não me interessa repetir aqui o óbvio: que é um disco importante na nossa vida por isto, por aquilo e pelo tanto mar.
adiante.
eu gosto deste vídeo não apenas porque é um óbvia repetição dos concertos do canecão de 1975 mas por tudo o resto. aqui tudo é perfeito. não sei se havia hipótese de ficar melhor, provavelmente sim. mas como dizem os parolos «o óptimo é inimigo do bom» (mas desde quando, porra?)
ele não surge assim, como que ao acaso. mas dá ideia que sim. mas não, na realidade ele aparece, precisamente, quando ela diz «vem, por favor não evites, meu amor meus convites...»
ele não entra por uma das laterais do palco, ele vem da própria plateia. assim, como um fã inconsequente que vai ali ao micro avisar que a adora ou como se ali fosse pedir, encarecidamente, ao proprietário do opel corsa, de 1985, (daqueles com rabinho) bórdô, o favor de comparecer junto ao mesmo.
ele vem magro, enxuto, seco de carnes. a camisa é limpa, alva, imaculadamente passada a ferro e, certamente, engomada nos colarinhos: duros, abertos, alipotentes.
a mão dela segurando-lhe a sua mão esquerda, ali, firme mas ao mesmo tempo distraída do uso da forma, soltando-o para abrir os braços e lhe dizer que o quer todo para ela.
«ai eu quero te dizer, que o instante de te ver...
e não há uma nota mais alta do que devia, e não há um esganiçado inoportuno, e não há nada que perturbe aquela subida, aquela escalada de emoções: é tudo - falsamente - sereno, «e agora que cheguei, eu quero a recompensa, eu quero a prenda imensa dos carinhos seus» é tudo tão óbvio, é tudo - e apesar de tudo - tão sofrido «só vim te convencer que eu vim p'ra não morrer»
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