Li noutro dia um texto que me despertou para algo que já rondava cá na minha cabeça há uns tempos. Acho que cada vez mais, as mães ditas "modernaças" (e isto não é nada depreciativo) se esquecem do quanto é importante ser uma mãe à antiga.
Bem sei que isto que se escreve - e principalmente, se descreve - nos blogs, anda inúmeras vezes longe da realidade. Mas ainda assim, eu cada vez mais encontro nas mães "escritoras" (e isto também não é nada depreciativo) uma ausência ou talvez um decréscimo de atitudes que se podem considerar conservadoras (ou não) ou antiguadas (novamente sem ser pejorativo).
E já vou no terceiro parágrafo e o meu texto não está a ir para onde eu gostava que ele fosse. Eu ando nos parques infantis e vejo os pais com uns cuidados excessivos em relação às crianças: "não subas para aí", "olha que a areia pode ter micróbios", "ai meu rico filho tem cuidado com o baloiço", "ó Ricardo Jorge, se me cais ao chão arrancas-me o coração", "não ponhas isso na boca", "não bebas do copo desse menino", etc... Eu cada vez encontro menos mães que dão comida normal às criancinhas, assim tipo, pão, grelos, couve lombarda, chicha, açorda, iscas, pézinhos de coentrada, borrego, coelho, chamuças, etc. As comidas que eu vejo as criancinhas comer é tudo Milupa, Nestlé, Blédina.... há mais marcas? Haverá mães que ainda cosam? Ou é tudo feito nas lojas da Retoucherie de Manuela? É preciso sair das reuniões de pais com aquele ar de que o filho vai ser um infeliz para o resto da vida, só porque em vez de picotar o pintainho picotou a mochila?
Eu começo este quarto parágrafo, olho para cima e isto parece um texto sexista cumó diabo. Para acalmar as hostes, vá voltem a ler isto desde o início e onde está a palavra mãe, podem pôr a palavra pai. Vai dar no mesmo.
Quererei com dizer com isto que sou um pai diferente dos outros? Não, longe disso. Aliás, muito longe disso. E sem mas. Não sou e ponto final. Eu acho é que isto da paternidade e da maternidade moderna está cada vez mais cheia de mariquices, paneleirices e outras cosquices. Agora encontram remédio para tudo: se é fanhoso vai ao terapêuta da fala, se está triste vai ao pedopsiquiatra, se chumba é uma carga de trabalhos, se o percentil está irregular, ui, "o que fizemos nós para a criança ter nascido assim".
Eu cheira-me que anda por aí uma onda excessiva, um kharma qualquer, um Feng Shui de Alguidares de Baixo que proclama que têm de se criar criancinhas demasiado perfeitas. Ou, pronto, vá lá, sem defeitos, nem cicatrizes ou remoínhos no cabelo.
Get a grip, pessoal!
pré-resposta a possíveis comentários: não, não vão por aí, para esse peditório eu já dei.