segunda-feira, outubro 26, 2009

ainda assim, não consigo desarriscá-lo dos escritores que me fazem tão bem à alma.

assisto com um misto de tristeza e de um outro sentimento esquisito e indescritível (mas que se assemelha àquilo que sinto quando olho para os tigres - tristes, cheios de peladas e cicatrizes - nas jaulas dos troleys dos circos) ao rol de entrevistas que o lobo antunes faz, cada vez que lança um livro.

não é bem o não gostar do «tipo de espectáculo» (também é, ok). é que gostava, por exemplo, de ler coisas... como é que eu hei-de dizer... ler coisas sobre o tal livro que ao que parece o senhor escreveu.

com estas entrevistas - sempre com aquele tom de «sabe, antónio, pode dizer as coisas, nós gostamos muito de si, não tenha medo de falar. e por favor, sim, por favor, não se arrelie e não nos mande a todos "para o caralho e mais a estas entrevistas que a minha editora me arranja!", nem baze daqui para fora porque o meu editor mete-me no olho da rua se não faço depois, assim, um texto em que falo sobre o seu quotidiano, as lombadas dos seus livros, o faulkner, o tchekov....», acaba-se por criar uma coisa menos jornal das letras e mais «na cama com», transformando o lobo antunes (que não escreve um romance em condições desde 1999) (ok, tudo bem, o legião é um "suficiente mais") numa espécie de personagem do tratado das paixões da alma.

tenho pena do senhor, só isto!

1 comentário:

Patti disse...

Ai que maldade, eu ouvia-o a falar de disparates metafísicos, sobre o tempo em Vénus e quais as calorias de uma posta de peixe-frito, eternamente.

E o tu ainda não sabes do que trata o livro, é daquilo que vem lá dentro?