quinta-feira, abril 29, 2010

e se desse uma diarreia ao hogarth e este gajo voltasse a dar um concerto, mas, pronto, em lisboa?



di napoli, vieira, é isto. 

parece-me simples, não?

duas de seguida, sem tirar

ó nápoles, tu deste por ter saído isto no ano passado? e isto?

ai não deste..... não vás comprar, não. depois diz que te dói.


(repara que não é um bootleg rasca daqueles da carbono. é coisa oficial. com qualidade de som sobrenatural. sabes como é que aqueles cabrões são quando toca ao som, ali, limpinho e tal...) 

ept

faz hoje 19 anos que entrei para a tropa. esta data tem mais ou menos o mesmo significado que o 25 de abril tem para os retornados. e quem diz retornados diz os que já lá nasceram e tiveram mesmo que para cá vir.

sou cota

sou do tempo em que o rui unas tinha piada.

notícia boa

já foi encontrada.

(houve uma pessoa que lhe disse, às tantas, durante a demanda, que era uma tolice estar assim a chorar. «se ainda fosse por causa de um filho ou uma filha!»

há gente muito parva, não é?)

filhos notáveis

hoje de manhã, quando tentávamos ver na televisão 

pois, pois, num dia dizes que não vês televisão, no outro até fazes zapping

que tempo iria fazer hoje, passei num canal de mulheres (nada contra) e estavam a comentar um livro sobre crianças (nada contra). sabem, aquele tipo de livro «pequeno manual para crianças dos 0 aos x anos» (nada contra). e lá referiam as birras, os "nãos", os "não quero", a preguiças.... (nada contra).

(nada contra) agora é moda. se conseguissem reunir numa única livraria todos esses livros, tenho a certeza que já dava uma bela prateleira à disposição dos pais e outros interessados. (nada contra, novamente).

fico a pensar, contudo, noutro tipo de livros que cada vez mais reparo não existirem nestas fnacs da vida. 

já explico.

quando há jackpots no euromilhões, volta e meia lá aparecem umas reportagens todas catitas nos telejornais, sobre ou pessoas que ganharam muito e depois perderam tudo ou ganharam muito, deram-se bem e mudaram de vida. logo, logo a seguir, há umas entrevistas com umas pessoas do gabinete que a santa casa tem lá na sede do totoloto, precisamente dedicado a aconselhar os felizardos que, de um momento para outro, se vêem com 37 milhões de euros no bolso. sei lá, estão ali para ajudar a responder àquelas perguntas, aparentemente loucas, que devem surgir a esses recém milionários: «deverei emprestar dinheiro a todo o mundo que mo pedir?», «deverei pagar marisco no ribeiro, durante uma semana inteira, ao meu grupo de amigos mais chegado?», «será muito complicado ter garrafa no elefante sem que a minha mulher saiba?», «a que destino deverei ir primeiro: bora-bora ou tahiti?», «a quem deverei mandar para a quinta pata do burro: a minha professora de matemática do 10º ano ou o senhor guarda que me multou quando estacionei «ali só 3 minutos, xô guarda» enquanto fui comprar o medicamento para a gripe do meu sobrinho?» e por aí fora.


fiquei a pensar neste gabinete quando vi as senhoras lá do canal de mulheres (nada contra) falarem sobre o tal livro. reflecti (eu sou um pensador ou o que é que pensam, porra?) porque acho que deveria haver livros (em abundância) sobre crianças acima da bitola (bitola esta fabricada pelos pais das ditas criancinhas). sim, crianças que os pais dizem que são espertalhaças, crianças a quem os dentes nasceram primeiro que os outros, crianças que desataram a andar antes dos outros, crianças que sabem fazer ctrl+alt+del quando o pc crasha, crianças que... pronto, crianças, pronto!


fico a pensar no que terão dito os pais do mozart quando o petiz lhes apresentou aquelas obras aos 4 anos: eh pá, ó klaus (estamos na austria, não esqueçam), tens que lá ir a casa ver o meu johann, o puto é bestial, pá. não tem nada que ver com o filhos ali do lothar, essa valente cavalgadura! então não é que o lothar me vem dizer que a karina - a mais pequena -, já sabe bordar? mas está parvo, o que é isso de bordar, pá? então o meu johann, um chavalo que até toca piano usando as duas mãos e tudo, faz umas músicas bestias e, imagina só, até já usa as teclas pretas, meu! olha, olha.... e vem-me aquele cabrão falar-me nos bordados da filha? tché!


parece ridículo, não é? pois, para alguns pais isto é o seu modo de vida. são como aquele domador andaluz, o ángel cristo, ali a mostrar as habilidades dos seus animais e tal... a cabeça dentro da boca dos leões, coceguinhas no pescoço dos tigres... gostam de mostrar e divulgar as habilidades das seus crias, como se fosse a última bolachinha do pacote.


não percebem o ridículo da coisa?


será que o que é bom, é isso? porque será que nunca ouvi um pai dizer que o seu filho tem uma generosidade ínfima? porque é que será que nunca ouvi uma mãe dizer que o seu filho é um porreiro e desligado dos seus brinquedos e que os oferece todos na escola? porque será que não as ouço falar na consciência solidária com os necessitados? ou com o estragar comida? e outras situações que tal...


gosto de ver, de olhar para as crianças - e até os adolescentes - num prazo de 15/20 anos. como os futebolistas, curiosamente. estou farto de ver avaliações a craques com 19 anos que serão os futuros maradonas. depois, chegam ali aos 23 e desatam a comer gajas de peitos bélicos, cagam para as fintas, engordam e dão lugar a outros. nahh, o cristiano será um belíssimo jogador se chegar aos 32 a jogar como tem jogado até agora. é que até onde ele já chegou, sinceramente, tenho visto alguns.


havia um pai, amigo da minha família, que tinha por hábito deslocar-se a minha casa, na altura em que eram afixadas as notas escolares do filho, para se gabar da coisa. aquilo, normalmente, eram quatros a uma ou duas disciplinas e cincos ao resto. que maravilha, a baba ali a escorrer-lhe pelos queixos e tal. curiosamente (ou não), o puto estava-se cagando para a gabarolice do pai e queria, humildemente (curiosamente ou não), era viver a vida. quis o destino, o azar e um valente galo, que um problema de saúde lhe fornicasse para o resto da vida a brilhante carreira académica que era suposto vir a ter. continua vivo, continuou humilde. o pai, acredito, nunca mais se pôde gabar do filho. gaba-se das netas que são uma delícia. acho que aquele pai nunca mais teve baba nos queixos. e é pena, tem um filho notável e não dá por isso. mesmo sem éme bê ás e coisas que o valha.

este texto não é para ninguém em especial. nunca é. aliás, eu estou aqui a pensar e afinal não há pais como eu aqui descrevo. nah, isso não existe. os pais são sempre os melhores do mundo. e os filhos, ui, esses também.


criem-se livros para estes pais, pelo amor da santa!

quarta-feira, abril 28, 2010

marketing de frigorífico e segredos de liquidificador



por culpa - graças a deus - da minha filha, ao longos destes seis últimos anos, fui deixando de ver televisão.

hoje, iludido pela promessa do jogo barcelona contra o "carreira 33 cemitério de benfica-campo dos mártires da pátria"

vocês viram que o xavi fez 93 passes com sucesso? viram que o zanetti, o que fez mais passes do inter, só fez 23? e viram que o snaijder só fez 10? percebem porque é que, uma vez que eu nunca torceria por uma equipa alemã, muito menos treinada pelo van gaal, e estando do outro lado uma equipa italiana, eu nem sequer irei ver a final de madrid?

acabei por ficar de televisão acesa enquanto mexia no pc.


passou agora um anúncio ao magnum.


fez efeito.


aqui estou eu a lambuzar-me


amanhã não vejo televisão.

maçã

agora a sério, o itunes todos nós sabíamos que era uma valente merda. mas vendo bem as coisas, o floola e o sharepod, volta e meia, também fornicam o sistema.

conclusão, o som é muito bom, é muito bonito, mas no que respeita a software e integração com o computador, estas merdas da maçã ainda têm que comer muita chichazinha para chegarem aos calcanhares dos creatives desta vida. 

só quem os teve é que sabe o que estas coisas custam

entrou aqui uma senhora, chorosa, com um molho de fotocópias na mão. entregou-me uma e pediu-me para divulgar o seu conteúdo. fala de um cão que tinha desaparecido.

ainda por cima está doente e precisa de tratamento.

tinha sido a sua companhia durante 5 anos.


(uma pessoa não consegue ficar bem com estas coisas, não é?)

a crise dos lanifícios

(dito quase em surdina)

- ó pai, a tia ana vai fazer-me uma camisolinha, assim, curtinha, por aqui, para se ficar a ver o umbigo.
- e achas que vais ficar gira?
- claro que vou!
- pronto, está bem. 

é a concorrência, estúpido

e eu que julgava que a universidade católica fosse o local de portugal onde existia mais fé - de longe superior ao santuário de fátima - já que todos os crentes que para lá vão estudar, saem de lá sem fé nenhuma, largando-a, algures lá dentro, vim a saber agora que os maristas também comportam uma valente carga de fé.

ontem, estive a conversar com um indivíduo que me contou ter andado nos maristas. depois, lá vem aquela conversa que contém uma das frases que mais me irritam - juntamente com a «ah, eu cá, ora eu até tenho amigos gays vê lá bem e por isso sou muito tolerante com...» e com «sou amigo dela pá, se ela precisar de mim às 4h00 da manhã eu lá estarei» - e que é «sei o pai-nosso e isso e até te digo, fiz até àquela coisa do crisma ou lá o que é». mais tarde e percorrendo um exemplo de vida exemplar. lá desabafou que tinha sido uma maçada «esta gentinha sem maneiras nem escrúpulos, que se chibaram à polícia e encerraram-lhe uma casa de putas que ele tinha com um sócio que era um tóino tão grande que, imagine-se, se deixava gamar pela sua mãe.... estás a ver? pus lá a minha mãe durante umas horas em que eu não podia estar ali a segurar o negócio...e os cabrões do vizinhos, estás a ver, chibaram-se...»

segunda-feira, abril 26, 2010

licenciados em facebook

agora que já todos nós partimos de um «olha este gajo no facebook.... está tão diferente.... e casado quem diria.... e filhos, como é que é possível?» para os previsíveis «sim, fui almoçar com pessoal lá da minha criação. foi giro. já não nos víamos há uns 15 anos.» é sempre bonito salientar que mais engraçado que aqueles que não engordaram, que enriqueceram, que conseguiram sacar gajas boas e fazer filhos bonitos, são os que ainda nos abraçam com aquele ar de quem carrega consigo aquela cerveja preta, bebida algures numa 4ª feira à tarde, em 1994.

o meu sal da vida são também as pessoas que reencontro e se lembram de demonstrar a cumplicidade  (e a careca e a banhinha) escondendo o cargo que vem lá escrito sob o nome do cartão de visita.

shadowlands




o senhor douglas gresham anda por ali pelo local das filmagens e vai ter com o senhor attenbourough, o qual se lembrou de estar a realizar um filme. por ali, estava também o joseph mazello que representa no filme o papel do tal douglas mas em criança. então o senhor de barbas brancas decide apresentar o miúdo ao visitante. e depois olha, ficam ali numa quase forçada cavaqueira, apurada com bocadinhos de coisas que eu - pronto, lá está, eu - achei muito bem esgalhadas.


primeiro é o cumprimento do douglas ao richard. gosto tanto do invocar discreto do «sir, por aquele richard. gosto tanto quanto a discrição com que o velhote dá àquele tratamento. sem caganças, sem nariz-empinadices, sem nada. é claro que poder-me-ão dizer que as pessoas, numa questão de educação, tratam os mais velhos ou com quem devem respeito com um sir a preceder a frase. mas julgo que aqui teve uma função dupla: pelo respeito que o título e pelo respeito que uma pessoa mais velha lhe reserva. estão a ver os comendadores que são agraciados no 10 de junho? pronto, é mais ou menos isso mas em bom.


depois é o carinho físico, aquelas festinhas na cara, com que o senhor ricardo devota ao miúdo enquanto diz ao senhor douglas que contracenou com ele no filme dos dinossáurios.


mais à frente é aquele diálogo, provavelmente de circunstância, admito, em que ele diz "i respect your work for a long time". gostei. gostei e gosto. coisas de pessoas que se dão ao respeito, topam? pessoas que fazem filmes que depois provocam a vontade de as outras pessoas lhes digam: respeito-te pelo trabalho que fizeste. e dizem mesmo. e não é que os respeitados, agradecem? agradecem e não se ficam ali a pavonear. fazem quase um «tenqs!" tácito, assim, sem grandes alaridos nem nada.


e continua, continua, continua. o cabrão do douglas que tem uma voz de caralho para cima! a bizarria da situação de estar perante um realizador que tão bem fez um filme sobre a história da sua mãe e do seu padrasto. ou pronto, repito o que disse, do facto do miúdo estar defronte do personagem vivo que ele está a interpretar no filme.

é claro que ajuda eu amar este filme. é claro que eu gosto muito do hopkins. e gosto destas coisas muito bem cuidadas que estes ingleses decidem por vezes fazer. e depois, claro, a debra winger... caramba, pá... tu também és das tais. sabes disso, não sabes?


pronto, é isto. rodeado por cada vez mais poluição social, literária, cinematográfica e tal, são estas coisas que eu... lá está, gosto. contento-me com pouco, é certo.


ou talvez não.

coisas da idade

revi um dvd pela enésima vez.
chorei de emoção nos extras.

jovens culturalmente esclarecidos

isto vai soar mal cum'ó caraças. dará aquele ar de jovem culturalmente esclarecido que só vê a dois e os concertos do mezzo. mas acreditem, estou com uma ressaca literária. odeio quando acabo um livro que gosto muito e ando ali, ó tio, ó tio, em pé defronte da estante, a não pegar ali em dois que tenho reservados para as férias - num local sem revistas -, a folhear páginas ao acaso, na esperança de haver algum que nos emocione tanto quanto o anterior.

eu sei que me vou aborrecer, a sério, com as próximas 3 escolhas. vai ser limpinho. 

coisas do verão de 1990 - 20 anos

the compulsion to count the percentage of time
spent between two lovers
can turn an hour into a crime
and all the good times suffer


oba, oba.

e no dia da liberdade, ganhei a prisão dos óculos escuros.

chegaram as alergias

pdi

oba, oba, saí com amigos. ó que gaita, fiquei de ressaca.
oba, oba, e fomos p'á náite e tudo. ó que merda, fomos para a jezebel. 

sexta-feira, abril 23, 2010

escrúpulos

uma das coisas boas das crianças em relação aos adultos é que quando fazem merda e as tentamos corrigir, temos esperança que com o crescimento a coisa vá sendo afinada e melhorada. e por vezes isso, realmente, acontece.


com os adultos, pois...

 

quarta-feira, abril 21, 2010

milagre

vou sair com dois amigos. cheira-me que vamos a uma coisa fina, assim, como comer sushi ou essas coisas que se comem sem talheres mas também sem tocar na comida com as mãos.


(deves!)

tonterias

sou o único que acha que aquelas coisas que os oceânicos fazem antes dos jogos de rugby é uma coisa francamente parva, igual, quiçá, àquele festejo que o scp tinha nos anos 90 a imitar o deflagrar de uma bomba e a uma coisa esquisita que eu vi o hulk, o falcão e um outro, que agora não estou a ver quem é, fazer?

rubistinhas

as revistas inglesas também chegam aos outros países da europa, assim, uns 30 dias depois de saírem lá na inglaterra ou sou eu mesmo que escolhi um pais complicado para viver?

segunda-feira, abril 19, 2010

funny people




a) o q'lim (franquelim) era meu amigo porque era lá da rua. aquele ar de rod stewart misturado com ron wood conferia-lhe, com justiça, um ar de doido varrido que era concertante com a realidade que ele praticava. volta e meia dava-lhe na bolha e passava-se dos carretos. inventava testes de aptidão à coragem dizendo, por exemplo, que quem não conseguisse ficar sobre a ponte ferroviária sobre a sol a chelas durante a passagem do comboio, não era homem nem era nada. noutra vez encontrou uma caracoleta das gigantes, trincou-a e limpou a boca a um pedaço de alcatifa suja que encontrou no chão. depois sugeriu que fossem homem como ele e reptissem o seu gesto. dentre os seus feitos, está também o facto de, em 1984, me ter roubado a paula cristina - que eu tinha roubado, uns 6 dias antes ao nuno - porque chegou à saída do turno da tarde da cesário verde, uns 17 minutos antes de mim.

muito cedo cagou para a escola. muito cedo também foi trabalhar para as obras. a receita mensal que passou a entrar na sua carteira permitiu-lhe frequentar as matinés do cabaret e do acapulco. dizia-me que não gostava do porão da nau porque aquilo era só betas do camões. ao que parece as boas, as que davam linguados iam mesmo era para o acapulco. muito cedo ainda, está fácil de ver, começou a fumar, a ganzar-se... a trabalhar como estafeta químico dos ciganos que se passeavam de celicas nos finais dos anos oitenta. quis o destino que o pó lhe fodesse a alma e não só. é mais um típico caso de... ora, um caso igual a muitos outros, em muitos bairros de tantas cidades.

o q'lim agora é maluco. pronto, é tão simples como isso, é maluco. corre no you tube um video (são mais que um, na realidade) com o quelim a dizer umas parvoíces e a relatar uns actos sexuais a solo. o primeiro instinto é ver até ao fim, sorrindo e gozando com a peça. os que andaram à bulha com ele ou o instigaram a ir buscar dois caixotes de fruta vazios ao albino, para servir de balizas a um estranho jogo que chamámos de pequei, esses, vêm, riem e depois... bom, depois encolhem os ombros e não gostam de ver «o nosso q'lim» a servir de palhaço da sociedade.

b) a liga dos últimos nem sempre foi um programa de humor. antes era um programa de futebol com a bizarria de se ocuparem das equipas que militam nos campeonatos distritais de norte a sul. com o andar da carruagem, e com as entrevistas que foram fazendo, repararam que o mundo real e as declarações do povo afinal tinham tanta ou mais piada que os guiões encomendados às produções fictícias. de ano para ano, colocaram de parte a área competitiva da coisa e passaram a mostrar a parte gozativa do povo.

c) algumas vezes o herman, quase sempre os contemporâneos, nunca deixaram de ter um espacinho nos seus programas em que se assistia a uma suposta entrevista de um dos intervenientes a alguém do povo. o povo, coitado, não sabe no que se está a meter e dá-lhes trela. os espectadores riem. os entrevistadores ganham o seu cachet.

d) um dos filões que aquela publicações ditas jornais, ditas também desportivas - e que alguns designam como jornais afectos ao benfica, outros designam como jornais afectos ao sporting, outros designam como jornais que «sim, senhor, são os poucos que têm coragem de revelar a verdade» - encontraram para vender um bocadinho mais de exemplares, foi contratarem humoristas do benfica e do sporting para escreverem umas crónicas que não são mais que aquilo que ouvíamos, quando éramos miúdos, naquelas alturas em que o nosso clube perdia. algumas pessoas levam-os demasiado a sério e respondem-lhes, não de uma forma humorística mas de uma forma, séria e rezingona. não percebem que estão a usar luvas de boxe para apanhar alfinetes.

lembrei-me destas quatro exemplos para mostrar o quanto eu estou triste com o humor que me rodeia. não, não estou a dizer que eu é que estou bem e os ouros mal. estou apenas a desabafar, a contar que já não consigo suportar este humor que se fundamenta em gozar com as minorias. já não há cu. este ar de marialva, de chá das cinco que as pessoas assumem quando vêem estas oportunidades de fazer rá, rá, rá quando apanham alguém a jeito.

eu não quero nem tenho paciência para filosofar ou reflectir sobre o assunto. é uma questão simplesmente pessoal. lembro-me do herman perguntar ao vaz pinto como é que ele se sentia com as piadas sobre nossa senhora de fátima. respondeu-lhe que uma coisa era ele (herman) estar a gozar com a mãe, outra era assitir a meio mundo gozando com a mãe do herman. a sensação que ele tinha em relação à sua mãe espiritual  (maria) era idêntica. lá está, há uma maioria laica, há uma minoria com fé e tunga, se a maioria se ri, a coisa, portanto, funciona.


às vezes, penso no q'lim, falo sobre o q'lim com mais uns quantos que com ele andaram nas linhas de comboio de chelas e rimos com as coisas dele. já nos custa, já nos dói a espinha, quando vemos pessoas que não têm, nem nunca tiveram nada que ver com ele, ali de telemóvel em punho, a filmarem-no naqueles actos alienados. podem-me dizer que ambos riem das coisas dele. sim, aceito. mas há um grupo que no fim - e no início e no meio - não tem carinho algum para com ele ou o passado dele. adivinhem qual é?

se há coisa que espelha a rudeza das pessoas são as piadas sobre desporto. escondidos pela vertente «não leves a sério, isto é tudo uma brincadeira, pá!», aqui há uns anos, pela enésima vez na minha vida, quando ouvi a pergunta «que clube és?» feita pelos pais de uma namorada (quase todos fizeram essa perguntinha, essa é que é essa), perante esta maçada de eu não ter dito que sou do vila chã de sapo ou do gil vicente mas ter assumido ser dum clube que tem a mania de lhes ganhar, logo veio a piadola «eh pá, é que nem voltas a entrar cá em casa. aliás, ficas estacionado no outro passeio.» rá, rá rá, fez a maioria presente. nestas altura, digo eu, teria sido mais fácil, por exemplo estar a ser gozado por ser, por exemplo, preto! ou pronto, paneleiro! é que sempre nos sentimos reconfortados por um ou outro militante do bloco que connosco nos acompanharia numa romagem qualquer em defesa da nossa minoria. mas não, quando toca a desporto, lá vem aquele caralhinho da piadola marialva. no porto goza-se com o pessoal da segunda circular. em lisboa goza-se com o pessoal do porto... e por aí fora. é bonito e dá dinheiro para os humoristas que fazem disso ganha pão.

pode-se dizer que estou a levar isto demasiado a sério. sim, aceito, mas isto não é nenhum dogma, pois não? defendem-se sempre os humoristas com um exemplo valiosíssimo (ui) quando recordam que os judeus, a caminho das câmaras de gás, faziam muitas vezes humor e do mais forte. pronto, com isto têm salvo conduto, têm um santo e senha para assim, poderem cascar onde lhes dê na veneta.

não tenho verdades absolutas, nem uma moral uniforme. sinto é um desconforto fatal quando vejo aquelas supostas entrevistas ao povo, com aquelas respostas que revelam as falhas de literacia e de escolaridade que provoca o riso nas pessoas, com aquele ar de superioridade. na minha aldeia se havia coisa que havia (há) com abundância são cromos. mais, em minha casa há valentes postais (que são o grau superlativo da cromice). mas uma coisa é a gozação que era feita entre portas - da rotunda das olaias para dentro -: uns gozavam outros num dia, no outro eram outros que gozavam uns. havia ali um empate moral. achou-se por bem, agora, fazer-se dinheiro com os de fora a gozarem com os de dentro.

não gosto, sinto-me desconfortável, sinto-me triste porque prefiro o blake edwards, o alexandre machado e a fernanda young, o eric idle (eu não acho que eles gozam com a igreja católica na vida de brian, ok?) e outros afins, ao bruno nogueira, ao unas, às crónicas dos gato fedorento sobre a bola e às coisas da liga dos últimos. e neste parágrafo não pensei sequer em qualidade, refiro-me apenas a estilo.

(não liguem, eu não ando bem. ainda por cima logo eu, um valente dum gozão...)

mulherio

a minha mulher está para ali a ver uma série que é só gajas fodíveis.


(vai na volta tem é gajos bons e eu é que não sei se é por isso que ela.... nahh, deve ser por isso com certeza.)

pronto, se alguém quer saber a que sabe um bico da helen, eis aqui uma oportunidade

(hoje, no record)

Figo: «Ver Messi jogar é como ter um orgasmo»

pescadinha de rabo na boca

preciso de óculos quando limpo os óculos. nunca consigo ver se ficaram bem limpos ou não.

pela surra.

gosto muito de ler uns «gosto» e outro tipo de comentários de umas pessoas que eu cá sei e que, por aqui, por razões que eu também cá sei e que mais ninguém tem que saber, não comentam nada.


(um beijo, comadre.)

domingo, abril 18, 2010

4' 32"

eu quase nunca tempo para a minha filha. e mesmo quando tenho, "não tenho".


hoje ela pediu para lhe fazer uma coisa «muito importante, pai». 

fiz.


demorou cerca de 4'32". ela ficou contente. eu fiquei envergonhado por ela ter razão.


4'32"! por vezes, no shopping, demoro mais tempo que isso a decidir se devo levar: a classic rock, a sky at night, nenhuma destas ou, se faço uma louca e levo as duas.


(nós, pais, somos muito complicadinhos, não somos?)

é isto que queres fazer, pai?


quinta-feira, abril 15, 2010

para o bem e para o mal

gosto muito, muito muito muito, que as empresas sejam as pessoas que lá trabalham.


gosto muito, muito muito muito, quando as empresas falham porque os gestores não entendem isto que eu escrevi aqui em cima.

quarta-feira, abril 14, 2010

a evitar

(em 4 (ou 5, nunca sei) bochechos lá consegui ver o avatar)


é pouco mau, é!

eu não digo que aquilo é o correio da manha (assim, sem til) mas com agrafos?

esta semana a fantástica revista sábado tem como tema de capa um médico que dormiu com 70 gajas nos últimos 4 anos.


(eu fiz as contas por vós: dá uma gaja mais 45% de outra - mais ou menos do umbigo para cima, pronto - de média mensal).

tchábis!


cara amiga,

o mais giro disto tudo é saber que não vais ler isto até porque sei que não ligas a esta coisa dos blogs e mais não sei o quê. quem sabe, ganho lata e mando-te isto por email.

sei que deves estar contente para caraças. caramba, o teu chaves na final da taça e logo, com uma valente hipótese de a disputar com o nosso clube. já viste bem, são os teus dois clubes, os teus meninos lindos, ali a lutar pelo caneco. reparaste que é daqueles jogos em que de lá sairás sempre feliz? não poderia ser melhor, não é?

aquela coisa do meu pai ter nascido na tua província faz-me também sentir um pouquinho - muito - transmontano. por essa razão, caramba, fiquei contentíssimo quando os teus meninos despacharam os rapazes da figueira da foz.

eu não estou a dizer que estou tão contente quanto tu. calma. mas vê se entendes, aquilo também é um pouquinho meu. é certo que já nem é no mesmo distrito do meu pai - cum raio, até teria problemas psicológicos se andasse por aí a dizer que o meu pai é do distrito dos "fecha a roda". mas pronto, são do pocinho para cima e isso, como sabes, conta muito.

e a festa? já viste bem a romaria que os teus patrícios vão fazer até ali ao dafundo?  vai ser das rijas. sabes, o estádio é uma desgraça. desconfortável como o caneco. os jogadores ficam longe das nossas palminhas e dos nossos «alllez, allez porto, allez....» mas vai ser uma festa das grandes. verdade seja dita, numa coisa o estádio nacional é imbatível: mais nenhum campo em portugal tem uma mata à volta, tão boa para fazer uns petiscos como aquele. além disso, é sempre aquela coisa das mulheres dos adeptos arranjarem umas sombras valentes para se postarem a tricotar durante a bola. que maravilha, eh eh...


cum, raio, o chaves, já viste? tchabis, como dizem os meus primos: «o fernando? oh, esse cumprou uma casa toda repenicada em tchabis!». o chaves, terra do pavão, topas? até para o nosso professor, o mister, que andou lá no liceu, será um jogo com um significado diferente!

pois é, dia 16 de maio, estranhamente, gostava de lá estar a bater palminhas no meio daquela gente boa. com um bocado de sorte, deixamos os esposos (palavra mais ridícula, já viste?) a piquenicar na mata, com a cuca e o chico, e vamos lá para dentro bater palminhas.

tinha a sua piada, não?

(ps: antes de mais, a ver se eles logo não perdem.)

(bô, bem m'eu finto!)

terça-feira, abril 13, 2010

antena 3

tentem-me lá explicar o seguinte: quem é que paga o facto de existir a antena 3? e se a coisa der prejuízo, é o oge que paga? humm.....


está bonito, está!


(mas contudo, ninguém se queixa, pois não? sou o único que acha estranho estar a dar dinheiro para o que se ouve ali, não é? não, por acaso não estou a falar de música)

segunda-feira, abril 12, 2010

faz-me impressão...

... a quantidade obscena de palavras que se gastam a comentar, a elogiar ou a aplaudir uma coisa tão simples quanto o futebol do messi.


a coisa resume-se da seguinte forma: o xavi não pôde ter aprendido a fazer aqueles passes a jogar lá na rua dele, o messi só pôde ter aprendido "aquilo", precisamente, a jogar à bola na rua.

dá ideia que há pessoas que nunca jogaram à bola com duas pedras (ou duas mochilas) a servirem de postes da baliza.

domingo, abril 11, 2010

there's a feeling i get when i look to the west and my spirit is crying for leaving

gosto muito de praias viradas para oeste.

dois dias por ano

no espaço costeiro que vai da boca do inferno, vá lá, até ali à biscaia, há dois dias no ano em que se pode estar junto ao mar sem sermos levados pelo vento correndo o risco de aterrarmos, desaustinadamente, na penina.


ontem foi um desses dias. hoje aconteceu, não digo o mesmo mas muito, muito perto disso.


ainda nem em maio estamos. queimar logo os dois créditos com um tempo de praia decente no guincho é algo que me transtorna por demais.


estou com medo.

até já se ouviam os passarinhos



eram sete da manhã e a porta da minha casa abriu-se. ninguém foi trabalhar, ninguém foi para a praia, ninguém foi para a feira da ladra. 


eram sete da manhã e a porta da minha casa abriu-se. através dela saíram os meus dois últimos e resistentes convidados. segundo as contas - maléficas - do meu sobrinho eu estive a falar durante 11 horas. um exagero pegado.


mas falei muito, lá isso é verdade.


(tertúlia como já não me lembrava de ter feito há muitos, muitos anos)

sexta-feira, abril 09, 2010

encontrei uma milena na rua (não confundir com a dona maria helena das bananas)

hoje achei 5 euros. mais que 1000 escudos.


ainda me ri comigo. olho para o raio da nota, fico muito nervoso, apanho-a e, muito rapidamente, boto-a no bolso não vá alguém suspeitar de algo. só passado duas horas olhei para a dita cuja. aparentemente é verdadeira.


caramba, mil paus. a brincar a brincar são vinte voltas na antiga montanha russa da feira popular de entre-campos. e quem diz vinte voltas ali, diz cinquenta voltas (!) no carrossel oito. aquele que dava direito a mandar um pêro na bola de cauchu (catchumbo, para os amigos), caso fôssemos - no meu caso - sentados no dorso da girafa.


mil paus, foda-se. é obra!

eu que me comovo por tudo e por nada, há bocadinho comovi-me, foda-se!

há coisa de um ano, entro no wc lá do sítio onde faço ginástica e, encostado ao urinol, está um dos meus companheiros de boxe.


- estás bem, ricky?
- tudo....
- já não te via há um tempaço...
- é verdade...
- ainda te devo desejar um bom ano? a partir de que altura deixa de fazer sentido desejar «bom ano»? a 20 de janeiro? a 25? quando começa o fevereiro? repara que, por estarmos aqui «a sacudi-la», nem sequer um abraço sincero podemos dar.
- realmente.
(rimos os dois)
- estás a ver, tu que és actor e essas coisas dos palcos e tal, como podes verificar, a vida real tem muito mais piada que a ficção que representas, não é?
(voltámos a rir)
(lavámos as mãos e lá demos um abraço, e eu desejei mesmo um bom ano)


lembrei-me deste acontecimento casadebanho-social porque vi, quase sem querer, um punhado de fotografias que me comoveram até ao tutano. não são obras de arte, não têm bom enquandramento, não são nada por aí além. mas, no meio de de todos os livros, filmes, posts em blogs e afins que lemos sobre histórias de vida e de amor (principalmente de amor, porra!), é precisamente na vida real que a coisa tem mais sabor.


e tem mesmo!

quinta-feira, abril 08, 2010

listinha

na realidade não preciso de comprar livros novos. é um luxo, eu sei. mas a verdade é que tenho um número suficiente de livros bons em stock, lá em baixo, na cave. uma espécie de adega.


este ano, estranhamente, ando com uma lista de desejos de feira do livro. ora, lista de desejos de feira do livro é coisa que nunca resulta comigo. primeiro porque não sei fazer compras em condições quando estou acompanhado; depois porque às horas boas de ir fazer compras à feira - ali, meia hora antes dos pavilhões fecharem - não há condições logísticas para estar àquela hora na feira; finalmente, quando é chegada a hora de comparar a lista com o preço do livro e desato a pensar nos pros e contras de comprar aquilo ali e tal... pronto, lá acabo por esquecer a lista, compro um saldo qualquer sobre os jogos olímpicos de moscovo ou uma colectânea do sam sheppard.


a vida é assim.

santa apolónia

esqueçam ali o george hamilton e a sofia «coninha de sabão» copolla (há pessoas que só servem para estar atrás e não à frente das câmaras) mas por favor atentem nos gestos do alfredo: a garganta a engolir em seco, os tiques nervosos na cara, as boquinhas comproimetedoras, a forma como usa os óculos. depois vejam o necktie dimple imaculado, os óculos armani...


ser bom actor, para mim que não percebo nada disto de actores, não é imitar bem os bêbados, os cochos ou os alienados. ser bom actor é isto, é imitar sem exagerar. make it simple. é difícil, não é?


as meninas podem também, se for caso disso, olhar para o senhor cubano que está com um penteado de quem foi lambido pela vaca. dá para toda a gente.





quarta-feira, abril 07, 2010

sábado

como emagrecer em....; a dieta do....; quanto ganha....; os melhores restaurantes para se....; quem tramou o...; as escutas no processo...

esta semana traz o senhor nabo sentado num lameiro onde se joga golf e informa-nos que em 2009 recebeu 210 mil euros. diz ainda que aquele senhor de raça indiana que trabalha nos telefones, teve um salário que dava para construir 4 escolas. é assim, uma espécie de teologia da libertação dos tempos modernos «vês ali aqueles senhores ricos, vês? pois, tu ganhas o que ganhas e andas de renault super cinco e eles ganham aquelas quantidades absurdas de dinheiro. diz-me lá tu, ó povo, quem é que tem razão?»

de 4 em 4 números há uma capa da revista sábado com estes termos. é assim, mais coisa menos coisa, o correio da manhã mas com agrafos.

terça-feira, abril 06, 2010

férias - a minha cabra

há já 4 meses* que não dava um valente tralho de bicla. dei no sábado. 

fiquei a rir-me, estatelado no chão.


* 4 meses durante os quais não andei de bicla

das férias - trauma



ali após o 9º, 10º episódio, a coisa começa de vez a aquecer.

segunda-feira, abril 05, 2010

das férias - cheirinhos

afinal aquele cheirinho que invadia o quarto de manhã - e que eu, secretamente, coloquei nos sovacos - provinha duma latita - só à terceira vez é que olhei para as letras que lá estão escarrapachadas com atenção - que dizia... ora, eu não sei muito bem, mas a palavra celulite era uma das que lá estava escrita.


mesmo tendo me esquecido do desodorizante, achei por bem deixar de usar o tal produto do cheirinho.

das férias - jornais

não acho que a ausência de leitura dos jornais seja prejudicial para a cultura. pelo contrário, espero que as pessoas se afastem de vez dos (nossos) jornais para se aproximarem da cultura.

anton corbijn

parafraseando o grande - sempre grande - antónio maria «está crescida a caralha da miúda».