sexta-feira, agosto 31, 2007

por mais estranho que possa parecer

o sepes é o meu disco favorito do trovante. por mais estranho que isto possa parecer, esta não é nem de perto nem de longe a minha música favorita deles. por mais estranho que isto possa parecer esta também não é a minha música favorita deste disco. no entanto...



vá lá a gente entender o passado, não é?

partilhando

há coisa de vinte anos, ao fazer nas partilhas dum final de namoro, fiquei a perder 500 paus em cash, o building the perfect beast do don henley e o serious hits live do collins.

do primeiro estou-me cagando para a coisa, do último acabo por lhe agradecer ter ficado com aquilo, agora do segundo, confesso, é se calhar das poucas coisas relevantes que tenho a apontar àquela miúda.

sim, porque uma gaja que me fica com o boys of summer, pergunto: merece ou não merece umas palmadas no rabo?




por outro lado, ó , sempre me vou safando dumas noites de choradeira, não é? ainda por cima descalço, com os sapatos na mão e a gravata cheia de lágrimas e ranho. é talvez melhor assim. ela que fique com a taça, pronto!

terceira



bem sei que a terceira série é sempre aquela que fica no gume da navalha, tanto pode cair para um lado como para o outro. mas convenhamos, mesmo a segunda do prison break já foi bem melhor que a segunda do lost.

(ai aquela terceira do lost...... realmente...)

hoje vi um quarto de hora da terceira série do prison break que estreará daqui a pouco mais de um par de semanas. e pronto, deu para matar saudades, mas não deu para tirar qualquer conclusão.

aguardemos mais uns dias (passados a tremer, a tremer.....)

mentalidades

umas das coisas que mais me fode são as consequências das intermináveis guerras entre os presidentes dos clubes de futebol portugueses: ou é o jn lima pc contra o vieira, ou é o vieira contra o dias da cunha, ou é o fiúza contra o cabral ferreira, ou é o rui alves contra todo o mundo.

é que já cheira mal.

lembrei-me disto há dois ou três anos, quando o milan emprestou o abbiati à juve. estão a imaginar o sporting emprestar o tiago ao benfica quando há dois anos os guarda-redes lampiões andavam todos encostados à box? não estão pois não?


e voltei-me a lembrar disto quando hoje soube que o barcelona entrou em campo para jogar o juan gamper, envergando o equipamento do sevilha, em homenagem ao puerta. estão a ver o jnpc autorizar o clube a entrar em campo equipado à benfica em homenagem ao féher, não estão?


meu deus, temos ainda tanto que aprender.

quinta-feira, agosto 30, 2007

traseiras parte dois - o guincho

na sequência deste post, recebo este mail vindo deste maduro:

Referias nesse post que tinhas saudades do som das roldanas do estendal. Vai em anexo um sonzinho acabado de gravar. Se quiseres posso gravar uma hora disto.
O estendal cá de casa não é oleado, que'ssa merda é p'ra rotos!
Abraço
RM

e aqui em baixo coloquei o referido sonzinho. que maravilha de som, porra! até arrepia no escroto. ou melhor, é um arrepio que vai daqui do escroto, passa pelo arelho e só termina aqui na nuca!

uuuuuhhhhhhhi!!






os nomes do pai

o meu pai não inspirava somente um sketch do gato fedorento. o meu pai tem reportório para encher seguramente uma série inteira.

uma das "cenas" dele é referir-se a terceiros pelo seu nome próprio. assim, o cavaco silva é o "aníbal"; o secretário é o "carlos"; o cunhal é(ra) o "álvaro"; o durão barroso é o "zé manel"; o figo é o "luís"; o sá carneiro era o "francisco"; o pinto da costa é obviamente jorge nuno; o freitas do amaral é o "diogo", etc, etc...

adiante!

há uns poucos anos convidei o meu pai para ir ver o clube:
- ó pai, o clube vai ao restelo. eles andam muito em baixo. vamos lá apoiar os gajos?
- oh, não sei.... o raio dos bilhetes e tal... é muito caro, filho!
- bem se é por isso, não se pensa mais no assunto. eu tenho todo o gosto em lhe oferecer o bilhete.
- maravilha. então aceito.
- ó pai, combinamos o seguinte, eu venho daqui do estoril, não é? o pai vem lá de casa, apanha o metro e tal, mete-se depois no comboio e, quando estiver ali, mais coisa menos coisa, em alcântara, dá-me um toque para o telelé e eu vou buscá-lo à estação de belém.
- combinado! não se fala mais no assunto.

no dia do jogo, dez minutos depois da hora combinada, dou-lhe uma apitadela:
- está, pai?
- ooooooiii!
- então, ainda no comboio?
- não, filho! já cheguei.
- já? ok! então e onde é que está? estou aqui a controlar o pessoal que sai da estação mas não o vi passar...
- oh! estou aqui à porta da casa do jorge.
- ?????? do jorge? jorge? qual jorge, pai? não estou a ver quem é?
- ohh! até parece que não sabes. ai que distração a tua, filho. estou à porta do jorge sampaio!
- oh meu deus! (foda-se, este meu pai dá-me cabo da mona)

e lá fui apanhar o velhote. quem o conhece, imagina o que realmente ele estava a fazer. sim, estava, obviamente, na palheta com o gnr de serviço à porta de armas, ambos sob o tecto da guarita da entrada do palácio de belém.

e perdemos três a zero. um deles com um tiraço do césar peixoto que até me doeu na alma.

traseiras

às vezes tenho saudades dos guinchos que soltavam as cordas (ou os cabos) e as roldanas dos estendais de roupa das traseiras da minha casa.

há qualquer coisa de urbano naquele som. qualquer coisa de quotidiano, qualquer coisa que me remete para lisboa. há qualquer coisa de "bairro" naqueles barulhos agudos.

não sei, pá!. sei que aqui onde eu agora moro, nos subúrbios (nos "subúrbios dos arredores" como ouvi num programa daqueles que dão na tv à tarde) onde proliferam as marquises com estendais em plástico ou máquinas de secar a roupa, deixei de ouvir aquilo.

e tenho saudades.

tenho saudades de descer ao primeiro andar, bater à porta da dona engrácia e pedir autorização para me deixar saltar para o telhado do rés-do-chão - casa da minha tia zé - onde jaziam molas de roupa deixadas cair pela minha mãe.

mas aquele som agudo...

e depois não eram só os guinchos, era também o barulho surdo e grave das roldanas oleadas. ou mesmo mais tarde, quando as cordas foram substituídas por cabos. e mesmo esses cabos passaram a vir revestidos por mangueirinhas plásticas que não aleijavam as mãos.

um salto tecnológico bestial esses mangueirinhas que revestiam os cabos, pá. nem a roupa ficava com manchas de ferrugem, nem o corpo ganhava tétano das picadelas oriundas dos arames dos cabos que se desfaziam.

e sim, tenho saudades.

bem vistas as coisas, a passagem das molas de madeira para as de plástico também foi um salto tecnológico de registo. por outro lado, o sabor doce da madeira que sentíamos quando segurávamos as molas com a boca, passou a ser um sabor azedo e artificial do plástico (bhlah!).

tenho saudades.

há sons da nossa infância que deixam umas saudades do catano!

terça-feira, agosto 28, 2007

todos os nomes? nah, só alguns!

a minha filha chama-se beatriz porque eu tive uma avó com esse nome. nunca a conheci, era a mãe da minha mãe e mulher do meu avô antónio. sem saber porquê, talvez porque eu gostava muito desse meu avô, inconscientemente, acabei por gostar muito das coisas que diziam dessa minha avó. ficou o gosto por ela. não sei se gosto do nome beatriz. mas a partir da altura em que aquilo passa a ser uma homenagem, o gostar ou não do nome, deixa de ser importante. felizmente a vinha avó não era hermengarda.

mas há nomes que eu acabo por associar logo logo directamente a algumas pessoas. pronto, se calhar porque me marcaram duma forma ou doutra, ou porque eram pessoas com que me cruzava no dia a dia - comerciantes, familiares, etc -, ou até porque foram as primeiras que eu contactei com esses nomes.

por isso é que para mim albino será sempre o dono do lugar lá ao pé da tipografia do marques & napoleão e que nos fornecia os caixotes para jogarmos pequei; aníbal será sempre o senhor que tinha a drogaria onde eu comprava pedrinhas de goma arábica para fazer cola com que se colavam os cromos da colecção "panorama zoológico"; porfírio será sempre o senhor que tinha (tem!) uma loja de ferragens onde se ia comprar pregos e parafusos; duarte será sempre o marido da beatriz do lugar da esquina; alfredo será sempre o meu tio que tinha um papagaio chamado jacob (que imitava máquinas de costura) e uma figueira em cima da qual eu passava umas valentes manhãs a encher o bandulho; álvaro será outro tio que sabe de cor e salteado as equipas campeãs da década de quarenta em diante e que eu adoro ouvir dizer o nomes dos campeões beleneses de 45/46, assim, a eito e dum só fôlego: capela vasco e feliciano, amaro, gomes e serafim (deve-se pronunciar sarafim), armando, quaresma e andrade, josé pedro e rafael; acácio será sempre o meu padrinho; possidónio tem de ser o pai do zé burrié; sebastião só pode ser o cô com aquele penteadinho de óleo dos fritos; altina será a leiteira que nos fornecia aquelas saudosas garrafas de leitinho fresquinho (ai o que eu odiei quando as substituíram por pacotes daqueles maleáveis que se entornavam todos pelos cotovelos abaixo); cecília será sempre a minha irmã (
meu deus, o que raio passou pela cabeça dos meus pais quando lhe deram aquele nome?); lutegarda será sempre a cabeleireira da minha mãe (calma, não façam assim um ar de espanto tão grande. era tratada por lute!); agostinho será sempre o taberneiro (tenho de fazer um post sobre o seu velório: irresistível, mesmo!); alcides só pode ser o meu bom velho companheiro dos tempos em que fomos monitor de colónias de férias; tibério só pode ser o meu falecido primo que me ofereceu, salvo erro, um triciclo (ou terá sido um cavalo de pau?); benjamim é outro primo que tinha uma loja de electrodomésticos em corroios; celso era o pai das gêmeas; cristiano será sempre o pai dos gramunhas; edgar era o senhor que nos tirava os retratos; amílcar era um primo que se lembrou de tirar filosofia na católica "apenas" com média de 17 ("apenas", simplesmente, porque já estava muito farto daquilo e não estava para se esforçar mais); horácio era o senhor da oficina perto do greno e respeitável dono do king e zulmira foi a minha professora da primária.

isto claro para não falar nos nomes dos actores das novelas que passaram a ser tratados pelo nome das suas primeiras personagens: o nacib, o dr. mundinho, a malvina, a jerusa, a muriel, a ligia, a malu mulher, o zeca diabo, o tonico bastos, o terêncio, o zelão das asas, o odorico paraguaçu, o dirceu borboleta, o chico chicão (que um dia quis tirar uma foto com a minha filha), a glorinha, etc, etc.

o resto, bom o resto é conversa

segunda-feira, agosto 27, 2007



no inverno de 1988, realizou-se no pavilhão carlos lopes, um evento denominado "sons do parque". a ideia era fazer um concerto dividido em duas noites. na primeira com os gnr, os essa entente e os xutos e na segunda com os mler ife dada, o jorge palma, o vitorino e o sérgio godinho.

o mira* que como eu gostava de ir a estas coisas, dá-me uma telefonadela e avisa-me:
- hoje prepara-te porque vamos ver o sérgio godinho e o vitorino!
eu que como ele era doidinho pelo sg, nem pensei duas vezes:
- olha, traz então dois capacetes.

e lá fomos na sua dt até ao parque.

a coisa começou com os mler ife dada e nessa altura nós ainda estávamos no bar a beber cervejas (mas alguém um dia perdeu tempo a ver os mler ife dada?). aos despois arrancou o jorge palma. do palma já gostávamos! era um gajo porreiro e tal.... com o mira tenho ideia de termos papado mais um dois concertos dele. e eu até tinha uma música favorita: terra dos sonhos.

nessa noite apanhámos-lo no bar (isto, da segunda vez que lá fomos). toquei-lhe no ombro e disse-lhe:
- ó psht psht, tu és menino para me dares um autógrafo? (que vergonha, nem quero acreditar que andei a pedir autógrafos. realmente os 18, 19 anos, são uma idade fodida!...)
ele virou-se e replicou
- se me pagares uma cerveja, até dou.
eu paguei e ele lá escrevinhou uns rabiscos no papel:
"ó jaime, já estou farto de dar autógrafos! um abraço, jorge palma"

ele depois pagou-nos também uma cerveja, mas cravou-nos dois sg gigante!

confesso que passei a ouvir melhor aquelas cantigas. e passei a gostar ainda mais das coisas do jota pê. mas o tempo foi passando, vieram as coisas do palma's gang, do rio grande e mais não sei o quê e o palma passou a ser insuportável. e ainda é. pelo menos para mim.

mas há sempre o reverso da medalha.

há na casa onde passo férias, uma colectânea do jorge palma (o meu sogro é fanzoca), que habitualmente toca quando lá estou. não sei porquê, não faço a mínima ideia, mas sem ninguém ter encomendado nada, aos poucos, fui-me habituando a ouvir aquele disco "ali". sim, lá, naquele lugar. lá no alentejo.

é estranho, não suporto ouvir o jorge palma (que é realmente um gajo porreirissimo e o mais pacholas possivel) em qualquer outra ocasião mas ali gosto. o disco em questão é o "só", uma coisa que ele gravou no início da década de noventa, só com voz e piano. e gravou assim, directo para a fita, sem montagem nem mariquices. assim, em puro, construindo um ambiente do belo.

normalmente é assim: boto o cê dê lá no toca cê dês, levanto o volume, ligo as colunas que tocam na rua, pego na caiprinha ou na licor de nóz com muito gelo, e fico ali ao relento, meio grogue a ouvir as palavras e as pianadas a passar.

gosto!

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar

Só por ter dois sóis
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
E chamei casa a esse lugar

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por inventar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
E deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto à tempestade
Onde os pés não têm chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
Eu sei que nenhuma vai ganhar


* eh pá, tenho de fazer um post sobre ti, meu malandro. um maduro como tu, que a sábado e o dn considerou como sendo um dos melhores escultores de areia do mundo, merece o meu respeito. pagaste para eles dizerem aquilo, não foi?

o crime foi meu

mas quem me mandou ficar até às tantas a ver o crime do padre amaro? digam-me, quem?

a ideia era ver a soraia (nome nitidamente de cigana da picheleira) a levar umas retanchadas. e vi. pronto, é certo, a gaja tem rabo e corpo e tal. mas não é muito gira. ou melhor, se não tivesse corpo nenhum e tivesse a cara que tem, ninguém daria nada pela miúda.

depois é uma chatice não arranjarem actrizes com um bom par de tetos. a gente vê o volver* e não nos sai da cebeça a célebre cena da penélope (esta já tem nome de discoteca) a lavar a louça. e passado um ano ou coisa parecida, a cena continua na nossa cabeça. e não lhe vimos os tetos por completo. foi só mesmo o fantástico rego de mamas.

agora a soraia, minha nossa senhora, aquilo ficava bem mais compostinho se também tivesse um aspecto, digamos, mais bélico, pronto!

o resto é mau. é muito mau! os actores são maus (porque é que continuam a fazer castings naquela de "olha, vamos convidar assim, malta da tv e tal. políticos, por exemplo. vamos dar oportunidades a essa cambada, vamos?"), o argumento é do pior e principalmente o som, a banda sonora, etc, etc.

mas é tudo muito mau. quando uma pessoa se ri nas cenas dramáticas, está tudo dito, pronto!

mas aquilo que mais me custa não ver nas coisas feitas pelos portugueses é o "molho". é o que sucede entre as cenas. se há uma cena em que a ideia é uma pessoa aproximar-se de outra e dizer-lhe: o teu marido morreu. não é suposto a pessoa aproximar-se e dizer-lhe: o teu marido morreu. tem de fazer muitas outras coisas mais para encher a cena de molho: olhares, gestos, palavras, etc.

e em portugal, meus amigos, isso raramente acontece.

é pena.

(e depois há o nicolau breyner..... bom, é melhor não dizer mais nada!)


tu, realmente!

tenho saudades

dum golo de bola corrida.

sexta-feira, agosto 24, 2007

força força companheiro vasco, nós seremos a muralha de aço

entra-me messenger a dentro uma amiga. pergunto-lhe se está bem e se o resto da família também anda sobre rodas.

diz-me que sim, que a filha está cada vez mais mulher e que o seu companheiro tem sido um doce para ela.

aí eu olho para o ecrã e estarreço. companheiro? meu deus, que coisa mais linda de se dizer. como é que há alguém no mundo que ainda utiliza este termo. eu tenho para mim que dizer companheiro está ao nível de se dizer bruxo! ou mesmo árióps!

para mim, companheiro é a palavra mais preciosa (termo que agora inventei. define algo relativo ao processo revolucionário em curso) e gonçalvista que eu conheço.

companheiro, (deveis fazer uma pausa quando lerdes isto) maravilha!

neminho

não bastando o que o post de baixo documenta, agora não há dia que passe sem que arraste o maple até ao móvel da entrada e se ponha a fazer festinhas ao neminho(!), um minúsculo peixe vermelhusco que temos numa bola de vidro, comummente denominada de aquário. hoje de manhã, no meio duma birra, lá ouvi o barulho das pedrinhas a baterem nas paredes de vidro.

- ó filha, mas não vês que assim matas o neminho? se lhe fizeres isso, ele morre, pá.
- mas eu quero!!!! quero fazer carinhos a iêle, pai!

animais



tem, tem pancada pela bicharia. não interessa se são artificiais ou verdadeiros. seja qual for a opção ela está lá. e como se vê, não abre a mão



e não deixa de se embrenhar na multidão.

quarta-feira, agosto 22, 2007

selada das eiras

dedicado ao meu muito querido costa calado.

eu não era um grande amante de rallys. era mais da trupe da fórmula um. o piquet ainda reinava e por isso não via necessidade de virar atenções para outro lado.

mas um dia, mais precisamente em 6 de março de 1984, andava por lisboa a fazer os habituais recados ao meu pai, quando ao passar pelo largo de camões, me deparo com um enorme ajuntamento. fui ver (assim ao estilo da balada do gil) e afinal era um happening criado pela lancia para promover o rally de portugal. por lá fiquei, a suplicar autocolantes e porta-chaves, ao mesmo tempo que tentava afincadamente sacar um autógrafo de um dos pilotos presentes: bettega, toivonen e allen. às tantas eles têm de arrumar a tenda e os carros põem-se em andamento. meu deus, assim que eu ouvi aquele bóint-bóint-bóint dos carritos fiquei doidinho. doidinho ao ponto de ir lado a lado com o 037 do italiano, rua do alecrim abaixo. que show, meu deus. foi a minha epifania para esta trupe de saltimbancos.

não passei a amar os rallys, mas passei a seguir com atenção o rally de portugal. e claro, o toivonen passou a ser o meu favorito (era o mais simpático dentre os que lá estavam no chiado. sim, ainda mais que o allen) (vejam lá bem o efeito que estas promoções fazem nas cabecitas dos miúdos. ai o futebol português tem ainda tanto para aprender...). recordo-me que até ao seu abandono ele papou os troços todos de sintra. limpinho. e claro, conversas que eu achava desinteressantíssimas, passaram a ser escutadas de ouvidos bem atentos: histórias de sintra, de fafe, etc.

ordeca para ir ver estas coisas é que infelizmente nunca cheguei a ter.

anos mais tarde, quando os meus pais voltaram a comprar a casa onde a minha mãe e seus irmãos e irmãs nasceram, ali em vila nova do ceira, passei a ter um contacto ainda mais estreito com essas histórias. atentem o seguinte, havia um troço, o da candosa, a menos de um par de quilómetros da porta da minha casa. as equipas faziam os seus preparativos e montavam as suas tendas, ali mesmo dentro da aldeia. é pois natural que aqueles meus amigos tivessem dos pilotos uma opinião bem diferente daquela que nós - que apenas seguíamos pela televisão - tínhamos. eu que odiava o röhrl, por exemplo, fiquei a saber que afinal o tedesco era um porreiraço. pormenores, não é?

calhou de caminho, a minha irmã arranjar para namorado e marido, um rapaz louco pelos cabrões dos carros e conhecedor da serra de arganil e arredores - bem abrangentes, diga-se - como a palma da sua mão. e assim foi com ele que eu em 1988 finalmente vi ao vivo e a cores os carros a passarem à minha beira.

meu deus, o pó, a noite, o frio, o nascer do sol lá na serra, o ambiente, as bocas que se mandam, as bebedeiras e, já agora, os carros. tudo aquilo era francamente novo e bestial.

e muito bom foi também quando finalmente, num dos anos seguintes, tive oportunidade de ver os carros no spot mais fantástico de todo o mundial de rallys, o gancho da selada das eiras.

pooooooorrrrrraaaaa!

chegámos lá, suponho, vindo de relva ou mesmo de teixeira, já não me recordo bem. aquele povo todo amontoado, um bruá enorme, muita, muita gente. roulotes de bifanas e bjecas. um show, um show. recordo-me dum grupo de três bêbados sentados em cima duma pedra - um com a parte da frente duma guitarra toda escavacada, outro com um capacete com cornos e finalmente o terceiro com um enorme badalo - que faziam um show do caraças quando os carros passavam.

e finalmente chegam os bólides. inexplicável, meus amigos. os carros chegavam lá subindo a estrada que vem do salgueiro, depois atravessavam-se completamente pelo gancho dentro, durante uns bons valentes metros, para finalmente darem gás àqueles motores pela estrada que os levavam aos ganchos de lomba.

fiquei doidinho.

ainda vi o rally naquele local, mais umas duas ou três vezes - não vi mais porque para se ir à selada das eiras ficávamos "presos" e impossibilitados de ir ver outros troços. e a ideia era ver aqueles carros o maior número de vezes possível - e não consigo encontrar emoção (nem mesmo do que vejo na tv) como naquele local.

nestas férias voltei lá, desta vez sem a ajuda do meu cunhado-guia para reviver aqueles momentos. o local está diferente, há partes que estão alcatroadas e que na altura eram em terra batida, mas o coração apertou com saudades de ver os carros a largar pó por aquela serra de arganil.

meu querido rui, deixo-te aqui três fotos. duas encontrei num fórum do autohoje, esta retratando a subida do pessegueiro - olha-me bem a dureza deste piso -


a outra já mostra o röhrl a a chegar ao cabrão do gancho


finalmente a foto que eu tirei. vê comigo: os gajos chegavam daqui da direita - atenção que o jorge bica disse que atingia ali na subida 180 km/h - e no final dessa rectazita davam um toque de volante, obrigando o rabo a sair para a esquerda - vi ali um camone partir uma perna porque levou com um guarda lamas - para curvarem já em slide de ladecos atravessando assim nessa posição a estrada alcatroada (aquela onde está o meu carro estacionado) a fim de embicarem a frente para aquela estrada, paralela à tal do meu carro. atenta que na altura a única parte alcatroada eram aqueles quatro ou cinco metros da estrada principal, tudo o resto que vês na imagem não estava alcatroado. ok?


a pergunta que te faço é a seguinte: será que com este texto te consigo pôr a gostar de ganchos em vez de continuares com essa mariquice de só gramares ver os carros a bombar nas rectas?

terça-feira, agosto 21, 2007

candosa

muito resumidamente, conta a lenda que os mouros tentaram construir aqui uma barragem que alagasse este vale. mas durante a noite, uma senhora montada num burro e carregando uma candeia, vinha ao local das obras, digamos assim e destruía a barragem. a coisa andou assim durante uns tempos até que os mouros se cansaram e bazaram para outro lugar. em sua homenagem o povo das redondezas, construiu aqui uma ermida em honra da senhora da candosa.

conta também uma lenda que o povo vinha para aqui de noite, estacionava o seu carrito e dava umas valentes retanchadas. alguns que eu cá sei vinham de mota. em tempos partiu também daqui o troço da candosa do rally de portugal. os mais recordados sabem que esse troço tinha duas passagens (candosa 1 e candosa 2). em código, entre alguns dos habitantes da aldeia, costumava-se utilizar a expressão "fazer a candosa 3". por exemplo no seguinte contexto:

- ontem, peguei na minha casal boss e fui com a ilda fazer o candosa 3.

julgo não haver necessidade de mais explicações.

bom, historietas, não é?

o que eu cá sei é que é daqui que se tem a mais fantástica vista da terra da minha mãe. isso é certinho comó destino!




informação da semana.

dos jornais:

"os activistas tinham as caras tapadas com panos para, segundo eles, se protegerem do polén transgénico."

acho bem, porra. então a rapaziada ia lá foder o milho ao velho e acabavam todos com uns dói-dói nos pulmões? nah, há que tomar as devidas precauções.

amei.

medo

ó je, comenta-me isto por favor.

das férias - da minha casa

quando acordava de manhã





e quando acordava à tarde


eu show nico

li numa revista - ai o que eu li nestas férias. tanta coisa gira... - que o nicolau* recebeu ameaças de morte por causa do filme do presidente com a lina alternadeira.

sou contra. sou contra a morte das pessoas que gostam de fingir que são actores.

para mim, bastava ameaçá-lo que o senhor teria de deixar as lides das interpretações. era um serviço que se fazia ao país e ao mundo. aliás, pessoalmente acho que ele continua a fazer o mesmo papel, o do godunha da vila faia. só que às vezes tira o bigode. o resto, pronto o resto é tudo igual.


e teresa guilherme, porque raio não recebe ameaças de morte por teimar em ser actriz? não compreendo.

* eu sei que esta é uma piada parva. mas não resisti. até porque eu acho que o nico deve ser um pacholas à maneira. mas pronto, não gosto é de o ver a actuar, só isso.

segunda-feira, agosto 20, 2007

empresárias e outros que tal

por motivos que não lembram ao diabo - e que eu não posso publicamente contar - fui ver o Estrela da Amadora-FCP da época passada, no camarote presidencial do estádio da luz - a chamada catedralzeca - nada a ver, pois, com a basílica, claro! (vá, não se irritem, estava a brincar).

às tantas chega-se à minha beira a arrumadora que me pede para lhe mostrar o convite. lá mostrei a coisa e segredei-lhe:
- olha, bem sei que me tens de sentar lá à frente ao pé do jnpc, do raposo e do dias teixeira, mas deixemos-nos de complicações que eu vou ver a bola daqui do pé da máquina das imperiais, ok?
ela, gira, boa - todos nós já a vimos nua, ora - e compreensiva, anuiu.

dias mais tarde vejo numa revista que ela era relações públicas. ora eu estranhei a coisa. até porque havia um senhor que morava na silveira peixoto, já perto da entrada do campo do padre e que fazia o mesmo trabalho que a dita senhora mas só que no cinema império. e acreditem, nunca ninguém, lá no bairro,
disse que o senhor era relações públicas do império. nem sequer do cinema estúdio, por exemplo. acho mal.

adiante.

a profícua leitura durante as férias das denominadas revistas cor-de-rosa, fez-me atentar para um fenómeno giro, agora não há ninguém que não seja empresário. a paxaxa é empresária, a faticha é empresária, o benado (dizem que se escreve bernardo, confesso que nunca as ouvi dizer o érre lá do meio) é empresário, a bixuxa é empresária, todos e todas são empresárias. e isto, meus amigos não é culpa delas. a culpa é do famoso governo do nosso presidente da república (ou terá sido o ernani lopes?) quando introduziu o estatuto do empresário em nome individual. para os mais distraídos, é o pessoal do recibo verde. ou seja, se és canalizador e passas um recibo verde, és empresário; se andas a fazer massagens daquelas em que os dedos roçam ao de leve pelos tomates dos clientes, és empresária; se andas a tirar ervas daninhas do jardim, és empresário; se fazes seja lá o que for, és empresário. desde que emitas o recibinho, meu amigo, és empresário. assim, se tens um café que serve empadas e quiches da tia, também és empresária; se tens uma loja de flores, também és empresária, portanto, a palavra empresa acaba por enquadrar a tiasada toda que aparece aí pelo social.

E EU SINTO-ME LUDIBRIADO, FODA-SE!

porque se eu andei duas semanas a penar numa tipografia, enquanto encadernava suplementos do expresso e passava o recibito da ordem, bem que podia ter dito à chavala que estava na esplanada da carcassone, lá em alvalade, que eu era empresário em vez de ter dito que era biscateiro. talvez a gaja não tivesse bazado para outra mesa.

e quando aquela outra, anos mais tarde, numa noite de santo antónio, me perguntou o que é que eu fazia, eu, parvo, em vez ter dito que era empresário, fui afirmar que andava de porta em porta a fazer inquéritos de satisfação de produto. é claro que a moça foi comer sardinhas para outro lado, certo?

acho errado, porra!

é por essas e por outras que eu tento, na medida do possível, adaptar-me aos tempos modernos. por isso é que o meu querido quim carteiro, será sempre e para sempre "técnico de distribuição postal - é assim, não é quim? -; aquela miúda que ontem na reportagem da sic andava a guardar cabras na serra da estrela, deixa de ser uma pastora e passa a ser "técnica de segurança pecuária" ou até os famosos almeidas - ó gonçalves, sabias que o pires, quando era puto, queria ser almeida? - devem ser tratados como "técnicos de recolha de resíduos sólidos urbanos"

da-se!

das férias - uns vêm-se, outros vão-se!

não sei o que seria dos meus ouvidos, aí entre 1982 e, vá lá, pronto, 1986 se não tivesse existido o tony wilson.

agora que lá chegaste acima, pergunta aí ao ian porque raio o gajo não se aguentou, digamos, mais uns dois ou três élepês. tinha dado jeito, porra!

das férias - minis

é francamente incrível a velocidade com que se consome uma palete de minis!

das férias - porque a minha mãe é do concelho de góis e nós temos lá casa

sou o mais possível a favor das concentrações de motards: o espírito, a camaradagem, o ambiente, as coparias, as comezainas, uma ou outra gaja mais boazuda (muito poucas), o pessoal todo emporcalhado. é fixe.

sou é contra o facto deles levarem também as motas para a concentração.

(ai o que me irrita o caralho da concentração!)

jornada um

primeira coisa a referir: o quaresma não fez nenhuma assistência para golo. o que se passa com o rapaz?

segunda: o tarik foi titular (meu deus, ao que isto chegou)

terceira: bem sei que a coisa foi contra o leixões, um clube que acabou de chegar à liga e tal... mas porra, vejam bem com a tenção a classe e a souplesse com que o rui costa marca o canto que originou o golo. a sério, fora de brincadeiras, aquilo até parece simples: ora querem a bola ali no bico da pequena área, é? e querem também que ela venha em condições de ser mandada lá para trás, não é? então vá lá, tunga!

e é nestes lances, assim, bem simples que se vê que às vezes o mais fácil é mesmo complicar.

genéricos

o csi não sei o quê (pronto, é um que dá aos domingos na sic) é uma série fantástica. o seu ponto alto é a música do genérico:

whooooooooo are you, uh-uh uh-uh!
whooooooooo are you, uh-uh uh-uh!

depois a música acaba e começa a merda do costume. juro, não percebo, mas porque carga de água as gajas gostam tanto do csi?

as novelas brasileiras da sic (não me perguntem coisas difícieis, estou aqui a escrever e nem sequer sei o nome delas) têm duas músicas do genérico que eu adoro: a primeira é o "é com esse que eu vou" que a elis regina cantava e encanta-me; a segunda, não estou com pachorra para ir ali ver o nome, mas é cantada pela maria rita. um mimo! ou melhor: dois mimos!

domingo, agosto 19, 2007

das férias - séries

despachei o irâus e as duas temporadas do râume.

vá lá, convenhamos, o irâus é fixe. mas porra, não é uma coisa do outro mundo, ora.

agora o râume? ui, aí as coisas piam mais fininho. meu deus, série do camandro.

porra, os cabrões do actores britânicos dão realmente uma abada ao pessoal do resto do mundo.

e a lindsey marshal de cabelo curtinho..... ui, ui!!!!!

das férias - lavar os dentes

meus caros comentadores sempre prontos à espera do que os treinadores e os jogadores dizem, deixem-se de merdas: não encontrem coisas esquisitas onde não as há; não vejam maldade em palavras singelas; não sejam broncos, ok?

vejam comigo: nos últimos cinco anos - e não vou mais longe - o clube conseguiu uma vez ficar em segundo lugar. nos outros quatro anos ficou um lugar acima. agora digam-me, supondo que lavar os dentes seja um hábito tão normal como coçar a colhoeira, é ou não é normal estarmos habituados à vitória?

das férias - supertaça

jogo de merda.

duas bolas ao ferro não é azar. é azelhice!

azar é o árbitro não ter visto aquela tonelada lá na área do lagartos. acontece. haverá do mesmo também para o meu lado. toca a todos.

e tirando o golo, meus amigos, não vi mesmo mais nada de jeito. para o ano, talvez, haja mais.

das férias - livros

li dois, brasileiros, claro. o estação carandiru do drauzio varella e o vou-te contar do walter silva.

o primeiro é uma bomba do caraças. foi o livro do verão. de caras.
("obrigou-me" hoje a rever o filme e tudo.)


o segundo é uma merda descomunal. meu deus, que gajo mais chauvinista. um gajo lê as coisinhas do miéle ou do motta - giras, leves, descomplexadas - e espera mais do mesmo. puro engano: eu fiz isto para aqui, eu é que descobri isto para acolá, eu é que sou bom para aqui, os outros são todos maus para acolá*.


é a vida.

* ora bem, eu até páginas tantas até fui concordando com o walter e tolerando a narizempinadice do senhor. mas convenhamos, dizer mal da simone, mesmo do período pré "ao vivo" de 1980? ah, isso não. há limites, ora!



das férias - água

ela é de cliques.

o seu professor de natação
(é um exagero chamar aquilo natação. digamos que é um personal water trainer.) (eh que nome do carago que eu agora arranjei!)
já nos tinha alertado há coisa de ano e meio:
- falta-lhe dar o clique. não há pressas, quando ela der o clique veremos se ela não desata a curtir os mergulhos.
um par de semanas depois lá surgiu o clique. e surgiram os mergulhos. dum momento para o outro deu-lhe a louca a desatou a mergulhar.

nestas férias deu-se o clique windows, o chamado duplo-clique. agora passa a vida a mergulhar, a esbracejar debaixo de água, a fingir que nada.

e adora. fica ali a mergulhar, a mergulhar, a mergulhar....

e com a aquisição dos óculos de piscina (leia-se pi-sina) descobriu que se consegue controlar melhor debaixo de água.

adora a água.

e eu gosto disso nela.

das férias - reencontro...

... com a minha filha:

- mais morena;
- mais vocabulário;
- mais crescida;
- mais louca;
- menos bebé (oh, onde é que ele já vai!...);
- mais eu;
- mais mãe;
- mais menina;
- mais independente;
- tudo muito mais!

(é o que faz passar mais tempo com os avós.)

sexta-feira, agosto 03, 2007

barrigas

ouvir as mulheres a comentar o tamanho das suas barrigas grávidas é para mim tão ridículo e rizível como quando nós comparávamos o tamanho das nossas pilinhas*. a diferença é que nós éramos putos xarilas. havia algum desconto.

* das nossas pilinhas? nah, dos nossos bacamartes!

férias? nah!...

manda-me a minha mulher um mail, uma espécie de lembrete que dizia qualquer coisa como:
"amanhã, por esta hora já estamos de férias. e já estamos com a nossa cuca."

eu torci o nariz à sua ingenuidade e chamei-a à atenção que as nossas férias foram sim, esta semana que passou. 7 dias bestiais passados sem filha. 7 dias em que nos deitámos sem as chatices dela. 7 dias em que nos levantámos sem aqueles berros "quero leitiiiiiiinhooooo!". 7 dias em que não tivemos a gaja, a lixar-nos a alma nas primeiras horas da madrugada com aquela voz de despertador que diz "mãejinha, levanta, o sol já istá a bilhar!".

a miúda está com os avós, anda feliz, come imenso, não refila, deita-se a horas, alegra o ambiente, faz tudo o que infelizmente não faz em casa.

o que supostamente poderiam vir a ser 15 dias de férias, eu sei que vão ser o tormento habitual. e as saudades que temos dela, sinceramente, eu ainda tenho cá dentro espaço para aguentar sem ela, aí mais uns bons 10 dias.

pronto, vá lá, uma semana.

quer dizer, 3 dias. sim, 3 dias ainda aguentarei na boa.

eu disse 3 dias? ah, foi com o entusiasmo, eu queria dizer 3 horas.

(ó môr e se em vez de irmos amanhã que tal se arrancássemos hoje à noitinha?)
(não, estou a brincar. a gaja ainda acordava e era pior a emenda que o soneto)

quinta-feira, agosto 02, 2007

sobre o post mesmo mesmo mesmo anterior a este

uma pessoa que tenha um baby-blog pode-o considerar como tal até quando?

que idade pode ter a criança? 2? 3? 5 anos?

e depois, passa a ter um quê? um child-blog?

tradição

o zé burrié - sobrinho do barbosa laranjeira, o maior caçador da picheleira - era um gajo que para os cânones dos anos oitenta tinha a chamada "classe de bairro": camisas aos quadrados, ar altivo, benfiquista roxo, ténis sanjo e cabelo aos caracóis tipo galrinho bento.

além destas coisas todas - e de outras impublicáveis - era um guarda-redes à moda antiga. a compor este ramalhete - lá está, também era um bom guarda-redes de hóquei não-patinado apesar de nunca ter tido a fama do excelso quelho - era ainda um filósofo da tanga com uma personalidade acutilante como raramente se via na picheleira.

certa tarde, uma daquelas quentíssimas que o mês de julho produz - estamos a falar de coisas estilo 42 graus, não me refiro a cenas mornas de 35 ou 36, ok? -, vínhamos todos ou da praia ou provavelmente da piscina da penha (deve ter sido da piscina, porque naquela altura não havia ordeca para grandes explorações.) quando na nossa rua, estava o referido zé burrié a dar toques numa chincha de borracha, ali sob a janela da ilda do macaco:
- então ó zé, não quiseste vir connosco?
- oh! quero lá saber disso!
- eh pá, mas com este calorão, sabe bem estar na água. amanhã vamos outra vez. vamos à do areeiro, bute?
- nah, não está tempo para isso. para mim, praia - ou mesmo piscina - é em agosto. para mim ainda não está tempo de praia. praia que é praia é em agosto.

e pronto, quando um gajo demonstra duma forma parva e ignóbil as suas convicções não há mais nada a fazer, não é?

lembro-me sempre do burrié em duas ou três situações. uma delas tenho-me lembrado por estes dias: foi preciso ter chegado a agosto para o calor desaparecer?

a outra, lembro-me amiude quando falamos sobre coisas com limites bem determinados. as alheiras, por exemplo. o meu pai é do concelho de mirandela. como devem imaginar, tenho acesso a alguns dos melhores exemplares desses enchidos. agora imaginem a cena, estou a comer uma valente alheira que alguém me trouxe não de mirandela mas dum concelho vizinho, valpaços por exemplo. e enceto o seguinte diálogo:
- esta alheira é bestial, não é?
- hum, nem por isso.
- não achas?
- quer dizer, não é bem... é de mirandela?
- não, é de lá ao pé, curiosamente é de valpaços.
- ahhhhhh, logo vi, é por isso. se fosse de mirandela era outra coisa.

ou seja, 20 ou 25 quilómetros já fazem uma diferença do caneco na qualidade da alheira.
balelas, digo-o eu!

esta cena repete-se com o leitão - se for da mealhada é uma coisa, se for quatro quilómetros acima é outra coisa - com a sardinha de peniche - se a comermos junto ao forte é uma coisa, se já for na praia da consolação é outra -, etc, etc..

paneleirices, digo eu!

a minha ginga é melhor que a tua

eu deveria ter aí uns 6 ou 7 anos quando o meu pai nos ofereceu, a mim e à minha irmã, uma bicicleta. era uma martano, azul, daquelas que se dobravam ao meio, comprada, salvo erro na rua dos sapateiros.

eu era ainda pequeníssimo, era muito canuco e a bicicleta, com assento estilo chopper, tinha de ser conduzida em pé, porque se eu estivesse sentado não chegava aos pedais.

caraças, os quilómetros que eu fiz com aquela ginga, pá.

aprendi a guiá-la ali para os lados da cesário verde, onde, dizia-se, o pessoal das oficinas da picheleira e do alto do pina ia testar as pastilhas dos travões. recordo-me de uma vez, estar ali quase quase a conseguir andar sozinho quando reparo que um carro se aproximava por trás. borrei-me todo com o susto, larguei a bicla no meio da estrada e fugi com medo do carro. também íamos muito para o jardim da paiva couceiro, local onde uma vez a minha irmã abalroou um senhor que estava sentado a ler o jornal. felizmente não houve vítimas.

o assento não durou muito. anos depois foi substituído por um branco "estilo pasteleira" e que já permitia que eu andasse lá sentado. o cabrão do guaidor assim, estilo rider é que era uma merda e não permitia grandes cavalgadas. ainda assim, era com ela que eu, na companhia do luis panzer, ia ver as obras da futura encosta das olaias - muitas horas eu fiz em cima dos bulldozers daquelas obras.

a picheleira não era nem nunca será um dos melhores locais para se andar de bicicleta. aliás, era alguma prova de forte masculinidade apresentar provas de que se conseguiu subir a calçada da picheleira - cuja dificuldade advinha, não da sua inclinação mas do raio dos basaltos que revestiam aquela via - a perry vidal - que era chata de subir porque era muito inclinada e porque essa subida era feita em sentido proíbido - e máximo dos máximos, conseguir subir a silveira peixoto.

o pires tinha uma bicicleta da corrida, verde, tamanho mini, aí uma roda 24, talvez. um espanto. com ela e caso tivesse na cabeça um chapéu à ciclista, daqueles de pala levantada, onde se via o patrocínio à laranjina c, a subida da calçada era feita sem esforço, a perry vidal, se viéssemos bem largados era subida quase a deitar os bofes por fora e a silveira peixoto, por mais que viéssemos a esgalhar desde o saraiva e começássemos a sprintar desde a tipografia do napoleão, a nossa pedalada só dava para conseguir subir até à sede do vitória. não me lembro de ninguém que tenha conseguido subir a temida silveira peixoto.

é claro que há 3 ou 4 paneleirões lá da minha criação que vão com certeza comentar e foder esta minha afirmação, dizendo que conseguiram subi-la n vezes na bicla do zé pascoal ou na do carlitos acha. espero para ver.

sair do bairro era fácil. a afonso costa não existia, no lugar da rotunda das olaias existiam hortas e por isso as saídas eram sempre a descer: descíamos a alameda, descíamos a barão de sabrosa, descíamos a calçada do carrascal e descíamos a calçada da picheleira. o pior era regressar a casa. porra, o difícil que era fazer aqueles regressos. ainda por cima, ordeca dos pais para andar de bicicleta, acontecia apenas no verão. e no verão, meus amigos não é pêra doce, subir a alameda, por exemplo, a empurrar a bicla por ali acima.

houve uns tempos em que ia até ao estádio universitário. era uma aventura. a dificuldade não era desviar-me dos automóveis. o problema estava em tentar evitar as subidas. meu deus, o quanto me custava subir a álvaro pais. um tormento, um tormento.

é por isso que eu não entendo a helena roseta. é certo que nunca entendi. não entendo a saudade que deixa na ordem (perguntem aos arquitectos se gostariam de a ver lá outra vez?), a saudade que deixa no psd, a saudade que deixa no ps. agora decidiu que haveria de ser o do antónio costa. pronto, seja. a mim, irritou-me profundamente algumas coisas que ela protagonizou na campanha. é a vida. ela é livre, graças a deus, de fazer o que bem entende.

no entanto, com aquelas tangas sobre as histórias dos corredores para bicicletas, ficou claro
o seguinte: a arquitecta roseta tem com certeza poucos quilómetros rodados de bicicleta pela minha cidade. e tem pelos vistos alguns de hipocrisia.

já agora, em que poste é que ela prendeu ontem a sua bicla, quando foi à tomada de posse?

quarta-feira, agosto 01, 2007

e nova "era do radar"

entre dois tunning mans:
- e às tantas eu vejo o gajo a entrar ali no túnel do areeiro..
- qual, o que vai para as olaias?
- olaias? não pá, o que vai para a picheleira!!!!!
- ahh, sei....
- então, vejo que o gajo vai já numa ganda bolina. aí a uns 30, 32km/h
- iá, estou a ver...
- e eu não estou de modas. ia em 5ª, meto uma abaixo e colo-me à traseira do carro dele. um saxo cup todo quitado.
- ui!
- vou ali já num speed do caraças, o volante já tremia por todo o lado, mas ainda assim, desço mais uma, espeto a 3ª a fundo, dou uma guinada, o motor num barulhão do camandro, e passo pelo cup aí com o velocímetro a queimar os 48, 49km/h.
- sério?
- iá!
- porra, mas conseguiste papar o gajo sem que o radar te catasse.
- iá, pois foi!

cheiros

há coisa de 15 anos tive uma namorada bióloga. uma miúda muito doce que tinha a fama e o proveito de ser uma delícia e uma inteligência do caraças. pronto, dava-lhe para isso, para acumular saber.

uma das coisas giras
que ela tinha , um dos seus assets, um dos seus factores vip (vem incluído com o produto), era o facto de saber o nome cientifico das plantas.

pronto, tinha a sua piada brincar com a sua inteligência (há parvos para tudo):
- qual é o nome disto?
- e desta erva aqui?
- então.... e desta árvore ali?
etc...

além disso, sabia de cor e salteado o raio do nome dos temperos e das ervas e dos cheiros. vocês sabem né?

e eu sempre ficava de boca aberta com aquelas performances. adorava e invejava a facilidade como se conseguia distinguir, sei lá, uma acácia dum choupo, por exemplo.

há poucas horas, estive com um grupo de amigos lá do meu gang do holmes place, num valente churrasco. valente, quer-se dizer, valente seria se eu pudesse ter aproveitado ao máximo toda a oferta que por lá havia à disposição: queijinho, costeletas, picanha, gelado, um branco de almeirim geladíssimo, linguiça, etc...

ora o simpósio decorreu no jardim dum rapaz da minha geração que se lembrou de semear um porradão de coisas bestiais: oregão, chá príncipe, tomilho, salsa, manjericão, mirra e outras coisas dessas.

e pronto, eu, um bajolo dum urbano cuja única sabedoria herbanária é saber arrancar e chupar azedas, confesso, fico deliciado com aquelas explicações.

para casa, pelo sim pelo não, veio um saquito de oregãos. pronto, naquela, estão a ver?

e por falar em bezungué

uma amboa (lé está, outra palavra que não sei se está bem escrita) também vinha bem a calhar.

ai que fome, porra!

fome

hoje, quando fui à chicco reparar a backet da minha filha, senti um cheiro no ar que, vá se lá a saber porquê, me fez lembrar uma coisa que a minha mãe fazia e que eu adorava.

chamava-se bezungué. nem sequer sei se se escreve assim, mas sei que era um espectáculo.

tenho de ter um conversa com ela.