segunda-feira, setembro 13, 2010

por outro lado, recordo-me duma peça com o ruy de carvalho chamda minetti. pois, isto é uma coisa diferente. ok?

a ideia é ser divertido e brincar com a situação (ou não) mas há quem vejo o acontecimento duma outra forma. falo-vos do tal video sobre o minete, inspirado numa crónica da ana anes.

quem não conhece, quer o video quer a autora, eu faço o resumo: a ana é daquelas pessoas que volta e meia escreve sobre pinocada. e isto tem alguma coisa de mal? não, nada disso. muito longe de ter algum mal.

a ana é esperta. usa um público alvo fácil de convencer, as gajas. estão a ver as crónicas do ricardo araújo pereira sobre futebol? estão a imaginar o que sente um benfiquista a ler aquilo? pronto, as mulheres ao lerem as crónicas da ana anes sentem o mesmo.

(ninguém está a imaginar homens a lerem crónicas de sexo, pois não?)

e como se faz isso? bom, pega-se num tema sexual qualquer e escreve-se aquilo com um ar brincalhão (ou não) dando a ideia de «nós, gajas, é que a sabemos toda. eles, gajos, não valem um caralho» isto escrito com o tom «iá, é assim mesmo, a gente, as gajas, também já falamos sobre foda e isso, assim como eles falam. somos livres, somos modernas e gostamos de pinocar. iá, somos realmente malucas». e volto a dizer, isto não tem mal nenhum. aliás, graças (a deus e) à ana anes, temos agora, finalmente, um alibi para continuarmos a gabar, avidamente, os tetos da jamie lee curtis.


adiante.

desta vez pegou no tema minete. (já tinha pegado, eu bem sei, mas não tinha passado para video, pronto!). lá está, espeta com aquele ar de «sofremos tanto com a iglorância deles, caramba!» e justifica, com auxílio de umas quantas actrizes (a mais velha - bailarina, não é? - faz aquilo tão bem..... está tão giro), porque é que nós, gajos, não sabemos fazer uma trombada de jeito.

e querem saber mais? se elas dizem que não sabemos é porque não sabemos, MESMO!

o que elas não sabem (e a ana anes deve saber. mas não lhe interessa porque assim as crónicas não tinham piada nenhuma) é que há uma razão histórica para isso ser assim. 

eu explico:

as mulheres não sabem, não se lembram, ou nunca repararam, mas a nossa vida sexual começa com sarapitolas. é isso mesmo. durante uns valentes anos, com auxílio das devidas publicações do género (eu nem quero imaginar como que teria sido se já houvesse internet em 1981), enquanto nós ouvíamos aquele cliché «as meninas iniciam a puberdade - ou pura verdade, pronto! - mais cedo que os rapazes», sem perceber muito bem o que aquilo queria dizer, nós sacudíamos os ardores da alma, abafando a costeleta, com vigorosos gestos de punho.

e que viamos nós para acompanhar isso? moças em pose descarada nos posters do barbeiro e do sapateiro (naquele tempo, não íamos a oficinas); histórias, narradas em revistas tamanho a5, sobre mulheres que satisfaziam cunhados aquando da viagem da irmã a uma feira no porto; ou, simplesmente, os tetos e o pintelhame da madonna. (aviso, nunca fizémos nada à pala do mato que a madonna carregava nos sovacos).

só anos mais tarde, com a divulgação massiva do vhs, é que vimos «em movimento» aquelas coisas que tínhamos observado, durante anos, em duas dimensões estáticas: canzanas, missionários, doses duplas, bicos com fartura e, num ou noutro caso (estamos nos anos oitenta, não se esqueçam. as húngaras ainda não tinham chegado ao mercado), raro, é certo, cu!

trombada também víamos. mas vamos lá perceber uma coisa, os filmes pornográficos não tinham sido feitos para elas gostarem e sim para nós gostarmos. as gajas não viam filmes daqueles. por isso, nós víamos a trombada, não como uma coisa de «vamos lá então fazer-lhes uma coisa boa», mas sim uma espécie de fetiche, um complemento, um «olha, vamos beber um uisquezito enquanto o jantar não fica feito». a última coisa que nos passava pela cabeça era que elas gostavam que lhe passássemos o corredor a pano.

credo!

depois, mesmo que fosse bom para nós, é uma questão visual, técnica e cinematográfica. quem olhar para as trombadas dos anos oitenta, vê um gajo com a boca enterrada num matagal amazónico. ou seja, não fazíamos a mínima ideia se ele estava ali a cheirar ou a lamber. ora, se estivesse a cheirar, estava a cheirar o quê? e cheirava a quê? por estarmos a cerca de 8 a 10 anos do nosso primeiro contacto conal, digamos, ouvíamos dizer que cheirava a bacalhau. nunca ligámos muito a isso mas usávamos o pregão. o que suspeitávamos era que, no mínimo ou pelo menos, cheirava a mijo. e por isso tínhamos como heróis os actores pornográficos, não só porque comiam gajas, porque as comiam e recebiam ordenado e porque, caramba, punham a boca no sítio de onde lhes saia o mijo. ah heróis!

assim, é fácil de depreender que fomos educados sem fazer a mínima ideia como raio se faz uma trombada. imáginávamos que se usava a língua mas e usava-se como? e chupava-se? e punhamo-la dura? mole? e isso fazia diferença? assim, não nos peçam milagres quando nem religião temos.

e como não havia gajas (bom, claro que havia. havia, como também há pessoas que ainda votam no pctp-mrpp) a verem filmes destes e muito menos connosco, nunca soubemos muito bem o que é que aquilo queria dizer ou para que é que servia. 

lamber? que coisa!

com as gajas era diferente. as ousadas que tiveram a sensatez de ver algumas cenas de alguns filmes, apesar de eles homens, naquele tempo, ainda não raparem a penuge, puderam ver valentes bicos, ali, com boa iluminação e em cenas o mais explícitas possível. com elas não há desculpa para o mau sexo oral. nós, perdoem-nos estes problemas históricos, podemos não ter também desculpa, mas temos uma atenuante igual a alguns penaltis julgados pelos comentadores futebolísticos: as imagens não eram explícitas!

sabemos lá nós como é que aquilo se faz. se é para chupar, se é para lamber, se é para trincar, se é em cima, se é de um lado para o outro, se é assim, se é assado... fazemos o que podemos e sem grandes certezas. fazemos à explorador!


assim, da próxima vez que lhes der vontade de gritar «irra, que o tójó é que me sabia chupar em condições. este cabrão que para aqui está, não se safa nem quando voltar o comunismo!» falem, vão dando indicações, conversem como nós conversamos «foda-se, ó fernanda, faz essa merda com jeitinho, caralho! ou pensas que tens nuvens no céu da boca? essa merda que tens aí, é osso e por isso, dói!», vão dando indicações, tenham pena de vós e destas nossas «dificuldades históricas».

sério, custa-vos estar a dar indicações? vocês é que perdem, pá. preferiam que a coisa acontecesse, assim, naturalmente? nahh, vão por nós, as imagens não são explícitas e nós homens, como já devem ter visto noutros casos, nunca pegamos nos manuais de instruções dos nosso brinquedos. é defeito mesmo. 

queixam-se que depois têm que simular orgasmos. mas isso é uma pescadinha de rabo na boca: vocês fingem, a gente está se cagando para a coisa (quer se venham quer não) e fica tudo na mesma. acho que ainda não perceberam muito bem que o «ao que vamos» não é conciliável com o «deixa cá ver se ele faz como eu quero e gosto».


mas por outro lado não se esqueçam duma coisa importante, tenham humildade para perceber isto: é certo que todas vós sabeis fazer bicos. ninguém duvida disso. mas não se esqueçam que têm que aprender a fazer bicos que nós gostemos e não bicos que vocês supõe que nós gostamos.


ok?


(toca a todos, minhas meninas)

4 comentários:

pedro b disse...

ri-me o bastante, devo dizer(talvez por me rever em muita coisa que aqui está escrita). no entanto, nem por isso concordo com a justificação. tb eu sou do tempo da weekend sex a 300 paus e mesmo assim, devo dizer que sou grande adepto e praticante recorrente do cunilingus. mas hey, cada um tem a sua tara

pedro b disse...

e já agora, quem é a ana anes?

José Fontinha disse...

Bem, devo dizer que me tiraste as palavras da boca, e que expuseste a frio um nota considerável sobre o assunto, porque hão-de as mulheres disfarçar algo se ainda não perceberam para o que vamos? E qual o propósito de o disfarçarem? Existe alguma medalha para a que disfarça melhor? Riem-se nos jantares de amigas ou no intervalo de aula no ginásio das nossas incompetências? As mulheres ainda não vêm com manual de instruções (mesmo que viessem), mas ainda lhes falta visão para o que podem perder se não explicarem o que realmente querem e como o querem... Talvez não seja assim tão dificil...

Cristina disse...

Gosto muito deste teu post. Mas toda essa aprendizagem masculina que referes também existia no feminino. A diferença é que muitas não o admitiam e outra tantas continuam a não o admitir. Agora... fingir orgasmos??? A rapariga que se queixa da baixa performance masculina, finge orgasmos??? Já não digo mais nada...