... em boa verdade, no início íamos para carcavelos. bem sei que antes do início, numa altura em que nem eu me recordo mas sei que existiu porque há fotos que o comprovam a praia eleita era a parede.
há aquela foto em que estou com cabelo 'à beatles' - cortado pelo zé barbeiro - que subia do intendente ao vitória, à noite, lá à sede, escovinhar-me as melenas loiras - a comer um pacote de batas fritas, seguramente pala-pala. e essa é na parede.
também íamos para a torre.
mas sim, carcavelos era a praia que frequentávamos mais. naquele primeiro restaurante, aquele ao lado da pizzaria, e de que nunca me recordo o nome, há (espero) uma parede com vidros emoldurados por esculturas de cimento, arredondadas, a lembrar aquários, - sabem? - que me faz lembrar aquele tempo em que o meu pai usava panamás de ganga e avieitârs castanho escuro.
demorávamos uma eternidade por aquela marginal a fora. houve até um dia em que tivemos um acidente com quatro carros, ali em santo amaro naquele local onde montavam as roulottes .
e onde, naquela noite em que o vieira decidiu ir passear.nos, a rita chamou-me a atenção para a existência do waiting for the night que estava até a tocar numa cassete do zé, seguramente de chrome dioxide, provavelmente de metal e nunca de fero porque o zé, sabem, tinha um deck da denon. e ali, acreditem, não era qualquer tipo de fita de cassete que se esparramaria por aquelas cabeças imaculadas.
esse acidente foi, para mim um acontecimento. primeiro porque o causador do dito cujo, era espanhol - eu acho que nunca tinha estado com um espanhol antes. e depois porque tivemos de regressar a lisboa, ao hotel mundial, para assinar papéis - e eu nunca tinha estado num hotel destes - antes de voltarmos à praia.
ah, esperem, também nos aconteceu soltar-se das barras do tejadilho, a mesa do campismo. foi ali na auto-estrada do monsanto, já na descida, por alturas da saída para algés...
mais tarde, é verdade, começámos a atravessar o rio. era uma grande empresa atravessarmos o rio. primeiro porque isso implicava portagens e tal, e depois porque para lá do rio... era marrocos. e foi para lá da costa, então, que começámos a ir. para a riviera, local onde estavam localizadas as garagens dos comboios. ahhhh, o que eu adorava invadir aquelas dunas repletas de cactos, juntamente com o mário joão e tentar descobrir o michel vaillant a comer gajas nuas nas dunas - que nunca conseguimos - ou simplesmente fingir que conseguíamos desviar duas ou três carruagens para as garagens, a fim de surripiarmos rolamentos para os carros de esferas.
a ideia que eu tenho é que saíamos de madrugada. mas há algo que me prova que não era bem assim. para mim, sim, era de madrugada, para a minha memória, a minha mãe - aos berros, estilo produção michael bay - ou o meu pai - uma coisa mais manueld'oliveira, mais calma e cool - tirava-me da cama de noite (que exagero). porém quando descíamos ali a joão vinte e um, quase sempre antes das nove da manhã, a minha mãe assistia à descida de um avião, algures sobre o prédio da érre tê pê e anunciava:
- lá está o da alitalia. olha, são 8h45. não falha. às vezes já não o vemos porque já passamos 10 minutos depois desta hora. hoje vamos a horas.... mas por vezes já não o vemos.
(hoje vi um avião qualquer a passar sobre entrecampos e lembrei-me desses tempos.)
2 comentários:
Que delicia.
E por essa altura - Parede - já lá havia aquele pessoal todo - sixty - a fazer topless?
:) é deveras uma praia sem tabus!
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