segunda-feira, outubro 17, 2011

o luque

eu não sei se este post é para ti. não é propriamente o que interessa agora. seguramente é um post escrito por tua culpa. ok, vamos deixar as coisas desta forma: «escrevi este post por tua culpa».

não fui a única pessoa do mundo a «gravar cassetes». eu não gosto de dizer «compilações» ou «bestófes». fui criado a dizer «gravar cassetes» e a dizer assim, morrerei. sempre me disseram «eh pá, grava-me aí uma cassetes de selous como os do porão da nau» ou «o luís beiças é que gravou ao tó'scuteiro, uma cassete com cenas dos dáiâre muita bacanas».



agora que falo no assunto, recordo, com saudade, umas quantas cassetes gravadas por mim e de que gostava muito. a «s.a. semp'ábrir» que teve a versão i romano e a versão ii romanos. eram coisas dos vã nálem, do éri cleptân, dos mautóres, dos tiúbes, dos ménéte uârque, dos cuíne, dos iésse, dos zizi tópe, dos fichâr zed, até da tina târnar, imagine-se! depois fiz também uma cassete «s.a láive». esta já tinha, assim, o pitâfrem petân, os rou lingstônes, os dórs, o pitâguei briel, coisas assim, sabes?


por essa altura, andava o meu cunhado na tropa e com ele, imagine-se, ganhávamos dinheiro a vender cassetes gravadas com selous, para a peluda adormecer com a cabeça fora do quartel. e fazíamos sucesso ou o que é que pensas? eram coisas clássicas, coisas de discotecas (buátes, vá) daquelas que tinham aqueles meiples em veludo cotlê de cor bórdou e mesinhas cujo tampo de vidro era roçado pelos nossos joelhos enquanto comíamos amendoins salgadíssimos. e as favas? c'a nojo. essas cassetes tinham aquelas coisas do róds tuarte, do jélaze gái dos rócsi miusíque - aquela versão ao vivo, sabes? aquela que está no ai roude. -, as baladas dos scorpiãs, aquela dos frenquie, aquelas do fil cólins, o serouí tól dauei dos genesis... 

o je, se estiver a ler isto, é que se deve lembrar destas coisas. ele sim, fazia e sei que ainda faz umas cassetes do camandro. ele tinha equalizador e isso. e fazia as coisas de forma a levantar os tracinhos do lado esquerdo e também os do lado direito, baixando os do meio. assim, dava para se ouvir bem os pratos a fazer tss tss no beguiningue do sil, ao mesmo tempo que o bum bum não perdia páuâr.

com o tempo foi-se perdendo o romantismo das cassetes e, graças a deus, passámos a fazer cêdês. a princípio com cuidado e, mais tarde, quando passaram a custar menos que cinquenta cêntimos, deixámos de ter cuidado e gravávamos outros quando aqueles deixassem de passar nos otorádios por causa da profusão de riscos acumulados.

eu ainda faço cassetes (em formato cedê, claro!). mas já não faço com paixão. chego aqui ao computador, amanho umas cantigas e lá mando o aparelho gravar a coisa. acho que lhe perdi o gosto.



tenho um camarada, meu compadre, gente boa, que ainda grava. esse, eu sei, grava com paixão. mais, grava com dedicação. chega ao ponto de colocá-las na internet para a malta sacar e tudo. uma maravilha. o problema é que ele é outra onda. apanho dali muito pouco. depois tem a particularidade de gostar de música nacional. e eu música nacional, confesso, ainda estou à espera. mas tenho a sorte de já ter sido bafejado com umas cassetes gravadas por ele, bem catitas.

assim, chego a ti. é giro o que tu fazes, chegas a um evento dos nossos carregando contigo uma ou duas de tinto e uma cassete (em cêdê, bem sei) para a gente ouvir durante o repasto. e ela fica ali a tocar, em ripite, a tarde ou a noite inteira. 


na maior parte dos casos é uma maravilha. na menor parte... é também uma maravilha. 

estou aqui a pensar e, tirando as canções que ouço na ginástica, suponho que as tuas cassetes são o único veículo que me ensina a descobrir que houve pessoas que gravaram discos depois do ritârne ófe da speisse cáubói dos jamiró cuei. sério!

na semana passada trouxeste-me uma cassete maravilhosa. avisaste-me que me iria arrepiar com o martin. descansei-te que não me faria alergia. e não fez. arrepia e tal, mas não magoa. caramba, e as outras? gosto tanto. acho que é uma cassete tão boa. meio triste, sabes? dá vontade que o clube perca - cruzes, credo! - para a pormos a rodar e ficarmos ali lavados pela tristeza das canções.

gostei tanto. já tinha dito, não já? foi a melhor das três ou quatro cassetes com que já aqui entraste. sabes, tem daquelas canções que provocam logo uma vontade de ir sacar o album todo. ou então não. é deixá-las ali na cassete para não enjoarmos.

sabes, esta, acho eu, é a minha favorita. bom, podia também falar-te lá no angus e a julia coiso, mas eu acho esta mais bonita. mais triste. e ouço-a sem parar. logo eu que nem tenho andado triste. e dada a canção em questão, acredita, é pena.



(estou a brincar. não é nada pena, pá!)

1 comentário:

Bic Laranja disse...

O je leu.
Cumpts.