eu até nem me apetecia falar e tal mas às tantas, pronto, às tantas não me aguento.
recebo logo de manhã, via email um link para os brasucas que foram tirar dinheiro ao senhor ricardo salgado a levarem com uns balázios nos cornos. cenas impressionantes e tal, coisas parecidas lá com o dia de cão do sidney lumet.
agora, já da parte da tarde, como sabia que iria passar uns minutos ao telefone revejo as imagens lá dos goe's a fazerem dói-dóis aos assaltantes da marquês da fronteira. e quase sem dar por isso, releio os comentários que lá estão em anexo. e sorrio.
há coisa de 25 anos, a minha tia que vive no brasil, assumia, sem grandes complexos ou manias, a pena de morte para certos assaltantes. eu ficava parvo com aquelas ideias. contava ela que dia de assalto lá na loja dela (tinha - e tem - uma daquelas lojas numa cidade da periferia do rio que todos os emigrantes portugueses têm, que vende de tudo), era uma chatice porque, além de ficar sem dinheiro, ficava também sem hipótese de vender as coisas nesse dia caso a história se complicasse. é que se houvessem feridos ou mortos, a polícia tinha de intervir e depois o prejuízo era maior.
tentava mostrar à minha tia que, caramba, a vida humana e tal... ela, pacientemente, explicava-me que assaltos desses não aconteciam uma vez por ano, mas sim, uma ou mais vezes por mês. assim, quando aconteciam aquilo dar em tiroteio e se o corpo ficava à porta ou dentro da loja dela, a primeira coisa que ela fazia era empurrar o morto para a rua. assim, já podia continuar o negócio e não ser importunada com aquela coisa dos encerramentos para inquéritos policiais e coisa e tal.
o tempo foi passando e infelizmente, até aqui em portugal fomo-nos habituando a esta desgraça criminal. tiroteios com ciganos em redor da minha casa já lhes perdi a conta. imagens com cenas de mortes de polícias nas covas da moura deste país já nem ligo. quintas da fonte, para mim, dão me vontade de rir.
ao ler os comentários sobre a actuação do goe lá na loja do bes, fico com vontade que essas pessoas sintam, por 15 segundos que sejam, o que é um pico com abertura de borboleta, apontado ali à região do baço ou o que é que se sente quando a pistola, ali perto da orelha, faz, assim, clic, para preparar o disparo ou para meter medo.
sim, sim, compreendo, gostaria de saber se essas mesmas pessoas, caso os assaltantes acabassem por matar a gerente lá da loja, viriam ou não criticar o goe por não ter agido, por não ter feito todo o possível para salvar a pobre senhora e o seu indefeso companheiro.
isto é realmente tudo gente boa, é o que é. são precisamente essas pessoas que são o mais a favor possível dos graffitis. que dizem que estão a impedir a realização de arte urbana. que não distinguem um acto de violência urbana duma obra de arte, até ao dia em chegam de manhã ao seu automóvel, antes de enfrentarem o martírio do ic19 e descobrem que o capot e o tejadilho foi transformado em tela dessas "obras de arte".
recebo logo de manhã, via email um link para os brasucas que foram tirar dinheiro ao senhor ricardo salgado a levarem com uns balázios nos cornos. cenas impressionantes e tal, coisas parecidas lá com o dia de cão do sidney lumet.
agora, já da parte da tarde, como sabia que iria passar uns minutos ao telefone revejo as imagens lá dos goe's a fazerem dói-dóis aos assaltantes da marquês da fronteira. e quase sem dar por isso, releio os comentários que lá estão em anexo. e sorrio.
há coisa de 25 anos, a minha tia que vive no brasil, assumia, sem grandes complexos ou manias, a pena de morte para certos assaltantes. eu ficava parvo com aquelas ideias. contava ela que dia de assalto lá na loja dela (tinha - e tem - uma daquelas lojas numa cidade da periferia do rio que todos os emigrantes portugueses têm, que vende de tudo), era uma chatice porque, além de ficar sem dinheiro, ficava também sem hipótese de vender as coisas nesse dia caso a história se complicasse. é que se houvessem feridos ou mortos, a polícia tinha de intervir e depois o prejuízo era maior.
tentava mostrar à minha tia que, caramba, a vida humana e tal... ela, pacientemente, explicava-me que assaltos desses não aconteciam uma vez por ano, mas sim, uma ou mais vezes por mês. assim, quando aconteciam aquilo dar em tiroteio e se o corpo ficava à porta ou dentro da loja dela, a primeira coisa que ela fazia era empurrar o morto para a rua. assim, já podia continuar o negócio e não ser importunada com aquela coisa dos encerramentos para inquéritos policiais e coisa e tal.
o tempo foi passando e infelizmente, até aqui em portugal fomo-nos habituando a esta desgraça criminal. tiroteios com ciganos em redor da minha casa já lhes perdi a conta. imagens com cenas de mortes de polícias nas covas da moura deste país já nem ligo. quintas da fonte, para mim, dão me vontade de rir.
ao ler os comentários sobre a actuação do goe lá na loja do bes, fico com vontade que essas pessoas sintam, por 15 segundos que sejam, o que é um pico com abertura de borboleta, apontado ali à região do baço ou o que é que se sente quando a pistola, ali perto da orelha, faz, assim, clic, para preparar o disparo ou para meter medo.
sim, sim, compreendo, gostaria de saber se essas mesmas pessoas, caso os assaltantes acabassem por matar a gerente lá da loja, viriam ou não criticar o goe por não ter agido, por não ter feito todo o possível para salvar a pobre senhora e o seu indefeso companheiro.
isto é realmente tudo gente boa, é o que é. são precisamente essas pessoas que são o mais a favor possível dos graffitis. que dizem que estão a impedir a realização de arte urbana. que não distinguem um acto de violência urbana duma obra de arte, até ao dia em chegam de manhã ao seu automóvel, antes de enfrentarem o martírio do ic19 e descobrem que o capot e o tejadilho foi transformado em tela dessas "obras de arte".