quinta-feira, julho 31, 2008

ai casse-me que eu já não aguento mais!


ser mandado parar pela bófia quando vamos a caminho do dentista, convenhamos, não há nada que desejemos. primeiro porque não há ninguém que vá de bom gosto ao dentista - não que tenha medo dos dói-dói, mas sim porque o cabrão tem a mania de me obrigar a passar o cartão do visa lá numa máquina que eles lá têm - e segundo porque as operações stop dão-me tantos arrepios como aquele tempo em que passamos no aeroporto: há sempre alguma merda que pode acontecer.

mas reparo que não era um bófia, mas sim uma bófia. e que bófia, caneco. eu inté pensei que aquilo fosse para os apanhados do letria mas não, era mesmo a sério. a gaja, perdão, a senhora guarda era booooooooooa e gira. porra e sorria, ainda por cima.

- os seus documentos e os documentos da viatura, por favor.

oh meu deus, eu tremia por todos os cantos.

- ora, então é a carta, o bê i e que mais? disse-me que era mais o quê?

e enquanto eu procurava lá os livretes e mais o caneco, reparo que ainda por cima tinha mamas. que maravilha, além de gira tinha mamas. não digo que fosse uma prateleira de poleia comprida e também não dava para espanholada, mas cum raio enchiam uma mão.

eu acho que ela já me tinha mandado embora mas eu ainda não tinha visto aquilo em condições. queria ver a calcinha justa lá no befe.

que gaja mais boa, porra. eu que odeio aquelas cenas maso e tal, até nem me importava de brincar lá com as algemas e não sei mais o quê...

- tenho mesmo de me ir embora?
- ...
- nem uma multa nem nada? oh diabo, vá lá, deixe-me ficar só mais um pouquinho...
- ...
- já reparou que a morada da minha carta ainda é a dos meus pais?
- ...
- pronto, eu vou.... vou mas vou contrariado.

no regresso do dentista ainda lá estava. ocupada, é certo, de volta duma condutora com 123 anos, mas não me fiz de rogado:
- ó xora guarda, eu sou um transgressor, reveja lá a sua atitude, eu até acho que nem luzes tenho...
- ...
- pronto, confesso, trabalho em seguros e falsifiquei a carta verde... não? não há nada a fazer, não?
- ....


quarta-feira, julho 30, 2008

à vontade e à vontadinha

gosto de chegar a casa - seja lá de quem for - e pôr-me logo em tronco nu para me sentir à vontade.

gosto de quem vem a minha casa e se descalça com as mesmas intenções.

(não é para quem quer, nem para quem pode, é para quem!)

terça-feira, julho 29, 2008

placebos

estou há quatro dias a comer iogurtes com prazos de validades já ultrapassados. no início a coisa foi feita a medo mas ao terceiro dia já nem enfiava o nariz junto ao gargalo para perceber se podia ir em frente ou não. a verdade é que não encontro no meu corpo indícios de que a coisa me esteja a fazer mal.

antes pelo contrário. há uma dor aqui nas omoplatas que até se me escapou para outro lado qualquer. não sei é para onde. nem quero saber.

estou bem e recomendo-me! (gaba-te...)

inclusivamente, imagine-se, consegui oferecer à minha mulher, não um mas dois presentes.

as esposas que queiram ter a sorte (ou o azar) que a minha teve, deverão para o efeito, fazer as coisas pela certa, não vá o diabo tecê-las: peguem numa embalagem já velha, depositem nela um iogurte novo e pode ser que a coisa resulte. é assim, uma espécie de placebo

quem sabe, pronto!

foda-se, perguntem-lhes, porra!

já houve algum cabrão dalgum jornalista que tenha perguntado a estes não menos cabrões destes moutinhos, luchos, quaresmas, ronaldos ou lá o caralho, a sacramental e pertinente pergunta «então, mas quando assinou o contrato, quando viu lá escrito 4 anos, não tinha em mente cumpri-los?» ou por exemplo «ficaria chateado se no contrato estivesse lá escrito 150.000,00 de ordenado e o seu clube, dum momento para outro, decidisse começar a pagar-lhe apenas 50.000,00?»

segunda-feira, julho 28, 2008

um cantinho, um violão...

tínhamos recebido a indicação que a pousada vizinha da nossa, recém inaugurada, tinha uns preços porreiríssimos. diziam também que o ambiente era um mimo e que tinha também uma pequena piscina, questão imprescindível para aqueles dias em que o céu fica cinzento e a ida à praia fica mais condicionada. é que lá para os lados do equador quando chove, chove mesmo a sério!

depois do jantar lá nos dirigimos então para a pousada. pedimos licença na recepção, e muito simpaticamente mostraram-nos a casa toda. um mimo. tudo muito arranjadinho, tudo limpinho, aquela iluminação amarelada, calma. a decoração bonita, as paredes naquela laranja a constratar com alguns verdes... bom, muito bom.

na sala, estava lá um preto

caetano, venha ver o preto que você gosta.

com um violão na mão.
dedilhava ali uns acordes e ao pressentir a nossa presença parou para nos cumprimentar. tinha um ar bestial. gente ainda nova, sorriso bonito, dentes branquíssimos, aquele ar muito simpático. bahia, portanto!

- como se chama a minina?
- beatriz!
- beatriz? (adoro a forma como eles dizem bê á trix!). eu sou o eduardo.

e começa a tocar uma coisa muito "show da xuxa": «o sapo não lava o pé...». mal ele sabia que esta é uma das que ela conhece desde que nasceu, desde que tem cólicas. somente conhece numa versão mais lusitana. estava criado o ambiente. às tantas lanço para o ar: «edu (já fui indo na intimidade, né?), toca a novidade do herbert vianna, tocas?»

- uh-uh-uh-uh-uh-uh-uh, ah iáaaaaa

e tocou. e acompanhámos todos, assim, numa versão mais cool, mais acústico, do gilberto gil. todos gostámos. ela, adorou e adoptou como sua. pedimos também o sítio do pica-pau amarelo

...sabugo de milho é gente...

e a onda foi continuando. um show. foi um dos momentos mágicos daquelas férias.

já em portugal mostrei-lhe que tinha o dvd com esse concerto. e claro apresentei-lhe então «a novidade» pela versão do gilberto gil. ahh, o que ela gosta daquilo.

no domingo pediu-me, de dvd na mão «pai, põe a novidade se faz favor».

confesso, eu nem sei se ela usou «se faz favor». normalmente utiliza, é certo. mas escrevi aqui, na versão «menina bem educada», não vá a outra não perceber o post (dahhhh!) e vir para aí dizer que ando a criar monstros.

levei-a para o nosso quarto e pus a tocar lá. vim-me embora e nem liguei. minutos depois o escarecéu que ela estava a fazer era mais que notório. entrei no quarto e percebi então a coisa: foi buscar o microfone do noddy, sentou-se na caixa das polys e usou o comando como violão.




ahh, eu adoro a forma como ela diz «paradoxo», «máximo», «estraçalhando» ou «baleia».

seca!

quantas vezes, mais ou menos, temos nós de dizer NÃO QUERO, FODA-SE! aos senhores do citybank e do barclayscard que nos querem oferecer cartões de crédito?

(perdem-se tantas coisas e não há maneira de se perderem os meus registos telefónicos, caramba!)

não se vá dar o caso de precisares de dar uma mijinha um dia e tal....

a escolinha dela é mesmo aqui junto ao meu local de trabalho.

às segunda-feiras, de manhã, dão um giro aqui pela área para que possam andar a passear pela rua, a apanhar ar, a verem os passarinhos, a rebolarem na relva cheia de merda dos cães e tal...

agora com o número de coleguinhas reduzido a um terço - já muitos bazaram de férias - a coisa controla-se bem melhor e a canalhada fica logo toda contente.

há umas duas semanas, apareceram-me aqui no meu local de trabalho - é uma loja - e fizemos uma festa. combinámos, entretanto, que quando lá voltassem eu distribuiria rebuçados ao pessoal. ela concordou mas fez uma ressalva: eu entregaria às meninas e ela aos meninos. tudo bem!

hoje de manhã lá apareceram. fez-se uma festa e tal, houve beijinhos e abraços e, sem dizer água vai, desata a pegar no frasco dos rebuçados e começa a entregar um a cada um dos seus colegas.

estava francamente orgulhosa e feliz de estar ali, com os seus coleguinhas e educadoras, no trabalho do pai e da avó.

às tantas, vira-se para uma das amiguinhas:
- ó matilde, a loja é gira, não é?
- é!
- olha e tem uma casa de banho. queres ver?
- ...
- pronto, eu mostro!

foram!

sexta-feira, julho 25, 2008

a paraíso, as luzes do tablier e mais não sei o quê

(arranjei quem fique com ela)

vou ver, porra!



isto não é um poema, porra!

isto é a maria a dizer umas palavras que algumas pessoas - e principalmente aquela geração que se divorcia e vai passear para as areias do abano e do guincho, envoltos em lenços palestinos comprados na festa do avante de 1983, com a trela do cão na mão, à procura de carinho alheio - costumam chamar de poemas.

mas para mim não são poemas. poemas são as coisas que o vítor de sousa declama. a maria bethânia não declama, ela canta poesia, ela interpreta-a como quem as lê. eu ouço-a e perco-me nas palavras, na forma como ela as diz. mais que uma vez, dou comigo a tentar seguir o texto e a ficar enleado na sua musicalidade, no tom da sua voz e a distrair-me dos significados dos textos. nessa altura retrocedo o cêdê. e retrocedo mais outra e outra vez, nem que seja para a voltar a ouvir dizer «palhaço poli», «topz», «diverlangue» ou ainda porque ninguém diz «moçona» - referindo-se à domadora do circo -, como ela

aquilo não são poemas. repito, poemas são outra coisa.

e eu não sei o que é aquilo. aquilo é tudo e mais alguma coisa. aquilo, por exemplo, é o pássaro da manhã que eu comprei, algures do início dos oitentas, ali na melodia da rua do carmo. aquilo é mesmo muita coisa: blusões de veludo cotelê, camisas de seda, travestis no ronda 77...

eu vou te contar que você não me conhece
e eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
a sedução me escraviza a você...


quinta-feira, julho 24, 2008

playboy e o aquecimento global


entusiasmado com a hipótese de ter em casa as playboy brasileiras de 1980 até a actualidade, saquei da net um ficheiro que me indicava ter isso tudo.

imaginei uns pdf's com aquelas entrevistas porreiras - com as gajas -, com aqueles artigos bestiais - com as gajas -, com os cartoons - com as gajas -, com aqueles colunistas bestiais - com as gajas -, em suma, uma panóplia de coisas que iria agradar a toda a gente lá em casa.

sim, lá em casa, toda a gente gosta da revista.

eis quando senão, ao descomprimir o tal documento, deparo, não com os pdf's das revistas, mas sim com jpg das fotos de alguns dos ensaios lá com as gajas.

fiquei fortemente zangado por me terem ludibriado mas, apesar de tudo, dei uma vista de olhos, lá nas fotos das catraias. pronto, naquela, entendem? só para ver se tinham bom aspecto, se vinham numa resolução porreira... no fundo, uma análise técnica da coisa.

assim, depois de bem analisadas as coisas, reparo que, de 1980 para agora:
- os ensaios deixaram de ser feitos com actrizes de telenovelas para passarem a ser feitos com gajas do big brother
- as gajas deixaram de ter um glamour e uma classe, digamos, urbana para passarem a ter um ar brega de santo antónio dos cavaleiros ou galinheiras;
- as gajas deixaram de ser boas e elegantes para passarem a ter diâmetros de coxa do tamanho da cintura das tais gajas de 1980.
- a capacidade leiteira dos modelos apresentados, em média, praticamente quadruplicou.
- há pelo menos dois dos casos apresentados em que o mesmo exemplar aumentou a capacidade leiteira aí na casa dos 300 ml, no mínimo.
- as marcas de sol na pele do gajedo passaram pelo fato-de-fanho, atravessaram o biquini cavadão e entraram na fase do solário (ou da falta de marquinha da roupa, pronto).
- a lídia brondi há de ser sempre a lídia brondi!
- e, muito importante, tal como aconteceu com o aquecimento global, as matas apresentadas nas fotografias de 1980 deram lugar a áridos desertos nesta presente década (pronto, são modas!).


sou um estudioso, não sou?

gente da cp*


eles nascem e fazem-nos pensar. pensamos se os estamos a tratar bem, se podemos fazer mais. se estamos a fazer demais, também. e o tempo desata a correr a uma velocidade estonteante. e quando julgamos que a despedida só acontecerá lá bem longe, lá quando casar, bem depois da faculdade, depois de dois ou três namoros, depois... mas quando damos por ela...

a caminho da escola anunciou-me, com ar solene, uma decisão importante:

- sabes pai, eu já não quero morar mais com vocês?
- não?????!!!!!
- não.
- mas estás zangada connosco?
- não, não é isso. mas agora já estou crescida e já quero morar sozinha!
- olha, mas nós vamos ficar tristes, sabes. é que gostamos mesmo da tua companhia... assim, quando te portas bem, sabes? vamos ficar mesmo muito tristes.

apesar de tudo, porreiro! ora, arrendo a um inquilino qualquer o quarto da miúda, deixo de pagar a escolinha dela... bem vistas as coisas não vai ser nada mau.
- mas, ó pai, não sejas tolo. eu vou continuar a ser teu amigo e também amigo da mãe.
- bom, ao menos isso!
- e vocês, os dois, podem ir lá ver-me e também ver as minhas bonecas e o neminho (seu peixe) lá na minha casa.

ahhh, que bonito. uma saída sem maldade e sem rancor.

- e tu também podes aparecer lá na nossa casa para beberes um leitinho de chocolate, se quiseres.
- não, mas eu é que vou ficar na nossa casa. vocês vão para uma casa nova!

ai o caralhinho!

- quê???
- sim, eu fico com esta casa e vocês vão para uma nova!
- na, na, na, na! se quiseres, cresces, arranjas um namorado, amancebes-te com ele e aí sim, juntam dinheiro e compram uma casa.
- nãããããão, aquela casa é minha!
- filha?
- sim.
- vai-te despindo que eu já te apalpo!

deves!

*casa dos pais

quarta-feira, julho 23, 2008

mariquices

venho dumas correrias e entro para tomar banho. na saída do elevador dou de trombas com uma personagem daquelas.

- onde foste, cabrão?
- oh! fui correr até ali à praia para controlar as tias enxutas como tu!
- foi, foi... estou mesmo a ver. foste foi pavonear-te para os paneleiros mirones que andam por lá a ver meninos.

e pronto, não há mais nada a dizer.

mothern

há uns tempos, trouxe-o do outro lado. gostou, ficou contente. para quem ficou com inveja de não o poder ler sem ser lá no blog, fiquem a saber que a editorial estampa já o editou em portugal.

está o alerta dado.

mentes menos abertas não gostarão do que lá irão encontrar.

kick in the eye

passo revista a algumas fotos (slides) com mais de duas dezenas de anos em cima e estaco numa delas.

foi tirada em almeirim, em setembro de 1986. não é bem o meu ar imberbe que me deixa desconcertado. não é também as memórias que tenho dessas alturas, é, no fundo, tudo em conjunto. olho para lá e eu, ou também o meu mundo, deram tantas voltas que me custa avivar a alma perante tantas mudanças.

reparo que uso pulseira. caramba, não era uma peça dihn van mas não deixava, no entanto, de ser algo artesanal. a coisa compreendia dois baraços de couro entrelaçados e presos nas extremidades por dois arames dourados. o fecho era feito também no mesmo tipo de arame e era o mais simples possível. durante tempos e tempos tive uma pulseira dessas. olho para os meus pulsos agora e encontro-os nus, limpos. nem sequer relógio consigo suportar. meus deus, pulseiras em couro! fiz dezenas e dezenas dessas pulseiras (mentira, foram aí umas 15. vá, vinte, no máximo!) que vendi para comprar pacotes de samson ou mesmo drum.

porque a foto não está muito nítida, dá ideia que as calças são pretas. não, eram de ganga azul escuríssima, mas elásticas. bem juntinhas nas tíbias e perónios. coisas largas no rabo, nos joelhos, e nos tornozelos, foram novidade, mas somente dois ou três anos depois. agora? agora quero é calções, caramba!

os sapatos eram uns mocassins. xiiii, tive, seguramente, mais de cinco pares todos iguais. só variava o material: ou eram em calfe ou acamurçados. a cor foi sempre a mesma, cor de galão de máquina. curiosamente, sempre comprados ali numa sapataria da rua josé ricardo, quase esquina com a actor antónio cardoso. custavam dois contos e quinhentos!

o meu cabelo tinha um risco, localizado um centímetro e meio na direcção das orelhas, relativamente ao local onde se situa agora. não que eu tenha risco - agora isto é mais um emaranhado de cabelos alvos - mas comparado com o que havia há vinte anos, presentemente, tenho uma espécie foz em delta.

o meu amigo toni usava bigode. nos anos oitenta não era de estranhar ter amigos, com idades idênticas à nossa, portadores duma bela bigodaça. do grupo que estava presente no local e instante desta foto, havia mais duas pessoas com bigode. mais velhos que eu é certo, mas, caramba, pouco menos que cinco anos, vá lá.

o meu parceiro, esse sim, tinha umas gangas negras genuínas. além disso tinha umas botas/ténis da lois. um must junto da malta de vanguarda - esqueçam essa coisas de ser alternativo. antigamente era-se de vanguarda. ser alternativo são modernices provincianas de gente parva! - da altura.

como se pode ver, eu tinha uma camisola, negra, claro, alusiva ao kick in the eye dos bauhaus. o grande toni, envergava uma genérica da siouxsie. curiosamente, ambas as t-shirts eram dele. foi-me apenas emprestada, porque tínhamos acabado de ir dançar uma matinezeca para o albacora - uma discoteca de almeirim, decorada com espelhos e um neon verde e constantemente repleta de barroas - ou para o zola nas fazendas de almeirim.

nele não se nota, mas em mim, há ali algo luzídio, vêem?. sim, são meias brancas.

e acreditem, eu trocava o facto de ter de usar meias brancas e fumar um samsom enroladinho, se pudesse voltar atrás e ir dançar, não o kick in the eye porque esse não passaria de certeza, mas pronto, o disco band dos scotch, vá lá!

saudades, bolas!


terça-feira, julho 22, 2008

mais jornalistas

eu gostava de escrever qualquer coisa sobre a quantidade de pessoas que estiveram nos concertos do lou reed e do cohen, o espaço que esta histérica imprensa, bairraltista e luxiana lhes dedicou e a forma como tratam outros sucessos de bilheteira como a beyoncé ou os tokio (é com i que se escreve, seus caralhos, com i, não é com uílpsilon (como alguns dizem) hotel.

antes que venham com mails e comments parvos:
- lou reed. tive o meu passado com o senhor, tive, sim senhor. já não tenho, é certo, mas ficou lá o bichinho. guardo-lhe a alegria de ter preenchido, activamente, a banda sonora da minha vida, ali entre 1987 e 1988. e respeitá-lo-ei para sempre porque durante um serviço porta de armas no regimento de transmissões - quem andou na tropa sabe que não há pincel maior que aturar oficiais-de-dia bêbados ou fazer porta de armas -, aproveitei para vê-lo actuar na têvê, juntamente com os seus companheiros velvetianos,
durante o meu curto período de descanso para almoço, facto que me deu alento até às 20 horas. isto já para não falar que a única vez que o vi ao vivo, infelizmente eu estava pouco sintonizado com o que o senhor cantava. valeu-me alegrar a noite com a visão da classe e da pinta da lia gama (outros tempos, outros tempos), a beber uns gins numa noite de calor africano.

- cohen. tive também o meu passado com o canadiano. quem já passou longas noites de bebedeira, ali para os lados do lua nova do xôr fortunato (é coladinho ao luso, pronto!), juntamente com o mira, a controlar, valentemente, miúdas, imaginando-as em atitudes blasé ao som do leonard, meus amigos, como sabem, tem o futuro arruinado para sempre.

por isso, antes que venham criticar-me por este lado. acreditem, não sou consumidor, mas respeito-os até à exaustão.

sling

foi para a escola com o seu filho (meu neto), carregando a sua malucha e trazendo o catraio suspenso "à lá sling".

diz a mãe que ainda andou à procura do telemóvel "e se ele precisasse urgentemente de médico, como é que era?".


segunda-feira, julho 21, 2008

chiquelates

eu tenho para mim que se os estivesse à mão, assim de caras, sem deixar cair a bola no chão nem nada, era gajo para comer, assim de seguida, neste preciso momento, uns 7 chiquelates bounty, seguidos de duas caixas de malteseres (eu disse caixas, não disse pacotes, ok?), entremeados por mais uns 6 mars...

nahhh, deixem-se de ideias, os toblerones engordam e os after eight fazem-me vómitos!

cumplicidade feminina

estávamos na "nossa" esplanada da praia à espera do peixe-espada. na nossa mesa ao lado sentam-se dois garbosos seres do sexo masculino (porra, que frase mais amaricada), na casa dos trintas. um com aspecto de ex-jovem americano, daqueles sardentos, branquelo, com pinta de redneck e outro, já com um ar mais europeu, moreno, alto, giro e tal.

a minha filha sente a chegada deles, vira-se, e fica completamente perturbada pela presença do moreno. faz um sorriso malandro, cora, volta ao sorrisinho, vira-se para a mãe mantendo o referido sorrisinho e continua a comer. de tempos a tempos, torna a olhar para o gajo, não deixando de se sentir comprometida.

eu rio-me para dentro e recordo que ela fica desaustinadamente abafada quando pressente a presença de alguém que lhe altera o sistema: ou desata a bambolear-se pela beira da piscina para aquele miúdo lá da sua escola que se encontra a mandar umas cacholadas, ou segura a sua saia (ou vestido) com o indicador e polegar, abanando-a enquanto baixa a cabeça para evidenciar o contacto eye-to-eye, ou então, pespega-se em frente do seu objecto de desejo e diz « eu sou a beatriz....!»

minutos mais tarde, uns quantos ice-teas depois, os dois moçoilos vão à sua vida e ela roda o seu tronco para poder ver melhor a partida do moreno. quando a cabeça volta à sua posição original vem com o tal sorriso 36 na boca, o ar encavacado e tal...

eis quando a mãe lhe alivia a tensão:
- percebo-te filha, percebo-te, era aquele tipo que era giro, não era? tens bom gosto pá! ai como te percebo, meu amor...

e é nestas alturas, para estas coisas, que gostava de ter lá em casa alguém do sexo masculino para me acompanhar em certos cambalachos. nem era bem para jogar com ele à bola, não era para ir comigo ver o clube, muito menos para que houvesse alguém que me perpetuasse o apelido (caramba, sou mesmo o último com este nome. vai morrer por aqui.). quero eu lá saber disso!

eu gostava de ter um filho homem para com ele debater certas questões. nem que fosse para que nas férias, ele abrisse uma dessas revistas que a mãe folheia e, de dedo apontado para a fotografia me inquirisse:
- ó pai, achas que os tetos da gallardo do ronaldo servem só para o apalpanço e para o beijinho ou, bem espremidas, também servem para espanholada?


shock me like an electric eel

ora deixa cá ver quantas vezes seguidas consigo eu ouvir esta música de seguida.

(vai em 17, ende cetile cáun tingue!)


sexta-feira, julho 18, 2008

ah grande vieira!

vem no record: "eu tinha uma posição clara de que o benfica não deveria ir à liga dos campeões. não quero ganhar fora do campo".

é o que eu digo, quem tem (ou teve) um cartão de sócio do clube acaba por se afeiçoar àquilo. ou então, ou então, estou para aqui a pensar, começou a luta pelo dragão de ouro. se o veiga tem um, este malandro do luis filipe vieira não descansa enquanto não arranjar outro igual.

p.s.: a entrevista do luis filipe vieira ontem na televisão fez-me lembrar aquelas empresas que anunciam serem possuidoras de selos de qualidade, atribuídos... pela própria empresa! ou seja, leis feitas por mim, jurados escolhidos por mim, decisões justas? as que não me prejudiquem, claro!

meus amigos benfiquistas, não me sinto só, há dirigentes bestiais em todó ládo!

rain on me

para quem sabe do que falo, esta é a melhor música de sempre e para sempre, da actualidade e também não, de todas as faixas 7, todos os discos de rpm que já houve no mundo.

não é a faixa mais difícil, essa é a aquela outra, mas pelos ataris.


mas convenhamos, quem chega à faixa sete com pedal para fazer, como deve ser (é tão simples e duro como: apertar o manípulo de 15 em 15 segundos) este rain on me, faz o que lhe apetece com a bicla.

saudades!


quinta da fonte, parte dois, a vingança

ao que parece, a ciganada da quinta da fonte vai apresentar um trunfo de peso para os defender dos ataques dos pretos.

dizem que é alguém com créditos firmados - e demonstrados - na defesa dos ciganos, mesmo contra gente doutros países, imagine-se!



desporto na dois



há qualquer coisa de mítico nos nomes onde decorrem os campeonatos europeus daquelas modalidades que têm espaço informativo nas tardes de sábado do segundo canal. até mesmo os jornalistas ou comentadores que por lá aparecem têm um ar superior.

gostava daquele gordo que praticou peso no benfica (josé qualquer coisa, não era?), gosto do veteraníssimo jorge lopes (aquele dos óculos fundo de garrafa) que é um mister, o barroca também é um senhor mas já não tenho a certeza se é do tempo da televisão a preto e branco. havia também o joão gonçalves, andebolista, que jogou no benfica, no sporting e agora anda lá pela expo ou coisa parecida.

caraças, aquilo é que eram outros tempos.

dá ideia que as imagens vinham todas de campeonatos realizados para lá da cortina de ferro. e ficava-lhes bem no nome essas cidades. convenhamos, dizer, "europeus de esgrima (cadetes) de viena" tem muita menos piada que dizer-se, sei lá «imagens agora, dos "europeus de halterofilismo realizados em leipzig"». é outra categoria, porra.

as cidades europeias do mundo democrático tinham mais pinta quando designavam meetings. aí sim, concedo que falarmos dum "meeting de oslo" tem mais cachet que dizer "meeting de sofia". por outro lado, se os europeus femininos de canoagem se realizarem, por exemplo em duisburgo, tudo bem, também é uma cidade que fica sempre bem, num título desses.

mas os meus favoritos são mesmo os que tenham dáblius e ípsilons ao barulho. um kapa antecedido dum cê também é bonito. katowice, por exemplo, é muito bom. skopje tem muito nível. ostrava, por exemplo, dá muito bem para coisas de natação. varna ou mesmo dresden vá, uma palavra simples, fica bem e não destoa, num "campeonato da europa de hóquei em campo". há muitas muitas mesmo, wroklaw, porra! vejam bem o que é, um "campeonato europeu de ciclismo de pista coberta em wroklaw". é lindo, meus amigos.

eu por mim, noutro dia quando me enfiei com a minha filha, de pagaia na mão, numa canoa verde, repito, para mim, aquilo estava com a categoria dum "european flatwater championships directamente de skopje na macedónia"!

lua diurna


a queda-d’água ergueu-se à minha frente
de repente
tudo ficou de pé eternamente
a floresta, a pedra, o vento vertical do abismo
e o senhor que anima esse ambiente
ficou comigo
eu sou potente e contenho a visão
da queda erguida d’água-vida tão contente e são

havia ali a presença toda sã
de minha irmã e (coisa mais que azul)
a lua lua lua lua lua
sobre um pinheiro do sul

quinta-feira, julho 17, 2008

quintas das fontes.

para algumas pessoas educar é «prontos, ele lá vai crescendo. mas, porra, com regras. doces nem pensar.». para outros nem isso é. educar é muito mais difícil.

é como realojar. não chega dar-lhes umas casa todas catitas, com gás, luz e o canal record. se não querem vê-los com problemas (desnecessários) ulteriores ao realojamento, convém que certas coisas sejam salvaguardadas.

hoje, no público - quem diria, hein? - a andreia sanches, faz lá um artigo que levanta um pouco o véu sobre o que andou nestes anos a correr mal com os bairros sociais.

"Atribuir uma casa não é uma solução mágica para todos os problemas" de quem precisa de ser realojado
17.07.2008, Andreia Sanches
Não se podem repetir erros como os cometidos em Chelas ou Belavista, dizem especialistas

Conceberam-se bairros demasiado grandes. O realojamento foi feito à pressa e foi pouco acompanhado. Pelo menos em muitos casos. E descurou-se o facto de uma casa não resolver por magia os problemas de populações que viviam em barracas. Especialistas identificam os erros mais frequentes que se cometeram quando se conceberam muitos dos bairros sociais que hoje dão problemas.


este é o trecho que eu, que não dou um tusto para se lerem jornais na net, consigo ler à borla. o resto, também à borla, li num restaurante enquanto comia (não digam, por favor, à minha filha que eu leio à mesa).

e revelam-se lá coisas feitas já nesta última década, que já a carta de atenas, elaborada há mais de 70 anos, apontava como ultrapassadas.

bom, cada um tem os autarcas e o governo que merece.

p.s.: já agora, leio que se pagou mais de mil euros (1740 ou lá o que é que foi) pelas imagens lá dos tiroteios. é por estas e por outras que eu digo que vim ao mundo na altura errada. houvesse nos anos oitenta a sic e outro galo cantaria. só assim de cabeça, a 30 metros das minhas janelas, recordo 3 tiroteios. ora três vezes mil setecentos e quarenta.... bom, é fazer as contas

geraldinas

ao chegar a casa ontem, a minha mulher contou-me que teve uma conversa com a minha filha. ao que parece, contrariando a característica parecida com o pai de só contar o que é mesmo importante, desatou a falar sobre as actividades amorosas na escola.

que o afonso já tinha ido para o galheiro, já todos tínhamos percebido. contudo julgávamos que o joão pinto agora é que era. parece que não. o joão pinto já também faz parte do passado. quem habita agora no seu coração é um tal de rodrigo. diz-nos que ele sugeriu que ela fosse namorada dele. pronto, tudo bem, ela lá sabe.

o que nos intrigou foi saber que nos entretantos já tinha aviado mais o duarte pelo meio.

no meu tempo chamávamos a este tipo de miúdas as geraldinas. não que fossem feias o suficiente para ostentarem tal nome, mas porque davam umas gerais ao pessoal. agora, confesso, com estas modernices, não sei bem como será.

quarta-feira, julho 16, 2008

que raio de nome para dia de festa

lisboa calling to the faraway towns
now war is declared -and battle come down.

vamos a ver, vamos a ver, quem sabe até se consegue uma peste-sitter para ela e acabamos a rockar lá na cena da utopia.

e que não me falte o cagulo, só peço quatro, um de cada sabor:








rir e muuuuuuito

ó filha, não é que fui à procura lá do teu video, aquele em que estás a abrir os presentes,
ia dizer prendas mas depois vinha aí a cavalaria rusticana e mais aqueles caralhinhos dos possidoníces e é melhor não
sabes?

aquele em que estás a rir muito com a avó, estás a ver a coisa? pois esse. aquilo tem um cena qualquer, um problema do blogger e não se consegue visualizar.

pronto, consegui dar a volta e aqui está o video.

dá-me jeito, sabes: meio do trabalho, a cabeça a explodir, clicamos lá na setinha do play e ficamos ali, com aquele ar parvo, a ver-te debitar gargalhadas.

às vezes, sabe-lo bem, és melhor do que pensas. e apesar de tudo eu prefiro-te assim, espevitada e enérgica, põe-nos em forma sabermos que contigo, a educação não é uma coisa que se pratica de oito em oito dias ou de mês a mês. contigo nem sequer é um acto diário, contigo é ao segundo!


É só rir
Colocado por pitx

terça-feira, julho 15, 2008

manuel santos carvalho

ali, entre o biénio 1989/1990, não houve uma única noite em que eu chegasse a casa bêbado, sóbrio, triste, alegre, apaixonado ou com dor de corno, sem que antes de me deitar não visse os seis minutos finais da canção de lisboa.

entrava em casa, fechava a porta com muito cuidado, cortava à esquerda em direcção à sala, pegava na caixa da canção de lisboa, carregava no play e no rrew ao mesmo tempo, até chegar à altura do final do exame do vasco leitão.

e podei perguntar, mas era por causa da piada do mastóideu? era por causa do fado final? era por causa do vasco santana? não, não e não. a todas as previsíveis perguntas eu respondo que não. a causa era só uma: manuel santos carvalho.

este senhor fazia o papel de alexandrino, amigo do carlos - interpretado pelo manuel de oliveira, numa altura em que ainda era um galã e não um gimbra realizador de filmes parados, muito parados ou estáticos - que era o dono do retiro onde o vasco santana cantava os seus fadunchos. ora, eu até gosto do humor do vasco santana, do antónio silva e tal, mas são as frases, os pequeninos diálogos que o manuel dos santos carvalho dizia ao longo do filme que me enchiam as medidas. ao que se diz, aquilo era tudo menos espaço para improvisação, mas as coisas são ditas de tal forma que o que menos parece é terem sido previamente escritas num guião. a acompanhar esta performance, atente-se nos gestos que ele emprestava à coisa. olhamos para ele e parece que a coisa flui duma forma o mais oleada possível. nada ali é feito como se estivessem em frente a uma câmara de filmar.

eu quero fazer aqui a minha homenagem a este actor português, com a sua bigodaça e com as suas poses e diálogos finais (é o senhor de fato mais claro, na aclamação final ao exame):

- olha, aqui está uma coisa que é bonita, não é verdade?
(após o abraço entre o vasco leitão (vasco santana) e o caetano (antónio silva), seu futuro sogro)
- deixa passar a família, homem...
(quando pretende que as tias abracem o seu sobrinho)

e finalmente, o brinde:
«peço a palavra. peço a palavra. irra, que peço a palavra! eu não sou orador. a única vez que eu fiz um discurso foi junto à campa fria do meu amigo
ernesto (árnesto no original) que se finou na flor da idade.

e foi entre (ic!) (ic!) soluços que eu me despedi daquele grande compincha. não desfazendo ali o nosso amigo vasco que também é um grande amigo.

eu não tenho dotes oratórios. eu não tenho (ic!)... não tenho palavras. (virando-se para o empregado surdo, de copo vazio na mão.) eu não tenho vinho. mas tenho uma coisa cá dentro (icccc!) [...] mas tenho uma coisa cá dentro que deve ser
satisfação (sastesfação no original) pelos auspiciosos enlaces que se realizam neste dia e que eu desejo que se repitam por muitos anos e bons.»



nota: para os mais distraídos ou menos habituados a imagens antigas, o manuel de oliveira é o senhor que está no anfiteatro do exame, sentado ao lado do antónio silva.

sexta-feira, julho 11, 2008

hiiiiiii, mother fuckeeeeers!!!!

you know, you know sometimes, sometimes people say to me «Rose, when was the first time you ever heard the blues?». and you know what i tell 'em? «the day i was born.».

you know why? you know why? 'cause i was born a woman.


aaaaaah! ooooooh! we got some noisy females in the house tonight! i do like to hear that high-pitched sound, you know i do.


oh, being a woman is so interesting, don't you find it?


what are we ladies, what are we? we are waitresses at the banquet of life! get into that kitchen and rattle them pots and pans... and you better look pretty god-damned good doing it too, or else you gonna lose your good thing!
oooooh! and why do we dot that, why do we do that? i tell you why we do that. we do that to find looove. ih, i love to be in love, don't you love to be in love?

ain't it just great to be in love? oh, ain't it wonderful? isn't it wonderful to be in love?
ain't it just grand, laying there late at night in bed waiting for your man to show up? and when he finally does, round about four o'clock in the morning, with whiskey on his breath and the smell of another woman on his person... oh, honey i can smell another woman at five hundred paces! that's a easy one to catch!

so what do you do when he comes home with the smell of another woman on him?
do you say, «oh, honey, let me open up my loving arms and my loving legs! dive right in, baby, the water's fine!».

is that what you say, girls?! or do you say «pack your bags! i'm putting on my little waitress cap and my fancy high heel shoes. I'm gonna go find me a real man, a good man, a true man, a man to love me for sure.»

you know i tell you something, i tell you something: i thought... at one time i actually thought i found myself one. i did, i thought i found myself one.
when he... when he... when he old me in his arms....



este é o texto do concert monologue que antecede o when a man loves a woman que mostro aqui graças ao iu tube. na verdade não era bem isto que eu gostava que vissem, o que eu queria era mesmo que apreciassem a bette midler a explicar às noisy females que lá estavam na house, como é que resolviam aquela coisa que sucede quando os maridos das noisy females chegam a casa com o smell of another woman on his person. como tal não é possível, façam um favor a vós próprios, vão à fnac, vejam o preço do the rose, entrem depois ali ao lado na worten e comprem o dvd. sério, palavra de pitx.

e depois? bom, depois, deixem-se ficar a ver o alan bates, barbudo, fazer umas cenas do caneco, ou deliciem-se com uma das minhas cenas favoritas do cinema americano que é o espectáculo de drag queens num bar onde a personagem costuma cantar.

respeito!

quinta-feira, julho 10, 2008

coches


tolero, nem ligo, não acho muito importante, pronto, estou-me meio cagando para os erros de português nos blogs.

mesmo entre deputados, ministros, presidentes, sei lá, não me choca por aí além que digam hádes, sem se estarem a referir ao irmão do zeus.

choca-me à grande é na comunicação social.

é pá, não me lixem, a ideia é transmitir as coisas num português sem erros. se assim não fosse, até eu poderia ser jornalista.

por isso, foda-se, duma vez por todas: coches, diz-se côches. cóches (como vocês teimam em dizer), seus bando de caralhinhos e coninhas falantes, das duas uma: ou são carros em espanhol, ou castelhano ou lá o raio que o parta!; ou designa "bocado" em calão, assim como na frase «ó tójó, deixa-te de merdas e alambuzamentos e dá-me um coche* aí do teu gelado!»

* também se pode dizer: beca, conhé, cibo, bocado (caso seja para se comer)... é como queiram.

quarta-feira, julho 09, 2008

aurora

eu já o tinha visto a falar com outros clientes lá do restaurante. bem pensadas as coisas, eu já o tinha visto, muito antes, a caminhar para a praia com a sua prancha debaixo do braço. o seu visual chamava a atenção de qualquer pessoa. não que fosse muito alto ou corpolento, nada disso, mas porque tinha uma grande cabeleira de cachos enormes loiríssimos. era um surfista de corpo inteiro.

dizia eu, ele lá estava a fazer uns malabarismos com umas folhas de canas e eu estava curioso em saber o que era. reparei que o cliente, parou de comer e deu-lhe uma moeda. provavelmente um ou dois reais.

parou depois na minha mesa e, com uma inusitada e irrepreensível educação, pediu licença para mostrar a sua arte. contou-nos que fazia origami baiano. ficámos parados a ver o que iria sair daquele trabalho manual. à medida que os dedos faziam aquelas dobras, aquelas voltas e mais voltas, contava-nos que andava a fazer estes "trabalhos" porque «ô bróder, minha prancha si partiu. tô juntando uns trecos para consertá ela». augurei que não iria demorar muito tempo a conseguir reunir todo o dinheiro necessário.

no final apresentou-nos esta rosa. disse que era a rosa da paz. achei a coisa um mimo. quis obviamente ficar com aquilo para dar à minha filha a fim de ela brincar de aurora. perguntei-lhe o valor. «ô bróder, arte não tem preço não. tu dá o que achar que ela significa para si.».



guardei a moeda e tiro uma nota maior da carteira. ficámos a conversar mais um pouco. «vocês são sangue bom. eu olhei para vocês os três e vi logo que aqui havia uma aura super legal.» «são de portugal? é mesmo? gente boa... gente boa.» «não sou daqui não, bróder, eu sou mesmo é de arraiau da ajuda, mas vim para aqui em busca de outras ondas.» «é mêmo? cês conhecem arraiau? nossa, que legal» «eu gostava um dia de pegar umas ondas na terra de ocês: coxos, ribeira de ilhas... vi umas filmagens, achei super-legal»

«valeu bróder, a gente se vê por aí»

terça-feira, julho 08, 2008

amigos

lá pelos 8 anos gostamos de ter um amigo que tenha uma bola "oficial", nº 5 de catchumbo.

aos 12, gostamos de ter um amigo com uma tv a cores e um video.

aos 14, gostámos de ter um amigo que tivesse o garlands.

aos 16, gostamos de ter um amigo cujos pais não apareçam em casa à tarde.

aos 18 anos, gostamos de ter um amigo que seja porteiro duma disco qualquer.

aos 20 anos, gostávamos de ter um amigo que nos livrasse da tropa.

aos 25 anos, gostávamos de ter um amigo que servisse bebidas num bar qualquer da naite.

aos 30 anos, gostávamos de ter um amigo que fosse pediatra ou coisa assim.

hoje, perto dos quarenta, vejo que bom, bom, é ter um amigo fisioterapeuta.

e tenho pena de não ter. (salva-se o seguro de saúde, pronto!)


segunda-feira, julho 07, 2008

credo

a quem tenha paciência para os meus devaneios, sugiro uma atenta leitura deste artigo do jornalista israelita yonatan mendel sobre a objectividade jornalística e os diferentes tipos de vocabulários que os jornais de facções contrárias utilizam para narrarem o mesmíssimo tipo de acontecimento.

nele, ele conta que os palestinos "alegam, sequestram, e têm sangue nas mãos", enquanto que "as forças de defesa (israelita) respondem, detêm e jamais cometem homicídios.

tenho-me recordado deste artigo ao ler, muito en passant, as coisas que vão surgindo nos jornais sobre as mirabolantes coisas do futebol português e dos imbróglios jurídicos dos mesmos. todos os anos há uma merdinha qualquer jurídica para animar a venda dos jornais desportivos (e não só). os jornalistas, supostamente neutros, relatam só para o lado em que estão virados; os dirigentes, sem rigorosamente nenhuma excepção, são piores que os jogadores que contratam (rentería, purovic e vá lá, moretto incluídos) e agora são as voltas que os conselhos jurídico, disciplinares e outros que tais acabam por dar.

eu pergunto:

- há alguém, algum iluminado, algum adepto futebolístico, que julga existir algum dirigente, o qual não tenha tentado, duma forma ou doutra, aliciar árbitros, dirigentes da arbitragem, delegados, observadores ou outro tipo de agentes de arbitragem? há? mesmo? tadinhos.

- não é de estranhar que haja decisões desses conselhos jurídicos ou lá o raio, com votações a 5-4 e a 4-3? é que reparem, não é um ou outro juíz que acha uma coisa diferente dos outros, é praticamente metade! quem me diz a mim que os que ganharam é que estão correctos. será a lei assim tão vaga que não permita decidir assim com tanta, clareza criando divisões tão profundas? ou os factos apresentados são francamente vagos e, pronto, decide-se sem isenção? não podemos importar jurados?

- alguém acredita que não há isenção naquela coisa da não utilização dos
jogadores emprestados do meu porto pelos clubes receptores nos jogos entre ambos e haja isenção e lisura no jogo do benfica contra o estoril no algarve?

- alguém acredita que só os guímaros e os calheiros é que estavam comprados e o mário luís - que fez aquela digressão com o sporting à china depois daquela finalíssima da taça (eu estava lá) com decisões muito duvidosas - não?

- alguém acredita que o jornal a bola e os editoriais do delgado são isentos?

- o que diria a opinião pública se o diário de notícias passasse uma semana a dizer que a teixeira duarte iria comprar, sei lá, a vodafone e passado uns tempos comprasse afinal a metalúrgica, três peidos e uma bufa, lda? então e que dizer dos jogadores que a bola anuncia para o plantel do benfica?

- então andam anos e anos a escutar o jnpc, encontram umas coisas sobre um ou dois jogos (um deles em que nem ganhámos) e começa-se logo a falar em 25 anos de corrupção? e acreditam os adeptos que nos tempos do joão rocha, do gaspar ramos, do fernando martins, e do josé veiga não havia coações, corrupções e outros ões?

acreditam? sinceramente? tadinhos!

eu, confeso, acredito no lucho, acredito nos bruno alves, acredito no joão moutinho, acredito no lizandro, acredito no caneira, acredito no léo, acredito até no quim... daí para cima (ou para fora) não acredito em rigorosamente ninguém.

e vejo a bola com o som no mute!

olha filha,


... um dia (se me lembrar) explico-te porque é que pus aqui esta foto que a mãe te tirou. agora, lamento, mas não tenho tempo nem talento para escrever o post que eu queria sobre pais e mães babados. fica só com esta ideia (já a deves ter, suponho): odeio, mas odeio de morte, a frase «pai (ou mãe) babado», os sentimentos que estão por detrás de quem a ouve e a motivação de quem a diz.

depois eu explico, ok jacaré?

pergunto

a razão por não haver marcas de cervejeiras portuguesas que produzam uma rasca (que seja!) cerveja de trigo prende-se com o facto de eu ser o único consumidor em portugal que gosta desse tipo de bebida?

(é que desde que a cristal fez aquele verão com a cristal weiss que não vejo mais nada nas redondezas e as franziskaner ou erdinger desta vida são, isso mesmo, caras cumó caneco!)

serviço nacional de post-it's

a haver, o serviço nacional (é melhor internacional, não vá eu escapulir-me para olivença, brasil, ou outra das nossas ex-colónias) de post-it's dever-me-ia informar, a todo o momento:

- que o peixe-espada grelhado está no meu tope faive dos pratos favoritos. e que assim sendo eu gosto mais disso que das lulas, sardinhas, polvo à lagareiro ou chocos que habitualmente solicito ao senhor empregado quando digo à minha mulher «hoje apetecia-me peixinho, pá!»

- que os gelados, após as refeições, me deixam enjo/agoniado.

- que os patês, fuá-grás, maionézes, mostardas, quéte-châpes e afins são permitidos desde que haja nas redondezas, generosas porções de camomila para se consumirem no pós-molhanga.

e que basta-me seguir estas 3 coisinhas para viver melhor. pronto, para definhar com mais qualidade de vida.

acabaram - parte 4. canção de engate

eu não tenho medo de gostar, não tenho nojo, não me faz peçonha, é certo que não tenho discos deles mas...

... mas,
só a título de exemplo, faziam covers mais fixolas que as que os gift ou os humanos fazem?



acabaram - parte 3. baía de cascais

eu não tenho medo de gostar, não tenho nojo, não me faz peçonha, é certo que não tenho discos deles mas...

... mas,
só a título de exemplo, tinham o melhor baixista mod, pop, rock (ou lá o caralho) português!


acabaram - parte 2. não vou ficar

eu não tenho medo de gostar, não tenho nojo, não me faz peçonha, é certo que não tenho discos deles mas...

... mas,
só a título de exemplo, tinham pior imprensa, apesar de terem um vocalista que cantava melhor que o tim!


acabaram - parte 1. bandeira

eu não tenho medo de gostar, não tenho nojo, não me faz peçonha, é certo que não tenho discos deles mas...

... mas gosto bem mais deles que dos mãomorta!


quarta-feira, julho 02, 2008

trocando em miúdos

peço a palavra! posso?

reclamo porque um gajo que durante uma estrofe inteirinha começa a dizer estas coisas já a preparar assunto, que continua pela segunda estrofe abaixo, já a avisar que não há volta a dar, meus amigos, tem de fazer um esforço magnânimo para não verter lágrimas na frente da moça.

digo isto até porque quem toma uma saideira, nunca toma só uma, logo isso indicia que a partida não é bem naquele momento. ao que parece a coisa vai ser demorada. ou pelo menos ele quer que seja demorada.

deves!

e bastava ver que ao começar a falar lá da fitinha colorida de colocar no pulso, a abarbatar-se à flauta do pixinguinha, as referências à aliança.... humm, vê-se que aquilo ainda volta para trás. ele está mortinho, nota-se, pá. e vê-se que ao referir-se ao neruda ele já está mesmo a arranjar pretexto para ir lá dentro, ao quarto onde ela tem as coisas, buscar o livro a ver se a coisa pega.

e a coisa do bater a porta: ai, ai, olha que nem vais ouvir nada. olha, vês? vou fechar, está bem? está? nem dizes nada?

eh! balelas.

vale uma aposta que ainda voltam?

(eu gosto tanto desta música caraiguicho!)

Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim ?
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças

Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado

Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde




mas a minha versão é esta, que me desculpem os puristas.

o homem. o cigano

uns amigos que um dia passaram uma fim-de-semana comigo, no meio de umas mines e duns pianos (nalguns talhos ou restaurantes, chama-lhes teclados) grelhados, contavam-me da experiência que passaram durante os anos da faculdade "que agora não me ocorre o nome" mas que é aquela daquele prédio do carrilho da graça ao longo da segunda circular, lá para o pé daquela faculdade onde se anda quando queremos tirar o curso para sermos professores primários, estão a ver?

bom, contavam-me eles que não se admiram rigorosamente nada com o tom meloso e deprimente que certas e determinadas reportagens televisivas tem, na abordagem de problemas ou situações socio abarco antropológico quotidianas. continuam a ver a coisa?

adiante.

diziam eles que não se admiram porque a fornada de jornalistas que prolifera nas redacções das televisões nacionais é precisamente aquela que há uns anos frequentava a faculdade com eles. essa horda de actuais jornalistas tinha por denominador comum apresentar trabalhos de fim de curso quase sempre iguais: iam para o terminal do rossio ou para a saída dos barcos do terreiro do paço e com o movimento das pessoas como imagem principal, iniciavam a narração
com um tom de voz solene, em fundo, da seguinte forma: "o homem." e continuavam por ali fora.

entendo perfeitamente o que me estavam a dizer, compreendi então, que há poucas almas brilhantes que façam reportagens "de fundo" que não caiam na tentação e na tecla batida de apresentar os temas que nós todos já conhecemos: como viver com o ordenado mínimo; os últimos pastores da serra; ser deficiente em portugal; os estado dos tribunais em portugal; os novos imigrantes, etc.

ontem voltei a recordar-me disso porque a sic emitiu pela centésima vez uma reportagem sobre ciganos com aquele tom tão bonitinho de: tadinhos, sempre perseguidos, nómadas, dançam tão bem, ninguém os compreende e por aí fora.

e eu vejo três minutos e enjoo. agonia-me aquele caralhinho de se fazer dos ciganos um bando de coitadinhos. eu continuo à espera duma reportagem, feita no bairro da minha criação, por exemplo, em que mostrem, não aquela coisa do nomadismo, das tradições, e das palminhas flamencas, mas sim: os gamanços que nos fizeram; os tiros que alvejaram o meu prédio e acertaram no pescoço do meu tio; a impunidade que adquiriram nos estabelecimentos comerciais onde as criancinhas, coitadinhas, gamavam fruta à lá gardere; o vasqueiro que tínhamos de aturar "ól naite longue", o medo que tínhamos quando passávamos por certas zonas do bairro, etc.

não dão audiências estes temas? é mais bonito abordar a coisa pelo lado dos desgraçadinhos racialmente segregados, é? lamento, mas a verdade é bem mais distante que a que passa na televisão.

há dúvidas? não tenham.

eu vou com vocês, jornalistas de secretária, dar uma volta pelo passado do meu bairro e faço uma reportagem também. bem diferente.

na boa!

terça-feira, julho 01, 2008

credo, 21 anos!

faz hoje 21 anos: o dia que mudou a minha vida.
(aqui, aqui e aqui)

e usava meias brancas!

samuel

repito: leiam, comprem, fotocopiem. seja lá o que for que queiram fazer façam!

great dream of heaven

canções

tenho alguns livros que entram na secção «bonitos para serem colocados assim, na sala, para as pessoas dizerem "eh pá, grande ventarola de livro"»; outros são para se lerem na cama, outros são uma espécie de reserva, são os que eu sei que há 99% de hipóteses de gostar, servem para se lerem quando estiver já farto de ler coisas de cáca; outros servem para consultar de vez em quando; outros ainda servem para se ler durante as defecagens, ou seja, têm capítulos pequeninos. como dizia o michael no big chill acerca de se lerem grandes calhamaços no wc «you can read but you can't finish it».

desta última diocese, ando agora a ler o 31 songs do nick hornby. andei há muito tempo para o comprar e uma promoção na feira do livro deu-me cabo de 9 euros.

e realmente eu já desconfiava que seria assim: é ao ler estas primeiras páginas, dedicadas ao thunder road, que eu me envergonho de ter escrito o que já escrevi (e escreverei) sobre esta ou qualquer outra música do born to run.

oh que coisa tão bem dezida que este senhor deziu!
(leiam, comprem, fotocopiem. seja lá o que for que queiram fazer façam!)

rua da mãe que pariu o casillas

ahhhhh, o buffon para mim ainda é o buffon, mas confesso, fui lá por o meu nome, fui senhor!