terça-feira, abril 24, 2007

puorto cuanal (II)

o porto canal tem um programa com adeptos dos três grandes (dois de cada clube, imagine-se!).

estão a ver aquele mito urbano (bem real, diga-se de passagem) que diz que todo e qualquer paineleiro do fê quê pê é tendencioso, faccionista, fundamentalista e normalmente parvo? estão a ver, estão?

então vejam o programa do porto canal em questão (só faltava mesmo eu saber o nome, mas é irrelevante) e respondam-me se o problema é dos comentaristas do fê quê pê ou se não é mesmo dos paineleiros oriundos do porto (cidade?)

atenção, perigo: os paineleiros lampiões desse programa estão classificados como sendo da quinta ordem do irritanço mundial

puorto cuanal (I)

ontem o porto canal passou o tempo com ligações em directo ao palácio da bolsa onde havia uma orgia bacoriana de homenagem aos 25 anos de presidência do jota nê pê cê.

e pronto, gasta-se tempo nisto.

segunda-feira, abril 23, 2007

letras

no dia cinco de outubro a vieira do mar escreveu isto sobre uma música da simone. é arrepiante como é que há pessoas que não conhecemos, que nunca vimos na vida, conseguem pensar, dizer e depois escrever*, precisamente aquilo que anda pela nossa alma.

o que agrava mais a admiração é pensar que há duas décadas
ela também pensou o que eu pensei desta música e que, vinte anos volvidos - no meu caso foram só dez. foi o tempo que demorei a ter essa música outra vez -, teve sensações idênticas às minhas.

maravilha.

a música é esta.

*a parte "...e depois escrever" é que me tira do sério. eu se quisesse (e pudesse!) escrever sobre esta música, tinha-o dito desta forma.

como não o sei fazer, pronto, aqui vai o linkamento.

sábado, abril 21, 2007

com ano bom

no dicionário de português das sms dos nokia, a palavra amo vem em quarto lugar. por isso, quando queremos escrever amo-te, temos primeiro de passar por com, ano e bom.

meus amigos, como é que é possível que uma palavra desta importância, que é utilizada milhares de vezes (espero) em sms's, surja opcionalmente em quarto lugar? imagine-se, em quarto!

com e bom, ainda vá que não vá, agora ano?

estes finlandeses!...

rio alcoa e rio baça

no espaço de seis meses dois valentes reencontros. dois grupos que se voltaram a reunir.

um grupo que já não se via há 20 anos e um grupo que já não se congregava há uns 10. um primeiro grupo com pessoas que se conheceram com 15/16 anos e o segundo grupo com pessoas que se conheceram na idade universitária. duas realidades bem diferentes, duas épocas - uns nos oitentas, outros bem no meio dos noventas - duas faixas etárias, dois tipos de brincadeiras, dois tipos de conversas, dois tipos de cumplicidades.

a unir isto tudo: muita saudade, muita amizade, algum - sempre - amor.

e à medida que os anos vão passando por mim, sucedem-se estes acontecimentos, estas frases: lembras-te de quando fomos a....? já passaram 15 anos; xiiiii, já não te via há 10 anos; porra, mas isso aconteceu há já tantos anos, pá.


ontem, dia de aniversário duma amiga. uma velha amiga, uma velha colega, uma velha companheirinha mesmo. dia de rever outros amigos, outros irmãos(ãs), outros companheiros, outros amores. e de repente aquela cumplicidade que referi aqui há umas semanas, acontecida com um outro grupo, voltou a aparecer. e quando damos por ela estamos ao redor daquelas conversas, daqueles segredos, daquelas velhas histórias, daqueles velhos amores.

lembrava eu a uma amiga no meio duma conversa:

- lembras-te quando disseste (dissemos), no meio duma choradeira de vinho tinto, baba, lágrimas e soluços que desconfiavas que estas nossas amizades não iriam resistir ao tempo? que quando terminássemos isto (que vergonha, minha querida, devemos ser os dois únicos que não entregámos a tese) nunca mais nos iríamos ver? que em vez de nos vermos, pronto, vá lá, de seis em seis meses, só nos iríamos ver de 10 em 10 anos?

apesar das minhas certezas que isso seria impossível, disse-lhe na altura que eu era incapaz de me desligar daquele grupo assim com um clique. e vamos a ver e afinal a vida não nos deixa ser meninos para sempre. porcaria! por outro lado, deixa-me encantado rever estas pessoas após tantos anos. revê-las com a certeza que aquilo não foi um afastamento, foi uma simples interrupção de conversa.

eu tenho para mim que vocês já sabiam que iríamos voltar a rir da mesma forma que sempre rimos, não era? e acreditem, eu
ficaria era triste, se soubesse que nem de 10 em 10 anos eu poderia rever-vos da forma que revi ontem. isso é que era pior.

e é isto que me faz gostar de ficar mais velho. é gostar de ganhar estas patine cumplicista (não procurem nos dicionários, foi inventada agora mesmo) que não se ganha em lado nenhum, só mesmo com o passar do tempo.

ontem foi uma noite feliz!

hoje, jantar do meu aniversário, vou rever mais um molho valente de amigos. duas noites consecutivas de emoções. dois grupos diferentes (ou não), duas cumplicidades diferentes, sempre sempre a mesma amizade.

e por falar em dois (2001). hoje é noite de shake, shake, shake, shake, ye, ye!......


notas:
1) ó rita, vai à merda e a mais à tua casa. puta de inveja, pá. desculpa, minha querida, uma pessoa que tem uma casa onde mete, na boa, mais de 30 pessoas sem um único atropelo merece o meu respeito. o tamanho da tua casa é pornográfico, pá!

2) mizé, por favor, ensina-me a perder o peso que tu perdeste. sinceramente, isso não se faz. os quilos que desapareceram do teu corpo nestes 10 anos vieram direitinhos para mim. traidora! já agora, estás com um look arrojadérimo. não bastava seres gira, tiveste logo que ganhar pinta e charme com o passar dos anos. explica-me lá o que fazes ainda solteira? se era para ficares assim, tinhas-me dito qualquer coisa em 1995, não achas?

3) repito, rita, o tamanho da tua casa é p-o-r-n-o-g-r-á-f-i-c-o!

sexta-feira, abril 20, 2007

lêtchiciá

môor, a letícia vem a portugal. queres ir lá pedir-lhe um autógrafo e comprar o da ponte para terebin?

e o facto dela ser um naco do catano não tem nada a ver com o facto de te estar a aliciar para lá irmos. nada disso, pá. sabes que eu gosto de cultura....

quarta-feira, abril 18, 2007

natal é quando um homem quiser

meu querido pai natal,

aqui há uns dias pedi-te para me tirares o senhor sardet da telefonia, ali, entre as sete e as nove da manhã. fiquei contente por saber que não o tenho encontrado por lá.

podes fazer o mesmo com o senhor robbie williams relativamente à vh1? é que já não aguento mais. aquilo, juro-te, já parece uma perseguição. olha por falar em perseguição, o senhor (o menino, quero eu dizer) timberland também já começa a cheirar mal.

por outro lado, o say it loud da furtadita (ai aquela franjinha, ai que eu me desmancho todo) pode tocar as vezes que tu quiseres.

obrigado.

joquinha, pá! vieste, meu malandro?

corre por aí um boato que cá em casa há bilhetes para o Georgios Kyriacos Panayiotou.

eu sinceramente, só acredito quando lá estiver a ver. pode se dar o caso de ele entrar num wc público e sair de lá para o aljube. quem diz aljube diz outra grelha qualquer. nunca se sabe, nunca se sabe....

no entanto, pelo sim pelo não,
ando já a fazer contas: ora bem, três vezes nove igual a vinte sete e vão quatro (contas que o meu merceeiro fazia) se vir finalmente os eagles já posso morrer em paz.

terça-feira, abril 17, 2007

assertivo

tenho uma conversa recorrente com algumas das minhas amigas - as mais tenazes, digamos - sobre o facto de elas acharem que os homens têm medo das mulheres inteligentes.

eu repito a palavra: medo.

bom a verdade é que eu tenho a discussão com duas ou três amigas mas sei que a opinião se estende a quase cem porcento da população feminina. para todos os efeitos elas acham que nós gostamos é de ter uma tipinha que tenha boa peida e ande caladinha.

confessamos que dá jeito, mas na verdade não é só isso que queremos.

vamos lá a ver as coisas. isto agora é para vocês, minha amigas. se a ideia é andar a passear-vos pela naite e pela bitx (isto quer dizer praia em estrangeiro) dá realmente aquela pala que vocês tenham o tal rabito empoleirado nas pernas, a mamoca malandra a querer rebentar o 3º botãozeco da camisa, etc, etc. mas como a nossa vida não é só isso, o que a gente realmente gosta é que vocês sejam espertas, inteligentes e que tenham a cabecita nos vossos lugares.

vejam o seguinte, há coisa de 20 anos, uma amiga, mafalda de seu nome

gira de morrer, assim com uma franjinha, modelo "nelly furtado" e com o único defeito de ter escolhido para experimentar uns linguados, dois dos meus amigos e não este vosso parvo escriba

lembrou-se de fazer um jantar de aniversário. o seu irmão, parvo como tudo, teve a infeliz ideia de fazer-se acompanhar por uma brasileira que lhe andava a dar a volta ao miolo. sucede porém que a sua namorada era uma coisinha do catano, grossa até dizer chega. ui!!!

essa gaja, a namorada, a tal grossa, apesar das insistências, não sabia que estava a em fase de transição e decide fazer uma pega de caras na festa, ao rapaz. acho que era ricardo ou coisa parecida. pronto, para todos os efeitos eu baptizo-o de ricardo.

então a menina, entra cave do restaurante dentro, dirige-se à beira do ricardo e da sua nova companheira brasileira e anuncia:
- torcastes-me (isto não é erro, foi mesmo assim que a bicha disse) por essa mula. muito bem, há-des sofrer com isso. podes começar a expedir-te (a gente desconfia que a gaja queria dizer despedir-te, mas nunca se sabe) de mim.
dá meia volta, desata a desfilar (este é o termo correcto) em direcção à saída enquanto que nós interpelávamos o miúdo (que era bem mais novo que nós. pronto, vá lá, aí uns dois anos.):
- ó ricardo, pá. a gaja é toda boa, porra! vai lá atrás dela, caralho, não a deixes fugir.

às tantas, no preciso momento em que ela começa a subir as escadas,

isto passa-se na cave do "ti lurdes" da óscar monteiro torres e quem conhece o sítio em questão sabe que a visão é demolidora

arreada de mini saia (isto é um exagero, eu acho que ela trazia um cachecol na cintura), salto agulha e peida bamboleante. o alex ou o monas, já não me lembro muito bem qual deles, desatam então aos berros:
- ó booooooooooooooooooooa! volta para nós!
- ó estúpido, olha a gaja a bazar.
- ó boooooooooooooooooooooa, ó boooooooooooooooooa do caralho! (sic) volta para nós.

ela, vira-se, olha para a mesa (estavam mais de 40 pessoas aos gritos) e pergunta:
- isso é comigo?
resposta quase em coro:
- é, é, caralho! é é contigo, ó boooooooa do caralho!
e vira-se para o ricardo e pergunta:
- vais continuar aí?

o rapaz não aguentou mais e foi atrás dela.

entretanto a brasileira que ficou para atrás, que também era um borracho do catano, ficou ali, abandonada, a distribuir charme e outras coisas que tal, para 5 ou 6 pessoas que estavam ali à sua volta. a gaja era um mimo. só presenciado.

meses mais tarde, o miúdo já tinha ganho todo o juízo do mundo e já se fazia acompanhar pela brasileira. tardou mas foi. quando lhe perguntei se se tinha cansado da booooooa do caralho, ele lá confessou:
- há alturas que convém ter uma miuda esperta ao nosso lado.

volta e meia lembro-me desta história. e lembro-me não só pelas pernas e pelo cu da "boa do caralho" (ficou assim conhecida lá no rainha para sempre) mas também porque quando elas me começam a dizer que os namorados fogem delas porque não conseguiam suportar estar junto a uma mulher mais inteligente que eles, eu desconfio logo. hummmm, aqui há gato.

ou as gajas são um valente trambolho e também são espertas. ou são espertas e têm um feitio daqueles. ou então têm ambas as coisas. agora acreditem, não temos medo da vossa inteligência, da vossa cultura, do vosso ordenado mais alto, de nada. e acreditem adoramos, repito, adoramos deixar-vos à solta num evento social qualquer, quando sabemos que não corremos o risco de vocês enunciarem que a perestroika é um peixe (esta é verídica) (a mim acontece-me de tudo).

tive uma namorada que era cultíssima, falava um porradão de línguas, conhecia este mundo e o outro (pronto, se calhar não conhecia o outro), tocava a abertura do let it be ao piano só para mim, viajadíssima, linda de morrer, mas que se lembrou de dizer, numa sala de snooker localizada numa aldeia recôndita da serra, repleta de aldeões daqueles que bebem dois bagacitos e uma mine às sete da manhã, o seguinte:
- ai que dor de cabeça.
depois virando-se para os tais aldeões acrescentou
- por acaso nenhum de vocês tem um aspirina, não?

noutra ocasião, por alturas do nascimento da sic, quando essa estação tinha um programa diário com telediscos da mtv, essa mesma miuda disse o seguinte:
- ai, não sei porque raio agora a sic tem um programa da mtv. para quê, se já toda a gente tem parabólica, não é?

concluindo, que a coisa já vai longa: não chega serem lindas, não basta serem inteligentes, não basta serem carinhosas, têm de ser muito mais que isso. e não, acreditem, a gente não tem medo se vocês forem todas, isso tudo junto.

nós amamos quando vocês nos ensinam coisas. assim, sabem? coisas! pronto, sei lá, coisas.

amamos e amamo-vos se forem assim.

tens por aí um cartão que se arranje?

a história do cartão ao simão já cheira mal, não cheira?

hoje no rpm

diz o prof. benfiquista:
- então, há aqui alguém do sporting?
- eu, eu, eu, eu
- ahhhhhh, seus malandros, já nos ultrapassaram.
- yesss, yessss, yessss.
- vá, não se ponham com ideias porque ainda têm de jogar contra nós.
- pois, pois, pois, pois...

e eu fico ali a olhar para estes mangas, a degladiarem-se por um lugar na liga dos campeões, sem mencionarem uma única vez, uma coisa estranha que é, imagine-se, ganhar o campeonato.

eu, realmente, não sou deste campeonato.

que gaita! estou habituado a olhar para a frente, nunca liguei muito ao que vem lá atrás e confesso, ouvir pessoas que mencionam coisas estranhas como "ah eles ainda vão perder pontos", é para mim colírio para os ouvidos (há colírio para os ouvidos, não há? não? é só mesmo para os olhos? oh que porra!). mas esta gente acha mesmo que eles já não perdem pontos?

coisas que não entendo

pessoas que se lembram de ter blogs com música de fundo - já de sim uma coisa breguita - e que se lembram de colocar post de videos - com som, claro.

nunca repararam que não dá para ouvir as duas coisas ao mesmo tempo?

pré-respostas a possiveis comentários: e não, não me venham dizer que se eu clicar duas vezes sobre o clip de filme, que abro uma janela individual e independente do blog. se é para isso, então que colocassem um mero link, certo?

segunda-feira, abril 16, 2007

XXXVIII

a mais pequena deu-me uma prenda de manhã.

depois indignou-se e amuou porque eu não lha devolvi.

está bonito, está!

sábado, abril 14, 2007

factor vip

o nha-nha-nha-nha-nhanha que a minha filha passa agora a vida a dizer, assim como se fosse uma kharma qualquer, é afinal o quê?
dadonde é que a gaja aprendeu aquilo?
está no gene de gaja?
surge-lhes no corpo assim, como os pelos púbicos surgirão daqui a uns anos?

ou simplesmente é o factor vip* em todo o seu esplendor?

*vip: vem incluído no pacote

suzana flag

tenho um hábito parvo (sim, mais um daqueles) que é ter uma adega de livros.

há quem coleccione garrafas de vinho e as guarde numa adega para se irem bebendo numa ou noutra ocasião.

eu uso livros.

há uns 5 anos senti-me, pela única vez na minha vida, um homem rico. não estou a falar de rico homem. nah, estou a falar de carcanhol, argent, mesmo! eu via as pessoas cheias de bago, os fachos portanto, a sairem das noites fnac, com os cestos cheios de dvd's, livros, coisas assim e ficava roído de inveja: ihhh, isso é que é, uns cestos de livros, imagine-se!....

então como disse, há 5 anos, na fnac da barra da tijuca, olhei para aqueles preços, olhei para aqueles autores peguei em 2 (dois) cestos e era só ensacar. pimba, pimba, pimba e pimba. foram as minhas melhores compras de sempre. há dois anos voltei lá e trouxe outra carrada.
trouxe mais de 100 títulos. já reparei que se pudesse, ia à fnac da barra de 3 em 3 anos. é quanto me duram essas cargas.

ruy castro, veríssimo, amado, millôr, gilberto gil, miéle, caetano, mainardi, jabor, nelson motta, drummond, tantos.

e depois guardo-os na cave, na minha adega. e só de lá saem quando me apetece. vou comprando à mesma, coisas de cá e vou também lendo. é o chamado vinho corrente. e quando me dá na veneta, trago então, lá de baixo, uma coisa mais fina. mas as melhores garrafas vão ficando, ali, ao pó, a ganhar patine.

não fico descansado se não for renovando a reserva. e perturba-me quando a coisa começa a escassear.

estive há pouco a olhar para a adega, ando com vontade de mandar abaixo umas pingas porreiras. agora estou a ler o porno política do arnaldo jabor

ó anónimo do livro, juro, és um querido e fico todo babado com as deferências que me vais apresentando. mas tenta um dia ler este gajo e logo perceberás porque é que eu tenho, e sempre terei, um pudor infinito em ter coisas minhas publicadas num livro. ainda por cima num livro. credo!

e o último do nelsinho motta.

há dias acabei o porn star do nick hornby: triplamente h-i-l-a-r-i-a-n-t-e. conta a história duma mãe que descobre que o filho é uma estrela porno e que tem um margalho daqueles de meio quilo. repito.
h-i-l-a-r-i-a-n-t-e.

no entanto, os meus barcas velhas, são aquelas coisas inatingiveis e inatacáveis do nelson rodrigues.
meus amigos, simplesmente o melhor cronista do mundo e de sempre.

amen!

declaro...

... que não sei o que o meu futuro como pai me reserva.

sei, contudo, que irei preservar a minha memória quotidiana:

- filha, dê lá por onde isto der, minha querida, relembra-te sempre destes nomes: pedro santana lopes, manuel monteiro, odete santos, octávio machado, antónio guterres e humberto bernardo. memorizaste? ok. Então quando vires estas pessoas em cima dum palanque, não hesites, finge que vais pôr moedas no parquímetro e foge para um bunker qualquer.

blood diamond

vi há pouco.

achei, digamos, vá lá, pesadote!

sexta-feira, abril 13, 2007

sexo

ligo à minha irmã. hoje é um bebé de 42 anos. muitos beijinhos, muitos parabéns, muita saudade.

recordamos que fez ontem 30 ou 31 anos que eu caí duma altura de cinco metros e meio e não parti nada (mas houve peças que ficaram desconjuntadas), conversamos sobre coisas da vida e às tantas ela diz-me:

- queres ouvir uma da tua sócia?
- quero, diz.
- pergunta-me ela ontem: ó mãe, quando eu tiver aulas de educação sexual deixas-me fazer sexo?
- e tu? pergunto eu, enquanto dou uma gargalhada que se ouviu no bugio.
- ó pá, fiquei à rasca. sei lá o que se diz nestas situações. ó pá, fingi que não tinha ouvido.
- e ela?
- ela vira-se para mim e insiste: ó mãe, estás a ouvir o que eu te estou a dizer ou não?
- e tu?
- ó pá eu lá lhe disse que ela ainda só tem 9 anos e que essas coisas são só para os crescidos. só que a gaja ficou em broa: - ó mãe mas a sandra pediu à mãe e a mãe disse que ela podia!

e olho para a minha filha, vejo que é da mesma laia da prima e penso: estou fodido!

pápi

a coisa até estava a correr bem. estava muito carinhosa, desceu as escadas com calma, sempre na brincadeira, assim a meter-se comigo e com a mãe.

sentou-se no meu carro sem refilar, beijou milhares de vezes a mãe, pediu para voltar a beijar a testa maternal
quando já tinhamos arrancado com o carro

porta bem, mãejinha!

mas foi uns metros à frente que o pânico se lhe instalou:
- onde está o meu bebé, pai?
- ó filha, ficou em casa.
- em casa? tadinho. quero o meu bebé joão, pai.
- bebé joão?
- sim, o meu bebé joão.

e o carro continuava o seu caminho para a escola

- mas eu quero o meeeeeeeeeu bebéeeeeeeeeeeeeeeeeee joãoooooooooooooooo!
- ó filha, não pode ser.
- eu queroooooooooooooooooooooooooo!
- filha, n
ão dá!!!!!!!!!!
- então quero um beijinho da mãe.
- ó filha....


e mudo de rota para tentar apanhar a mãe. meto duas abaixo, ela continua num berreiro danado já com baba espalhada no tá-bliê, procuro, procuro e nada, não encontro já o carro da mãe.

- não encontro a mãe. a mãe já deve estar na parede. vamos para a escola.
-
quero um beijinho da mãe. quero o meu bebé joãooooooooooooo!
- ó filha, NÃO DÁ!

e quando aquilo já parecia o nova iorque fora de horas, paro carro já em transe, abro a porta num descampado, saio, fecho a porta, deixo-a a berrar e a espalhar baba ao estilo mangueira louca pelos vidros e grito:
- FOOOODAAAAAAAAAAA-SEEEEEEE!
e entro novamente mais calmo.

- filha, vamos para a escola.
- nãoooooooo!

e ao passarmos pela loja da avó:
- quero um beijinhoooooo d'ávóoooooooo!
- ó filhaaaa.....

volto para trás, paro em frente à loja. a avó sai, beija-a. a miúda está desaustinada, vermelhíssima, com a cara toda molhada.

- ó vó, eu quero o meu bebéeeeeee!

arranco para a escola. ela contorce-se na cadeira, eu tento agarrá-la e desisto:
- filha, pára. vamos a casa buscar o teu filho. o teu bebé bijou. (digo um quesafoda! muito baixinho)
- não é bijou. é bebé joão.

chegamos a casa. deixo-a no carro, tranco o carro, largo o carro. subo, pego no boneco, desço, abro o carro, ela sorri, abre os braços, dou-lhe o boneco e ela abraça-o duma forma tão ternurenta, tão ternurenta, mas tão ternurenta mesmo. mesmo ternurenta, estão a ver?
- pronto bebé, não chores. a mamã está aqui.

e eu fiquei sem jeito. fiquei a pensar que aquilo era real, catano!
eu estava a tirar um filho à minha filha. eu estava a prejudicar o meu neto, porra.

valeu a pena, pronto. e a miúda ficou contente outra vez.

é claro que ainda tive de a ajudar a vestir o casaquinho amarelo, tive de a ajudar a colocar um imaginário baton para o cieiro, dei-lhe beijinhos na cabeça plástica.....

pê bê cê

da mesma forma que há pessoas que vão para os ginásios, para a sauna, para os ringues de boxe descarregar o stress e os entalanços da vida, eu sugiro que devia também ser permitido ir para os hospitais particulares, com um pau...

não, esperem, isso depois fazia uns dói-dói muito grandes

... com um tubo pvc das cablagens eléctricas, assim com uns 4 centímetros de diâmetro, para arrear porrada nas pessoas que vão para lá armar-se aos cucos.



ontem, cuf infante santo, durante a tarde, chega uma tia toda de branco, bota alta por fora das calças, anca "corporación dermostetica", com aquele cu valente de quem ainda levava umas palmadas e não só... bom, adiante... a gaja chega e pede para ser atendida:
- ah e tal e já tenho consulta marcada e tal.

e as meninas:
- pois, mas é necessário tirar senha.
- senha? ouça (adoro os ouça das tias, é quase um osa), mas eu tenho consulta marcada.
- muito bem, mas precisa de dar entrada. isto é rápido.
- ai, mas isto é uma insolência (insolência também gosto. lembra-me o trinitá o cóbói insolente). a menina pensa que isto é algum hospital público? pensa? ouça, se a sua ideia é mandar-me para santa maria, eu vou. o dótôr que me atenda lá.
- pois, minha senhora, assim não posso fazer nada.

nesta altura já eu andava de cadeira em cadeira, a recolher e a enrolar uns restos de jornais, para lhe foder os cornos.

- minha menina, exijo fazer um telefonema!
- se a senhora quiser, vai ali à recepção principal e faz então a sua ligação.

entretanto, eu, que estava um número atrás dela, sou atendido. a demora, a famosa demora, o preciosíssimo tempo que a tiazorra iria gastar, foi de 3 minutos e 43 segundos. eu sei precisar o valor porque normalmente demoro 2 minutos e 28 segundos a mijar. ora, como me deu a maluca e lavei as mãos e a boca - cheirava a salmão e outros pratos culinários - sei que rondou pouco mais que os 3 minutos e meio.

a senhora lá vem da recepção a abanar o cagueiro
pelos vistos a cunha funcionou
senta-se ao meu lado - cheirava a paris do ysl - e desabafa comigo e com uma amiga:

- imagine-se, tirar senha na cuf? como se fosse possivel.

eu olho para o rolo dos jornais, olho para ela, olho novamente para os jornais, calibro a pontaria, respiro fundo, inspiro, sustenho a respiração....

e sou chamado para ir à consulta.

quando saí, ainda a procurei mas já não a vi mais.

mas continuo a achar: um tubo de pvc é que era.

quarta-feira, abril 11, 2007

casaquito

há pouco fui aos correios e levei o meu casaquito de malha sobre os ombros. nunca tinha feito isso: andar com um casaquito pelos ombros.

senti-me homem, adulto, crescido, grande, homenzinho,
desconfortável, foleiro!

daqui a dias
vou fazer 38 anos. a partir de que idade podemos usar casacos pelos ombros?

e a pochete debaixo do braço direito?

duas vezes por ano

- estás queimadinho!
- eh pá, fui ontem ao abano!
- ao guincho? porra! e o vento, pá?
- nada disso, calmíssimo. nem uma brisa.

quem conhece o guincho sabe que há dois dias (repito, dois dias) por ano em que o guincho não tem vento. é um mistério mas é verdade. o problema é que nunca sabemos quais serão esses dias. é a vida.

ontem:
- cuca, deixa lá a bela e o monstro. vem para a mesa jantar.
ela, 3 segundos depois, veio.
olho para a minha mulher, ela olha para mim, olhamos para a miúda e continuamos parvos.
ela senta-se, desata a comer sozinha, sem ajuda. brinca connosco, anuncia que não se deve levar as facas à boca
- é muito pigojzo, mãezita
fazemos tchim-tchim
- pai, segura no copo com as duas mãos, pa não cair, tá bem?
fazemos concursos de amor
- eu gosto do pai e da mãe.
- ah, eu gosto da mãe e da cuca
- ah, eu gosto do pai e da cuca.
- não, eu é que gosto do pai e da mãe.

depois diz frases estranhas como sejam:
- quero comer mais.
- tenho fome

voltamos a olhar um para o outro meio - qual meio qual carapuça, completamente - aparvalhados.
perguntamos-lhe se quer comer fruta. ela diz que sim.
não resistimos à sua sugestão de comer a fruta na sala a ver a bela.

voltamos a olhar um para o outro, ficamos contentes e depois ficamos tristes: como com o vento no guincho, também nós, este ano, vamos ter só mais outro dia assim: perfeito!

já só temos mais um crédito.

outra vez o sócrates

um amigo que não sabe fazer meninas - aquele abraço, irmão - teve a bondade de me enviar este link que vai ter a um pdf com algumas questões relacionadas com o caso lá da licenciatura do sócrates. dali surgem mais algumas dúvidas que se instalaram na minha cabeça:

- reparo para já que o gajo é de alijó. logo eu que pensava que ele era lá da cova da beira. então ele é transmontano e ninguém ainda tinha desconfiado dele?

- o gajo termina o curso em meados da década de 90 - mais ou menos na mesma altura em que eu não-acabava o meu e nunca o encontrei em nenhuma roulotte de bifanas - para onde íamos acalmar a fome a meio da noite - nem nas docas ou na 24 de julho a aturar colegas bêbedas. onde é que ele andava nessa altura?

- um gajo que me tira 12 a circulação e tráfego, uma das cadeiras mais cu de se fazer que eu conheço, merece o quê, afinal? doze? ó zé, ninguém tira 12 a ct, pá! sacar 11 a computação e análise de sistemas, eu aceito. deves ter marrado para a frequência, depois ainda conseguiste copiar lá no exame. pronto, lá te deram o 11, tudo bem. por outro lado, quem tira 15 a ordenamento do território - uma cadeira que funciona muito à base de trabalhos de grupo - já indicia que andavas a dar umas retanchadas a alguma das tuas coleguinhas, não? desculpa se te ofendi. mas eu também andei na faculdade, pá. estas coisas acontecem.

- o nome da tua terra é sintomático do que estás agora a passar. isto é uma valente maçada, não é? mas quem te manda a ti nascer precisamente em vilar de maçada, pá?

zézinho, estou contigo. não respondas a perguntas dos gajos. eles que se fodam. eles que fundem uma universidade e façam o mesmo que tu.

já agora:

- havia mesmo necessidade de teres posto a malta a pagar 10 estádios de futebol?
- não consegues pôr a malta a pagar umas maternidades em vez das senhoras andarem a parir em ábulâncias - sô chofé, por favor, ponhó pé no ac'larador, se chocá não faz má, vamos todos póspitáaaaaaaal?
- há assim tanta necessidade de irmos pagar a ota?
- há assim tanta necessidade de termos um tgv?
- é ou não verdade que andas dar a boca a resmas de papel, lá do teu gabinete, para utilizares na tua impressora de casa?

melhor do mundo em fintas

o cristiano ronaldo é o melhor jogador do mundo. não há duvidas rigorosamente nenhumas.

mas desculpem-me esta minha opinião: é o "melhor jogador do mundo" mais irritante que eu me lembro de ter visto jogar. um gajo bom, mas sem classe rigorosamente nenhuma.

não consigo conceber um "melhor jogador do mundo" sem classe. desculpem-me mas não consigo. e eu acho que desde o romário que não víamos uma coisa assim.

lembram-se do figo com a idade que o ronaldo tem agora? não tem nada a ver, pois não?

não pensem muito. não tem, ponto final!

ó dótorzinho, há azari?

assusta-me a polémica da licenciatura do zé sócrates.

não, eu estou-me realmente cagando se ele é engenheiro, se é doutor ou se é só o gajo que dá umas cambalhotas com a fernanda. o que francamente me preocupa é o hype que se gerou à volta disto.

por isso quero aqui confessar o seguinte:

- volta e meia recebo alguns telefonemas profissionais. muitas das pessoas que estão do outro lado do fio telefónico tratam-me por doutor. eu bem as tento convencer que não, que não tenho estudos para isso. outras pessoas insistem muito. demasiado até. e às tantas eu já não sei o que dizer.

- em tempos, num putyclub, uma senhora alternadeira - não não era a carolina, recordo-me que as mamas desta eram maiores - teve a feliz ideia de me roçar meia teta na minha fronte - assim, mesmo aqui ao lado da sobrancelha, estão a ver? - e disse: - ó doutor, não me quer pagar um champanhe?
não quis ser antipático. gaita, afinal custa-me ser arrogante ou bruto com pessoas que me roçam o marmelo na cabeça. na altura disse-lhe que não pagava nada - curiosamente estava com uma gripe descomunal. no entanto, não lhe cheguei a dizer que não era doutor. irei ter, por isso, a máfia do sampayo e do passerelle atrás de mim?

- no meu quinto ano da faculdade, certa noite, fomos todos para o havana. um dos meus colegas de turma foi ter com uma caloira que tinha umas pernas que pareciam chupa-chupas - dos bons, ok? - e disse-lhe que eu era professor de desenvolvimento urbano em meio rural, uma das nossa cadeiras do quarto ano. no meio de salsas e merengues, quer ele quer ela, passaram a noite a tratar-me por professor. ela, simpática,
talvez convencida que eu lhe daria um ânimo extra se a levasse à oral, pagou-me um copo. três dias depois, viu-me sair do bar com a minha reles tese de final de curso debaixo do braço. não me dirigiu mais a palavra. julgo que ficou esclarecida. no entanto, pergunto: será que ainda julga que sou mesmo professor doutor?

- um antigo professor da faculdade, um gajo 5 estrelas com quem partilhei umas desgarradas e uns fadunchos em alfama (há fotos do evento), encontrou-me uma vez numa palestra do arqº nuno portas que aconteceu na sede da caixa geral de depósitos. eu estava mijar, o cabrão veio por trás e espeta-me um pontapé na peida que me ia partindo o cóccix. eu viro-me e grito:
- foooooda-se!
ele ri-se e diz:
- seu doutor do caralho, é aí é que se mija?
apesar de eu estar a mijar no local certo - um urinol - as pessoas que também se encontravam na casa de banho olharam para mim com um ar desconfiado. terá sido porque sabiam que eu não era doutor?

por estas e por outras, meus amigos, eu quero aqui deixar exarado em acta o seguinte:
- eu não sou doutor. andei na faculdade, é certo. tive a pressão de meia turma que me queriam fazer, eles próprios, a tese final. mas não, nunca acabei o curso.
- também não sou
arquitecto e muito menos engenheiro (credo!).
- por isso, não. antes que haja por aí boatos que denigram a minha imagem de "não-doutor", meus amigos: doutor, não!

terça-feira, abril 10, 2007

ai porra, que saudades




Crazy rhythm, here's the doorway
I'll go my way, you'll go your way
Crazy rhythm, from now on we're through.
Here is where we have a showdown
I'm too high-hat, you're too low-down
Crazy rhythm, here's goodbye to you!
They say that when a high-brow meets a low-brow
Walking along Broadway
Soon the high-brow
He has no brow
Ain't it a shame?
And you're to blame
What's the use of prohibition?
You produce the same condition
Crazy rhythm, I've gone crazy too

segunda-feira, abril 09, 2007

creizi ridam



pedro, companheiro, aos poucos eu chego lá. mais um bocadinho e eu consigo fazer aqui referência aos tais cinco filmes que eu mais gosto.

esta é das minha cenas de cinema favoritas de sempre.

porquê?

bom, pra já porque faz parte do cotton club, filme que vi em março de 1986, inspirado pela minha professora guidinha de história de arte

é incrivel a estranha influência que certas pessoas, mulheres neste caso, têm sobre nós. eu nunca apostaria que esta professora fosse influenciar-me tanto como acabou por fazê-lo. acreditem, ainda voltarei a fazer referência a ela neste blog. coitada, merecia um melhor local e um melhor aluno para exercer estas homenagens

e acompanhado por uma miúda por quem me apaixonei - ela, esperta, trocou-me por uma amiga. é a vida! - entrámos quarteto dentro para ver este filme.

depois, como disse, porque o vi na companhia dela.

e ainda, porque tem a diane lane, a art deco, a art nouveau, o gregory hines e o seu irmão maurice.

maurice afasta-se do cotton club porque o irmão se lembrou de o atraiçoar e destruir a dupla que ambos formavam naquele local nocturno. tempos mais tarde, gregory, uma estrela lá do cotton, vai até ao club onde actua o irmão e é desafiado pelo laurence fishburne para fazerem um dueto.

e não é que se lembram de dançar o crazy rhythm? pois, logo o crazy rhythm que faz parte do disco jazz do tony bennett - disco que um dia merecerá um post meu.

e o resto é história: às tantas os dois cruzam o olhar e desatam a perdoar-se um ao outro. o momento em que eles param e se olham nos olhos, aquela sucessão daqueles três beijos finais e os i love you susurrados são a cereja no topo do bolo.

uma cena perfeita dum filme perfeito.

aproveito também para trazer aqui o mestre a homenagear o super mestre: gregory e sammy. actuaram ambos no taps, um filme que vale por duas cenas de sapateado - porra, como eu amo sapateado - e rigorosamente mais nada.



isto é para ver até ao fim. porque é no fim que se vê como estes cabrões são, também eles, seres superiores.

respeito!

nem queiram saber o tempo que eu esperei que estes dois clips aparecessem no iu tube e conseguir fazer este post.

ca quê?

e no melhor pano...

eu não sei se é culpa do autor, se é culpa do revisor, se é culpa minha. não sei, confesso. mas a crónica de sexta-feira do mst no expresso continha a palavra "carácteres". e meus amigos isto não existe.

o singular é carácter e o plural é caracteres.

e que não haja confusões: aquelas coisas das tipografias, o aspecto, a especificidade própria de cada indivíduo, isto é tudo um carácter. entendido? não é carácter para uma coisa e carácteres para outra coisa.

não. eu repito. é simples: singular carácter, plural caracteres.

ó bic laranja (ou outra pessoa qualquer), valida-me aqui esta informação que eu não quero fazer figura de burro. fazes isso, sócio?

mst

à minha volta, há duas ou três pessoas que compram o expresso. contaminado, pego naquilo, folheio, folheio, folheio - é muita folha, não é? - e continuo a achar que não existe expresso nenhum.

existe é uma crónica do miguel sousa tavares - que falta que o pai dele faz por aqui - embrulhado nuns dvd's e numas folhas de jornal a que chamam expresso.

há duvidas?

chocalhada

a frase da páscoa ouvi-a durante a chocalhada de castelo de vide:

- olha o padre melícias, olha!
- ah pois, é! e que belo chocalho que ele traz!
- sim, senhor.

pininfarina



e eu chego lá na quinta à noite e vejo uma coisa verde-cueca a luzir lá debaixo do alpendre. aproximo-me e leio lá no quadro da ginga: pininfarina. hummmm, tu queres ver que tenho montada para atacar as veredas e os montes pela manhã?

e assim foi, dia sim dia sim, peguei nela e lá fui fazer a minha voltaça matinal. uma coisa soft, 16 quilómetros, ali, sem grandes exageros, a curtir a paisagem, a parar para ver perdizes (enormes, quase faisões) cabras, ovelhas, vacas, cães, gaios, melros. um show.




amei. seguramente, os momentos altos desta páscoa.

a bicla não é igual a uma scott que montei há uns 4 ou 5 anos. não tem nada a ver com uma bianchi que namorei (e namoro) durante muito tempo. mas dá para curtir bem a coisa. tinha uma caixa muito desaustinada, mas uns travões que pareciam garras.

quero mais.

e vou ter.




incongruências





abrantes é das terras mais feias que eu conheço. não me refiro àquela fealdade tipo brandoa, tipo venda das raparigas ou baixa da banheira. não, refiro-me a uma feiura, assim, feia, pronto. e no entanto eu passo por lá e imagino a traição que teria de fazer à minha opinião caso me apaixonasse por alguém de lá. começava a ir lá uma vez, depois duas, três vezes. depois vinham as amizades – há sempre pessoas boas em todos os locais do país – depois vinham as patuscadas, depois vinham os copos, as histórias e quando desse por ela, estaria especado em frente à tabuleta da terra a dizer:
- gaita, como é que foi possível eu ter passado a gostar de ti.

com algumas músicas, filmes, séries de televisão, livros, jogadores de futebol, sei lá, tanta coisa, sucede o mesmo. até prova em contrário, eu julgo que a melhor campanha de marketing é o amor. a segunda melhor é a amizade. a pior campanha é com certeza o ódio ou talvez, sei lá, o ciúme.

digo isto porque apesar do resto das coisas dos cabecinhas de telefonia, o creep é uma música que eu adoro porque ela também gostava; o escuta zé-ninguém é um livro que eu gosto – ou pelo menos gostava, pronto – porque ele também gostava; o tumulto das ondas do mishima estava-me a parecer um livro vulgar até ao momento em que ela me leu em voz alta duas descrições duns crepúsculos como só o mishima consegue contar; o “só pra dizer que te amo…” era uma estucha à moda antiga até ela ter carregado no play lá do comando numa manhã de junho em que estava muuuuito calor; o haven’t got time for a pain era uma coisa demasiado melancólica até ao dia em que a ouvi cantar duma forma realística e verdadeiramente melancólica; e até o el greco me parecia uma coisa sem jeito nenhum até o dia em que assisti, ao vivo, a uma lição de pintura, ali, em toledo, mesmo ao lado do enterro do conde de orgaz; o fame foi visto na companhia dela, num sábado à tarde com chuva lá fora e; finalmente; eu passei a ouvir a música francófona duma maneira, vá lá, um tiquinho diferente, a partir do dia em que ele – que me chamava maricas e cabrãozinho com a mesma ternura com que me pedia um abraço, um carinho ou me escancarava as portas da sede do pcf - me traduziu, palavra por palavra o la quête cantado pelo brel.

é verdade que estive vinte anos sem conseguir ouvir o morrisey porque ele também gostava dele, é verdade que deixei de atinar com o pedrosa - que foi do salgueiral e da lagartada - porque era parecido com ele dela e é também verdade que tenho esperança de voltar a ouvir o robert smith - exceptuo o charlotte sometimes e o hanging garden, - de que desisti há vinte anos também, simplesmente porque toda a gente consumia os the cure.

é a vida.

desculpem, deu-me uma branca...

... já tinha feito referência ao anderson?

quanto tempo falta...

... para o renteria estar a jogar na académica, ali ao lado do pitbull?

se for preciso fazer este post todas as semanas eu faço. na boa

e o anderson?

foda-se!

quinta-feira, abril 05, 2007

hoje, de manhã...

...depois duma monumental birra que me fez subir as escadas 2 vezes (apesar de serem só dois andares aquilo custa cumó diabo) para a ir buscar, enquanto que as minhas costas faziam também a sua birra (quero um emplastro, quero um emplastro, quero um emplastro) a minha filha lá acalmou e sentou-se no carro. hoje, no carro da mãe.

e por ser no carro da mãe, lá fez mais birras:
- quero o carro do paaaaaaaaaaaaaaai!
- ó meu anjo, mas não vês que é o pai que vai guiar o carro da mãe.
- mas eu queeeeeeeeero!

passamos por um cão:
- paaaaaaaai, olha aquele cão!
- é lindo, não é.

(abro a janela, faço-lhe uma festa e ele lambe-me a mão)

- também queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeero um beijinho do cão!

entretanto o bicho vê uma cadela toda boa e cheia de cio e corre para o outro lado da estrada:

- ai, ai, ai, ai, cãojito! não se atravessa a istada, tens de dar a mão. xó na paxadeira é que se pode atravessar
- é isso mesmo, filha.


- ó pai, o cão foi um ganda maluco, não foi?
- foi, filha, foi.
- nem olhou para os carros.
- pois foi.
- o cão foi um ganda maluco.

mais 30 metros à frente.

- ó pai, tu também és um ganda maluco. tu lembes o pescoço da cuca.
- achas? sou?
- xim! és muto, muto, muto, maluco! como o cãojito. xão (pausa) dois malucos.
- pronto, tá bem.

- pai.
- sim,
- tu não és maluco. és lindo.
- mas lindo de alma, de cara ou de corpo?
- lindo da bia.
- seja!

quarta-feira, abril 04, 2007

lupicínio e gonzaguinha

fico chateado quando as pessoas morrem. o que é que querem? é uma coisa que me chateia.


a cantora perfeita, a música perfeita

olha que dois

filme de terror

eram 7h30 da manhã (da madrugada, para mim), repito, eram sete horas e trinta minutos da madrugada e tocam-nos à porta.

olhamos para o relógio, tento raciocinar. não, a minha filha ainda não tem idade para andar na naite e esquecer-se das chaves.

caraças, mas o que é que será?

a minha mulher vai lá. é uma senhora a distribuir o jornal a dica da semana. repito outra vez: eram sete horas e trinta minutos.

e eu, comecei o dia a zangar-me com a minha mulher: não é que ela deixou escapar a tipa precisamente na altura em que eu me preparava para mandar um tacho, cheio de azeite acabadinho de ferver, pela janela fora, em cima dos cornos da distribuidora?

terça-feira, abril 03, 2007

as casas do pousão

conheci-o há 20 anos. de vez em quando metemos férias um do outro. as últimas duraram 10 anos.

que coisa mais parva, pá! não estavas já farto das férias?

temos um hábito parvo que é sermos amigos. irmãos. temos outro hábito parvo que é não sabermos travar conversas. ficamos ali a falar, a falar, a falar...

eu tenho para mim que todos os temas de conversa que temos armazenada e que ainda não foi
por nós aflorada, metem a encyclopaedia britannica a um canto. no mínimo.

ele não gosta que eu refira isto. diz até que é uma injustiça. eu como acho que o papel de justiceiro deve ser entregue ao knight rider e ao kitt, não me calo e afirmo que ele foi dos mais brilhantes alunos que eu já conheci. quis ir para o técnico e foi. andou lá de volta dos fusíveis, das tomadas e dos busca-pólos. sabe concerteza dizer para que serve o fio castanho e aquele, meio abrasileirado que é verde e amarelo. ainda assim, no décimo ano,
em vez de ir para outra área qualquer, lembrou-se de andar ali no rainha connosco, de pasta de pintor debaixo do braço, com lápis de grafite, papel canson, réguas enormes e merdas que tal, a desenhar máquinas de pastilhas, vasos e dummies. lembro-me de o ver informar uma professora de física de que tinha ido para a área de desenho (e não a de electrotecnia) para aumentar a sua cultura geral. nivel!

não me venhas com merdas, eras pelo menos o melhor aluno, vá, do bairro são miguel. não? pronto, então da antónio ferreira? também não? pronto, já percebi, eras um aluno de negas era? tenho de me chatear, tenho...

calha de caminho ser meu amigo. deu-lhe na veneta criar um blog. uma coisa de meninas, não é? a coisa estava a correr muito bem até ao momento que se lembrou de lá prespegar um elogio a este escriba. eu não fui de modas e criei este post.

mainada!

não é preciso ser-se muito inteligente para se perceber que estas atitudes mais abichanadas, de carinho para aqui e carinho para ali, não dignificam um homem.

mas pronto, chama-se pedro di napoli, não tinha grande finta mas gostava (gosta e gostará) do lc como eu.

se quiserem ser melhores pessoas, vão ler o que ele escreve.

é um senhor!

dragões

corre um boato que os super dragões estavam convencidos que a carolina e o malheiro estavam ali no primeiro anel.

é um boato, não é?

que se vão embora, pá!

o senhor josé pinto coelho do pê nê rê (cuidado, eles são cerca de 10.000 eleitores) quer pôr os imigrantes daqui para fora.

fiquei contente quando vi o cartaz do senhor. andava há um porradão de tempo a irritar-me com a dona odete santos e agora sinto que estou a mudar de azimute. de vez em quando é bom mudar de ares. irritemo-nos então com ele.

jpc, meu caro, tens pelo menos uma virtude: vejo com orgulho que tens aquele ar viçoso de quem vai acartar baldes de cimento para a construção do aeroporto da ota. olha e os joelhitos? ainda estão rijos? maravilha. esses teus eleitores são tudo malta que se põe de rótulas no chão, assim, de canzana a lavar escadas não é? porreiro!
é assim mesmo, pá! não precisamos deles, os kosovares que se vão embora!

duas notas apenas:
- ele quando falava na cena do "basta de imigração" e do "façam boa viagem" também de referia ao anderson? parece que então tenho de te dar um apertozito no escroto, meu caro. deixa, não custa nada. são só duas voltitas.

- esta coisa da democracia tem a sua piada, não é?

tempo

gostava de ter nascido noutra época. mas como sou um gajo dado a poucos vôos não daria grandes viagens no tempo. nada de idades médias, nada de belle époque, nada de iluminismos, a mim bastavam-me mais uns 5 ou 10 anos.

por outro lado, tenho receio de pensar que nesta altura gostaria do nursery crime, do close to the edge ou do in the court of the crimson king.

medo.

segunda-feira, abril 02, 2007

a seguir ao almoço...

...apontam-me o dedo à cara e perguntam?

- que merda é essa, pá?
- é um projecto de barba. (rindo)
- um projecto? porra, no máximo é um esquiço muito mal esgalhado.

selos

neste fim-de-semana, tomei conhecimento dum grupo de miúdos que fazia colecção de selos. um deles, todo armado aos cucos, como já não sabia o que mais inventar para evidenciar a sua colecção sentenciou:

- pessoal, sabem uma coisa, ontem consegui acabar a colecção. já os tenho todos!

coisas da luz

- dizia-me uma amiga lagarta: - foi o melhor resultado para todos. eu respondi-lhe: - fala por ti. o melhor para mim era ter ganho. há coisa mais lógica?

- o jogo foi fraquito. muita trancada, muita bola perdida. o benfica, apesar de tudo jogou bem na segunda parte. não que o porto tivesse jogado bem na primeira parte. não, nada disso. eu não gosto daquela onda do contenção de bola. nada disso. jogar bem e merecer ganhar é tentar acertar com a bola, assim, com remates. com remates que tentem acertar na baliza. não é
?

- se fosse benfiquista diria que tinha merecido ganhar. se fosse portista, calava-me. estão a ver a coisa?

- onde estavam os centrais lá no golo do pepe?

- mandem por favor uma carta de agradecimento ao scolari. com os jogadores que utilizou (e não utilizou) na quarta-feira, também ajudou a malta a sair da luz com um pontito.

- o rui costa é o meu jogador português favorito da actualidade. em tudo. aliás, o jogo de ontem valeu pelo rui costa. tirando isso e com o cansaço que eu trazia do algarve tinha adormecido na certa. poderia dizer que era o quaresma. mas não, o quaresma (ou o moutinho) não sabem fazer as coisas que o rui ainda faz. fazem outras, é certo. mas não fazem aquelas que ele faz. e essas que ele faz são as que eu mais gosto. eu olho para ele, ali a dançar, a vir a trás, a passar, a pairar e só me lembro duma coisa que o valdano escreveu sobre ele há sete anos: o meu filho estava a passar à frente do televisor quando o rui costa seguia com a bola e o meu instinto foi mandar-lhe com o comando à cabeça.

- o simão, se fosse um rapazito com cabeça - que não é nem nunca será - tinha acabado o jogo de ontem e entregue a braçadeira de capitão ao rui costa. viu-se ontem que o rapaz não sabe ser capitão.

- duma vez por todas: os super dragões, os no name ou a juve leo não representam os adeptos nem do porto, nem do benfica e nem do sporting. por isso não entendo o que é que eles continuam a fazer nos estádios de futebol. tentem um dia assitir um jogo ao lado desta malta e depois conversamos. no entanto, colocar estes gajos no terceiro anel, como ontem o benfica os colocou, é mais ou menos como ir para a favela da rocinha de relógio no pulso, máquina fotográfica ao pescoço e carteira com dólares no bolso. estavam à espera de quê?

- viram bem aquele roubo de bola do quim? o adriano ainda deve estar a pensar que o gajo estava a defender com 4 mãos. coisa maravilhosa, pá.

- o anderson voltou.

bolero

diga que não tem muita importância
diga que não tem nenhum valor...

apague a luz, por favor,
quando for lamentar e agredir meu nome
um cigarro as vezes dá pra refletir...

abra a janela se por acaso
for necessário gritar meu nome
que a solidão as vezes dá pra aperrear...

faça a cidade acordar
e depois vá deitar, vá dormir pensando
que amanhã posso voltar
sem reagir.

algures em meados dos anos setenta, o músico e compositor vital lima teve a feliz ideia de mostrar à simone este bolero. a coisa aconteceu em casa do produtor hermínio bello de carvalho. ela, a simone, teve a também feliz ideia de a incluir no seu disco de 1975 "gotas d'água". um rapazola amigo, teve ainda uma outra feliz ideia que foi trazer-me esse disco (raríssimo) lá de salvador.

eu gostava de ter a feliz ideia de encontrar o manual de instruções que permitisse que esta música deixasse de me aperrear a alma (estas últimas palavras devem ser lidas assim: aperrear a ialma).

ou talvez não. isso, talvez não! deixá-la estar.

domingo, abril 01, 2007

róli

o rally de portugal é o meu acontecimento desportivo do ano.

este que fui assistir neste quatro últimos dias foi o meu melhor rally de sempre. se tiver tempo, um dia explicarei porquê.

até lá, confesso, ainda estou em transe.

serguei

depois duma ausência de 4 dias, a minha mulher vê-me entrar em casa com um malão às costas, meia palete de cerveja de baixo do braço (nem perguntem), barba de quase uma semana, alourada e pontilhada aqui e ali por ou ou outro pêlo branco (raios!), cabelo de pente quatro e cara queimada. fica a olhar para mim e diz:

- pareces um ucraniano das obras!