quarta-feira, junho 28, 2006

elas

acordo mais cedo que o habitual, olho para o lado e descubro a minha filha - vá se lá saber porquê - deitada na minha cama a dormir.

levanto-me, vou fazer as minhas abluções e volto ao quarto para me vestir (cariño, para quando um quarto-de-vestir?). lá estão elas, ali, juntinhas, igualzinhas, despenteadas, morenas, lindas, minhas, as mesmas expressões, tudo igual.

Lotta Continua



Vinte e tal anos depois, volto a tirar da "prateleira" este disco e volto a deslumbrar-me como da primeira vez.

Sublime!

(a pedido de várias famílias: isto é o LC dos Durutti Column, vale?)

Os primeiros 5 anos

... há uma diferença substancial entre jantar num restaurante "bem" (blah!!!!) ou comer bem num bom restaurante.

Há duvidas?

(mesmo que não seja de 5 em 5 anos, bem que podíamos fazer coisas destas, sei lá, de 15 em 15 dias. o que achas?)

(parabéns)(amo-te!)

(na frase aqui de cima - não, não é essa. a outra mais acima. eu estava-me a referir à coparia. podíamos jantar mais vezes e ir, assim, até ao 2001, não achas? Ou ao 2001, por exemplo. Olha, olha, estou-me a lembrar também do 2001. Não? Vá lá!... Não vês que voltei a ser um homenzinho como antigamente? Num curto espaço de tempo, já me debati sem problemas com uma garrafita de Marquês de Borba e com dois Jamesonzinhos. O mundo é nosso, pá! Vamos?

Duque de Viseu



E quanto mais eu gosto de vinho tinto mais me afasto das pomadas alentejanas. Agora ando com a mania do Duque de Viseu.

Fónix, estalo do caneco!


Turbo Lento

Pergunto à minha filha:

- Cuca, como é que se chama o pai?
- Pai!
- Sim, mas como é que me chamo. Qual é o nome do pai?
- Pai!
- Ok, caga nisso. Então e qual é o nome do cão do Noddy?
- Cão!
- E qual é o nome do cão?
- Lhentu!

(conhece melhor a família do Noddy que o homem que a trouxe ao mundo.)

terça-feira, junho 27, 2006

André Vilas Boas

O André Vilas Boas é de caras (mas à confiança mesmo, ok?), o melhor analista de futebol, que eu já li em toda a minha vida. E por causa dele voltei a comprar jornais desportivos.

(Não confundamos com o melhor cronista. Ninguém nunca chegará, aos calcanhares do Nelson Rodrigues. Capisce?)

segunda-feira, junho 26, 2006

bem, muito bem!

Que eu não gosto do Scolari é uma coisa, que ele seja um bom treinador é outra coisa, que ele seja um bom condutor de homens é outra coisa ainda. Estas coisas todas não invalidam o seguinte: dentre todos os jogos de equipas por ele treinadas que eu consegui ter a paciência para assistir até ao fim, foi finalmente ontem que eu o vi fazer uma coisa com cabecinha, bastante cabecinha mesmo.

Pode ter sido uma questão de sorte (que eu duvido), mas naquelas circunstâncias não é qualquer um que faz as substituições que ele fez. De génio: Ronaldo pelo Simão (está cada vez mais crescido, este miúdo. a pedir definitivamente outros vôos), Pauleta pelo Petit (o melhor do jogo, de caras!) e Figo pelo Tiago (o melhor jogador português do futuro).

Ontem, não foram só os jogadores os responsáveis pela vitória. ontem houve mesmo dedo do Mister.

(mas isto sou eu a dizer que não percebo nada de bola)

Sem tempo

...para postar sobre as férias da chuva, o tempo que nos entala os fins-de-semana, o que distingue os amadores dos profissionais, a nossa selecção, a minha filha, o vinho tinto, o primeiro lustro, comer em restaurantes "bem" e comer bem em restaurantes, a escrita nos blogs, etc..

ideias não me vão faltando, o tempo é que é escasso.

sexta-feira, junho 09, 2006

Hat Trick

É quando olho para o equipamento da selecção nacional que eu vejo que era incapaz de vestir (quanto mais comprar) uma camisola daquelas. É simplesmente feia. E sempre foram. Ou melhor, guardo como excepções a do Mundial de 66 - linda de morrer - e a do equipamento suplente (dizer equipamento alternativo é duma paneleirice do caraças) do Euro 84 - branquinha com a gola bordoada a vermelho e verde, simples de morrer.

É quando olho para os equipamentos da selecção inglesa que eu tenho pena de a Umbro nunca ter posto as mãos na nossa selecção. As camisolas então são um primor de design. Então há dois anos por altura do Euro 2004 eu acho que eles atingiram o zénith. Eu passava pelos hooligans lá no Algarve e ficava siderado a olhar para aquelas camisolas vermelhas. O pormenor da cruz de São Jorge, implantada no ombro é sintomático do como deve ser um produto de classe. Lindo!

E este ano a coisa continua.

Em beleza de equipamentos a Inglaterra devia ser sempre campeã mundial.

05-07-1982

Foi o dia em que descobri que afinal no futebol, as melhores equipas do mundo, também perdem. Foi o meu primeiro dia triste de futebol. O dia em que o Brasil perdeu contra o Paulo Rossi.

Depois de terem vencido 2 a 1 à União Soviética, terem dado na pá 4 a 1 à Escócia (golaço do Éder), mais 4 à Nova Zelândia, ganharam 3 a 1 à Argentina (que tinha um timaço bestial) e depois, bom depois....

Eu tinha ido com o resto do pessoal à piscina do Areeiro, no regresso parámos na Gelataria Roma (o sabor nata era irrepreensível) para beber água e vimos na tv que a bola ia começar dentro de instantes. Lá corremos para casa.

Pois, o resto é história. Eu nunca tinha visto um conjunto de jogadores tão bom, a jogar pela mesma equipa e ao mesmo tempo: Leandro, Éder, Zico, Falcão (perdão, Paulo Roberto Falcão), Júnior, Toninho Cerezo, Óscar, só para falar dos mais sonantes. Mas vi-os a perder! Foi o descalabro. Como é que era possível aquilo estar a acontecer? Mas estava.

E só voltei a emocionar-me da mesma forma, quando em 2000, Portugal foi à Holanda e à Bélgica mostrar o melhor meio campo que Portugal já teve: João Pinto, Paulo Sousa, Figo e Rui Costa.

E eu ontem voltei a ver o golo do Paulo Roberto Falcão contra a Itália - que com um único movimento de ancas, tirou 3 defesas do caminho - e voltei a lembrar-me que há equipas e equipas e há mundiais e mundiais.

E o Espanha 82 foi o meu Mundial.

Saudades!

Bola

Como portista sempre me fez muita impressão os convidados que as televisões (e as rádios, e as rádios) escolhiam para "representar" o meu clube naqueles debates e programas televisivos do género "um moderador e 3 paineleiros". E faz-me impressão porque são precisamente os canais de televisão os responsáveis por convidarem comentadores de merda e que estereotiparam o "comentador portista" como um ser parvo, tendencioso, ignóbil, asqueroso, etc....

A ver, começou por aparecer o Pôncio Monteiro que é o chamado "postal", categoria que todos sabemos está acimo do "cromo" - atenção que este economista tem muitas vezes razão, mas perde-a toda porque não sabe discutir opiniões. Depois houve uma altura que puseram o senhor presidente da junta de bigode, senhor responsável pelas maiores secas televisivas que eu conheço (e continua). Lembraram também de convidar um inenarrável político, salvo erro candidato à Câmara Municipal do Porto, que foi seguramente o pior comentador de futebol que eu conheci. Passou também por lá o Francisco José Viegas, um senhor bestial que estava acima daquela gente toda. Ultimamente rebentou a bolha, levaram para lá o Rui Oliveira*, que é um gentelmén e que pôs toda a gente de boca aberta: "olha, lá em cima também há gente de bem!".

É um comentário parvo mas que reflecte, não só, a má ideia que as pessoas de outros clubes têm dos portistas, mas também os verdadeiros erros de casting que as televisões fazem nas escolhas destes paineleiros.

O mesmo acontece com as mulheres que são escolhidas para falar de futebol. Atentem só: Leonor Pinhão (santa paciência), Ana Dias (ui!), Cinha Jardim (foi esta senhora que chamou um dia àquele clube que um dia venceu 7-1 ao Benfica, Celtic de Vigo), etc, etc.

Ontem A Revolta dos Pastéis de Nata, um bom programa com humorístas medianos, convidou a Dália Madruga para ter lá uma mulher a falar de futebol - também lá estava um homem. E o que é que eu hei-de dizer. Bom, lá está, é por causa de convites destes que nós homens continuaremos a achar que as opiniões futebolísticas das mulheres são.... pois, deixem lá isso!

A propósito, eu não tenho nada contra o futebol feminino, eu só peço é que não me obriguem a assistir jogos entre mulheres.

* Erro de palmatória. É óbvio que é Moreira. Um abraço ao querido Paul Wealthy.

quinta-feira, junho 08, 2006

Mãejinha!

Li noutro dia um texto que me despertou para algo que já rondava cá na minha cabeça há uns tempos. Acho que cada vez mais, as mães ditas "modernaças" (e isto não é nada depreciativo) se esquecem do quanto é importante ser uma mãe à antiga.

Bem sei que isto que se escreve - e principalmente, se descreve - nos blogs, anda inúmeras vezes longe da realidade. Mas ainda assim, eu cada vez mais encontro nas mães "escritoras" (e isto também não é nada depreciativo) uma ausência ou talvez um decréscimo de atitudes que se podem considerar conservadoras (ou não) ou antiguadas (novamente sem ser pejorativo).

E já vou no terceiro parágrafo e o meu texto não está a ir para onde eu gostava que ele fosse. Eu ando nos parques infantis e vejo os pais com uns cuidados excessivos em relação às crianças: "não subas para aí", "olha que a areia pode ter micróbios", "ai meu rico filho tem cuidado com o baloiço", "ó Ricardo Jorge, se me cais ao chão arrancas-me o coração", "não ponhas isso na boca", "não bebas do copo desse menino", etc... Eu cada vez encontro menos mães que dão comida normal às criancinhas, assim tipo, pão, grelos, couve lombarda, chicha, açorda, iscas, pézinhos de coentrada, borrego, coelho, chamuças, etc. As comidas que eu vejo as criancinhas comer é tudo Milupa, Nestlé, Blédina.... há mais marcas? Haverá mães que ainda cosam? Ou é tudo feito nas lojas da Retoucherie de Manuela? É preciso sair das reuniões de pais com aquele ar de que o filho vai ser um infeliz para o resto da vida, só porque em vez de picotar o pintainho picotou a mochila?

Eu começo este quarto parágrafo, olho para cima e isto parece um texto sexista cumó diabo. Para acalmar as hostes, vá voltem a ler isto desde o início e onde está a palavra mãe, podem pôr a palavra pai. Vai dar no mesmo.

Quererei com dizer com isto que sou um pai diferente dos outros? Não, longe disso. Aliás, muito longe disso. E sem mas. Não sou e ponto final. Eu acho é que isto da paternidade e da maternidade moderna está cada vez mais cheia de mariquices, paneleirices e outras cosquices. Agora encontram remédio para tudo: se é fanhoso vai ao terapêuta da fala, se está triste vai ao pedopsiquiatra, se chumba é uma carga de trabalhos, se o percentil está irregular, ui, "o que fizemos nós para a criança ter nascido assim".

Eu cheira-me que anda por aí uma onda excessiva, um kharma qualquer, um Feng Shui de Alguidares de Baixo que proclama que têm de se criar criancinhas demasiado perfeitas. Ou, pronto, vá lá, sem defeitos, nem cicatrizes ou remoínhos no cabelo.

Get a grip, pessoal!

pré-resposta a possíveis comentários: não, não vão por aí, para esse peditório eu já dei.

terça-feira, junho 06, 2006

Serra Grande



Há precisamente 32 anos, escrevi o meu primeiro texto. Eu tinha 5 anos e decidi mandar um postal à minha avó Trindade que morava em Guide - lê-se güide - (terra do meu pai), freguesia da Torre de Dona Chama, concelho de Mirandela, em Trás-os-Montes profundo.

O texto rezava o seguinte:
"Este postal é uma igreja. É italiana.
Querida avozinha:
quando vem para Lisboa?
Já tenho muitas saudades suas.
Que é feito do Mário João?
E o Sr. José? Os meus pais e toda a família estão bons.
Um abraço de todos para a avó.
Um beijo do seu neto Pedro Miguel.

O meu pai pede para a avó lhe mandar a serra grande que o pai lá deixou que faz falta.
Lisboa
3/6/1974"

Sobre este assunto tenho a dizer o seguinte:
1) reparo que os meus textos foram todos escritos, já depois de terminada a noite negra do fascismo. são pois, escritos de liberdade.
2) acho que logo no início estou a passar um atestado de ignorância à minha avó. então não se percebe logo pela legenda, que o postal se refere a uma igreja italiana?
3) o meu amigo Mário João já ocupava um grande canto no meu coração. o mesmo se passava com o seu pai, o senhor José. contudo, desprezo por completo toda a minha restante família paterna que morava na mesma aldeia.
4) o recado sobre a serra grande parece uma espécie de "ele que peça aquilo à avó que nós não temos coragem para tal."
5) caligráfica, gramática e sintaticamente continuo a nulidade de sempre.