Este blogue terá uma secção sobre discos. Não posso deixar de escrever algumas notas introdutórias sobre o tema.1) Na realidade, uma das razões que me levou a ter um blogue, foi a inveja.
Ando há cerca de um ano e meio a observar esta coisa dos blogues. Entre muitos que habitualmente leio, há uns 15 ou 20 de que realmente gosto. No entanto, existem depois uns poucos (os dedos de uma mão chegam e sobram para os contar) dos quais, tenho realmente inveja dos seus autores. Por duas razões: porque escrevem sobre o que eu realmente gosto e/ou porque escrevem bem.
Um deles é o
Tarzanboy (um abraço para o Norte, carago!!!) que edita o
Querido Anos 80 e que sem saber, é o responsável técnico pela existência do Pipáterra.
O Querido Anos 80 é sobre música. Por isso, se quando lerem alguns dos meus posts, sentirem que existe um declarado decalque ou plágio do QA80, não se admirem, é porque existe mesmo.
2) Sou, felizmente, do tempo em que comprar discos era quase um acto sagrado (estamos a falar do período que vai desde 1979 e 1992/93 – depois disso passei a comprar unicamente CD’s, o que é outra loiça e não tem a mesma piada).
Por razões financeiras, os meus discos eram comprados (ou oferecidos) praticamente em apenas duas ocasiões: no meu aniversário e no Natal.
A aquisição desses tão desejados objectos, obedecia a um determinado rito: primeiro, a audição de uma ou duas faixas no TNT da Rádio Comercial (grande Jorge Pego e o patrocínio do shampoo Timotei com camomila) ou no Vivamúsica; segundo, a visita demorada pelas montras das discotecas (a Frineve do Areeiro, a Valentim de Carvalho do Centro Comercial de Alvalade e Nova do Almada, a Discoteca Roma bem como as discotecas dos centros comerciais do Areeiro (actual Arquivo de Identificação de Lisboa), Terminal do Rossio, Centro Comercial do Areeiro, Drugstore Palladium, etc.) e finalmente a sua aquisição.
Chegado a casa, enquanto o disco rolava num velho Grundig como o desta foto, a capa do disco era minuciosamente vistoriada. As fotografias, as roupas dos músicos, os penteados, as letras das canções, os agradecimentos, as notas de produção, tudo era muito bem observado.
Como havia muito poucos discos e o gira-discos não era grande coisa, passados alguns dias já os discos estavam riscados, obrigando a colocação de uma moeda de 1 escudo sobre a agulha para evitar que saltasse.
A verdade é que apesar destas dificuldades, o gosto pelos LP’s ficou. Se agora prefiro ouvir as músicas desses tempos num bom leitor de CD’s, o tamanho e a qualidade das capas dos LP’s são porém imbatíveis, além de se poderem levar debaixo do braço uns 20 exemplares para uma festa sem qualquer dificuldade. Porém o maior problema dos CD's continuará a ser o celofane que os envolve...
3) Alguns dos discos designados marcantes, são-no não só porque pura e simplesmente a música me agradava, mas também porque dizem respeito a uma época irrepetível - a minha adolescência – que carrega um porradão de boas memórias.
4) Os discos não serão apresentados nem de forma cronológica, nem sequer por ordem de gosto. Serão simplesmente apresentados. A sua presença neste blogue é também a minha catarse emocional e uma forma de deles me ir lembrando. Espero que vão gostando.