado da liturgia católica, uma espécie de ritual das oblatas.
- 05:22 alguém, desesperado, diz: «senhora, senhora». será alguma ligação a fátima?
- 05:38 musicól de piano e cornetas raivosas.
- 06:10 quebra o acompanhamento. há mudança de instrumentistas. continua o batuque. sente-se o suór no ar. as camisas de seda estão encharcadas.
- 06:22 alguém diz que o vai rachar. alguém responde «está rachado». como quem diz «missão cumprida. roger and out. o batuque não pára. há mistério no ar. o que virá a seguir?
- 06:40 desvanesse-se o mistério, a guitarra faz-se ouvir. e fala-se em palma. quererão que o povo bata palmas? não vejo que algo diferente possa ser.
- 07:10 nova flexão: o cantador distribui garotas (chicas) - será um proxeneta? - para auxiliar os presentes a continuarem eufóricos: chica chica para bailar, chica, chica para gozar. sem comentários, as palavras estão lá. entretanto, para somar ao que refiro aqui, há mais cornetas e ouvem-se distintivamente assobios piropiais: fuiii-fuiu!
- 07:38 porompompero - sem palavras. é o domínio.
- 08:35 uá-uás feitos em órgão, provavelmente de igreja - influências do método vitorino matono. dando início ao cântico final de adoração ao sol que vai nascer. palminhas até ao silêncio.
dia da criança
facto 1
sou muito básico em matemática. em parte mea culpa, na restante parte culpa de ter andado em turmas que, ou estiveram um período escolar sem professor (1º ano) ou estiveram mesmo sem professor (7º ano) ou tiveram uma professora de matemática que, quando deus nosso senhor andou a distribuir as capacidades pedagógicas, andou a larear a pevide (10º ano).
facto 2
ontem, dia da criança: actividades lúdicas na baía de cascais, a canalhada a divertir-se e tal, o dia porreiro, música, pinturas, trotinetas, etc...
facto 3
estes novos tempos trouxeram novos conceitos familiares. em 1987 eu fiz as minhas primeiras colónias de férias e, num dos turnos, havia um grupo em que todas as crianças tinham passado por pelo menos um divórcio dos pais. na altura, uma escandaleira. se fosse agora, já ninguém ligava. ainda assim, a maioria dos casais tem um só filho, e mesmo esses pais, grande parte já eram também filhos únicos. assim, quando se vai a um evento infantil - sei lá uma festa de natal da escola, um representação teatral dos miúdos, por aí fora - vai o miudinho, os dois pais e, às vezes os quatro avós.
equação do problema
perante o facto 1 e atendendo que sucedeu o facto 2 nas circunstâncias do facto 3, tentem-me lá responder: lá nas ocorrecidências (assim, à odorico paraguaçu) do facto 2 quem é que andava a fornicar o esquema e a contribuir para que aquilo estivesse uma confusão do caraças e um escarecéu dos valentes com aquela treta das fotografias aos pirralhos em cima dum burro ou duns patins já para não falar dos "ó fernando albertó caralho, trás aqui o puto p'raiele fazer g'nástica!"?
sou muito básico em matemática. em parte mea culpa, na restante parte culpa de ter andado em turmas que, ou estiveram um período escolar sem professor (1º ano) ou estiveram mesmo sem professor (7º ano) ou tiveram uma professora de matemática que, quando deus nosso senhor andou a distribuir as capacidades pedagógicas, andou a larear a pevide (10º ano).
facto 2
ontem, dia da criança: actividades lúdicas na baía de cascais, a canalhada a divertir-se e tal, o dia porreiro, música, pinturas, trotinetas, etc...
facto 3
estes novos tempos trouxeram novos conceitos familiares. em 1987 eu fiz as minhas primeiras colónias de férias e, num dos turnos, havia um grupo em que todas as crianças tinham passado por pelo menos um divórcio dos pais. na altura, uma escandaleira. se fosse agora, já ninguém ligava. ainda assim, a maioria dos casais tem um só filho, e mesmo esses pais, grande parte já eram também filhos únicos. assim, quando se vai a um evento infantil - sei lá uma festa de natal da escola, um representação teatral dos miúdos, por aí fora - vai o miudinho, os dois pais e, às vezes os quatro avós.
equação do problema
perante o facto 1 e atendendo que sucedeu o facto 2 nas circunstâncias do facto 3, tentem-me lá responder: lá nas ocorrecidências (assim, à odorico paraguaçu) do facto 2 quem é que andava a fornicar o esquema e a contribuir para que aquilo estivesse uma confusão do caraças e um escarecéu dos valentes com aquela treta das fotografias aos pirralhos em cima dum burro ou duns patins já para não falar dos "ó fernando albertó caralho, trás aqui o puto p'raiele fazer g'nástica!"?
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