domingo, julho 14, 2013

frontman



quando os stones vieram pela primeira vez a portugal o jagger era mais novo que o gahan em dois mil e treze, quando ele ontem tocou, lá na docapesca. não, não estou a comparar um com o outro, estou só a dizer que em mil novecentos e noventa, os stones foram apelidados de dinossauros e, em dois mil e treze, os mode de 'respeitada banda electrónica'.

não gosto do desease cantado pelo gore. ao vivo, acho um desperdício o halo em ritmo goldfrapp. gosto cada vez mais do corbijn. não entendo como é que não existem nos soundclouds desta vida mashups do heaven com o you'll follow me down. eu não sei se os mode são ou não são uma banda electrónica, sei, contudo, que ao vivo aquilo é mais rock que outra coisa. nada contra, entenda-se.

o black celebration foi muito bom. muito bom mesmo. se calhar foi a minha favorita. eu precisava de um momento one-o-one.

e não precisávamos todos?

não entendo, nem respeito a escolha de canções, 'ritmicamente' falando, a roçar a marcha fúnebre (estou a exagerar, ok?). gostava que
prescindissem do welcome, do angel, do heaven e até do precious. este disco, o delta, então, tem coisas tão mais bacanas, 'tocáveis em concerto' e pedaleiras que é um desperdício (e um disparate, não?) deixá-las de fora. secret to the end, broken, all that's mine, para não ir mais longe, se fossem tocadas (ou escolhidas para singles) seriam soalho enceradinho para os bailaricos do dave e manual de liturgia para o povo. teriam sido, curiosamente, o que o soothe ou shoul be higher, maravilhosamente foram.

just can't get enough tornou-se o satisfaction do mundo electrónico. é quando a ouvimos bombada dumas potentes colunas e perante dezenas de milhares de pessoas que vemos o quanto esta música encarna o espírito carrinhos de choque que cada um traz consigo. aceito-a num concerto quando o set-list (não sei dizer em português) não põe de fora o strangelove, a música responsável por eles poderem ser o que o violator, anos mais tarde, lhes trouxe; já não a acho 'gira' (estou a ser fofinho, ok?) quando fica, ali, isolada, no meio de todas as outras que não têm nada que ver com ela. é aquele momento 'despacha lá isso' e parte para a seguinte'.

continuo a achar uma 'injustiça' do camandro o wilder não fazer parte desta gaita. ver imagens do fletcher
em 87 e vê-lo agora, do lado de lá dos teclados, a assumir a herança duma pose kraftwerkiana da coisa, mas em perfil de barriga de mijo, é um trunfo. significa que o gajo com mais pinta da banda (com óculos à hipster, vinte e tal anos antes de eles serem descobertos pelos tais hipsters) deixou de precisar disso para estar ali a tocar. é o que ele faz: toca, agradece e depois vai-se embora. todos os grupos têm um lado charlie watts. o fletcher é o lado watts dos mode.

pode parecer estranho mas eu gostei muito do concerto. aliás, cada vez mais gosto de ver, ler, ouvir, pessoas com experiência. não pela experiência em si, mas porque têm um lado mais certinho e profissional que a maior parte dos outros ainda não alcançou. eles são uma maquininha muito, mas muito bem oleada e com poucas falhas. trazer o rock and roll (foda-se, eles têm um guitarrista em noventa e cinco por cento das canções, um baterista em quase todas e até baixo usam, caramba!) para o mundo dos sintetizadores e a coisa continuar a correr bem (ao vivo), não é para todos.

mais, fazer isso com um frontman (não sei traduzir isto, perdoem-me) que não toca instrumento algum é quase impossível.

e o quase deixa de o ser porque eles são o que são, trinta e tal anos depois e uns milhares de pessoas a bater palminhas e a fazer ohhh ohhhuoohh também.


gosto de ouvir good'evening lisbon em modo 'good'evening pasadeeeeeeeeeeenaaaa!

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