pior que reconhecermos ser uns animais de hábitos é verificarmos que somos animais de hábitos, de manias e, na maior parte dos casos, somos burros!
(ok, dispenso comentários - pertinentes, aceito - que usem a frase «fala por ti! olha-me este...»)
em tempos, armado em 'divorciada ressabiada que não quer saber do mundo masculino, mas em gajo', fui dar uma volta até ao guincho. no regresso parei na guia. atraído pala loja dos chás (sim, bem sei «chamem o fernando!»), olhei para um de champanhe e pensei «tu queres ver que é, assim como assim, como um outro, também de champanhe, que há lá por casa?». bom, decidi arriscar e comprei.
recordo-me que estava um tempo de merda: chuva, daquela "tocada a vento», frio sibérico (é um grau de barbeirice acima de siberiano, entenda-se), tempo cinzento, ausência de sol e, tenho a certeza, nem eu estava muito bem.
a verdade é que quando à noite chegou a hora de o experimentar, para já não me soube ao outro de champanhe que já tinha habitado aqui a casa e depois, provavelmente por causa de todos os elementos negativos a este associados, não me soube bem. bebi-o, claro - q'estas coisas não se deitam para o lixo. mas bebi-o a contra-gosto. e mortifiquei-me de modo a despachá-lo o mais depressa possível, abusando nas doses e só aliviei-me quando chegou o fim do pacote umas semanas depois.
esta semana, num dia de sol, sem vento, daqueles que nos obrigam a tirar o casaco à hora do almoço e ficar em tichârte, voltei ao guincho, novamente em modo «quero que o mundo s'a foda» mas a imitar a tal 'divorciada ressabiada que não quer saber do mundo masculino, mas em gajo'. voltei a dar a mesma volta, voltei a parar nos mesmo locais, voltei a entrar no caralhinho da loja dos chás, voltei a olhar para o mesmo pacote dourado de champanhe e voltei a levá-lo para casa. algo me dizia (assim, tipo, alexandra solnado) (adoro dizer «tipo») que eu tinha que o beber outra vez.
e bebi. e soube-me bem. e soube-me mesmo bem. e já olho para o pacote com medo que ele seja pucanino e se acabe num instante. e estou enleado neste sabor como estive nos mentas, nos pêssegos e até, nos tempos em que andava por aí na náite, nos camomilas desta vida.
digam-me por favor que o outro era mas era um lote dos marados, só para eu acreditar que o material tem sempre razão.
ou então chamem-me parvo porque eu o mereço.
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