ligo pouco às críticas negativas sobre filmes. primeiro porque não percebo nada de cinema - e esta frase pode ser muito importante para entender o que vem a seguir - e depois porque sou mais vulnerável às influências positivas que negativas.
o que mais me aborrece no biutiful é ser um ninho de clichés. assim como o cinema americano está pejado daqueles tiques tão deles - o juiz preto, lugares de estacionamento mesmo em nyc, o presidente que também já foi fuzileiro ou coisa assim - também os filmes com pobres acabam sempre, mas sempre mesmo, por caírem no erro de parecerem todos iguais.
eu já deveria saber com que contava: o babel é uma estucha, o 21 grams... pois, mas fui tosco, não dei ouvidos a mim mesmo e deixei-me ir.
caramba, que filme tão óbvio, tão cheio duma mesma cor.
os pobrezinhos, coitadinhos, sempre tão bonzinhos, sempre humildes; o policia, uma maçada, corrupto e tal porque se assim não fosse não conseguia sustentar a família; o raça do mijo que desatou a avermelhar; a ex mulher que também é pobrezinha e doente, perdeu a custódio dos putos mas esforça-se, note-se... coitada e com ar de quenga e tal; ele com estudos apesar de pobrezinho-, o contraste esperado - ou não fosse mais um cliché dos valentes - das pessoas ricas - na certa más pessoas, obviamente - a saírem da loja do zegna ali no passeig de gràcia, em contraste com os clandestinos do manu chao a vender clutch da carolina ferreira, a reavivar aquele caralhinho da teologia da libertação «vejam, meus filhos, os gajos ali nos prédios, ricos como abades e nós aqui, oprimidos e pobres, em bidonvilles...»; os desprotegidos dos chinocas, todos boas pessoas, claro, que até tomavam conta das crianças e isso e que apareceram a boiar na escuma das ondas; a preta que chegou «na altura exacta da história» porque se não, caramba, ficavam as crianças ali entregues ao deus dará era.... uma espécie de capitães de areia mas sem a doçura das palavras do jorge.
previsível, previsível, previsível.
pergunto, porque é que não fazem uma história, assim, com pessoas cheias de cancros e tal, mas abastadas? mulheres bipolares e tal, mas em giras? polícias com ordenados baixos e tal, mas sem serem corruptos? emigrantes clandestinos e tal mas, gente farsola e reles? porque é difícil, não é? ou então porque depois ninguém chorava e não se sentiam tocados e isso.
o john hughes fez os melhores filmes sobre «catraios made in anos 80». de lá para cá não se voltaram a fazer filmes de canalhada tão bacanos como aqueles. acredito que com a pobreza seja a mesma coisa. querem trazer ao de cima a desgraça dos tesos mas acabam por mascará-la como julgam que ela é. é difícil fazer simples bem sei. é difícil fazer um zona j sem que os personagens digam tantos caralhos e tantos foda-se, não é?
eu sei, eu acredito que seja difícil contar histórias. principalmente quando quem as ouve não sabe nada - ou tem só umas luzes - sobre o que é relatado.
o que mais me aborrece no biutiful é ser um ninho de clichés. assim como o cinema americano está pejado daqueles tiques tão deles - o juiz preto, lugares de estacionamento mesmo em nyc, o presidente que também já foi fuzileiro ou coisa assim - também os filmes com pobres acabam sempre, mas sempre mesmo, por caírem no erro de parecerem todos iguais.
eu já deveria saber com que contava: o babel é uma estucha, o 21 grams... pois, mas fui tosco, não dei ouvidos a mim mesmo e deixei-me ir.
caramba, que filme tão óbvio, tão cheio duma mesma cor.
os pobrezinhos, coitadinhos, sempre tão bonzinhos, sempre humildes; o policia, uma maçada, corrupto e tal porque se assim não fosse não conseguia sustentar a família; o raça do mijo que desatou a avermelhar; a ex mulher que também é pobrezinha e doente, perdeu a custódio dos putos mas esforça-se, note-se... coitada e com ar de quenga e tal; ele com estudos apesar de pobrezinho-, o contraste esperado - ou não fosse mais um cliché dos valentes - das pessoas ricas - na certa más pessoas, obviamente - a saírem da loja do zegna ali no passeig de gràcia, em contraste com os clandestinos do manu chao a vender clutch da carolina ferreira, a reavivar aquele caralhinho da teologia da libertação «vejam, meus filhos, os gajos ali nos prédios, ricos como abades e nós aqui, oprimidos e pobres, em bidonvilles...»; os desprotegidos dos chinocas, todos boas pessoas, claro, que até tomavam conta das crianças e isso e que apareceram a boiar na escuma das ondas; a preta que chegou «na altura exacta da história» porque se não, caramba, ficavam as crianças ali entregues ao deus dará era.... uma espécie de capitães de areia mas sem a doçura das palavras do jorge.
previsível, previsível, previsível.
pergunto, porque é que não fazem uma história, assim, com pessoas cheias de cancros e tal, mas abastadas? mulheres bipolares e tal, mas em giras? polícias com ordenados baixos e tal, mas sem serem corruptos? emigrantes clandestinos e tal mas, gente farsola e reles? porque é difícil, não é? ou então porque depois ninguém chorava e não se sentiam tocados e isso.
o john hughes fez os melhores filmes sobre «catraios made in anos 80». de lá para cá não se voltaram a fazer filmes de canalhada tão bacanos como aqueles. acredito que com a pobreza seja a mesma coisa. querem trazer ao de cima a desgraça dos tesos mas acabam por mascará-la como julgam que ela é. é difícil fazer simples bem sei. é difícil fazer um zona j sem que os personagens digam tantos caralhos e tantos foda-se, não é?
eu sei, eu acredito que seja difícil contar histórias. principalmente quando quem as ouve não sabe nada - ou tem só umas luzes - sobre o que é relatado.
2 comentários:
Acho que estás a exagerar um bocado em relação ao filme, mas, acima de tudo, acho que o último 'houve' não leva agá... ;)
obrigado, pal. é daqueles que infelizmente teimo em escrever sem pensar no que estou a dizer.
que vergonha.
está corrigido.
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