Há cerca de 15 anos, deparei-me na minha vida com um problema tramado, uma pessoa muito próxima descobriu que tinha uma coisa muito feia e chatíssima dentro da cabeça (sim, sim, isto é um eufemismo).
Como se diz na gíria, caiu-me tudo ao chão. Vi as coisas a patinar "à séria" e vi também que essa coisa esquisita chamada morte também rondava, não só os velhinhos, mas alguém estupidamente saudável e com apenas 17 anos.
Após a operação, seguiram-se meses intermináveis de sessões dolorosas de quimio e radioterapia.
Felizmente a coisa passou, tudo melhorou e a vida continuou. No entanto, cada vez que sou deparado com histórias sobre tumores, quimioterapias, IPO, câncros e outros da mesma laia, percorre-me pela espinha acima um arrepio ameaçador, como que a dizer «Lembras-te?».
Na semana passada a Inês, uma criança com leucemia - cuja história foi sendo divulgada ao longo dos dois ou três últimos anos pela Sic - não aguentou mais e foi ver Deus mais de perto. Por razões que não interessam agora para o caso, acompanhei de uma forma tangente os desenvolvimentos da sua luta (e a dos pais) pela busca de um dador de medula óssea compatível com ela. Com alguns avanços e outros recuos, a verdade é que a sorte não quis nada com ela.
Na semana passada também eu perdi um bocadinho. E logo eu, que tenho um mau perder do caneco. Não pude conter a minha revolta. Aqui está ela.
Um beijinho Inês, onde quer que tu estejas (e eu sei onde é que estás!)