para 2009, eu gostava que, quando os elementos do programa os contemporâneos ouvissem ou lessem uma crítica que não lhes fosse favorável, dissessem coisas tão simples quanto:
- não gostam? está bem. - não gostam? ponham à beira do prato. - não gostam? paciência.
coisas assim, sabem? simples.
é que já não há pachorra. parecem meninas (que se defendem escrevendo muito bem e tal... tudo muito bem justificadinho, não é.... com um português muito bonito... um mimo.) de baby blogs quando lhes dizem que a filha tem cara de trambolho.
a noite passada custou-lhe a adormecer. tinha tosse, estava moída, foi complicado. às tantas pedia-nos carinhos. lá iamos, uma vez eu muitas vezes ela, o habitual.
dizia-me: está com dores de crescimento. diz que lhe doem as pernas. nunca tiveste?
disse-lhe que não.
continuou: eu recordo-me muito bem. tinha de ser massajada e tal. não te lembras mesmo?
reafirmei que não. e expliquei: eu nunca cresci!
quando fui tirar o meu primeiro bi, ali depois da primária, media 126 centímetros. quando entrei no rainha, já no sétimo ano, recordo-me que não chegava ao balcão do bufete quando queria comprar bolos. no meu nono ano, a maria joão coimbra, uma coisinha pequenina, gira, simpática, gira, querida, simpática, doce, fixe, gira, gira, gira e tal, verificou que eu era menor que três réguas de cinquenta centímetros juntas. se houve altura em que cresci alguma coisa foi só lá para os 17 ou 18 anos, quando cheguei aos fantásticos 171 centímetros. e nessa altura, quer-me parecer, que me lembre só tive dores de cotovelo.
hoje, 7h28 da manhã (madrugada, pronto), a fila na garrett para comprar o bolo-rei, ia até ao bpn.
hoje, 8h53 da manhã, a fila na garrett para comprar o bolo-rei ia até à loja dos artigos de golfe.
meus amigos, bem sei que onde houver alguém num stand duma feira a distribuir gratuitamente sacos de plástico, logo aí um molho de portugueses fará um filinha, mas caramba, por mais bom e saboroso que seja, estamos a falar de um bolo, porra!
ainda não estão assustados? e se vos disser que estavam 6 graus, pá?
nem assim? notas: 1) e eu espetava aqui neste texto uma alusão à fila que na almirante reis, ali defronte da igreja dos anjos, alguns pobres esfomeados já estariam a formar e ficaria um post tão bonitinho, não era? pois, mas para o peditório da teologia da libertação eu nunca dei - daria porrada, pronto! - e também não preciso de tachos no bloco de esquerda.
2) frio, eu penso é no frio que o pessoal estava a passar
3) e cada vez que penso nos sobretudos dos clientes da garrett lá na fila vem-me à memória também o lucho a despir a camisola depois da marcar o golo lá em kiev. há gente para tudo.
a equipa dos outros espetou com duas bolas nos nossos ferros. é a vida, acontece.
o meu treinador veio falar em oportunidades de golo e falta de sorte do nosso lado. repito, levámos com duas bolas nos "nossos" ferros. ou seja os outros senhores tentaram marcar-nos golos e não conseguiram porque não tiveram arte, engenho ou sorte e fizeram esbarrar a bola nos nossos ferros. e meu treinador falou em falta de sorte do nosso lado. é a vida, acontece. p.s.: quando vi ontem aquelas imagens daquele "chega para lá" - por amor de deus não chamem agressão àquele gesto. agressão é mais ou menos o que o sá pinto fez ao artur jorge, ok? - feito por um senhor do marítimo nas fuças do rolando pensei cá para comigo. estou curioso para saber que menção irão fazer os nossos queridos jornais da bola sobre este assunto. o mais parecido que li sobre isto foi umas escaramuças que aconteceram no túnel e na garagem do dragão. gostava de saber quais seriam as escolhas editoriais para as primeiras páginas lá dos referidos jornais se tivesse ocorrido um empate e, nesse mesmo jogo, acontecesse um tal "chega para lá" efectuado, por exemplo, pelo rolando ao aimar. ou, estou-me agora a lembrar, se tivesse sifo feito belo bruno alves ao joão moutinho.
imbuída até ao tutano com espírito natalício, a minha filha decidiu mesclar o profano com o sagrado e, também ela, decorar o seu quarto com uma árvore de natal e com um presépio.
usando parafernália do seu quarto, pegou na casa das pollys, decorou-lhe o varandim do primeiro andar com plasticina amarela e chamou-lhe, isso mesmo, árvore de natal.
reservou, contudo, o último andar da casa das pollys, não como privado, mas como estábulo onde colocou imagens do reino animal bem como alguns seres humanos.
à nossa esquerda temos o panda a fazer de burro e a leoa representando a vaca. ao fundo, um velho, um cruzamento entre um reformado da setenave, o avô da heidi e o pai-natal, representando são josé. do nosso lado direito, a famosa miss piggy assume o papel de nossa senhora. finalmente, deitado no chão, um comandante duma nave intergalática tem a nobre mas humilde função de recriar a figura de cristo enquanto bebé, o nosso menino jesus.
e por este andar, quando entrar na casa dos sessenta já terá a escola toda para imitar os passos da sua avó.
não era pouco vulgar quando algum dos nossos amigos sacava uma pita mais pita, ouvir da boca dele coisas como «não, pá. a gaja tem dezassete anos mas já é muito avançada para a idade» só mais tarde quando a catraia decidia ter uma atitude de pessoas da sua idade - de dezassete anos, lá está - é que o nosso amigo acordava da realidade e desatava a bradar aos céus pela situação em que se via metido.
sucede-me o mesmo quando penso na miudagem do meu clube e que parece - repito, parece. dá ideia, portantos! - que o senhor treinador pôs a jogar um tiquinho melhor.
por isso e para não cometer as injustiças que cometi quando o pepe começou a dar barraca: - rolando (23 anos) - guarin (22 anos) - cristián rodriguez (23 anos) - tomás costa (23 anos) - fernando (21 anos) - pelé (21 anos) - givanildo (22 anos)
agora não me fodam, o mariano já tem 27 anos, não é altura de se ir embora pelo próprio pé? está aí o natal, pá. vá baza!
chego a casa e a minha mulher dá-me a notícia choque número um «a libra está a duzentos e quinze escudos» repito, duzentos e quinze escudos.
fico abananado, corro para o computador e procuro na net - tenho internet em casa, ó qué que pensam? - umas coisas só para tirar umas dúvidas. e tiro-as. e fico ainda mais chocado.
vamos lá ver a explicação para o segundo choque:
nos últimos três ou quatro anos, desatei a comprar, paulatinamente, a melhor série televisiva de sempre, o west wing. e porquê? porque comecei a perceber que tinha revisto tantos mas tantos episódios que isso era sinal que valia a pena comprar a coisa para a ter em boas condições, boa imagem, som decente, bem legendada e sem aquela estupidez de estar dependente das noitadas, acordado à espera que a tvi iniciasse a emissão da série, para carregar no rec e adormecer de seguida. e olhem que a série chegou a começar às 3h20 da madrugada. isto, claro, quando o senhor moniz não se lembrava de «pronto, olha, hoje não se transmite aquela coisa do presidente lá da américa».
dizia eu, fui comprando as temporadas à medida que elas foram sendo lançadas. assim, sabe quem é louco para comprar estas coisas, que gastei ao longo destes anos, cerca de 70 contos em dvd's, já que os senhores decidiram, graças a deus, emitir sete temporadas. ora, sete vezes 10 contos... bom, é fazer as contas.
quem consultar a amazon da inglaterra verificará que existe uma caixa toda supimpa, com a totalidade das sete temporadas, pela módica quantia de, não setenta contos, não sessenta, muito menos cinquenta mas sim, atenção, dez contos e picos. isto ao câmbio de hoje.
consultando mais abaixo outros lançamentos em dvd, verificamos que o studio 60 - a segunda melhor série de sempre, publicada em dvd. quê, o thirtysomething? pois, continuo a aguardar que apareça no prelo. haverão, na certa, problemas relacionados com direitos autorais. que a impede de vir para a rua. só pode. -, que ali a fnac
não que eu seja muito amigo dos preços da fnac. mas infelizmente, esta série, não se vende em muitos mais lados. ou então, simplesmente, não se vende em mais lado nenhum, pronto!
tem a vender por sete contos e tal, custa na amazon, tchan tchan tchan-tchan, dois contos e quinhentos.
tenho dito e encerro aqui a loja.
pronto, só mais uma achegazinha: o planet earth que anda a ser vendido por volta dos dez contos cá no burgo, está lá na amazon, em blu ray, por cinco biscas e pouco**. *não és menino para te ofereceres como prenda de natal, esta caixinha que substituiria as cópias que fizeste dos meus? ** e sim, tenho consciência que esta coisa das edições em português encarecem mais a coisa por causa do mercado ser mais reduzido e essas paneleirices da oferta e da procura e não sei mais o quê.
a minha filha veio aqui há uns dias duma exposição de dinossáurios - repararam que eu não escrevi dinossauros, não repararam? é muito nível, porra! - com um t-rex debaixo do braço.
à noite, meteu-o numa caminha e enfiou-lhe uma chucha entre os dentes.
não me fodam, uma miúda que adormece o seu t-rex e o afaga com festinhas e chuchinhas tem muita cartonância.
qual será o seu passo seguinte? adoptar um boneco do hitler e vesti-lo com roupinhas fofinhas?
estou curioso em relação à crónica de sexta-feira do grande cervan. no mínimo, claro, vai dizer reafirmar que esta vitória veio atemorizar o porto e o sporting. coisa que a eliminação na taça pelo leixões já tinha deixado as suas luzes.
se há memórias musicais públicas que eu tenho do meu bairro, talvez uma das mais vincadas, é a imagem do arménio - não o "trolha da areosa", mas o "méninho" dos embrechados - a descer a frei fortunato, estupidamente bronzeado, calça de ganga muito coçada, t-shirt de alças modelo "ginástica da tropa" - «quero-vos formados às 9h30, na parada, com o vosso fatinho do ballet, seus caralhos!» - ténis nike cor de neve e no ombro e, seguro pelo seu braço musculado - como aquele cabrão cresceu lá nos ferros, porra! -, um enorme e prateado cantante, debitando rock em altos berros:
- méninho, trazes aí um ganda som, pá! - ihhh, ó jaime, é uma coisa nova que arranjei... - é bom, pá!
era o love removal machine.
para mim, é "a" música dos cult. é o ponto mais alto de toda a sua carreira. eles chegam ao electric depois de anos dum rock muito chegado à música de vanguarda que culmina com o lp love de 1985. é certo que o love tem uma mão cheia de singles que animam qualquer alma deseperada mas convenhamos é quando o rick rubin pega a sério nas canções deles que a coisa fica ali nos trinques. não é só a guitarra do billy duffy, não é só o vozeirão do ian astbury, para mim, há ali um elemento que dá equilibrio aos dois, é o baixo - gosto tanto de baixos, caneco! - do jamie stewart. pode muito bem ser uma bela coincidência, mas a verdade é que enquanto estiveram estes três juntos - bateristas é que foram mais que muitos - a banda teve sucesso.
pronto, já falei aqui do love removal machine, já disse que acho o electric bem melhor que o love mas este post é para prestar homenagem à mais "esquecida" grande-malha - ao que parece agora já não é de bom tom dizer-se malha, agora é bonito dizer-se riff - dos cult. falo do fire woman do sonic temple.
mais esquecida porque, na realidade, quando vamos para a náite e a coisa mete rock, no que toca aos cult, normalmente o dê jota, bota o wild flower ou o rain. com um bocado de sorte lá apanhamos com o lil' devil ou o she sells sanctuary. curiosamente as melhores para dançar são colocadas de parte. precisamente estas duas: o love removal e o fire woman.
duvidam de mim? tomem então atenção:
ok, é certo que isto tem o seu quê de cromisse, mas recordo-vos que estávamos em 1987. e se metade de vós ainda não sabia que o dystron que a mamã levava para o bidé, não era propriamente um líquido para alargar sapatos como ela vos dizia, a outra metade ainda usava meias brancas, por isso, haja respeito.
o vídeo começa logo com aquele ar de "veio do espaço" e apresenta-nos o caminhar do billy com as tradicionais calças justas às botas, até ao seu amplificador. é então que surge aquela bela imagem do patilhame aparadinho e do grande penteado mullet que o bono tinha imortalizado no live aid do baterista les warner. a malha começa a rasgar e já se vislumbra o ian a saltitar lá no andar de cima. o jamie está de costas, à espera de vez para martelar as cordas do seu baixo. às tantas o ian desce as escadas, aquele seu ar de pocahontas, o cabelão, a camisa gótica, branca, de folhos e avisa: check this one. e daí para frente é um vê se me agarras, com alternância de imagens entre dois takes do videoclip onde se misturam a dança duma espécie de fandango do vocalista com o pedal que o ian imprime na guitarra. o ian ora tem uma camisa branca ora tem uma camisa preta, o duffe ora toca com uma guitarra branca ora toca com uma preta. é tudo muito bom, muito pedaloso. mas aquele baixo sempre ali a marcar ritmo, e aquela forma como o billy domina fisicamente a guitarra, a forma como pega nela, como a suetém segurando-a pelo braço, numa mistura entre os movimentos do chuck berry e as notórias influências das malhas do jimmy page é algo que me deixa de rastos quando escuto isto.
como podem aqui ver, dois anos depois a coisa não está muito diferente. o ian continua com o ar de pocahontas mas com aqueles trejeitos de fandango bem mais apurados, o billy já se meteu a rasgar a guitarra com as malhas mais repuxadas, assim a esticar aqueles oinnnnnnnnn com mais força e durante mais tempo e o baixo continua a ser o mesmo estremo esquerdo do palco, sempre ali, a bombar, a dar ritmo à coisa.
curiosamente neste altura - e neste clip - julgo que o baterista é o matt sorum que depois andou pelos g'n'r naquela altura do use your illusion e afins.
aliás, foi feito pelos cult o melhor concerto - em portugal - que eu não vi em toda a minha vida. 1993, gartejo! paciência.
hoje, uma e tal da tarde, rádio oxigénio*. when boys talk dos indeep.
respeito!
(ai se esta rádio fosse sempre assim!....)
*calma, não estrilhem. é óbvio que eu não ouço esta rádio - deus me livre! - a coisa surgiu lá na telefonia do meu carro porque andava a fazer zapping, ora!
estamos num campo de nudismo. ali, tudo ao léu e fé em deus. liberdade, vida simples, pessoal descomplexado.
pergunto: uma vez que toda a gente pode ver as partes pudibundas de toda a gente, haverá necessidade de existirem nesses campos, wc para homens e wc para mulheres?
repergunto: e havendo realmente necessidade de haver divisões elas apresentam-se de que forma «pessoas que urinam em pé para um lado e pessoas que urinam sentadas para outro lado»?
há uma frase, uma ideia que volta e meia utilizo para mim próprio - assim em silêncio, estão a ver a coisa? - que é «fazer trabalhos de casa em computador».
não sei se se recordam, mas quando aparecia um tipo qualquer lá da turma que apresentava trabalhos de casa feitos em computador, a coisa poderia estar a maior merda, cheia de erros e tal, mas pronto «eh catano, ganda pintarola, foi feito em computador» e lá se babava meia turma mais metade da classe dos professores que achavam piada àquelas coisinhas que o menino ou a menina tinham feito.
foi aí que começou o declínio do tubo de cola uhu - ou da cola cisne -, usado durante séculos nas montagens de fotos lá para os trabalhos sobre o barroco, o império romano ou as viagens na minha terra.
quando o oliver stone apareceu no natural born killers com aqueles movimentos de câmera dum lado para o outro, como que se o senhor que segura lá a máquina de filmar tivesse levado um pontapé certeiro nos túbaros, toda a gente achou piada e desatou a usar como se fosse o último grito do tarzan*.
e a verdade é que há alguns exemplos em que isso fica bem e dá num resultado bonito. principalmente se for filmado em película como, por exemplo, no friday night lights. e já agora, se não se fizer uso desse bamboleamento a torto e a direito.
noutro dia dei por mim, sem canais nenhuns além dos 4 portugueses e três espanhóis, a ver aquela coisa dos advogados lá da avenida da liberdade. tinha a rita lello (nem perguntem, ok?) e eu deixei-me ficar a ver aquilo. às tantas dei por mim quase a vomitar. pensei um pouco a ver se tinha sido o jantar estragado que me estava a vir à glote. mas não, tinha sido um jantar todo supimpa acompanhado pelo tintol da ordem.
penso mais um bocado e lá percebi que a somar à quantidade de histórias sem pés nem cabeça que a série tem, existe a tal coisa dos «trabalhos feitos em computador» e desatam a usar, abusar e rebusar a tal técnica do pontapé nos tomates do senhor da máquina de filmar. assim para dar a ideia que é uma série toda modernaça e tal, com pessoas que ganham muito carcanhol e que têm grandes carros e atravessam a avenida da liberdade pelo meio dos carros a deixar cair sandes de presunto e coisas que tal. e a verdade é que quando damos por ela, o raio dos olhos não estiveram fixos uma única vez e a cabeça começava já a andar à roda porque as imagens andam mesmo à roda e afastam-se a aproximam-se e...
fui meter meio logan ao bucho para ver se aquilo passava mas foi pior a emenda que o soneto: lembram-se das bebebdeiras que se apanhavam no velhinho "barco" que estava ali atracado no cais do sodré? lembra-se? quando com dois ou três whiskys se apanhavam bebebdeiras como se tivessemos bebido oito? pois é mesmo assim que eu me sinto quando vejo o tal liberdade da rita lello.
(tenho pena dela.) (e do ivo, pronto!)
* eu não sei se foi ali naquele momento que esta técnica surgiu. isto não é o blog do mexia e por isso aqui não há certezas cinematográficas ou de qualquer outra espécie. eu sei é que foi nesse filme que eu me recordo de vir isso pela primeira vez.
nem sei explicar muito bem porque associei eu isto àquilo. mas a verdade é que a primeira ideia que me veio à cabeça foi o motel chronicles, um livro de pequenas histórias escrito pelo sam sheppard que além de ser um actor bestial, tem a sorte de partilhar leito com a jessica lange.
eu explico.
vinhamos de cáceres. a miúda lá atrás a dormir. ela, ao meu lado, também em silêncio. na telefonia, tocava aquela selecção mais assim p'ró miá soft. assim, aquele misto de carly simon, com o james taylor, passando pelas coisas do nebraska do springsteen, aqui e ali também com a carol king... por aí, por essas bandas. lá fora estava frio mas dentro do carro a shô fajem (assim como se fosse a senhora fajem) mantinha-nos quentinhos. a estrada estava quase deserta e raramente cruzávamos com outros carros. o sol já se tinha posto e o céu começava a ganhar aquelas cores maravilhosas. não falo daqueles crepúsculos cheios de vermelhos e cores de fogo. não, uma coisa mais suave, menos dramática.
ainda por cima, a estrada seguia em direcção a esse mesmo crespúsculo. tinha como cenário umas elevações, uns penhascos que recortavam o horizonte como se fossem personagens daqueles teatros de sombras chinesas.
e eu sabia que uma eventual foto não lhe faria justiça nenhuma ao momento. porque eu não estava com paciência para descobrir a melhor conjugação de aberturas, sensibilidades, velocidades e outras que tal que traduzissem melhor aquilo tudo; porque nela não ficaria impressa a alegria que carregávamos connosco pela visita àquela cidade; porque também não conseguia lá colocar o cheiro que as histórias do sheppard têm - um cheiro de alcatrão e de lavanda nos lençóis dos moteis -, um cheiro que também encontro nas imagens do rumble fish, nas coisas do on the road ou nas canções do darkness on the edge of town...
eu sabia estas coisas todas. mas mesmo assim parei e carreguei lá no botão da máquina. como disse, não faz jus ao momento. mas ainda assim, foi um momento daqueles.
e já estou com saudades daquelas nossas viagens pela espanha fora.
natação obrigatória na introdução à instrução primária natação obrigatória para a salvação é condição necessária não há cu que não dê traque não há cu que não dê traque mal a gente vem ao mundo logo a gente vai ao fundo
não é a primeira vez que venho aqui com este tema, julgo também que não será a última. mas, confesso, só venho porque é sobre algo que me melindra profundamente. falo-vos dos pediatras.
eu gosto pouco de generalizar e por isso se houver por aqui uma opinião que vos pareça, digamos, estar a atingir desonesta e injustiçadamente um grupo qualquer de pessoas, não liguem, carreguem na tal cruzinha no topo superior direito do ecrã e siga para bingo!
por isso não sei se me hei-de irritar mais com os pediatras, se com os pais que não fazem nada sem a permissão dos pediatras, se com os pediatras que não explicam bem as coisas aos pais ou, finalmente, se com os pais que não entendem correctamente o que os pediatras dizem.
desta última vez foi porque houve um pediatra que aconselhou - este verbo é um eufemismo puro - que bebés na natação só após os seis anos de idade.
e o que mais me intrigou não foi propriamente o conselho, foi mesmo a justificação que fundamenta o mesmo. ao que parece, o senhor doutor diz que as piscinas são um local repleto de contaminações e doenças porque, ao que parece, lá a água está cheia de mijo e de merda largados pelas pessoas que as utilizam.
eu confesso, quando me contaram aquilo, tentei dar o devido desconto «nahhh, aquilo foi dito meio na reinação... nahhh, não era bem para se levar a sério...» e também sei que quem me contou não leva muito a peito - nunca se sabe, nunca se sabe - este tipo de coisas, mas fico francamente em brasa quando ouço este tipo de desaforos, ditos assim, da boca para fora. é que acreditem, há pais para quem, as palavras dos pediatras são leis!
é que uma coisa é a criança não poder andar na água porque, coitada, tem uma infecção urinária, uma merda qualquer na pele ou, sei lá, uma alergia que lhes fornique o corpo. outra coisa é ser porque... bom, porque o senhor doutor mandou uma laracha falacciosa qualquer.
reparem, é que depois espetam-se umas bocas giras, assim, tipo, esquerda-bolchevique a roçar a psicologia mineral como sejam «também, todos nós sabemos que eles com 4 meses não vão aprender a nadar, não é?»
fico piurso, confesso que sim.
eu não faço a mínima ideia se o pediatra da minha filha é bom ou é mau. mas também, confesso, não o utilizo para educar a minha filha. uso-o, imaginem, para questões médicas, estão a ver a coisa? eu explico, a miúda está doente e eu - é mais a mãe, é verdade - telefono ao senhor a dizer "ai, senhor doutor que a miúda se me está a espumar da boca para fora" e ele lá me responde que "não, deixe lá, é mesmo ela que não sabe ainda cuspir."
agora para saber se a miúda pode ou deve ir para a natação? tenham juízo, porra!
eu revejo mentalmente a justificação lá do médico e aquilo dá-me vontade de rir «porque é um local cheio de contaminações». o que é mais caricato e irónico nesta história, é que curiosamente no meu caso, a minha filha ficou doente durante umas 3 ou 4 vezes seguidas, precisamente após as visitas que regularmente teve de fazer ao pediatra. por esta ordem de ideias, a piquena, coitada, da mesma forma que não deveria andar na natação também não poderia andar no médico. vinha ele cá a casa que isto aqui é um local com muito asseio. vem cá inté uma senhora todas as sextas-feiras fazer umas horinhas e até trás flores para a minha filha e para a minha mulher e tudo.
notinha de rodapé: isto não é um post contra ti. nem isto é uma abordagem indirecta para malhar em ti. primeiro eu não sou pirata e por isso não faço abordagens e depois isto é mesmo é contra lá o senhor doutor da tua filha que pode ser muito bom e tal, mas, compreende, tem opiniões que merecem posts.
e sabes, a minha tem a sorte de ir lá para a natação - sabes que os gajos lá não lhe chama isso. dizem que é introdução ou adaptação ao meio aquático ou lá o que é. uma merda dessas. - desde os 3 meses e aquilo fez e faz-lhe muito bem. e faz mesmo naquelas coisas que nós não vemos à primeira vista e que os ajuda a crescer assim rijos como um pêro, como tão bem dizia o pequeno saul.
e sabes outra coisa? era eu que ia lá para dentro de água com ela. mas no último ano deixei de a acompanhar. ela mudou de horário e passou a ir a mãe sozinha. bom, a verdade é que na semana passada, por motivos que aqui não são chamados, fui lá eu e fiquei comovidíssimo - sim, aquela coisa dos olhos a marejaram e tal - com as coisas que ela agora faz e que, como deves imaginar, não fazia. é giro, sabes: eles a dominarem a coisa, a relacionarem-se com os amigos, a confiança que eles têm nos professores, essas coisas, entendes? coisas que se fazem na dita natacão.
ou achavas que ela ia lá para aprender a nadar? nah, isso é como o inglês na escola. isso é para se ir aprendendo.
digo isto porque posso pagar essas coisas? não, nada disso. digo isto porque se tivesse tido oportunidade, adoraria que os meus pais me tivessem metido na natação e nessas coisas quando eu era chavalito. mas como sabes, não havia carcanhol e só andámos, eu e a minha irmã, na equitação, no pólo e no golf.
dada a imensa quantidade de notícias que todos os anos se publicam sobre o assunto, estava convencido que o manoel de oliveira andava a fazer 100 anos, desde, pelo menos 1992.
é verdade, já há muito tempo que entendi que não existe jornalismo desportivo escrito em portugal. é a vida, o dinehiro custa a ganhar e por isso inventou-se uma coisa mais lucrativa chamada "actividade de notícias vendáveis escritas".
por isso, quando o porto, por exemplo, vence o seu grupo da champions - o que é que é isso num grupo com o liverpool e os turcos e mais não sei o quê? - a minha expectativa, o meu momento de humor diário existe quando tento adivinhar qual será a capa que o record ou a bola fará no dia seguinte.
ora, não havendo jogo das competições europeias para o benfica, estando o sporting também com treinos, não havendo contratações em fila de espera, de que é que então se fará destaque?
isso mesmo, da vontade do quique em ver o moretto em acção. lindo!
e o reyes - adoro ouvir os locutores dizerem reias - diz que deseja ficar no benfica por vários anos. qual real madrid, qual atlético, qual arsenal, qual sevilha. o homem passou por eles todos e sentenciou: é no benfica que se atinge o top europeu. é assim mesmo, pá. a gente acredita e tudo.
farto do raio das confusões com o jet set nacionalóibérico, abandonei a sierra nevada e as estâncias lá dos pirenéus, meti-me num avião e rumei para aspen.
ali sim, ali há gente de cartonância.
fui para a famosa neve. gente que é gente tem de fazer neve.
gosto tanto, mas tanto tanto de quem diz "fazer neve", fazer praia", "fazer termas",...
é isso mesmo, em tempos de crise, enfrentemo-la com a força toda.
cheguei lá de carro, subi a star mountain na minha potente carrinha, mesmo até à tower. mas como estava um barbeiro do caraças, voltei uns metros para trás e cortei à esquerda para supper (mas com ésse). e foi lá numas especiais pistas que peguei na minha expensive folha de plástico super resistente - que comprei (2,75 euros, cerca de 3 metros), claro, lá no here (com cápa no meio) de denver ou coisa parecida - deleitando-me com suberbas descidas de grau de dificuldade 7 (é o valor máximo, lá nos states, em descidas da neve), apresentado as mais difíceis manobras que um professor me ensinou, numa das minhas estadias em bariloche.
que é que foi? estranham a coisa? para mim, ski alpino já deu o que tinha a dar. férias na neve é só para lá do atlântico. e ski, só mesmo o andino.
in a jukebox job downing blues in her leopard-skin anklehigh boots while i'm jackin' off reading playboy on hot afternoon
three times loser - rod stewart
já falei aqui em como os cronistas e entrevistadores das revistas, ditas, masculinas, me desiludem ao fim de 3 ou 5 exemplares. falarei agora, do que realmente interessa, do gajedo.
nunca compreendi muito bem a evolução, ao longo dos anos, das características físicas das mulheres que encontramos, nas fotos das revistas masculinas.
ou seja, isto trocado em miúdos, «porque raio, não valem um caralho, as gajas que hoje em dia, aparecem descascadas nas revistas»?
peço desculpa mas é algo que me preocupa. preocupa-me a mim, deixou de preocupar a minha mulher.
sempre disse à minha mulher que as revistas de gajedo que apareciam lá em casa tinham como fim serem objecto de leitura de entretenimento. e confesso, com as gajas que apareciam antigamente, tinha receio de ser apanhado a mentir, agora, meus amigos, basta ela olhar para a capa para que não haja dúvidas em relação aos meus intentos.
sejamos sinceros, gaja que apareça na capa ou na centrefold tem de ser realmente boa. tem de ter boa prateleira, tem de ter bom cagueiro. tem de ser gira, caramba! mas acima de tudo, tem de servir para que um puto de 13 ou 15 anos, a surripie ao pai e fuja para a casa de banho para abafar a costeleta à pala das catraias. há dúvidas? julgo que não, não é?
e eu ainda trago na mente algumas dessas senhoras, valentes nacos de carne na pedra, que serviram de inspiração, nos longíquos anos oitenta, para actividades lúdicas de índole privada.
mas na actualidade? oh meu deus, a coisa está mesmo no meio duma crise do catano. ajudem-me a perceber a coisa e não, já nem vou para o reino da pornografia, bom, adiante. você está dentro dum banco de esperma, prestes a doar 3 ml para a ciência. a enfermeira pergunta-lhe: - qg, maxmen, hmf, pode ser?
você faz um scan às capas que se lembra de terem acontecido nas edições estrangeiras d'antigamente. e recorda-se: duns tetos da herzigova, dum cagueiro duma belucci, das prateleiras (são várias, não são?) da nicolle smith, por aí fora... e diz, tudo bem, venham elas.
- bom, mas só temos edições nacionais.
você aceita na mesma e quando chega ao cubículo depara-se com quem? com, por exemplo, a núria madruga ou a soraia chaves. agarra-se à coisa, efrega, esfrega, esfrega e... e o que é que queriam? as moças são girinhas, tudo bem. são magras, elegantes e tal. mas porra, dão ponta a alguém?
diana chaves? que é aquilo, pá? ponta? ponta pode eventualmente dar se estiver a a abanar o cagueiro à nossa frente enquanto o autocarro circunda o marquês, mas numa revista? tenham juízo!
e depois há o caralho do photoshop. meus caros, um dos maiores erros é julgarem que nós precisamos de photoshop para... bom, para... vocês sabem não é?
vejam por exemplo aquela coisa da cinha e da filha. aquilo tem alguma lógica? mas gasta-se assim tanta página com fotos daquilo? eu olho para o corpo da ana marques (quem é que se lembrou que aquilo poderia ser sensual?) na gq e acho que a mulher é revsita a faia! sério, entre a coxa da apresentadora e o chão do meu hall, eu, confesso, não encontro diferenças.
aliás, consoante a tonalidade da pele das senhoras, julgo que os photoshopeiros escolhem 3 tipos de filtros: faia para as fotos de inverno ou para as branquelas, cerejeira para o pessoal que é fotografado no verão e wenge para as pretas. aquilo ne textura tem, caramba.
o pessoal gosta de ver um vinquinho aqui, outro ali, gosta da sua ruga, gosta de sentir a sua chicha. e claro, caramba, sem tetos ou prateleirame ou cagueiro em condições, qual é a ideia?
veja-se as playboys brasileiras. sempre têm umas barroas quaisquer, participantes do bb, todas grossas e tal para animar o olho. agora voltemos para este lado do atlântico, pergunto "em que parte é que a marta leite de castro foi uma boa idea para ser capa de uma revista?", re-pergunto «mas o que é aquilo, porra?"
gostava de ter a memória mais clarificada relativamente a estes acontecimentos. recordo-me que esteve gravado, no lado b duma cassete que tinha no lado a o kick dos inxs. era uma cassete tdk, normal, com um som péssimo. nem sequer de ferro era, muito menos de crómio. de metal? ui, dese material tive talvez duas ao longo de toda a minha vida, isso ficou guardado para coisas muito além.
eu tenho quase a certeza que o disco apareceu lá em casa vindo do andar de baixo, do rui pires. certamente foi para lá vindo de outra casa qualquer que eu não estou a ver o rui a entrar numa discoteca para comprar aquilo.
eu acho que o gravei porque tinha uma assombrosa versão do in the air tonight que eu na altura gostava imenso. sim, olho agora para a lista das músicas e confirmo, foi mesmo por causa dela.
mas a verdade é que depois esse disco acabou por ser entreposto musical para ir para outras paragens. estávamos em 1989, lá pela primavera, presumo - sei-o porque me lembro de ouvir esse disco no verão de 89 - quando então, como disse, a reboque do phil collins descobri este disco que retrata um pedaço do concerto para angariação de carcanhol para a amnistia internacional e que ganhou o nome de the secret policeman's other ball.
ora bem, eu não digo que foi por aqui que passei a gostar mais deste ou daquele senhor cançonetista. o que é verdade é que há ali versões que não lembram ao diabo. dentre elas, há uma, digamos, porreira que é o catch the wind do donovan - ok, confesso, é raro estar virado para aqui - e outra fenomenal - mesmo! - do i don't like mondays pelos boomtown rats que uma namorada me fez o favor de gravar uns anos antes em duas cassetes basf encarnadas, de ferro, e que eu virei e revirei até saber quem raio estava ali a cantar. é verdade, não sabiam?, não nascemos ensinados - mas as que me enchem mesmo a alma são duas cançõesinhas dos police cantadas pelo sting.
falo-vos do message in a bottle e do roxanne. tudo ali é perfeito, o som, o ambiente, a guitarra a acompanhar a voz. tudo, tudo é perfeito. falei da voz, pois, não esqueçam, estamos em 1981, o sting tinha, sei lá, 30 anos ou coisa parecida. aquilo é soberbo. o gajo naquela altura cantava como quem bebe água. e quando é daquela água que nós gostamos, ui, então quando é assim até sabe a capilé.
adoro esta versão do roxanne. tenho a certeza que foi daqui que passei a dar, ainda, mais atenção às coisas dos police e principalmente ao outlandos d'amour. gosto de tudo ali: já falei da acústica, já falei do dedilhar da guitarra, queria acrescentar a forma como é feito o "roxanne" inicial ou os silêncios que ele coloca na canção - também são muito bons os silêncios do bob geldof no mondays - e, vou-me repetir, na forma como o cabrão canta.
1 - todos sabemos o quanto os jovens são cruéis e pouco criativos. mas, haja justiça, são directos. por isso se há alguém que na turma seja loura, logo, ganha a alcunha de "a loura"; se é narigudo, aí o leque de opções é mais variado «pinóquio», «pencas», «chaveta», etc (sei do que falo); se é preto, adivinhem, é isso, chamam-lhe «o preto», se é coxo chamam-lhe «mantorras» e por aí fora.
com as diferenças musicais sucede a mesma coisa. agora, confesso, não sei, mas no meu tempo de «pinóquio» era cool gostar-se de música de vanguarda, mas não era cool gostar-se dos dead kennedys; era bem gostar-se dos genesis (pré "trick of the tail), mas não era bem gostar-se dos marillion - contudo, para algumas franjas da sociedade, era bem gostar-se desta banda -; era bem gostar-se dos omd mas não era bem gostar-se dos duran duran; podíamos gostar dos dexys mas nem pensar gostar, sei lá, dos tom tom club. já dos talking heads, curiosamente, era obrigatório gostar. podíamos e devíamos gostar dos clash, mas seria, no entanto, de muito mau gosto, gostar dos cramps.
num nível mais reles do gosto musical, além de estupidificante, era comprar uma guerra com o mundo, gostar-se dos: wham, do jim diamond, do gazebo, dos scotch ou da rádio cidade. e mesmo que as pessoas se divertissem mais a roçar as partes baixas ao som do power of love dos fgth ou do sign your name do terence trent d'arby, deveríamos mentir e dizer que aquele roça roça tinha acontecido enquanto o david lá na festa da sofia, tinha colocado o stairway to heaven.
um dia, o pio, um jovem com um toque de bola apuradíssimo, teve a sensatez de andar-se a passear por entre as colunatas do pátio do rainha com o movement dos new order. ora, actualmente, com a internet e a divulgação massificada de tudo o que existe no mundo musical, desde som, capas ou letras, eu julgo que ninguém consegue ter noção do quanto isso poderia significar em 1983. foi a primeira vez que eu vi esse disco nas mãos de alguém. sabia que existia, mas nunca tinha sequer visto a capa, nem lhe conhecia as cores. recordo-me que andei por ali a vaguear à volta do gajo só para ter o prazer de estar a olhar para aquele disco.
tempos depois ele andava com o under a red blood sky. carai, o gajo tem o under a red...? não, não tinha sido a primeira vez que o via, mas o endeusamento à volta do rapaz foi aumentando. ele era mesmo cool. o passo seguinte foi com o steve mcqueen dos prefab sprout, não havia dúvidas, ele tinha mesmo bom gosto. ele era, assim, uma espécie de bitola do que se deveria gostar em relação às coisas da música. era, pois, o oposto daquelas miúdas com autocolantes da bravo com o david gahan. é curioso que actualmente gostar do dave gahan já é cool, vá se lá saber porquê. até se ouve na radar, imagine-se!
recordo-me que o pio, lembrou-se de carregar uns 2 anos, talvez, mais tarde o provision dos scritti politti. reparem, não foi o songs to remember ou o cupid, foi mesmo o provison. e eu acho que esse acto deitou por terra todas as suas ambições em manter-se como rei espiritual ou platónico do bom gosto. pelo menos no meio daquelas almas parvas que se preocupavam com isso. ou seja, para as gentes "pensantes" daquele liceu, ele até poderia gostar de tudo o que vendesse menos de 5000 exemplares em portugal. nunca, mas nunca poderia gostar de coisas que tivessem sido disco de ouro.
eu que era uma puta vendida que me excitava de igual maneira com o the hanging garden ou com o disco band dos scotch, olhava para aquilo e imaginava que uma das caratcter´siticas das pessoas crescidas seria o facto de relativizarem todas estas questões, permitindo-nos podermos andar a ouvir o que nos desse na real gana mesmo que usássemos ténis sanjo em vez daqueles nike azuis com a onda laranja que custavam sete contos e oitocentos.
2 - consciente ou inconscientemente já utilizámos o advérbio «só» metido no meio de algumas frases como por exemplo: «o meu filho só começou a andar aos 12 meses»; «a minha filha só começou a ler aos 6(?) anos»; «...pois, só deixou de mijar na cama lá por volta dos 8 anos».
e eu disse inconscientemente porque acredito que não haja muita "maldade" no uso dessa palavra. mas há por aí - dêem uma vista de olhos em alguns dos blogs em que se falam sobre os filhos, por exemplo - uma parva competição tão enraizada que a sua utilização se torna ridícula.
confusos?
vejam comigo: as senhoras aborrecem-se quando ouvem o marido dizer "eu ajudo a minha mulher a passar a ferro", não é?
(é)
porque aquela frase já subentende que o "passar a ferro" é do departamento feminino e, portanto, é uma "ajuda" quando o marido se mete a fazer esse trabalho.
é certo que imbuídas por aquele espírito parvo das igualdade feminina/masculina, também ficam aborrecidas quando nos lembramos de ser meramente educados e gentis ao lhes abrimos a porta do carro ou seguramos a porta do elevador para entrarem, mas isso já são outros trezentos.
voltando a trás, aborrece-me tanto aquela colocaçãozinha do "só" nas frase sobre os putos que só me apetece dar-lhes com uma chinelada nos cornos.
ainda falam dos chineses e dos ingleses que gostam de jogar e apostar em tudo. os portugueses, mesmo que a feijões não lhes ficam a trás. competem com tudo e sobre tudo: o número de dentes, o dia em que deu os primeiros passos, a primeira vez em que escreveu «o povo está com o mfa», a primeira vez que observou que «ó mãe, a porteira do prédio do vasco, tem pinta de vaca, não tem?» ou a primeira vez que disse "ó pai, porque é que chamam águia lá ao milhafre do benfica?»
3 - o francisco camacho, além de ser um dos responsáveis por eu ter deixado de ler atentamente a gq - a filomena mónica está para a gp como a rebelo pinto está para a maxmen - faz parte daquelas pessoas que na passagem de adolescente para adulto, acomulou o ponto 1 e o ponto 2 deste post.
ele tem uma crónica mensal lá na referida gq onde fala sobre música. poderia ter escolhido muitas formas de falar sobre este tema mas escolheu precisamente a mais parvinha de todas. ou seja, decidiu enveredar por «vamos lá falar sobre músicas que as outras pessoas gostam e que eu não gosto, realçando o facto de eu ser muita bom por gostar das músicas que eu escolhi gostar enquanto que todas a restante população mundial é ignóbil por gostarem de lixo discográfico em quantidades industriais.»
eu já nem vou ao ponto de destacar a crónica em que ele desanca nas pessoas que gostam dos abba, vou-me calar quanto ao facto de ele ter malhado nos pobres il divo do simon cowell, mas achei realmente uma coisa parva - porque acumula a gabarolice parola com estupidez - a crónica em que decide demonstrar que ele é um ser superior porque nunca permitiu que os seus filhos decidissem que tipo de música se ouviria no seu carro.
(é assim mesmo, pá!)
ou seja, ele é que é bom e esperto porque na sua viatura nunca se ouviu o noddy, a hannah montana ou o bob o construtor. enquanto que os seus amigos que não puseram travão a esses hábitos são pessoas inferiores.
bom a coisa poderia ficar por aqui caso fosse apenas essa a ideia da crónica. acredito até que a ideia principal seja apontar com humor todas as dificuldades que temos em controlar os desejos das nossas crianças, uma vez que isso é verdade. o que não é verdade é o facto de ele ter piada, por isso refugio-me no facto do autor ter mesmo tentado demonstrar o que está patente nas suas crónicas sem qualquer outra mensagem humoristica subrepticiamente escondida.
(é verdade que posso não ter cabecinha para encontrar esse tom humorístico nas crónicas da gq. mas também nunca disse que a gq tem a medida do meu arcaboiço cultural. longe disso! sou um gajo que ainda gosta de ler o cascão e o chico bento, pessoal)
assim, o bom do camacho lembrou-se de apimentar a crónica com os resultados da sua boa e acertada acção em não permitir que os seus herdeiros ouvissem o que bem lhes desse na gana dentro do seu carro. a exemplo que já tinha sucedido com ele, que com apenas oito anos já ouvia coisas superiores como os beatles - que decidiu gravar em enormes bobinas apagando as coisas do charles mingus ou do gerry mulligan que o seu pai costumava escutar - também o seu petiz já ouve no seu ipod, bandas, decerto reveladoras do grau de superioridade em relação aos colegas da primária, como os arcade fire, o josh rouse ou os pixies.
(que bonitinho, viste?)
a cereja no topo do bolo sucedeu quando confrontou o filho em relação ao presente que os seus amigos deveriam dar à criança. assim, em vez dos tokio hotel ou outras coisas mais "morangos com açucarzadas" que o mercado fnaciano tem, a criança - tão bem educadinha, não é? - sentenciou: quero um disco dos beatles.
4 - pergunto (e concluo) eu, tem algum mal gostar dos beatles? credo! era a última coisa que eu poderia dizer. tem algum mal gostar dos arcade fire? dos tokio hotel? dos pixies?
não, não tem mal rigorosamente nenhum. o que tem mal é fazer crónicas retroagindo como se fosse um daqueles adolescentes parvos que gozavam
gozavam e gozam! ainda presentemente ouço pessoas pronunciarem frases como se fossem trofés cronológicos, como: eu com 12 anos já ouvia os discos dos king crimsom do meu pai!
com os colegas que gostavam dos wham em vez dos judas priest, usavam calças da ramirez & raul em vez das levi's ou viam filmes do spielberg em vez do bergman. mais a mais, denotando orgulho nas opções do seu rapaz.
e pergunto ainda outra coisa «e tem mal agir assim?». não, não tem mal nenhum. uma coisa é escrever sobre isto num blog parvo como este, outra coisa é escrever numa revista, não gratuíta, sendo ainda por cima pago para esse efeito.
e pronto, suponho que é bonito mantermos estas criancices parvas ao longo dos anos.
isto é tão ridículo como se eu me lembrasse de me orgulhar e encher o peito perante os coleguinhas da escola da minha filha, só porque ela, imagine-se, no meio dos seus 4 anos, sabe cantar o «as» do stevie wonder.
por razões que não vêm agora ao caso, é visita lá da nossa casa, uma senhora já com umas décadas valentes no corpo mas que tem o espírito e a alma todos enxutos.
é, digamos, uma velhota toda práfrentex.
revela esse seu lado modernaço utilizando, sempre que pode - e mesmo quando não pode - palavras estrangeiras ou não, que "apimentam" as frases que profere. falo de palavras ou interjeições, como: cachet, oh yeah, glamour, class, style, uau, etc.
num outro dia, quando lhe dava boleia para a estação, enquanto falávamos do frio, do trânsito e da previsão meteorológica, interveio da seguinte forma:
- sabe pedro, fica bem com essa barba. (eh pá! qual barba? pensei eu. isto quanto muito é um projecto de barba, mas tudo bem) - ai sim? obrigado. - sabe, dá-lhe assim um ar de... - (ai o que é que ela vai agora dizer) - ... um ar de ... - (ai...) - ... um ar de performance!
não me fodam, uma senhora que me diz que há uma parte do meu corpo - seja lá ela qual for - que me dá um ar de performance - mesmo que a senhora não saiba o que quer dizer - merece todo o meu imensurável respeito.
há umas quantas músicas, maioritariamente dali daquela zona que vai de 1977 até, vá lá, 1983 - encontrando-se no entanto vestígios ainda em 1984 e inclusivamente em 1985 -, que têm aquele ritmo de bailarico dos anos oitenta e que me fazem jingar ajancas - é aquela parte do corpo eruditariamente denominada por "ancas" - e abanar a cabeça para um lado e para o outro, ao mesmo tempo que as mãos fechadas batem verticalmente uma na outra, alternando a esquerda com a direita, ficando a primeira uma vez em cima e a outra em baixo, mudando de posição em seguida.
isto pode parecer muito técnico - e é - mas se forem aqui ao teledisco do discotheque, verão que na parte "satuday night fever" - minuto 1 e 42 e seguintes - o the edge efectua essa ginga, perante o abanar de cabeça aprovador do seu vocalista quando que ele passa defronte dele.
ora dentre essas músicas que aludo no primeiro parágrafo, há uma que, digamos, me incendeia. falo do last night a dj saved my life dos indeep.
calma, não comecem logo a mandar as pedras que reuniram assim que se sentaram em frente do pc e pensaram «deixa-me cá mandar uns pedragulhos aos cornos do pitx».
para mim esta canção - canção, é realmente uma palavra supimpa - começa dois anos antes com a linha de baixo do another one bites the dust que vinha no lp de 1980 chamado the game.
é com uma linha de baixo parecida com a que o deacon inventou para o another one.... que os indeep criaram uma das minhas canções favoritas para abanar o esqueleto.
a somar a isto, temos de referir mais dois ou três pormenores que me deixam perfeitamente de rastos e que para mim são alguma da raiz destas coisa que é o som dos anos oitenta.
comecemos pelo vídeo.
eu suponho que não havia teledisco destes gajos na altura, por isso o que se vê por aí são meras actuações em programas de tv.
poderão neste momento estar a questionar a minha sanidade mental por estar a mostrar este clip, mas acreditem, eu gosto mesmo disto. sei que é foleiro, sei que não é muito giro - atenção, calma, a música é fantástica, ok? - mas eu nutro, digamos, um carinho igual ao que acontece quando ouço os comentários do gabriel alves, que metem a um canto toda a porcaria da sport tv e da tvi.
adiante.
dizia eu que há elementos neste clip que merecem um registo pormenorizado:
- comecemos logo à partida pelo povo que está a assistir àquilo e a gingar ao mesmo tempo que bate palminhas. um mimo! as roupas então... pronto, no fundo eram precisamente as roupas que todos nós usávamos.
- dêem uma vista de olhos à cantora do lado esquerdo. gosto particularmente da maneira como ela demonstra, ao efectuar aqueles passos de dança, que os seus antepassados eram... patos!
- temos então a linha de baixo por fundo, enquanto que desata a tricotar sobre o baixo, uma guitarra com uns acordes, o mais funk possivel.
- ao centro, ora ao centro é que estão elas. mas já lá vamos.
- quero referir que é notável o casting que foi efectuado dentre o leque de "sons" que se podem adicionar a músicas. existe o som do telefone a tocar que alude ao facto de uma delas ter ligado para casa do seu homem e de ninguém ter atendido. foi então que o dj salvou-lhe a vida com uma canção. isto é poético, foda-se. depois vem o som do guinchar dos pneus. ao que parece ela pegou no carro para bazar dali mas não teve muito sucesso.
- e vem então a parte em que o senhor do meio intervem. bom, ele esteve o tempo todo a dedilhar o baixo, é certo. mas aqueles wayfareres de lentes escuras e a barba assim, à lá rick rubin, faziam temer o pior. é então que ele assume o papel de dj e filosofa da seguinte maneira:
there's not a problem that i can´t fix cause i can do it in the mix and if your man gives you trouble just you move out on the double and you don't let it trouble your brain 'cause away goes troubles drown the drain i said away goes trouble down the drain
e se estas palavras já eram um nirvana do caraças ditas da forma que o são, ao colocar-se um som dum autoclismo numa canção funk/disco, meus amigos, é memorável
- well all right!
notas finais: os indeep fizeram também o when boys talk e o subvalorisado e fantástico buffalo «iupi iá ei iupiá oh oh, iupi iá ei iupiá oh oh...» bill. a mariah carey decidiu por sua vez, regravar o last night... mas eu já tenho coragem de fazer aqui qualquer link. tudo o que não tenha o ar cool do senhor de barbas e óculos escuros, meus amigos, para mim não merece referência.
existia um filho e um pai. um pai que era assim uma espécie de excremento farsola. do mais farsola possível. daqueles que nem para estrume servem. e esse pai não gostava desse filho. e esse pai, por isso, nem sequer falava com esse filho. e o filho nem era daqueles que tinha dado muito trabalho ao pai com cenas de drogas e roubos e afins. simplesmente o pai não gostava dele, mas gostava de apregoar esse ódio.
e esse filho que existia deixou de existir porque morreu. e o senhor da polícia que telefonou lá para casa a avisar o pai, recebeu como diálogo a seguinte frase: - olhe que se é para me falar do meu filho, é bom que seja para me dizer que morreu porque já não posso mais com ele e com a vida dele. - ...pois... infelizmente... como é que eu hei-de dizer isto... infelizmente é mesmo sobre isso... é que o seu filho morreu mesmo. - olhe, é de maneira que já não me chateia mais. está melhor agora, é o que é.
e o pessoal por vezes tem problemas de consciência e nem consegue relativizar muito esta coisa do exercício da maternidade e tal e, tragicamente, é com história destas que vemos que afinal há coisas bem piores do que a nossa filha que é uma besta (e é mesmo) porque faz sempre birra para comer de manhã.
p.s.: a coisa ganha contornos de loucura e estupidez quando se chega ao ponto do dito pai, ao se ver na eminência da partida do funeral do filho, de lisboa para uma terra da província, ter pedido ao senhor da funerária para lhe levar o frigorífico na carreta "porque lhe dava jeito ter uma coisa daquelas na terra."
adorado desde o início dos oitentas, comprado na feira - 5 pintores - aí por oitentas e setes ou oitentas e oitos, uma delícia para as décadas seguintes.
o melhor disco ao vivo de sempre?
quem sabe?
guess i'll always have to be living in a fantasy that's the way its got to be from now on
a patti, uma gaja que me encornou durante os 3 anos que namorámos... espera, não é nada disto.
a patti, uma gaja que me mudava a algália quando eu fui operado.... também não é isto. eu sei que é uma coisa má mas não me estou a recordar.
a patti, uma senhora que nos atirava com baldes de água de cada vez que lhe patinhávamos a escada onde era porteira... ainda não é bem isto, confesso. mas eu sei que é uma coisa má, porra!
a patti, uma chavalita que lê o meu blog - é isso, porra! - recordou-me que hoje faço 4 anos de escrita ao mais alto nível. ao nível, do rato e do teclado - confesso, nem gastei uma única carga de caneta e também não cheguei a aguçar o lápis. é tão giro dizer aguçador, não é?
pois é verdade, foi há 4 anos que me meti nestas coisas. nada mau, não é? já dura há mais tempo que o jornal já do miguel portas. e diga-se de passagem, não precisei de ter os dentes tão escuros que os dele.
dizem que é dos chocos com tinta. acredito.
e posso ter a barba mais mole que a do senhor, mas caramba, tenho um blog que dura há mais tempo que o extinto jornal e tenho também mais fios capilares que ele. e seguramente que a minha irmã corta melhor o cabelo que a irmã dele.
e eu imagino que logo à noite vou aparecer no telejornal da manela e quero estar bonitinho, ora!
* pronto, o segredo acho que é um site que nos indica quando os blogs fazem anos. vá-se lá a saber porquê, houve uns senhores (ou senhoras) que se lembraram de lá escreverem o nome do meu blog.
você (mulher, homem abichanado ou homem sem ser abichanado mas também sem problemas com a sua sexualidade) chega a casa com aquela fome que até tresanda.
procura nas gavetas o seu vibrador favorito (ai do que ele se foi lembrar). encontra-o.
senta-se na sala a massajar... ora a massajar a face, não é?
e massaja e massaja e massaja e às tantas aquilo cai-lhe no colo e vai-se lá a saber porquê, deu-lhe vontade de comutar o botãozinho para a velocidade máxima.
e é então que aquilo começa a fazer barulhos estranhos. procura por um buraquinho, um botão, uma gaita qualquer que faça reset à coisa e nada acontece. procura nas gavetas pelo manual de instruções, quer desligar a coisa e já não se recorda como se faz. o seu companheiro (companheira, companheiros ou companheiras - riscar a palavra que não interessa, por favor) está quase a chegar e você está com vergonha do que ele possa pensar «ó luís alberto, pela alminha da tua mãe e minha sogra, eu juro que estava só aqui a massajar as maçãs do rosto. o quê, estou com os collants para baixo? tinha estado a mijar, porra!» e o raio do manual de instruções que não há maneira de aparecer...
pronto, nós temos a solução. vá até este site, insira a marca e o modelo e tem a vida facilitada.
(e eu acho que aquela caixa enorme onde guardo aqueles calhamaços dos manuais de instruções de tudo o que é coisa - sim, pareço quase o diniz jaime - lá de casa, é agora que vai mesmo para o "baldo lixo" - é assim que se escreve, não é?)
você vai a como a quem vai, pronto, assim do i cê dezanove para a damaia e num repente o carro pára. olha para o tablier e vê que realmente o depósito está mesmo a zeros. está uma chuvada do caneco e você tem as suas gémeas bebés no banco de trás. por sorte, lembra-se que há um garrafão velho do porta bagagens. tem de ir até à bomba abastecer mas não pode carregar com as crianças porque elas farão uma birra descomunal e além disso não conseguiria trazer tudo ao mesmo tempo. já para não falar que as crianças por causa da molha da chuva apanhariamgripalhada na certa.
entretanto uma pessoa ali daquele bairro mesmo, mesmo, mesmo ali ao lado, pára o seu tunning luminoso junto do seu carro, abre o vidro, ajeita a pála do boné, coça a orelha e o diamante que lá está preso, baixa o volume do rádio e pergunta:
- ô dréd! qui'stás fazendo aqui parado?
você explica-lhe a situação tin-tin por tin-tin, duma forma educada e civilizada.
ele então diz-lhe:
-se tu quiseres, órientas-me aí 20 euros que eu vou ali à bomba safar-te disto, queres? mas tens de me dar também mais outros 20 para eu ir comprar também um panfleto. para render mais logo, considera como sendo uma comissão. eu depois ligo-te mais tarde e devolvo-te esses 20 euros.
você diz que sim, diz que não ou diz que sim a medo?
e se em vez do rapaz bronzeado - como diz o berlusconni - parasse um destes senhores, com uma conversa idêntica. como reagiria?
eu ando aí com uns três posts na cabeça mas são todos, infelizmente, para "dizer mal de" e isso gasta-me muito e consome muito tempo. quero dizer mal do francisco camacho, da gq, das gajas que aparecem nas revistas supostamente masculina portuguesas, quero dizer mal... e não tenho tempo.
falemos de amor
aí por volta de 1990 e 1991, o meu pai, recém proprietário de um video-gravador, aproveitava as minhas ausências ao serviço do excelso e ridículo serviço telegráfico do exército desta nação, para validar, aos olhos do seu filho, acções que lhe garantiriam o reconhecimento como "pai modernaço".
dentre essas coisas que ele fazia, conta-se a gravação de programas do tutti "colpo grosso" frutti dos serões da sic «caldo, caldo, fredo, fredo...» ou então matinés de variedades com cantores modernos.
numa dessas cassetes que ele gravou estava um concerto da sinéad o'connor de quem, obviamente, só conhecíamos o "... guess, what he told me, guess what he told me...". no início achei uma tolice aquela gravação. mas com o tempo e com as intermináveis vezes que fui vendo, a verdade - vamos lá tirar o chapéu ao velhote - fui acabando por gostar.
durante anos, sem saber de alguém que tivesse discos da sinéad fui-me mantendo na ignorância acerca dos títulos das canções que estavam nesse concerto e, porque parte das letras são interpretadas com guinchos, urrus e afins, também não consegui entender a maior parte do que a senhora dizia, para que pudesse procurar por essas discotecas da cidade.
além do last day of our acquaintance que percebi era também do mesmo disco do «it's been 7 hours and 15 days...» havia uma outra que nunca cheguei a saber nome da canção e muito menos em que raio de disco existia.
até há pouco tempo. perdida a tal cassete vhs, desatei noutro dia a fazer uma sindicância o you tube de ponta a ponta, até descobrir ao que vinha. e ao que vinha nem eu sabia muito bem o que era.
o que é mais engraçado é que há uns 10 anos, um antigo colega de trabalho (pronto, antes que perguntem, foi o hugo lima), tinha também essa gravaçao - ou tinha-a visto quando foi a casa de alguém ou coisa assim - e guardava sobre essa canção, a mesma menemónica que eu também criei sobre esse momento do concerto: é a parte em que ela aparece com um batido, eventualmente, da herbalife.
e apesar de ser uma interpretação bruta, por vezes esganiçada, outras vezes corajosa, outras ainda exagerada, a verdade é que eu adoro vê-la neste vídeo - recorda-me a natalie portman - gosto do povo a acompanhar «...there is no other troooooooooyy...", gosto que a guitarra seja de 12 cordas - apesar de nem sequer saber se isso é bom ou mau -, gosto que o povo só bata palmas a partir de certa altura e gosto da forma que ela fala sobre esta gaita, esta cena que é o amor.
não que o amor, o início do amor, o fim do amor, seja diferente aos 15, aos 20 ou aos 39 anos. o que é diferente é se ele acontece em 1796, em 1545, em 2008 ou em 1991.
pelo menos em 1991 havia estas canções. e eu acho que faz mais sentido o amor com as canções desta altura.
well, you should have left the light on you should have left the light on then I wouldn't have tried you'd never have known and I wouldn't have pulled you tighter no, I wouldn't have pulled you close i wouldn't have screamed now I can't let you go if the door wasn't closed no, I wouldn't have pulled you to me and I wouldn't have kissed your face you wouldn't have begged me to hold you if we hadn't been there in the first place but I know you wanted me to be there every look that you threw told me so but you should have left the light on you should have left the light on...
pergunto-lhe, num tom catastrófico dado o seu - apesar de contido, é certo - momentâneo mau feitio, se ela tem noção da desgraça que seria a minha vida, se se desse o caso de no futuro as duas ficarem com o período ao mesmo tempo.
- e ficas desde já avisado que realmente as mulheres que vivem juntas tendem, vá-se lá a saber porquê, a menstruarem-se na mesma altura!
(tentei fazer um simulacro mental da coisa e confesso que não consigo imaginar tamanha desgraça. pelo sim pelo não, escrevi o número da protecção cívil numa medalhinha que usarei ao pescoço)
percebemos que atingimos uma certa idade* quando visitamos o museu** do brinquedo e há lá jogos que já foram jogados por mim.
* cum caraças que isto não há maneira de parar ali nos 33, pronto! ** um museu, imagine-se! não estamos a falar duma mostra regional. estou a referir-me a um museu. uma casa com coisas velhas e tal....
... eu exijo que haja uma petição nacional para sugerir (não convem obrigar ou forçar o mulherio) que a fernanda serrano deixe ficar o cabelo curtinho.
oh meu deus que coisa mais boa (e todas essas coisas que me passam pela cabeça)!
(desculpa lá o mau jeito, mas foi o filha da puta do cabrão do câncro que te obrigou a ficar mais... ó caneco, eu nem tenho palavras, pá. estás gira mas mesmo gira, porra!)
... and he was just like a great dark wing within the wings of a storm i think i had met my match - he was singing and undoing laces undoing laces.
e eu fico a pensar que seria algo, digamos prazeiroso se aqui a senhora dona estefânea me tivesse aparecido à frente, em 1979, vestida precisamente como aqui no teledisco, a contar-me estas coisas.
(talvez fosse melhor não em 1979 mas, vá-lá, em 1989. por via das dúvidas, em 1989 seria mais sensato. mas que viesse na mesma, pronto)
e estou agora a pensar, os tais que se indignaram com as tais palavras da ferreira leite são os mesmos que se indignam com o que o moutinho diz na entrevista à gq.
faz-se um frisson do catano, publicam-se artigos, fazem-se declarações mas ninguém vai rever as imagens onde a senhora diz a tal frase, ninguém lê o que disse o moutinho, ninguém faz nada. pronto, emitem-se opiniões e omitem-se neurónios. é a vida.
será que há mesmo alguém que depreenda nas palavras da ferreira leite a ideia "eu cá queria era mesmo que isto fosse uma ditadura!"?
infelizmente, há!
será que há mesmo alguém que depreenda nas palavras do moutinho "eu cá queria era mesmo jogar no benfica!"?
estas coisas, este burburinho, este frisson, as declarações do alberto martins, toda esta parvoíce faz-me recordar o penalti em alvalade sobre o moutinho, no jogo frente ao clube. uns dizem que ele sentiu a mão e deixou-se cair outros dizem que ele caiu porque foi empurrado.
as declarações da senhora são... ou melhor, a forma como algumas pessoas reagem àquelas palavras vem reforçar a minha ideia acerca de como se anda a fazer política: tratam os palavras, as brincadeiras, as bocas, sei lá, os bitates como se fossem proferidas, solene e seriamente num discurso de cinco de outubro ali da varanda dos paços do concelho. por outro lado, são toscos, mancos e e incultos de ouvido com as palavras que, precisamente se ouvem nesses palanques.
venham cá pedir o vosso voto que eu vos manda cá para um sítio que eu cá sei.
perguntam-me, uma ou outra pessoa, pelos desenvolvimentos deste post. peço, desculpa, lá vou eu respondendo, mas há certas coisas que não se apregoam, não se contam, não se mostram descaradamente.
mesmo que, à primeira vista, pareça algo bonito e "humilde".
(para mim, é como olhar para a bandeja das oblatas quando ela passa à frente dos "mais afortunados do que nós", para sabermos o quanto é que eles eram solidários para com a paróquia.)
o meu bairro não foi produtor de pessoas que possamos dizer que vieram a ser, digamos, vá lá, famosos.
quando lemos as entrevistas biográficas nos jornais a quem quer que seja, há lá sempre uma ou outra referência a um antigo amigo de infância que agora é ministro, ou jogador da bola, ou actor de teatro ou reitor universitário. no meu bairro não temos nada disso.
quanto muito temos um gajo que jogou na primeira divisão, um outro que foi porteiro de discoteca e sex symbol regional outro que foi dirigente federativo e pouco mais. pessoas com cursos superiores antes da minha geração não foram coisa abundante. ainda agora recordo bem o cachet que era podermos dizer como remetentes - já que imaginaríamos algo muito distante, podermos ouvir como destinatários - «o nuno, primo do kaiser anda no técnico." carái, andar no técnico, imagine-se. porra, era algo muito além.
assim, tirando os que tiveram sucesso, digamos, individual - e houve, obviamente, muitos, graças a deus - gente famosa, meus amigos, não houve.
a minha escola secundária, o rainha, já teve mais qualquer coisa de, digamos, conhecido: há ali aquela que escreve nos jornais; aquela que namorava com o irmão da cláudia e que tinha sido miss fotogenia ou lá o que foi; aquele que é, digamos, empresário na área canina, etc.
saudosista como eu sou - será que é um mal (ou um bem) exclusivo da minha geração? - faz-me sempre bem, saber o que é que este ou aquela "agora fazem". se casaram? quantos divórcios agora têm? em quantos blogs escrevem? coisas assim, nada mais que isto. não tenho a veleidade de imaginar que vou estar com eles todos os dias da minha vida, não sonho que vou passar o resto das noites a falar com eles ao telefone, não pretendo convidá-los para o baptizado dos meus filhos, nem quero que me forniquem a alma quando o meu clube perde... mas gosto, gosto de saber que (ainda) existem.
ainda antes desta coisa de mircs, mails, blogs, ou hi5, vi, uma noite, num programa da rita ferro rodrigues um dos meus dois melhores amigos da preparatória. ihhhh, ele estava na mesma. já não falava com ele há uns valentes anos e fiquei ali meio estarrecido a olhar para o gajo a ser entrevistado pela miúda. ele agora tinha uma actividade profissional completamente diferente daquilo que eu imaginei, quando tínhamos 11 anos, que ele pudesse vir a ter quando fosse crecido. pensei que o seu futuro estava ligado a qualquer coisa como a redacção dalgum "jornal do incrível" ou, eventualmente, ser funcionário da nasa. mas não. durante o seu percurso numa escola secundária diferente da minha, era um dos sex-symbols do camões, foi surfista, gostava de música de vanguarda e ali, no programa da tv dizia-se escultor/restaurador. um mimo! não descansei enquanto não telefonei para lá, inventando uma pergunta reles qualquer, apenas pelo prazer de lá enfiar a frase "... só por curiosidade, eu sou o jaime, teu colega da cesário verde...". prazer esse redobrado porque ele fez aquele sorriso que o nick também faz quando a karen começa a tocar os primeiros acordes dos stones no funeral do alex.
na minha vida tive sempre um ou outro fio solto de antigos amigos. gente com quem me dava muito bem e que a vida obrigou a que cada um seguisse o seu caminho. gostei de rever, por exemplo, há uns quatro anos, na fil, o meu primeiro amiguinho da primária. foi mesmo emocionante, confesso. e já nem encomendo que do lado de lá também haja o mesmao enternecimento. eu não posso obrigar que todo o mundo venha com o pacote "vaz nápoles" incluído na encomenda. - meu caro engenheiro, sabes do que falo, não sabes?.
por isso foi com alegria que descobri, noutro dia, que dentre o grupo de pessoas que entrou sorrateiramente pela porta de serviço do prédio da sinfonia, na avenida de roma, para se entregar aos prazeres carnais dum jogo de bate-pé, há gente que agora são engenheiros encartados, tradutoras de grego ou ilustres advogados. não fiquei alegre por saber que são essas coisas todas, fiquei foi contente por saber que essas pessoas ainda existem. o facto de terem essas profissões tão credenciadas só apimentou a coisa.
mas gostava de saber, sei lá, o que faz o varela que andava sempre de sobretudo; o paulo jorge que era a loucura das meninas e que vi pela primeira vez trajando umas jardineiras de ganga quando fui ver os horários do segundo ano; o luís pedro de odivelas, o rui fernandes de chelas; o edmundo que virou bombeiro, a cláudia - menina do meu primeiro beijo -; a paula boazona; o carlos «gordo» augusto; o ayala botto; o picanço; o emílio; o ratana; o amaral...
gente que não vejo há mesmo muitos anos e a quem gostava de dizer «olá, recordas-te de mim?».
adiante.
vi-o há uns 20 anos ali na actor taborda. ainda pensei que não fosse ele, mas parecia mesmo. vinha a sair do prédio do independente mas a última coisa que imaginei foi que trabalhasse lá. o luís?, nahh, não pode ser.
aqui há umas semanas leio uma referência a um lançamento qualquer dum livro na fnac do chiado, onde teriam estado um "ex-colegas do autor, no tempo em que escrevia no independente de nome...". eh pá, pensei, tu queres ver que é mesmo ele? googlei o nome e lá encontrei algumas referências mas nenhuma fotografia. que caraças, será que, seguindo o curso natural do seu envelhecimento capilar precoce, já estava com o cabelo completamente branco? pois, não pude responder.
e a vida seguiu.
sábado precisei de comprar um jornal para os meus sogros. sentei-me para o folhear e a dada altura lá estava ele. carái, é mesmo o luís!
que giro!
e olho para aquelas fotos, leio o que escreve e aquilo não me faz sentido. tento me recordar dos seus atributos e os académicos são os que menos recordo. lembro-me que comigo - e com mais uns quantos valentes - reprovou no nono ano. lembro-me que comigo andou quatro anos na mesma turma mas o que mais recordo é da sua finta com bola. tinha uma forma fodida de fintar, assim, com a bola sempre junta ao pé. ali, parecia que a conduzia como se ela estivesse presa com um elástico. e fazias marselhesas que eu lembro-me bem. estou aqui a pensar, tu eras dos iniciados do teu sporting não eras? era o firmino - ah firmino, lembrei-me tanto de ti nestas férias que fiz na madeira, pá - nos juvenis e tu nos iniciados, não era? e a forma como ias por ali fora, assim meio inclinado, a fazer avançar a bola, com pequenos toques, sempre conduzida pelos dois dedos de fora do pé direito, não era?
agora coisas escritas? caneco, é que não estou mesmo a imaginar-te a fazer isso. a escrever? ainda por cima no expresso? que giro, pá. é que nem sei se tens mérito para isso, mas a verdade é que estás lá. sabes que fiquei orgulhoso? bem sei que é uma coisa parvita, mas fiquei, pronto.
sabes que sei de cor o teu aniversário? 21 de maio, não é? e sabes porque o sei? porque é o mesmo dia em que pedi namoro a uma gaja, ao vivo, ali duma forma oral, num sábado do início dos oitentas, no ginásio lá da escola.
e sabes o que é que aconteceu também nesse mesmo dia? uma valente bebedeira: eu, tu, o rui, a cristina - vi-a noutro dia, ainda com o gugas, imagina só. devem estar juntos há quase vinte cinco anos, não é? - e mais a carla, o augusto e a sofia a assistir. que cena, nós na sala de geografia, recordas-te? um dia conto-a aqui, vale? foi o dia de são smirnoff.
mas repito, é giro ver-te assim, descontraído, lá nas fotos. maravilha! acreditas que até já tinha pedido a um amigo que mora na tua (antiga) terra, se ele conhecia gente da nossa geração que pudesse reconhecer o teu nome? é coisa de parvos, não é? mas nem era para te chatear, acredita, era só mesmo para saber que existes. saber o que sentiste ou onde estavas quando o nuno gomes marcou aquele terceiro golo contra a inglaterra em 2000. ou saber como viveste o teu título com o inácio a comandar os teus leões. coisas assim, sabes?
pronto, não te chateio mais. quis só mesmo dizer que fiquei contente por finalmente te ver. fiquei ainda mais por saber que escreves, deus do céu.
a minha terra, os meus colegas não deram em celebridades. mas a minha vida ainda não acabou, um dia destes ainda os surpreendo quando estiverem sentados numa mesa qualquer dessas fnacs da vida, enquanto que eu ali estou em pé, na fila para recolher um autógrafo.